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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

RESENHA SÉRIES: Sense8: Um Especial de Natal (Sense8: A Chistmas Special, 2016).

SENSE8: UM ESPECIAL DE NATAL (Sense8: A Chistmas Special, 2016).

Direção: Lana Wachowski
Roteiro: Lana Wachowski, J. Michael Straczynski
Elenco: Brian J. Smith, Tuppence Middleton, Doona Bae, Jamie Clayton, Toby Onwumere, Tina Desai, Miguel Ángel Silvestre, Max Riemelt, Freema Agyeman, Alfonso Herrera, Purab Kohli, Max Mauff, Daryl Hannah, Naveen Andrews, Terrence Mann, Eréndira Ibarra, Paul Ogola.

O policial Will Gorski (Brian J. Smith) e a DJ Riley Blue (Tuppence Middleton) continuam seu romance, mas estão escondidos em algum lugar da Islândia, ainda fugindo do Sr. Sussuro (Terrence Mann). Sun Bak (Doona Bae) ainda está presa e na solitária, enfrentando as acusações que assumiu para salvar o irmão, por mais que ele não mereça. Nomi Marks (Jamie Clayton) ainda está fugindo do FBI e por mais que sua namorada, Amanita (Freema Agyeman) busque despistar os federais, eles não desistem, colocando-a na mira deles, também. Depois de tudo que Capheus (Toby Onwumere) enfrentou, ele e seu melhor amigo, Jela (Paul Ogola), buscam retomar o serviço de transporte que eles têm em Nairobi, contando com uma certa ajuda, da qual Capheus gostaria de dispensar. Já o ator Lito Rodriguez (Miguel Ángel Silvestre) vai ter de enfrentar as consequências da revelação de seu homossexualismo, que se torna público, colocando sua carreira, de seu namorado Hernando (Alfonso Herrera), e sua vida financeira em risco. Enquanto Kala Dandekar (Tina Desai) aproveita a sua lua-de-mel com seu marido Rajan Rascal (Purab Kohli), Wolfgang Bogdanow tenta manter uma vida tranquila – como se isso fosse possível – e cuidar de seu melhor amigo, Felix (Max Mauff). Mas depois da morte de seu tio, começa a ser assediado para tomar uma decisão que pode mudar totalmente o rumo de sua vida.
Sem querer entrar em mais detalhes do que já entrei – com certeza terão várias coisas que muitos considerarão como spoilers – o que posso dizer é que os sensates retornaram em grande estilo. A ideia de Lana Wachwski e J. Michael Straczysnki é continuar de onde a série – que estreou em 05 de junho de 2015 no Netflix – parou. Em partes temos tudo que havia acontecido na primeira temporada tendo explicações nesse especial. O grande lance é que Will e Riley continuam buscando descobrir como vencer o – chamado – Sr. Sussurro e, por causa disso, tem de manter distância dos outros sensates fazendo uso de drogas que turvam a mente como fazia a personagem Angelica Turing, interpretada pela atriz Daryl Hannah. Mas quando necessário, eles surgem para ajudar seus companheiros.
Não são somente eles que buscam uma forma de descobrir onde Sussurro se esconde, mas também os outros se objetivam a ajuda-los, deixando de lado os próprios problemas, que são muito, como citei antes. Mesmo assim, o lado de “irmandade” estabelecido entre eles, não deixam de lado um ou outro. Outro laço que foi estabelecido a distância – e continua sendo interessante – é o de Wolfgang e Kala, que agora está casada. Então fica – quase – estabelecido um triângulo amoroso, pois o laço entre os dois é bem forte e, às vezes, constrangedor.
Voltamos, também, ao tema preconceito nesse episódio de um pouco mais de duas horas.
Como sabemos, Lana Wachowski é uma transgênero, como no caso da hacker Nomi Marks. Mas o preconceito fica por conta da revelação da sexualidade do ator Lito Rodriguez e sua relação com o professor Hernando. Essa revelação é bem extrema e drástica, colocando Lito contra a parede e, quando ele decide não desmentir, as consequências são catastróficas para sua carreira de ator.
Mas não são somente desastres que compõem o especial de Sense8. Temos momentos com a típica ação da série, com Sun mostrando todo seu talento, Wolfgang colocando suas capacidades a prova, e vários momentos de extensa emoção e, como não podia faltar, muito erotismo, no melhor estilo de Sense8.
Sense8: Um Especial de Natal - ou Especial de Fim de ano, como preferirem - dá o pontapé inicial para a nova temporada da série no Netflix. Foram dois anos de expectativa e, agora, serão mais cinco meses de espera para saber como as coisas acontecerão, mas pelo menos tivemos essa maravilhosa prévia de que o ritmo da segunda temporada será tão frenético quanto foi a primeira e os mistérios serão ainda mais interessantes. Será, simplesmente, imperdível.

sábado, 17 de dezembro de 2016

RESENHA CINEMA: Rogue One: Uma História de Star Wars (Rogue One: A Star Wars Story, 2016).

ROGUE ONE: UMA HISTÓRIA DE STAR WARS (Rogue One: A Star Wars Story, 2016).

Direção: Gareth Edwards
Roteiro: Chris Weitz, Tony Gilroy, John Knoll, Gary Whitta
Elenco: Felicty Jones, Diego Luna, Donnie Yen, Ben Medelsohn, Mads Mikkelsen, Forest Whitaker, Riz Ahmed, Alan Tudik, Jimmy Smits, Alistair Petrie, Genevieve O’Reilly, James Earl Jones, Valene Kane, Beau Gadsdon, Dolly Gadsdon, Ingivild Deila, Guy Henry, Daniel Naprous, Spencer Wilding.

Jyn Erso (Felicity Jones), filha do engenheiro Galen Erso (Mads Mikkelsen), sobreviveu após seu pai ser levado por Orson Krennic (Ben Mendelsohn), que matou sua mãe Lyra Erso (Valene Kane). Ela recebeu os cuidados do rebelde radical Saw Gerrera (Forest Whitaker), quando mais nova, mas já adulta terminou presa pelo Império Galáctico e terminou libertada pelo Capitão Cassian Andor (Diego Luna), da Aliança Rebelde. Mas a intenção ao libertá-la e descobrir onde está seu pai e os planos para uma arma mortal que ele ajudou a construí-la, a Estrela da Morte.
Nessa busca com Capitão Andor e seu dróide reprogramado K-2SO (Alan Tudyk), Jyn termina descobrindo que um piloto, Bodhi Rook (Riz Ahmed) é um conhecido de seu pai e, na busca por ele que foi capturado por Gerrera, ela conhece o monge cego Chirrut Îmwe (Donnie Yen) e seu guardião Baze Malbus (Wen Jiang). Junto a esse grupo, ela parte para encontrar seu pai e conseguir os planos para a destruição da Estrela da Morte.
No final de “A Vingança dos Sith”, vimos o início da construção da Estrela da Morte, um artefato do Império que é capaz de destruir mundos, e já no começo de “Uma Nova Esperança” vemos a Princesa Leia (Carrie Fisher) carregando os planos de destruição da Estrela da Morte em seu dróide R2-D2, antes dele e seu companheiro, o dróide de protocolo C-3PO, desembarcarem em Tattoine e conhecerem Luke Skywalker (Mark Hammill), iniciando uma das sagas mais idolatradas e adoradas pelos fãs de ficção científica.
“Rogue One” nos coloca entre essas duas histórias, nos mostrando como os planos da Estrela da Morte foram parar nas mãos da Aliança Rebelde e quem foram os responsáveis por isso. A saga de Jyn Erso, Capitão Cassian Andor, K-2SO, o piloto Bodhi Rook, o monge Chirrut Înwe e o guerreiro Baze Malbus se mostrou uma das mais belas histórias de Star Wars, pois mostra que todos somos capazes de ter esperança desde que tenhamos um objetivo e sejamos determinados.
Sinceramente, eu esperei muito tempo para que toda a catarse que me contagiou ao assistir “Rogue One” se assentasse, mas mesmo depois de dias ainda me sinto extasiado pelo filme. Não gosto de confiar em empolgações extremas, pois pessoas têm o costume de exagerar no que gostam ou ojerizam, então quando muitos viram a pré-estreia de “Rogue One” e vieram embevecidos com o filme, preferi deixar e esperar.
Eu esperava um filme bom, mas não esperava por “Rogue One”. A história escrita por John Knoll e Gary Whitta, roteirizada por Chris Weitz e Tony Gilroy, e dirigida por Gareth Edwards, é algo único, mas que capta bem a essência do que conhecemos de Star Wars, onde grandes heróis não são momentâneos, mas sim se constroem, se desenvolvem. E que, às vezes, precisamos ir além de algo para fazer com que os nossos desejos se tornem reais, pois se esperarmos, nunca alcançaremos nossos objetivos.
A história criada para a personagem Jyn Erso – vivida pelas atrizes-mirins gêmeas Beau Gadsdon e Dolly Gadsdon e pela atriz Felicity Jones – tem drama, mas não melodrama. Ela praticamente perde tudo quando criança, torna-se uma marginal aos olhos do Império, indesejada aos olhos da Aliança, mas não desiste, mesmo que veja a todos caírem. É uma guerreira obstinada e destemida, que sabe e conhece seu principal objetivo. O Capitão Cassian Andor, vivido pelo ator Diego Luna, testemunhara tantas coisas e fizera tantos serviços pela Aliança Rebelde, que perdera a sensibilidade humana, tornando-se frio e – quase – desumano quando seu objetivo são suas missões, mas ao conhecer Jyn, algo muda nele, confiando na jovem e seguindo-a no seu objetivo, mesmo que seu dróide, K-2SO – com voz do ator Alan Tudyk – não goste muito disso. A personalidade deste é um dos pontos altos do filme, pois K2 – como é chamado – tem uma personalidade única, conseguindo ser mais interessante do que C-3PO, até.
Outro personagem de grande personalidade é o monge Chirrut Înwe, vivido pelo fantástico Donnie Yen. Sua crença na Força é algo sem igual, levando-o a seguir Jyn, pois acredita que ela possui um propósito maior e que seu destino está escrito e deve ser apoiado por ele, e termina carregando o guerreiro Baze Malbus, interpretado por Wen Jiang, que além de um grande amigo e seu protetor, mesmo que não tenha as mesmas crenças que ele na Força, nessa jornada.
O filme é único, como já escrevi antes. Tem uma história narrada com começo, meio e um fim fantástico, pois muitos de nós já conhecemos seu destino e onde chegará. “Rogue One: Uma História de Star Wars” é mais do que uma simples história, é um ponto crucial para a saga, que determinou o destino de vários nas três histórias que se seguiram.

Existem pontos de divergências com “Uma Nova Esperança”, mas nem isso tira o brilho desse ponto de interligação entre as franquias, pois “Rogue One” é um dos mais fantásticos filmes dessa longeva história e, com certeza, repercutirá por anos e anos e, dificilmente, será esquecido.

domingo, 11 de dezembro de 2016

RESENHA SÉRIES: Fuller House (2016 -)

FULLER HOUSE (2016 -)

Roteiros: Jeff Franklin, Steve Baldikoski, Bryan Behar, Amy Engelberg, Wendy Engelberg, Andrew Gottlieb, Boyd Hale, Bob Keyes, Doug Keyes, Julie Thacker, Erin Cardillo, Polina Diaz, Richard Keith, Brian McAuley, Joe Vargas.
Produção: Jeff Franklin, Kelly Sandefur, Robert L. Boyett, John Stamos, Thomas L. Miller, Steve Sandoval.
Elenco: Candance Cameron Bure, Jolie Sweetin, Andrea Barber, Michael Campion, Elias Harger, Soni Bringas, Dashiell Messitt, Fox Messitt, Juan Pablo Di Pace, John Brotherton, Scott Weinger, Ashley Liao, John Stamos, Lori Loughlin, Bob Saget, Dave Coulier, Aden Hagenbuch.

Entre os anos de 1987 e 1995, a comédia de situação – ou sitcom – “Três É Demais” (Full House), trazia para o canal de TV ABC três homens, Danny Tanner (Bob Saget), Jesse Katsopolis (John Stamos) e Joey Gadstone (Dave Coulier), criando três lindas meninas, D.J. Tanner (Candace Cameron Bure), Stephanie Tanner (Jodie Sweetin) e Michelle Tanner (Mary-Kate e Ashley Olsen), após Danny perder sua esposa. Em pouco tempo, a namorada de Jesse, Rebecca Donaldson (Lori Loughlin), que viria a se tornar noiva e esposa do solteirão roqueiro, entrou para o elenco fixo, bem como a inseparável – e irritante – amiga de D.J., Kimmy Gibbler (Andrea Barber).
Com o crescimento das meninas, vários acontecimentos ocorreram, como a saída de Stephanie do quarto que dividia com D.J., pois essa entrava na adolescência e desejava seu próprio espaço, as relações amorosas de Danny, que sempre contava com o apoio dos seus amigos e de suas filhas, e as transformações na vida de Jesse e Rebecca com o nascimento dos gêmeos.
Vinte e um anos depois, D.J. Tanner-Fuller, que agora é uma reconhecida veterinária, depois de perder o marido que era bombeiro, viu-se com problemas para criar três crianças, seus filhos Jackson Fuller (Michael Campion), com treze anos, Max Fuller (Elias Harger), com sete anos e super-precoce, e o bebê Tommy Fuller Jr. (Dashiell Messitt e Fox Messitt), e dedicar-se a carreira que está em ascensão. Isso coincide com a saída de seu pai da residência dos Tanner, deixando para sua filha. Mas ela termina não ficando sozinha, pois Stephanie, que se tornou uma DJ famosa em Londres, retorna para casa e, agora, reside no porão, ajudando D.J. no que ela precisa. Para juntar-se as duas, Kimmy Gibbler, que virou uma planejadora de festas, separou-se de seu marido, o ex-piloto argentino Fernando (Juan Pablo Di Pace), e tem uma filha, Ramona (Soni Bringas), vai residir na residência dos Tanner, morando no sótão e, para dar um lugar para Ramona poder dormir, Jackson se muda para o quarto de Max.
Na primeira temporada da série, que estreou em 2016 no Netflix, trouxe todo o desenvolvimento e envolvimento dos personagens, junto com os ex-moradores, que aparecem esporadicamente. Além disso, D.J. termina envolvida amorosamente com seu colega, o Dr. Matt Harmon (John Brotherton), além de reaparecer em sua vida, seu romance de adolescência, Steve Hale (Scott Weinger), deixando-a dividida.
A segunda temporada já inicia com D.J. dizendo que decidiu com qual dos dois desejava ficar, mas não tem tempo para isso, pois ambos aparecem com namoradas.
Nesse meio tempo, Jackson e Ramona retornam do acampamento de férias e o sentimento de Jackson pela melhor amiga de Ramona aumenta, além da jovem se apaixonar pelo melhor amigo de Jackson.
Já Max entra em um projeto da escola para criar um mundo melhor e com isso ele monta em seu quintal uma horta de produtos orgânicos e um pequeno galinheiro, com a ajuda de Fernando, que decide ir morar na casa dos Tanner. Além disso, Stephanie inicia um romance com o irmão de Kimmy, Jimmy Gibbler (Adam Hagenbuch), um fotógrafo renomado, mas não muito esperto.
Essa segunda temporada traz, novamente, o clima que “Três É Demais” deixou saudades. Muita comédia, amizade e situações inusitadas e hilárias. Um dos atores que eu acho que tenha mais destaque é Elias Harger que interpreta Max Fuller. Mesmo que seja tão novo, Harger interpreta um irônico e genuíno personagem. O filho do meio de D.J. Tanner-Fuller rouba as cenas quando aparece. Mas outros destaques também ficam para o elenco mais adulto, como as atrizes Jodie Sweetin e Andrea Barber, que interpretam Stephanie Tanner e Kimmy Gibbler, respectivamente. A DJ e a organizadora de festas têm momentos fantásticos em cada episódio.
“Fuller House” foi mais um resgate maravilhoso desenvolvido pelo Netflix. É uma pena que s gêmeas Olsen não aceitem se envolver no projeto, mesmo que sejam constantemente provocadas por John Stamos que – além de interpretar Jesse Katsopolis – é um dos produtores da série. Ele mesmo tem um drama sendo desenvolvido em segundo plano, onde Becky deseja muito adotar uma criança, inspirada, principalmente, por causa do nascimento de Tommy Jr.

Se você assistia TV Colosso e SBT na década de 1990, ou mesmo o canal do Sistema Brasileiro de Televisão entre 2013 e 2014, e curtia a história dessa família, vai adorar rever a – quase – todos nessa série do Netflix.

domingo, 4 de dezembro de 2016

RESENHA SÉRIE: 3%

3%

Roteiros: Pedro Aguilera, Jotagá Crema, Cássio Kishikumo, Ivan Nakamura, Denis Nielsen.
Produção: Diego Avalos, Erik Barmak, Kelly Luegenbiehl, Tiago Mello, César Charlone.
Direção: César Charlone, Jotagá Crema, Daina Giannecchini, Dani Libardi.
Elenco: Bianca Comparato, João Miguel, Michel Gomes, Rodolfo Valente, Vaneza Oliveira, Viviane Porto, Sérgio Mamberti, Zezé Motta, Celso Frateschi, Rafael Lozano, Mel Fronckowiak.

A Terra não tem lugar para todos, e somente poucos podem vir a integrar uma sociedade abastada que vive em um território idílico. Todos os jovens têm a oportunidade de fazer parte dessa sociedade, mas somente 3% deles alcançarão seu objetivo, que não é para todos. Para isso passarão por testes que colocaram a prova sua vontade de sobrevivência.
Na nova prova que os jovens serão submetidos, encontra-se Michele (Bianca Comparato), que busca mais do que ser parte dos 3%. Junto a ela, chegam Fernando (Michel Gomes), um rapaz paraplégico que deseja mostrar que pode ser igual a todos os outros. Rafael (Rodolfo Valente), um misterioso rapaz que fará de tudo para integrar os 3%. Joana (Vaneza Oliveira) que foge do seu passado para conseguir integrar um grupo para poucos. E Marco (Rafael Lozano), que faz parte de uma família de vários que integraram os 3% e pretende mostrar estar apto para ser também.
Para seleciona-los e coloca-los a prova, Ezequiel (João Miguel) não poupará esforços em tentar torna-los aptos para fazer parte de grupo único. Mas ele mesmo será colocado a prova, quando o Conselho decide investigar sua forma de administrar o processo de seleção.
Agora o Brasil consegue lançar sua primeira série no Netflix. 3% é uma série de ficção científica criada por Pedro Aguilera. Ela inicialmente foi uma série de três episódios, lançada no Youtube em 2011, tendo como premissa o mesmo enredo onde jovens são selecionados para fazer parte de um grupo bem seleto, passando por provas que testam seu psicológico e seu físico. O lance é que a minissérie tinha um conceito mais militarista, como se a nossa sociedade tivesse um regresso a um regime que buscamos esquecer e como se esse fizesse a seleção dos que integrariam os 3%. Já na série do Netflix, Aguilera e seu time de escritores, trouxeram uma sociedade utópica, com ideais behavioristas para selecionar aqueles que integrarão seu grupo bem seleto. Eles colocam as pessoas à prova com testes psicológicos bem complexos na nova série, além de trabalhar intrigas internas e externas dessa sociedade idílica.
Ezequiel mesmo, vivido pelo ator João Miguel, possui segredos e mistérios que somente serão descobertos com o desenrolar da série. Sua história, seu passado, são narrados em forma de lembranças. O mesmo acontece com personagens como Michele Santana, interpretada pela atriz Bianca Comparato, Fernando Carvalho, vivido pelo ator Michel Gomes, que se mostra de forma bem interpretada como um paraplégico, filho de um pastor que prega a necessidade dos jovens se colocarem a prova para integrarem os 3%. O personagem Rafael Moreira, que tem como interprete o ator Rodolfo Valente, também tem seu passado revelado, mas ainda se percebe mistérios a serem revelados. Bem como a personagem Joana Coelho, interpretada pela atriz Vaneza Oliveira, que tem um pouco de seu passado mostrado. Temos também Marco Alvarez, do ator Rafael Lozano, que tem um legado a seguir e deseja conquistar o seu lugar que – acredita ele – é seu por direito. Esses são os personagens da trama central dessa primeira temporada que teve oito capítulos. Mas vê-se a possibilidade de explorar vários outros personagens, também, como os membros do Conselho, Matheus, interpretado pelo fantástico Sério Mamberti, e Nair, interpretada pela maravilhosa Zezé Motta.
A trama é bem desenvolvida e tem um crescente muito interessante, pois vemos o que as pessoas são capazes de fazer para conseguir seu objetivo, ou mesmo para se manter ao lado daqueles que desejam. Mas para que toda sociedade utópica exista, precisa existir uma distopia presente, e é nessa que todos aqueles que desejam viver no mundo idílico, vivem. Lógico, todos que vivem em um mundo pútrido e degradante, desejam algo melhor, pois o que tem não é o suficiente e nunca será, principalmente quando não tem nada.
3% não é somente a primeira série cem por cento brasileira lançada no Netflix, mas é um novo conceito de série tupiniquim, com alta qualidade e que promete um futuro promissor de séries no Brasil.