COMUNHÃO (2017)
Roteiro: Felipe Folgosi
Arte: J.B. Bastos
Editora: Instituto dos Quadrinhos
Pág.: 144
Amy é uma aventureira. Determinada e obstinada, ela lidera
uma equipe de exploração que se aventura em florestas, quando uma terrível tragédia
acontece com ela. Esta tragédia a traumatizou de uma forma que ela desiste das
explorações e se torna dedicada à religião. Quando seu irmão, Mark, e outros
amigos decidem participar de uma competição de corrida no Brasil, ela vem como
apoio e reencontra seu ex-namorado, Daniel. Com isso, ela, Daniel, Mark, e
vários outros embarcam em uma aventura cujo um mal se colocará de frente para
eles, testando toda sua fé e seu desejo de sobrevivência.
Quando busquei a palavra Comunhão
no Dicionário Houaiss, encontrei:
ato ou efeito de comungar. 1 realização
de algo em comum. 2 sintonia de
sentimentos, de modo de pensar, agir ou sentir, identificação. 3 comparticipação, união, ligação.
Quando você lê esse trabalho de Felipe Folgosi, percebe essa
comunhão não é somente parte do título, mas está em todos os aspectos do
enredo. O interesse de vários em exploração é um desses aspectos que você vê nessa
graphic novel. Não dá para entrar em
mais detalhes sem entregar parte da história, que extremamente interessante.
Quanto ao enredo, ele foi um desafio dado a Folgosi. Um
amigo dele pediu para ele escrever uma história de terror e ele nos entrega um
grande thriller com bastante ação e cenas de tirar o fôlego. Para isso ele uniu
seu país, uma paixão e uma devoção, depois juntou tudo a um clima tenso e cheio
de surpresas.
Associado a isso, temos o lindo trabalho do artista J.B.
Bastos. Como opção – bem diferente de seu primeiro trabalho, Aurora –, Folgosi preferiu
um trabalho em preto e branco, deixando tudo nas mãos de Bastos, que demonstrou
todo seu talento com tracejados bem detalhados. A opção pelo P&B nos remete
para os clássicos trabalhos de terror que fizeram grande sucesso nas décadas de
1960, 1970 e 1980, que vinham totalmente trabalhada pelo artista, sem cores,
usando jogos de sombras e arte final do próprio desenhista. Então a opção de
Folgosi – mesmo se não for a intenção – criou uma clara homenagem a trabalho de
artistas como Rodolfo Zalla, Eugenio Collonese, Gedeone Malagola, e tantos
outros.
As cenas desenhadas por Bastos têm uma força e presença sem
igual, sendo bem viscerais e tensas. Junta-se a isso a capa desenhada por Will
Conrad e Ivan Nunes, que mostra o nível de tensão que acontece em todo o
decorrer da história.
Cada momento que você descobre algo, você percebe que é uma
ideia bem interessante para esse enredo.
Comunhão é mais um novo trabalho muito bem desenvolvido por
nossos artistas brasileiros. A cada material novo que eu vejo e que eu leio da
produção independente, que tem o apoio requerido dentro do Catarse, percebo que
temos mais artistas capazes do que imaginamos. Pessoas com boas ideias para
desenvolver bons trabalhos. Isso mostra que nem sempre precisamos procurar
material lá fora para termos bom material aqui e que a indústria de quadrinhos
do Brasil merecia mais incentivo do que tem. Graças a Apolo temos empresas como
o Instituto dos Quadrinhos que acreditam e incentivam esse tipo de produção
dentro de nosso país.
A Felipe Folgosi eu só tenho a agradecer por transformar
seus roteiros de filmes em grandes histórias de quadrinhos. Primeiro foi Aurora
agora ele nos entrega Comunhão. Uma ficção científica e um thriller de suspense
e terror. Vamos ver o que mais esse artista tem para nos reservar, e espero que
seja muita coisa boa.