ESQUADRÃO SUICIDA
(Suicide Squad, 2016).
Roteiro: David Ayer
Direção: David Ayer
Elenco: Will Smith, Margot Robbie, Viola Davis, Jared Leto,
Joel Kinnaman, Jay Hernandez, Jai Courtney, Cara Delevingne, Adewale
Akinnuoye-Agbaje, Karen Fukuhara, Scott Eastwood, Adam Beach, David Harbour,
Shailyn Pierre-Dixon, Common.
Amanda Waller (Viola Davis) se reúne com um grupo de membros
do governo, pois pretende reativar a Força-Tarefa X, mas dessa vez usando os
“piores dos piores”. Ela pretende usar prisioneiros de Belle Reve, uma prisão
escondida na cidade de Louisiana. Lá encontram-se o Pistoleiro (Will Smith), um
assassino profissional que nunca erra seu alvo. Arlequina (Margot Robbie), uma
ex-psicóloga do Asilo Arkham que terminou se apaixonando pelo Coringa (Jared
Leto) e se tornou uma sociopata pior do que ele. Diablo (Jay Hernandez), um
homem que é um verdadeiro lança-chamas humano (na melhor das hipóteses).
Capitão Bumerangue (Jai Courtney), um marginal cuja as armas principais são
bumerangues bem afiados. Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje), um humanoide com
um problema que o transformou em um réptil humano, com sede por sangue. E Magia
(Cara Delevingne), uma bruxa milenar que tomou o corpo da arqueóloga June Moone
e sempre surge quando é chamada.
A ideia de Waller era usa-los como último recurso em casos
extremos e de perigo imediato e, caso eles voltassem vivos e tudo desse errado,
eles seriam acusados por tudo e, caso a missão fosse bem sucedida, eles teriam
uma redução em suas penas. Então, junto com o coronel Rick Flag (Joel
Kinnaman), ela visita esses prisioneiros na penitenciária, na tentativa de
estuda-los e suas capacidades, mas algo foge do controle e ela precisa
ativá-los como operativos e, inserindo um chip explosivo, ela os controla o
tempo inteiro. Então o grupo parte em uma missão suicida, podendo não voltar.
Esquadrão Suicida é um bom filme, mas não tem o potencial
esperado e desejado. O problema com o filme é aquele no qual eu temia desde o
começo: ele se concentra nos personagens de Will Smith e Margot Robbie.
Não que os outros atores não tivessem um bom desenvolvimento
dos personagens, mas ficou uma grande preocupação em dar uma porcentagem bem
maior aos personagens dos dois atores já citados. Sim, Arlequina é uma
personagem dos quadrinhos de grande importância e, por isso, o destaque para
ela era mais do que esperado, mas o personagem do Pistoleiro, mesmo tendo uma
das histórias mais fantásticas, melhor desenvolvida pelo roteirista John
Ostrander em uma minissérie em quatro partes em 1988, não é um personagem para
tanta atenção. Ele se torna o ponto central e de ligação entre os
super-marginais e os soldados de Flag. Em determinado momento, Amanda Waller
pede para ele cumprir uma missão que poderia muito bem ser cumprida por
qualquer outro, mas a necessidade de destacar o ator é grande.
Mas é o estilo do diretor David Ayer, pois mesmo que ele
desenvolva os dramas de todos os personagens, ele se concentra em um ou dois
para que a trama role.
Mas o filme, como eu disse inicialmente, é um bom filme. Tem
atores que sabem desenvolver bem seus personagens, mesmo com pouco destaque, e
tem um enredo bem interessante, desenvolvido em torno do Esquadrão Suicida. Mas
o que não torna o filme algo no mesmo nível de “Batman vs. Superman: A Origem
da Justiça” são as coisas destoantes, como uma cena que ganha uma slow motion para dar o tom dramático,
mais pareceu forçado. E, sinceramente, a cena pós-créditos – sim, o filme tem
uma cena logo depois dos primeiros créditos – poderia muito bem ser algo antes
dos créditos. Foi uma “marvelizada” desnecessária no filme.
Mas temos participações especiais muito legais, também, pois
além do homem-morcego, temos outro dos novos super-heróis do Universo Cinematográfico
DC. Além de easter-eggs que são
claras homenagens que somente aqueles que são fãs antigos do Esquadrão Suicida
perceberão.
Agora faço uma pausa dramática para falar sobre o terceiro
Coringa dos cinemas, dessa vez interpretado pelo ator camaleão Jared Leto. O
que se percebe de sua participação mais que especial – lembrem-se, o filme não
é sobre ele, então é somente uma participação mesmo – é que Leto decidiu
desenvolver o personagem como um gangster assassino.
Como eu imaginava, foi uma nova visão do personagem, que
poderia muito bem se assimilar com a ideia desenvolvida por Frank Miller em
“Grandes Astros Batman e Robin, o Menino Prodígio”. Ele não é um chefão da
máfia ou um agente do caos, ele é um homicida passional, que age da forma que
lhe convém, fazendo o que desejar, sem pensar duas vezes na situação. Foi uma
brava caracterização de Leto para o personagem, mas o que destoou foi a extrema
importância que ele dá ao sentimento por Arlequina.
Eu me acostumei a ver o Coringa sempre usando a paixão da
Dra. Harley Quinzel como um objeto de seu interesse. Ela era somente uma
necessidade em um momento desesperador, nada mais. O Coringa nunca teve
interesses amorosos pela doutora e nem pela sua contraparte, a Arlequina. Ela
que sempre foi loucamente caidinha por ele. Vê-lo motivado a libertá-la e
resgatá-la, demonstrou algo novo nessa visão que me pareceu estranho.
Mas isso aconteceu com vários outros personagens que eu
conheço do universo do Batman, principalmente (Capitão Bumerangue é inimigo do
Flash). Sim, vemos a ideia que Ostrander deu a respeito de quem é Floyd Lawton,
ou seja, um dos melhores assassinos do mundo que é um pais fervoroso e dedicado
à filha. Também vemos que a psicóloga Harley Quinzel é loucamente apaixonada
pelo Coringa e ajuda na sua fuga, como mostrado por Bruce Timm e Paul Dini na
história “Mad Love”.
Mesmo que não esmiúcem muito, parte da história de Katana está lá, contada por Rick Flag, o que me entristece um pouco, pois a ligação de sua história com o Batman vem desde a época dos Renegados, grupo que ela integrou ao lado do Homem-Morcego e outros personagens. Poderiam ter feito essa ligação ao personagem, também, mas preferiram colocá-la como um tipo de "guarda-costas" de Flag. Ficou legal, mas perdeu a riqueza da personagem.
Mesmo que não esmiúcem muito, parte da história de Katana está lá, contada por Rick Flag, o que me entristece um pouco, pois a ligação de sua história com o Batman vem desde a época dos Renegados, grupo que ela integrou ao lado do Homem-Morcego e outros personagens. Poderiam ter feito essa ligação ao personagem, também, mas preferiram colocá-la como um tipo de "guarda-costas" de Flag. Ficou legal, mas perdeu a riqueza da personagem.
Eu não conheço a história de El Diablo, mas achei que foi muito
bem desenvolvida, também, com todo seu drama pessoal. Já Magia teve elementos
renovados, pois a sua transformação de June Moone em Magia – nos quadrinhos –,
era algo mais psicológico do que uma mudança de corpos, mas não deixou de ser
interessante, também, já que o sofrimento de June Moone em se transformar na
bruxa estava todo ali. Já não posso dizer que os personagens Crocodilo, Katana
e Capitão Bumerangue tiveram personagens bem desenvolvidos, mas Jai Courtney
soube dar o tom de comédia ao personagem.
Quanto as músicas do filme, são elementos especiais. Além
das que ouvimos em trailers, temos a inclusão da fabulosa “Sympathy for the
devil”, dos Rolling Stones. A trilha sonora do filme é rica e simplesmente
perfeita para todo o filme. Queen, Bee Gees, Rolling Stones, Sweet, Skrillex,
Grace, Twenty One Pilots, entre tantos outros, tornam o filme mais empolgante.
Muitas das críticas que tenho lido é que o roteirista
simplesmente teve o universo do Esquadrão Suicida empurrado em suas mãos e ele
escreveu o que quis, que não tem nada a ver com os quadrinhos. Não entro nesse
quesito, pois estamos falando do Universo Cinematográfico DC, que não tem nada
a ver com o Universo dos quadrinhos. E de qual universo do Esquadrão estamos
falando? Sinceramente, eu vi elementos da criação de Ostrander ali,
principalmente na – sempre fantástica – Viola Davis como Amanda Waller. Ela não
tem dó, nem piedade. É capaz de pisar em qualquer um, fazer o que for preciso
para alcançar o que deseja. Isso é totalmente a Amanda Waller de Ostrander. Se
estão falando de Novos 52, bem, não posso opinar, pois não acompanhei essa
fase.
“Esquadrão Suicida” não é um filme perfeito. Colocaria ele
bem abaixo nas categorias de filmes de quadrinhos de super-heróis – se fosse
para classificar, estaria entre “Kick Ass 2” e “Hellboy 2”, na minha humilde
opinião –, mas ainda assim tem um desenrolar interessante e uma bela composição
dos personagens, com atores que sabem trabalhar esses vilões e suas
personalidades, pena que o enredo foi mal desenvolvido no final. Torço que
tenha uma versão estendida, pois acredito que o filme poderia ficar melhor do
que ele é.