“Batman vs.
Superman: A Origem da Justiça” estreia nos cinemas brasileiros em 24 de
março com enorme expectativa para que esse seja um filme épico.
Não é um momento qualquer da história do cinema de
super-heróis, mais um momento aguardado há anos.
As especulações que tal encontro aconteceria seguem desde
que em 2007, no filme “Eu sou a Lenda”, com Will Smith, anunciava em um cartaz
que ambos se encontrariam em um filme em 2010. Nessa época, “Batman Begins”
(2005) e “Superman Returns” (2006), já haviam estrelado. “Batman Begins” trazia
o ator Christian Bale no papel de Bruce Wayne/Batman, sob a direção de
Christopher Nolan, enquanto “Superman Returns” colocava o ator Brandon Routh como
Clark Kent/Superman, tendo a direção de Bryan Singer. A ideia perdurou, mas
somente seis anos depois vemos o encontro acontecer com os atores Ben Affleck
no papel de Bruce Wayne/Batman e Henry Cavill como Clark Kent/Superman, sob a
direção de Zack Snyder (O Homem de Aço).
Bem, tudo bem que a ideia chega ser recente para esse
encontro, mas tanto Superman quanto Batman são personagens icônicos que habitam
os quadrinhos, seriados, animações e filmes há mais de 75 anos.
Superman, por exemplo, surgiu em junho de 1938 na revista
Action Comics #1, dando início a Era dos Super-heróis nos quadrinhos. Batman só
viria a surgir quase um ano depois, em maio de 1939, na revista Detective
Comics #27.
A primeira vez que ambos ganharam personalidades em carne e osso
foi nos filmes seriados para as matinês. Nessas cinesséries nenhum dos dois
foram pioneiros, mas Batman foi o primeiro a ganhar uma dessas séries pela
Columbia Pictures em 1943, tendo Lewis Wilson como o cruzado encapuzado. A
série durou 15 episódios com – mais ou menos – 17 minutos, cada. Em 1948,
Superman chegava aos filmes seriados com Kirk Alyn atuando como o Homem de Aço.
Batman voltaria um ano depois em “Batman & Robin”, tendo o ator Robert
Lowery no papel do bilionário/vigilante.
Partindo desse momento, pensemos como seriam os encontros,
no passar desses anos, de atores que chegaram a atuar como Superman e Batman
nos cinemas e seriados:
1951
A Columbia Pictures decide chamar o diretor Spencer Gordon
Bennet para dirigir 15 episódios de um filme seriado que seria estrelado por
ambas as estrelas da National Periodicals, Batman e Superman. Bennet,
acostumado com Kirk Alyn no papel de Clark Kent/Superman, o chamaria para mais
essa cinesserie. Além disso, Bennet chamaria Robert Lowery – com quem ele
trabalhara em 1948 – para viver, novamente, Batman. Na trama, Bruce Wayne vai
ao Estrela Diária fingindo interesse no seu investimento, pois é um dos
acionistas do jornal, mas na verdade deseja encontrar o Superman, pois um dos
seus contatos no governo o comunicara que uma ilha remota do Pacífico foi
dominada por um cientista louco que pretende usá-la como ponto estratégico para
instalação de bombas nucleares, na intenção de atacar os EUA. Ele pede que Lois
Lane (Noel Neill) avise o Superman para encontrar com o Batman no telhado do
Estrela Diária. Dali, ambos partem para a ilha, que descobrem ser habitada por
amazonas, que foram escravizadas pelo cientista. Contando com a ajuda da
princesa delas, eles eliminam a ameaça e prendem o vilão, libertando as
amazonas no processo.
A ideia das amazonas e uma princesa delas seria uma forma de
introduzir Diana na história, mas caso ela não pudesse atuar em um filme
seriado, não precisaria nomea-la. O cientista poderia ou não ser Luthor,
dependeria somente dos produtores da cinesserie.
1967
Seria um feito incrível, muito no estilo “O que Aconteceria
Se...”, da Marvel Comics, mas digamos que em 1959 o ator George Reeves não
tivesse cometido suicidio e permanecesse vivo. Em 1967, ele teria 53 anos, mas
não teria caído no esquecimento, pois as pessoas ainda lembrariam dele como o
Superman/Clark Kent da série de TV “The Adventures of Superman” (1952-1958).
William Dozier estaria no topo do sucesso com a série televisiva Batman
(1967-1968), estrelada por Adam West e Burt Ward como Batman/Bruce Wayne e
Robin/Dick Grayson, respectivamente.
Digamos que Dozier quisesse fazer um segundo filme com a
dupla dinâmica, mas para isso iria querer a presença do Superman. Então ele
chamaria Reeves para o papel, trazendo-o de volta a ativa. Reeves, West e Ward
estrelariam esse filme encarando o Senhor Frio, que roubara o diamante polar do
Museu de Metrópolis. Então, Superman iria à Gotham pedir ajuda à dupla dinâmica
para desvendar o mistério desse assalto e eles descobririam que Sr. Frio teve
ajuda do filho de Brockhurst, o mago, para entrar e sair do museu sem ativar
alarmes. Esse filho de Brockhurst quer vingança pelo pai e desejava que Sr.
Frio construa uma arma de gelo que ajude-o a congelar o Superman para sempre.
Brockhurst, o mago, vivido pelo ator Leonard Mudie
(1883-1965), chegou a participar de dois episódios da série “Adventures of
Superman”, por isso coloquei um filho dele. Já o Sr. Frio ficou fora do
primeiro filme do Batman, então seria interessante lança-lo melhor nesse. A
dupla dinâmica, nesse filme, permaneceria, pois durante anos eram ambos, West e
Ward, associados à dupla dinâmica.
1991
No ano de 1991 a revista World’s Finest Comics completava 50
anos. Mesmo que desde 1986 ela tivesse parado de circular, foi um marco, pois a
revista trazia histórias do Batman e do Superman que, mesmo não se encontrando
no interior da revista, estampavam as capas de várias edições.
Então digamos que o diretor Tim Burton topasse dirigir esse
encontro clássico entre os dois personagens – sem suas ideias assombrosas para
Superman Lives – e chamasse o estimado – e eterno – Christopher Reeves
(1952-2004) para viver, mais uma vez, Superman/Clark Kent, bem como o grandioso
Gene Hackman para ser Lex Luthor. Michael Keaton retornaria ao traje do Batman.
A premissa seria que Luthor, cansado de atuar em Metropolis
e ser impedido pelo Superman, decide se mudar para Gotham City, lar do Batman.
Quando vai se instalar nos esgotos de Gotham, se depara com a figura assombrosa
do Pinguim, um ser diminuto e com aparência deformada, tendo nadadeiras no
lugar de mãos. Ambos então se unem e inicia-se parte do enredo de Batman
Returns, com Luthor apoiando Pinguim a se tornar prefeito de Gotham. Batman
descobre a perfídia de ambos e envia uma mensagem ao Planeta Diário, pedindo ajuda
do Superman para deter os dois, iniciando uma parceria para deter os vilões..
Em 1992, Batman Returns chegaria aos cinemas, por isso fazer
uso de parte do seu enredo não seria tão absurdo. Um encontro entre Keaton e
Reeve seria algo que os fãs ficariam loucos para ver, mas conhecendo Burton
pela sua forma de contar histórias, com certeza veríamos a tenebrosa história
de Oswald Cobblepot sendo transmitida na tela grande.
2010
Em 2005, o diretor Christopher Nolan e o roteirista David S.
Goyer iniciaram a trilogia de maior sucesso da DC. Hoje conhecida como “Dark
Knight Trilogy” (ou Trilogia do Cavaleiro das Trevas, em português), eles
reiniciaram Batman com chave de ouro. Seguindo por um aspecto mais realista,
eles conseguiram desnvolver um começo primoroso para Batman, Comissário Gordon
e tantos outros.
Em 2006, o diretor Bryan Singer buscou reviver os momentos
fantásticos de Superman (1978) e Superman II (1980) com “Superman Returns”.
Mesmo com atores como Kevin Spacey e Frank Langella, e boa atuações de Brandon
Routh e Kate Bosworth, o filme foi um desastre nas bilheterias, arrecadando
somente US$ 200.081.192, nos EUA (custou à Warner US$ 270 milhões). Com isso,
Singer não seria nem cogitado para esse encontro, mas Nolan e Goyer, com
certeza.
O filme poderia partir do final de “Batman: O Cavaleiro das
Trevas”, onde Batman é considerado o culpado pela morte de policiais e pela
morte do promotor Harvey Dent. Clark e Lois ficam sabendo de um enigmático
assassino em série que vive em Gotham e pode estar ligado ao caso de mortes em
Metrópolis, também. Clark aproveita a visita à Gotham e investiga sobre o
Batman, se deparando com ele. Depois de um breve confronto, eles se unem para
tentar encontrar o misterioso Charada, um homem que sempre mata as pessoas, dando
a chance de serem salvas graças a enigmas bem complexos.
Fugiria um pouco do tom de realidade que Nolan criara para
Batman, mas serviria para envolver ambos os personagens na mesma história, sem
contar que poderia alavancar a carreira do ator Brandon Routh, que não
conseguiu muito sucesso em “Superman Returns”.
Se cada um desses filmes tivessem ocorrido em suas devidas
épocas – minhas sugestões de roteiros não precisariam ser seguidas – teríamos um
encontro épico para cada era determinada. Mas, de certa forma, ainda bem que
eles não ocorreram, pois o impacto desse encontro neste ano se tornou algo que
muitos imaginaram, muitos presumiram, mas não tinham a ideia de como seria.
“Batman vs. Superman: A Origem da Justiça” estreará com
todas as expectativas de que esse encontro poderia ter acontecido antes, só que
agora o momento é acertado e devidamente bem vindo.