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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

RESENHA HQ: Comunhão (2017).

COMUNHÃO (2017)

Roteiro: Felipe Folgosi
Arte: J.B. Bastos
Editora: Instituto dos Quadrinhos
Pág.: 144

Amy é uma aventureira. Determinada e obstinada, ela lidera uma equipe de exploração que se aventura em florestas, quando uma terrível tragédia acontece com ela. Esta tragédia a traumatizou de uma forma que ela desiste das explorações e se torna dedicada à religião. Quando seu irmão, Mark, e outros amigos decidem participar de uma competição de corrida no Brasil, ela vem como apoio e reencontra seu ex-namorado, Daniel. Com isso, ela, Daniel, Mark, e vários outros embarcam em uma aventura cujo um mal se colocará de frente para eles, testando toda sua fé e seu desejo de sobrevivência.
Quando busquei a palavra Comunhão no Dicionário Houaiss, encontrei:
ato ou efeito de comungar. 1 realização de algo em comum. 2 sintonia de sentimentos, de modo de pensar, agir ou sentir, identificação. 3 comparticipação, união, ligação.
Quando você lê esse trabalho de Felipe Folgosi, percebe essa comunhão não é somente parte do título, mas está em todos os aspectos do enredo. O interesse de vários em exploração é um desses aspectos que você vê nessa graphic novel. Não dá para entrar em mais detalhes sem entregar parte da história, que extremamente interessante.
Quanto ao enredo, ele foi um desafio dado a Folgosi. Um amigo dele pediu para ele escrever uma história de terror e ele nos entrega um grande thriller com bastante ação e cenas de tirar o fôlego. Para isso ele uniu seu país, uma paixão e uma devoção, depois juntou tudo a um clima tenso e cheio de surpresas.
Associado a isso, temos o lindo trabalho do artista J.B. Bastos. Como opção – bem diferente de seu primeiro trabalho, Aurora –, Folgosi preferiu um trabalho em preto e branco, deixando tudo nas mãos de Bastos, que demonstrou todo seu talento com tracejados bem detalhados. A opção pelo P&B nos remete para os clássicos trabalhos de terror que fizeram grande sucesso nas décadas de 1960, 1970 e 1980, que vinham totalmente trabalhada pelo artista, sem cores, usando jogos de sombras e arte final do próprio desenhista. Então a opção de Folgosi – mesmo se não for a intenção – criou uma clara homenagem a trabalho de artistas como Rodolfo Zalla, Eugenio Collonese, Gedeone Malagola, e tantos outros.
As cenas desenhadas por Bastos têm uma força e presença sem igual, sendo bem viscerais e tensas. Junta-se a isso a capa desenhada por Will Conrad e Ivan Nunes, que mostra o nível de tensão que acontece em todo o decorrer da história.
Cada momento que você descobre algo, você percebe que é uma ideia bem interessante para esse enredo.
Comunhão é mais um novo trabalho muito bem desenvolvido por nossos artistas brasileiros. A cada material novo que eu vejo e que eu leio da produção independente, que tem o apoio requerido dentro do Catarse, percebo que temos mais artistas capazes do que imaginamos. Pessoas com boas ideias para desenvolver bons trabalhos. Isso mostra que nem sempre precisamos procurar material lá fora para termos bom material aqui e que a indústria de quadrinhos do Brasil merecia mais incentivo do que tem. Graças a Apolo temos empresas como o Instituto dos Quadrinhos que acreditam e incentivam esse tipo de produção dentro de nosso país.

A Felipe Folgosi eu só tenho a agradecer por transformar seus roteiros de filmes em grandes histórias de quadrinhos. Primeiro foi Aurora agora ele nos entrega Comunhão. Uma ficção científica e um thriller de suspense e terror. Vamos ver o que mais esse artista tem para nos reservar, e espero que seja muita coisa boa.