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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Cultura do Deslocado: personagens – parte 1.

SelfieSimpsonsQuando se procura a palavra descolado nos dicionários, em seu sentido figurado, se fala de alguém fora de seu ambiente habitual, formal, mas se pegarmos esta palavra no seu sentido macro, em ambiente generalizado, é assim que eu me sentia quando mais novo, pois gostava de coisas que outros não gostavam. Hoje esse sentido se dispersa, pois ser deslocado é ser pop, o que termina descaracterizando a palavra em si.

Um deslocado era – ou é – uma pessoa com preferências e gostos diferentes de diversão e entretenimento. No meu caso, em específico, era prazeroso ler quadrinhos, brincar de super-heróis (meu primo era o Batman, meu irmão era o Robin e eu, pra não ser o Alfred, era o Batmão (sem ferir os direitos autorais do Maurício de Sousa)), assistir desenhos animados e seriados (minha hipermetropia é graças as minhas horas de frente para a TV), passar horas desenhando, criando meus personagens (tenho um universo de personagens próprio) e criando suas histórias (coisa que eu faço até hoje em dia... bem maluco mesmo!), que às vezes eu mesclava com as brincadeiras de super-heróis (a varanda da casa de minha avó era o cockpit de um furgão, com direito a comunicação por rádio. rastreamento por radar e sistema de armas).

Quando eu falo criar personagens, em sua maioria era baseados naqueles que eu lia nos quadrinhos, assistia nos desenhos animados e via nos filmes quando mais novo (pois pequeno, como diz minha namorada, pequeno eu ainda sou). Batman, Homem-Aranha e seus Amigos, Aquaman, Flash, Conan, Goonies, e por aí vai. Mas outros tantos eram bem mais criativos.

T.I.G.R.E.S. 2.0Um dos primeiros personagens que criei eram Os Tigres. O nome não era nenhuma sigla para algo, era somente o nome do grupo. Ele era composto por três pessoas que andavam em um furgão equipado com radar, sistema de comunicação, armas de fogo e era blindado. Cada um deles possuía uma luva de energia que caracterizava seus apelidos: Mão de Ferro, Mão de Ouro e Mão de Bronze. Com o tempo, eu inclui uma quarta pessoa, uma prima para eles (ah, eram todos primos!), que se chamava Mão de Prata. Depois inclui um irmão para Mão de Prata, que ganhou o nome de Mão de Ferro, enquanto este se tornava o Mão de Aço.

Na sequência veio o personagem Motoqueiro Maluco. Um cara que andava de moto com um grupo e sempre que um deles, que nomeei de Dorminhoco, era acordado e gritava Motoqueiro Maluco, ele virava um louco pilotando a moto, fazendo acrobacias e desvendando mistérios. Motoqueiro Maluco tinha muito influência das animações de mistério e ação que a Hanna-Barbera desenvolvera e que passavam na TV Gazeta (subsidiária da Rede Globo no ES). Eles terminaram sendo totalmente esquecidos por mim, devido a incoerência e falta de sentido do personagem.

Baseado no desenho do Homem-Aranha e Seus Amigos, eu criei o grupo Guerreiros da Terra, que era formado por Rapaz-Gelo, Solar, Trovão Negro e Rapaz-Ciclone. Cheguei a pensar em um Menino-Aranha, mas descartei a ideia logo. Esses Guerreiros da Terra, se tornaram Guerreiros do Universo e se tornaram alienígenas. No começo os coloquei habitando planetas do sistema Solar: Solar morava em Mercúrio, Trovão Negro e Rapaz-Ciclone habitavam a Terra e Rapaz-Gelo habitava Plutão, mas terminei colocando-os habitando um sistema estelar próprio, Vertus. Assim Solar se tornou Mas Htims e era um habitante do planeta Vulcallo, Trovão Negro virou Stahirr e vive no planeta Thrithan, Rapaz-Ciclone virou Dav Annon e residia em Cycillian e Rapaz-Gelo se tornou Bavan Sheys e é o único morador de Callyns.

Com base na Legião dos Super-Heróis, grupo que sempre fui fascinado pela quantidade de personagens e pelas histórias maravilhosas, desenvolvidas na década de 1980, eu criei o grupo Guerreiros das Galáxias – sinceramente, eu nem sabia da existência do grupo da Marvel, pois eu lia mais DC Comics. O grupo consistia de jovens que se uniam para enfrentar vilões. Eles eram sempre baseados em personagens da LSH ou outros personagens que via em seriados, romances, quadrinhos e desenhos animados. Tínhamos o Demônio Veloz (totalmente baseado no Flash III (Wally West)), S.J. e W.J. (baseados em Sherlock Holmes e Dr. Watson), Rapaz Vira-Tudo (baseado na série Manimal), Águia Noturna (baseado no desenho Silverhawks), Mutante (baseado no Mutano – mas sem o tom de pele verde – dos Novos Titãs), Visionário e Visionária (baseado no desenhos animado Visionários: Os Cavaleiros da Luz Mágica), Pluma, Relâmpago, Hawkik, Golias (baseados em Moça-Pluma, Rapaz-Relâmpago, Vésper e Bloko, da Legião dos Super-Heróis). Com o tempo alguns fui ignorando, outros eu transformei como no caso de Demônio Veloz, que eu mantive o nome, mas ele virou vilão, inimigo de sua irmã, a velocista cega Taquion. S.J. e W.J., eu desenvolvi outra desenvoltura para os personagens. S.J. agora é o líder de uma equipe tática de soldados de todo o mundo conhecida como Força Especial, enquanto W.J. é um jovem cientista que chamado Johnson Moriarty que cria um clone de Sherlock Holmes e vive aventuras ao seu lado nos dias atuais. Guerreiros Alados 2.0Águia Noturna se tornou Sombrio, líder da equipe Guerreiros Alados. Ele é casado com H-Kik – antes conhecida como Hawkik –, uma alienígena do planeta Agufalgav. Os Guerreiros Alados são formados pelos gêmeos Harpia e Selvagem – ele não possui asas, mas é membro do grupo –, que nasceram e cresceram no planeta Phællans, mas são metade humanos e metade phællansis, os terráqueos Peregrino – casado com Harpia – e o piloto Cowboy. Pluma e Relâmpago se tornaram Sharan e Stahokk, habitantes de Thrithan, como Stahirr, e Golias virou Goliath Hitarr, filho do governante de Bhlokyons, outro planeta do sistema Vertus.

Os nomes Guerreiros da Terra e Guerreiros das Galáxias – este último se tornou Guerreiros do Galaxya – continuaram a serem usados, mas por outros grupos. Os Guerreiros da Terra se tornaram um grupo sem ser um grupo. Ele é formado em um estilo Liga da Justiça, mas sem base fixa e sem uma liderança. Seus membros são sempre os mesmos, mas só operam juntos quando existe a necessidade.

Já os Guerreiros do Galaxya são seres que vivem dentro do Tecnoplaneta vivo Galaxya. Eles são de vários cantos da Via Láctea. Corr Sairyi é um terrano – deixei de lado a designação terráqueo – que adotou o planeta Crisyen como seu lar após ser traído. Marcelle Menken – que antes era uma personagem chamada Estrela e era membro do grupo Comando Delta, formado por humanoides (um tipo de mutante do meu universo que ainda vou falar mais deles) – é uma terrana que no passado fora lançada no espaço e consegue absorver, de forma moderada, a força de qualquer estrela. Aryannin é uma deusa volosi, do sistema Volos, que fora sequestrada pelo escravo krarrashin Kotharynn, que é membro de um povo com capacidade para habitar e sobreviver em qualquer ambiente do espaço. Antares é um ser que fora encontrado amnésico em um meteoro que circunda a estrela Antares. K’Thryn Swiss e Ortsac Searamiug são habitantes dos planetas Dharkyens e Darkian, que vivem em constante conflito, mas que se apaixonaram. H’Glorr é um ser alado de Agufalgav que perdera as asas e um dos olhos durante um combate em comemoração ao nascimento de seus sobrinhos, os gêmeos M’Karo e M’Kara, filhos de Skill Hawkesley – O Sombra dos Guerreiros Alados, lembra! – e H’Kik, sua irmã. Ele ganhou asas de metal Alluminum, característico de seu planeta e, virtualmente, resistente a tudo. Synn Tharra é a filha de Corr Sayiri ressuscitada no corpo de um suppær, seres de energia, considerados a primasia – ao lado dos dommæns (seres acinzentados que lembram uma massa encefálica) – do universo. Blulb e Glulg, dommæns que possuem um bar na extremidade sul do Galaxya, advindos dos criadores do tecnoplaneta vivo.Galaxya 2.0

Muitos dos atuais Guerreiros da Terra são, hoje, criações baseadas em antigas criações minhas. Para começar temos Gatuna e Ratuno que são dois personagens baseados nos meus personagens Gatuno e Ratuno. O antigo Gatuno era pai da atual Gatuna, que já foi Ratuna quando o antigo Ratuno se tornou o novo Gatuno (deu para entender?). Já o novo Ratuno é somente um rapaz que a atual Gatuna adotou. A base desses personagens era num dos meus personagens preferidos na infância, Gato Coragem e Rato Minuto, criações de Bob Kane (o co-criador do Batman).

Guerreiros da Terra (Combate) 2.0O Combate, já foi o Pantera Sombria, que adquiria sua força, agilidade e destreza após usar um colar com três pedras. Ele tinha um bastão que crescia de tamanho e se tornava um nunchaku, um chicote e uma espada (meio que uma alusão às armas dos Thundercats). Combate é filho de um milionário que, após perder a mãe em um incêndio criminoso, vai morar com o pai que ele antes não conhecia. Durante seu tempo morando com seu pai, ele vai se adaptando aos poderes que adquire com o colar que ganhará de presente no seu aniversário de 18 anos. Depois de estudar jornalismo e trabalhar como policial, ele começa a agir como um vigilante, usando um traje totalmente negro e uma máscara que molda sua feição, ele pilota uma moto pelas ruas de Granner Vix.

Guerreiros da Terra (Gravitron I) 2.0Gravitron já foi Homem-Força e Ultra-Homem. Ele nasceu e cresceu na Austrália. Seus pais estudavam as tribos aborígenes naquela região quando sua mãe teve uma complicação no parto. Para que ele sobrevivesse, ela decidiu que faria um pacto ligando-o a deusa terra. Ela morreu e se pai se matou, então ele foi pego pelos aborígenes, que o deixaram em um orfanato na região do Outback, onde ele foi criado e cresceu. Gravitron tem a capacidade de manipular a gravidade da Terra, podendo tornar as coisas mais leves ou mais pesadas. Ele é sobrinho do Doutor Anthony Hawk, criador e mantenedor do Comando Delta (calma, já falo sobre eles), que ele ajudou a criar.

Universal nunca mudou de nome, mas já teve mudanças de uniforme. Ele é um professor de História que descobre ser filho de Zeus com uma mortal. Então ele é levado ao Olimpo no intuito de ser o novo mensageiro dos deuses na Terra. Guerreiros da Terra (Universal I) 2.0Lá ele tem de passar por provas nas quais ele ganhará armas e poderes, para enfrentar Gladius, um ser extremamente poderoso criado por seu tio, Hades, que deseja tomar a Terra para si, pois está cansado de habitar seu mundo inóspito. Ele tem grande força, capacidade de conversar com os animais, é extremamente habilidoso, ágil. Inicia um romance com a amazona Mera, com quem futuramente se casará e terá uma filha.

Táquion surgiu como irmã do Demônio Veloz e como eu escrevi, ela é uma jovem velocista cega. Seus pais eram humanoides que trabalhavam em um circo, mas devido ao constante uso da velocidade, sofreram envelhecimento precoce. Guerreiros da Terra (Táquion) 2.0Ela e seu irmão terminaram parando em um orfanato e foram adotados por um casal abastado. Ele se tornou um biólogo geneticista e ela uma assistente social, se dedicando a causas humanitárias. Quando seus pais adotivos faleceram, deixaram para ambos uma enorme fortuna. Ele decidiu investir sua fortuna em uma pesquisa que ajudasse a ambos a não ter os mesmo problemas dos pais quando viessem a usar os dons que herdaram e tinham medo. Ele enlouqueceu e terminou usando a irmã, contra a vontade dela, como cobaia, o que lhe causou uma cegueira parcial. Com ajuda, ela desenvolveu lentes que, conectadas as suas temporas, permitem que ela enxergue. Mesmo que ela agora seja cega, a experiência do irmão permitiu que quando ela está usando seus poderes uma campo estático se cria em volta do seu corpo, impossibilitando o envelhecimento precoce.

Gótica foi única do começo até os dias de hoje, sofrendo leves mudanças. Antes ela era descendente de godos, povo germânico. Agora ela é uma hacker que, após perder o pai assassinado, decide usar sua capacidade para invadir sistemas e descobrir onde estão os assassinos de seu pai. Ela então rouba informações e tecnologias da empresa do pai de Combate, atraindo a atenção deste. Eles então criam um tipo de parceria, mas sem dependência direta, tanto que Gótica tem a própria base operacional.

Guerreiros da Terra (Sckamoick) 2.0Outro dos meus personagens antigos, que é membro dos Guerreiros da Terra, não é bem criação minha, mas do meu irmão, Sckamoick. Ele é filho do rei Sckamoloick com uma humana. O reino de seu pai se chama Sckamoloick e lá todos os seres são feitos de energia, mas tem a metade de baixo de peixe, quando estão na água. Quando saem dela, tomam forma humana. Foi assim que seu pai conheceu sua mãe. Após nascer, Sckamoick foi criado nas profundezas do mar por seu pai e uma feiticeira do mar, Sabina, Sckamoick é anfíbio. Ele adquiriu grande força e agilidade, mas não se comunica com seres aquáticos como o Aquaman. Ele possui metade de uma espada que foi dividida com o reino Peixoloick (tá eu sei que é ridículo!), governado pelo tirano Peixoick (tá, continua ridículo!). Este é um híbrido de homem e peixe e lidera seres que são mutações de homens-tubarões. A espada, quando unida, dará ao seu portador a capacidade de governar os dois reinos.

Agradecimentos: Fábrica de Heróis.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Os – meus – 11 melhores quadrinhos de super-heróis (Pois dez é muito complicado!)

Lista de melhores filmes, quadrinhos, séries, livros, existem aos montes. Especialistas sempre lançam esses tipos de listas, mencionando o motivo do qual determinada cultura midiática pode ser considerada melhor, mas nem sempre concordamos com elas.

Fãs geralmente têm sua própria lista na cabeça. Aquela que ele guarda com afeição, que ele não consegue esquecer e que o motiva a querer sempre assistir/ler. Sendo assim, eu tenho minhas listas. Aquelas que sempre me deixam feliz de ser Nerd, que me motivam, toda vez que posso, ver/ler novamente. São filmes, quadrinhos, séries e livros que eu não consigo esquecer.

Dentre os principais estão os quadrinhos.

É difícil citar uma série mensal que me marcou, pois no geral possuíam histórias boas, histórias razoáveis e histórias medíocres, que terminavam sendo lançadas por causa da continuidade do personagem nos quadrinhos. Bem como é sempre complicado mencionar minisséries, pois elas influenciam seu gosto pelos quadrinhos, como aconteceu comigo com Crise nas Infinitas Terras, minissérie que mudou todo o panorama da DC Comics no final da década de 1980, criando uma revisão geral e total no Multiverso DC que passou a ser somente um. Pena que redatores não gostaram muito desse aspecto e o quebraram todo, criando uma contaminação exacerbada nos quadrinhos, deixando-o mais confuso do que antes. Também é difícil citar Batman: Ano Um e Superman: O Homem de Aço e Mulher-Maravilha: Deuses e Mortais, minisséries escritas por Frank Miller, John Byrne e George Pérez, respectivamente, que iniciaram a nova fase da DC pós-Crise. Elas são lindas, mas fazem parte da série mensal dos personagens. E como eu estou falando de super-heróis, vou terminar deixando de lado séries como A Saga do Monstro do Pântano, de Alan Moore, pois vai muito além do super-herói. Essa série é terror moderno, da melhor forma que pode se citar. Bem como Sandman, de Neil Gaiman, que também não funciona no quesito de super-herói, entre tantas outras séries lançadas pelo selo Vertigo Comics da DC Comics.

Eu cito na maioria DC, pois como já afirmei incontáveis vezes, sou DCnauta, sem tirar e nem por, mas – como também já afirmei outras tantas – sou leitor de quadrinhos, principalmente de super-heróis e existem lançamentos da Marvel Comics que me encantam. Citado isso, vamos a minha lista – bem complicada de se escolher – dos 11 melhores quadrinhos de super-heróis – pois dez é muito complicado!littleleague

11 MELHORES QUADRINHOS DE SUPER-HERÓIS (POIS DEZ É MUITO COMPLICADO!)

11 – LEX LUTHOR – BIOGRAFIA NÃO-AUTORIZADA (Lex Luthor: The Unauthorized Biography, 1989)

11 - Lex Luthor Biografia Não-AutorizadaNão tinha como excluir essa graphic novel (romance gráfico) da lista, pois mesmo que seja mais ligada a um vilão, é uma história muito boa. Ela não foge do contexto criado por John Byrne para Lex Luthor pós-Crise nas Infinitas Terras. Ele é um multimilionário inescrupuloso, capaz de qualquer coisa para alçar o poder. Luthor é capaz de sacrificar os próprios pais para conseguir o que deseja. Então um escritor decide escrever uma biografia não-autorizada de Luthor e começa a se chafurdar no passado sombrio do empresário, descobrindo coisas que Luthor gostaria que fossem esquecidas. Nesse ínterim, Clark Kent é procurado, pois o escritor fora assassinado e creem que ele seja o culpado disso. Tá, eu falei que ele foi assassinado e você acha que eu já entreguei o final? Você não sabe da missa o terço. O fato de o Kent ser acusado e do assassinato é o que importa no meandro da história. Pois o aprofundamento nos aspectos de quem Luthor é, chega a ser fascinante. O roteirista James D. Hudnall nos estrega um contexto do personagem, mostrando do que ele pode fazer, sem sujar as mãos. Ele manipula, ele usa, ele abusa das pessoas a sua volta para conseguir o que deseja. Luthor torna seus inimigos, comparsas. Faz o que deseja e sempre consegue sair por cima, dominando e tomando tudo para si.

A história já fora publicada três vezes, sendo a primeira em uma edição especial da Editora Abril em 1990. Depois a Mythos decidiu republica-la em 2003, para finalmente integra-la ao encadernado “Superman – Superalmanaque Homem de Aço”, em 2004. A Panini poderia republicar essa história de forma mais caprichada, pois merece fazer parte de uma coleção.

10 – X-MEN: DEUS AMA, O HOMEM MATA (Marvel Graphic Novel nº 5: X-Men – God Loves, Man Kills, 1982)

10 - X-MEN - DEUS AMA, O HOMEM MATATá, parece que estou me contradizendo quando escrevi que não mencionaria minisséries ligadas as mensais, mas o lance dessa história é que ele foi lançada no formato graphic novel, com começo, meio e fim. Ela não foi uma minissérie, foi uma história fechada, falando sobre o preconceito, algo que enredou as histórias dos X-Men durante toda a existência. O fato é que na história um fanático religioso, o reverendo William Stryker, começa a declarar todo mutante como uma ameaça a existência da humanidade, levando a todos uma perseguição ao homo-superior, causando assassinatos e ojeriza desenfreada. Com isso, os X-Men terminam se unindo ao vilão Magneto para deter o reverendo que tomou a mente do Professor X e fez dele seu assecla.

A forma como Claremont constrói essa história foge do arquétipo super-herói salva humano, pois a ideia e que os X-Men precisam se manter a salvo da perseguição e do preconceito. Claremont ataca o emocional dos leitores, fazendo-os refletir sobre o que é verdadeiramente errado e certo. Por que odiar aquele que é diferente? Por que fazer daquele ser-vivo diferente motivo de difamação e abuso? Uma das cenas mais impactantes fica por conta do momento em que Stryker fala de Noturno, pois o mutante alemão é o menos semelhante ao ser humano, mas que todos sabemos que tem afeição por todos, sejam mutantes como ele ou humanos. A história é tão boa que teve, aqui no Brasil, mais republicações do que várias outras graphic novels que eu já li. Sua primeira publicação foi em 1988 na coleção Graphic Novel da Editora Abril. Depois foi republicada em 2003 pela Panini, que voltou a publica-la em 2014, numa edição de luxo, além de fazer parte do encadernado na edição 15 da “Heróis Mais Poderosos da Marvel” da Editora Salvat (a coleção de capa vermelha), em 2015.

“X-Men: Deus Ama, o Homem Mata” faz parte dessa lista, pois é um verdadeiro tapa na cara daqueles que ainda proclamam a diferença como forma de uma coisa abominável. Mostrando que se deve aceitar a todos, sem distinção.

09 – MULHER-MARAVILHA: HIKETÉIA (Wonder Woman – The Hiketeia, 2002)

09 - Mulher-Maravilha - HiketéiaTá, aí você se pergunta: Por que Hiketéia? Primeiro, porque depois do trabalho de Goerge Pérez com a Mulher-Maravilha, este é o segundo melhor trabalho com a personagem, pós-Crise nas Infinitas Terras.

Na história, uma jovem busca a princesa Diana para que esta a mantenha a salvo, clamando a hiketéia, um trato feito entre um membro da realeza e um criminoso para que este pagasse por seus pecados através de serviços, assim não sucumbiria às Fúrias. Essa jovem matara um homem em Gotham City e, com isso, é perseguida pelo Batman que pretende leva-la a justiça, não se importando se foi em legítima defesa ou não. Com isso, o Homem-Morcego entre em combate com a amazona e termina humilhado, tendo o rosto pisoteado por ela.

Um dos aspectos mais interessantes dessa história é o embate entre fé e descrença. A Mulher-Maravilha, como bem sabemos – antes de Novos 52 – é uma fiel devota ao helenismo. Ela pratica as cerimônias, conclamas os deuses, age conforme o que lhe fora ensinado a respeito de sua fé. Já o Batman, até hoje não se sabe se ele se mantém cristão. Mas ele demonstra total falta de crença na religião da amazona, um verdadeiro descrente que vê tudo como uma besteira sem tamanho, crendo que a menina fizera esse pacto com Diana somente no intuito de fugir da prisão. É fantástico como Greg Rucka leva esse trabalho com a Mulher-Maravilha com uma seriedade sem igual. Ele mostra a força da personagem não somente quando ela derrota o Batman, mas em toda a sua fé naquilo que aprendeu e que sempre usou para si. É triste não ver uma republicação dessa história até hoje, pois era mais do que merecida.

08 – SUPER-HOMEM: AS QUATRO ESTAÇÕES (Superman For All Seasons, 1998)

08 - Super-Homem - As Quatro EstaçõesBem, a primeira minissérie da lista. Super-Homem: As Quatro Estações é um dos belos trabalhos desenvolvidos por Jeph Loeb e Tim Sale, e se torna mais especial graças ao trabalho artístico do dinamarquês Bjarne Hansen. Tá, não mencionei nenhum outro desenhista ou artista nos outros, mas é que a parceria de Loeb e Sale se tornou muito conhecida em vários trabalhos e a colaboração de Hansen nesse, a tornou mais especial.

Na história, a cidade de Metrópolis vem tendo mudanças climáticas preocupantes, nas quais Luthor culpa o Superman por isso. Então o Homem-de-Aço decide ficar recluso em Smallville, onde teve velhos amigos como Pete Ross e tem lembranças de seu passado na cidade, percebendo que este retorno serviu para mostrar que seu futuro é bem mais promissor.

A narrativa dessa história mostra o quão bem inteirado a respeito do novo universo do Homem-de-Aço pós-Crise Loeb estava. Seus trabalhos anteriores com o Batman são completamente distantes de seu trabalho com o Superman. Enquanto ele trabalhou as trevas e a escuridão com Batman, com Superman foi um ambiente mais iluminado, com uma pureza e inocência atípica ao que víamos antes. Ele é simplesmente genial na sua abordagem, pois trabalha de forma do arquétipo do que se espera de uma história do Superman, sendo completado pela interpretação bem pessoal de Tim Sale, que trabalha a disparidade entre Clark Kent e Superman, algo que me lembrou muito a forma como Christopher Reeve (1952-2004) fez no cinema.

07 - BATMAN: VITÓRIA SOMBRIA (Batman: Dark Victory, 1999-2000)

07 - Batman - Vitória SombriaMais uma minissérie de Loeb e Sale e o quinto trabalho dos dois com Batman.

Enquanto nos trabalhos anteriores, Loeb se concentrou unicamente no Batman e sua luta contra os loucos, assassinos e marginais de Gotham. Nessa história (uma continuação direta de Batman: O Longo Dia das Bruxas), ele introduz o Menino-Prodígio nas aventuras do Cavaleiro das Trevas.

Na história, Feriado, o assassino que estava matando mafiosos em datas comemorativas está preso, mas é assombrado por vozes. Enquanto isso, Gotham volta a sofrer com assassinatos nos quais Batman se vê sem explicações e buscando alternativas nos seus corriqueiros inimigos. Entre eles está o novo insano sociopata Duas-Caras, o ex-promotor Harvey Dent, que fora deformado com um ácido jogado contra sua face.

Como na minissérie anterior, vemos vários elementos do Universo do Batman nas histórias. Desde o Coringa até os mafiosos de Gotham, eles aparecem assombrando as ruas de Gotham e tornando a vida do Batman um inferno. Nesse intermeso chega o circo à cidade, onde trabalham os Grayson Voadores.

O trabalho de Loeb e Sale nessa minissérie foi fantástico. Não chega a superar as histórias anteriores, mas é muito interessante como eles trabalham a introdução do Robin no Universo do Cavaleiro das Trevas. Todos os vilões, mesmo os secundários, ganham grande importância ao contexto da história e tem seu momento de relevância na trama. Outro fator importante de Loeb é se preocupar com a trama e não somente com um personagem, dando espaço para todos. Leitura boa e com garantia de agradar aos fãs do Cavaleiro das Trevas.

06 – BATMAN: O LONGO DIA DAS BRUXAS (Batman: The Long Halloween, 1996-1997)

06 - Batman - O Longo Dia das BruxasNos anos de 1993, 1994 e 1995, Jeph Loeb e Tim Sale desenvolveram um trabalho especial para a série “Batman: Legends of the Dark Knight”, lançados edições de Halloween (o famoso dia das bruxas dos Estados Unidos). Com isso, ambos foram chamados para, em 1996, iniciar a minissérie em doze partes “The Long Halloween”. Entre outubro de 1998 e fevereiro de 1999, a Editora Abril Jovem lançou a minissérie em oito partes. Esta contava a história de um assassino em série que assassinava pessoas em dias comemorativos. O grande lance é que ele somente matava pessoas ligadas as famílias mafiosas de Gotham. No local do assassinato ele deixava uma pistola com um bico de mamadeira na ponta como silenciador e um objeto que simbolizasse o dia comemorativo. Com isso, o capitão da polícia James Gordon, o promotor público Harvey Dent – que se torna um dos suspeitos – e o Batman correm atrás para descobrir quem é o famigerado Feriado.

Essa minissérie é uma das mais empolgantes no quesito detetivesco do Batman, superando Batman: Ano Dois. Ela trabalha todo esse lado da insanidade dos vilões que povoam o universo do Cavaleiro das Trevas. Personagens como o Homem-Calendário ganham uma importância enorme para a série, como se fosse um Hannibal Lecter para o Batman, servindo de consultor para o Homem-Morcego ir em perseguição ao vilão Feriado. Também temos toda a construção da insanidade de Harvey Dent. Sua dualidade nas decisões é muito bem trabalha em todos os aspectos. Sua vida de casado, sua parceria com o Batman, indo até o momento de sua transformação total no vilão Duas Caras.

Além disso, o trabalho de sombras e luz que Tim Sale desenvolve dá todo o clima sombrio da minissérie. Ele trabalha vários tons, acrescentando um sombreado forte, dando o clima bem tenso. É uma minissérie que tem de se ter em uma coleção, ainda mais quando a Panini lançou este ano a Edição Definitiva dela. Vale muito a pena.

05 – DEMOLIDOR – FIM DOS DIAS (Daredevil: End of Days, 2012)

05 - Demolidor - Fim dos DiasO Demolidor morreu! Foi morto durante um combate contra o Mercenário. Mas uma palavra ditas por ele ficou no ar e o jornalista Ben Ulrich decide descobrir o que ele queria dizer com “Mapone” e, para isso, termina esbarrando em velhos amigos e antigos inimigos do vigilante da Cozinha do Inferno.

A história é bem baseada no clássico Cidadão Kane, de Orson Welles. A diferença é que o Demolidor, Matt Murdock, é um advogado cego da Cozinha do Inferno e não um mega-empresário. Mas Brian Michael Bendis e David Mack trabalharam isso de forma magnífica, pois envolve todos os personagens com quem Matt Murdock e o Demolidor já tiveram alguma relação. De Foggy Nelson à Wilson Fisk, o Rei do Crime, vemos a construção envolta do personagem para chegar no âmago do mistério. O mais interessante é como Bendis e Mack terminam construído e injetando um novo Demolidor na história. Todos sabemos como Matt se tornou o Demolidor, mas a origem desse novo vigilante tem vertentes bem diferenciadas.

A ideia de que um dia o Demolidor virá a morrer durante seus combates sempre povoou suas histórias, principalmente quando Frank Miller as escreveu e fez o maravilhoso “A Queda de Murdock”, que jogou uma bomba na vida do Demolidor quando Wilson Fisk descobre sua identidade secreta. O personagem vive no fio da navalha, mas Bendis e Mack o fazem ultrapassar nessa história, pois ele morre dando espaço para a entrada de um novo Demolidor, mais violento do que o original. Ulrich ser o responsável pela homenagem póstuma, encomendada por J. Jonah Jameson, dá o ar de Cidadão Kane que mencionei no começo, pois ele persegue uma palavra como ocorre com o personagem Jerry Thompson, interpretado pelo ator William Alland (1916-1997), que persegue o significado de “Rosebud”. É impressionante e interessante como personagens como Wilson Fisk, Ben Ulrich e Justiceiro, que surgiram nas páginas do Homem-Aranha, funcionam bem melhor ao fazerem participações em Demolidor.

Demolidor – Fim dos Dias é uma minissérie que todos colecionador de quadrinhos, seja DCnauta ou Marvete, deveria ter em sua coleção.

04 – REINO DO AMANHÃ (Kingdom Come, 1996)

04 - Reino do AmanhãA Terra está um caos, pois uma nova ordem de super-seres tomou o lugar dos antigos heróis que envelheceram. Estes super-heróis, ou largaram a carreira ou descobriram outras formas de manter a vigilância. Um dos que largou foi o Superman, após Magog ser ovacionado como um super-herói melhor ao matar um bandido.

Em seu exílio ele é procurado pela Mulher-Maravilha após um desastre nuclear causado pela ruptura do corpo do Capitão Átomo dizimar o Kansas, o grande celeiro dos Estados Unidos. Após observar o que o mundo se tornou, Kal-El decidi reunir seus velhos aliados em uma nova Liga da Justiça, operando inicialmente no Palácio Nova Oa do Lanterna Verde, mas o Batman se recusa a participar dessa aliança, criando seu próprio grupo de vigilantes, a Cavalaria Silenciosa. Enquanto do outro lado, Luthor cria a Frente de Libertação da Humanidade, dizendo-se defender o interesse dos seres humanos comuns.

Com a ajuda de Scott Free, o Senhor Milagre, e sua esposa a Grande Barda, Superman constrói o Gulag, uma super-prisão que ele mantém os super-seres presos. Só que a FLH bem como a Cavalaria Silenciosa acredita que o Gulag é um barril de pólvora prestes a explodir, e pretende deter o Superman a qualquer custo. Isso tudo é observado pelo reverendo Norman McKay, que acompanha o Espectro, em uma missão divina que ele terá de um dia se intrometer.

O que Mark Waid criou aqui foi um verdadeiro presságio dos quadrinhos dos dias de hoje (não tão presságio, pois isso começou com a Image Comics que surgiu na década de 1990). Os personagens perderam o objetivo de salvar a humanidade, somente brigando entre si, sem o menor sentido. Você não sabe mais distinguir quem é herói e quem é vilão, pois todos foram distorcidos pelos atuais roteiristas, guiados pelos editores das empresas – coloco aqui as duas mais antigas, DC e Marvel. E ele coloca a Era de Ouro para organizar isso. Ele trabalha cada aspecto da interferência dos antigos heróis na vida dos novos, buscando ensina-los como as ações devem ser pensadas antes de serem feitas, pois pode culminar em mais problemas do que soluções. O interessante é que, quem busca isso, mesmo que secretamente, é o Batman. O seu grupo, Cavalaria Silenciosa, é formado por novos justiceiros, em sua maioria filhos daqueles que agora são membros da Liga da Justiça. Enquanto Superman e Mulher-Maravilha buscam uma atitude mais autoritária, prendendo àqueles que causam mais problemas do que solução, sem ao menos tentar guiá-los por um caminho melhor. O Gulag, por exemplo, além de ser construído pelo Senhor Milagre, tem patrulhamento constante pelo Capitão Cometa e é monitorada 24 horas.

Além do divino roteiro de Mark Waid para essa minissérie, mostrando que o caminho não é buscar uma nova forma de agir, sem a necessidade de falta de distinção de quem é herói e quem é vilão, temos a arte de Alex Ross.

Fica difícil falar de obra e não falar de seu desenhista. O traçado realístico do artista é fenomenal. Ele trabalha expressões, trajes, movimentação, da forma mais verossímil possível. É um trabalho plástico que quase não se via nos quadrinhos naquela época e que enriqueceu muita a forma de muitos artistas desenvolverem seus trabalhos. Ross inovou e renovou a forma de se desenhar quadrinhos.

03 – MARVELS (1994)

03 - MarvelsO jovem fotógrafo Phil Sheldon vai cobrir uma coletiva para imprensa do Prof. Phineas T. Horton, onde ele lançará o primeiro androide ao mundo. O mais impressionante desse androide é que ele pega fogo, sem se queimar. Quando o – intitulado – Tocha Humana foge do tubo que o mantinha preso, dá início a “Era das Maravilhas”.

O Tocha Humana é o primeiro de vários que começam a surgir, como um homem chamado Namor, que se intitula Príncipe Submarino, começa a atacar a humanidade. Essas Maravilhas variam entre preferência e ojeriza com a população. Com a chegada do Capitão América as coisas mudam, ainda mais com o apoio dele na Segunda Guerra Mundial. A história vai no crescente, mostrando a vida de Sheldon sendo influenciada pelo surgimento das Maravilhas. Ele anula seu noivado, reata, se casa, tem suas filhas, tudo acontece em sua vida cotidiana, mesmo que tenha constante influencia das Maravilhas, tanto que ele decide lançar seu livro, “Marvels” (Marvel = Maravilha), com fotos que ele tirará no transcorrer de sua carreira, cercado por Tocha Humana, Namor, Capitão América, Bucky, Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Homem-Formiga, Vespa, Os Vingadores, X-Men, Demolidor, e tantos outros que vão surgindo.

Para mim esse é o trabalho máximo da Marvel Comics, nada se compara a ele. Kurt Busiek foi agraciado pelos céus quando fez essa obra prima. Ele viaja por todo o universo Marvel, sem perder nada. Ele narra fatos totalmente relevantes e importante para cada momento da Marvel Comics, começando da época que ela ainda se chamava Timely Comics. Cada personagem citado, cada momento narrado por Phil Sheldon é um momento que ocorrera mesmo nas revistas da Marvel Comics. E ainda se tornou mais grandioso, porque Alex Ross se envolveu.

O toque realístico de Ross tornou as cenas que encontramos nos quadrinhos da Marvel Comics em fatos verídicos. Era como se eles tivessem acontecido mesmo. Ele mostra cenas, momentos, personagens que víamos nos quadrinhos, mas que nunca pensamos que poderíamos ver feito da forma como ele desenhou. As aparições do Namor, do Tocha Humana. A cena do casamento de Reed Richards, a invasão de Namor em Manhattan. A chegada de Galactus, a batalha entre os Vingadores e os Mestres do Terror, a exposição de Alicia Masters, o surgimento de Luke Cage. São tantos fatos relevantes, que eu ficaria dezenas de linhas citando-os.

O trabalho de Busiek e Ross nessa minissérie é algo que para sempre ficará na lembrança de qualquer leitor de quadrinhos.

02 – BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS (The Dark Knight Returns, 1986)

02 - Batman - O Cavaleiro das TrevasEm 1986, o Batman não está mais na ativa e Gotham City está caótica, dominada por uma gangue chamada de Mutantes. Eles não respeitam nenhuma autoridade e fazem tudo o que desejam nas ruas. Mesmo vendo o que sua cidade se tornou, Bruce Wayne não pode fazer nada, pois se sente velho e incapaz de voltar a ser o Homem-Morcego. Mas uma noite ele desperta dentro de sua caverna e percebe que seu trabalho não finalizou e parte para enfrentar o Líder-Mutante, mas é massacrado. Em uma segunda chance, ele o vence, apoiado pela jovem Carrie Kelley, a nova Robin.

Entremeios, a sociedade discute o valor do Batman para Gotham, os benefícios e malefícios de seu retorno à atividade. Os loucos que começam a imitá-lo, velhos inimigos que retornam, sua influência na juventude sem orientação, isso tudo influenciado por um jornalismo sensacionalista, que se beneficia de qualifica-lo e rechaça-lo, constantemente. Além de uma tensão constante, na qual o Superman está envolvido, entre os Estados Unidos e Cuba, no que poderá acarretar em uma guerra nuclear iminente. Ao final temos o embate épico entre os dois maiores gigantes da DC Comics, Batman x Superman, em um final surpreendente.

Frank Miller conseguiu revolucionar – ao lado de Alan Moore – a forma de se pensar e fazer quadrinhos. A era da inocência passou, estamos em um período onde o caos predomina e para trazer a ordem de volta é necessário aderir ao caos. Não vislumbramos nenhum momento utópico nessa história, pois a distopia reina absoluta, do começo ao fim. Mesmo a aparição do Superman, que deveria destoar e trazer uma esperança utópica, é dominado por essa distopia, essa falta de esperança de que algo melhor virá. Superman não simboliza a esperança nessa minissérie, ele representa o autoritarismo governamental estadunidense, que acha e acredita poder e dever se envolver em todos os sistemas governamentais do mundo (algo bem real!). Miller distorce a esperança e a transforma em desespero. A sociedade é dominada por mentiras cuspidas pelo sistema midiático, como se fossem suas verdades. A TV pode lhe tornar herói e bandido em uma simples mudança de quadros. É totalmente revolucionário até os dias de hoje, tanto que já ocorreu uma tentativa de fazer uma sequência (DK2) e a DC Comics volta a tentar refazer o sucesso com DK III. Sinceramente, mesmo que seja uma boa história, alcançar a majestosidade de Batman: O Cavaleiro das Trevas sempre será algo impossível, pois Miller não somente criou algo maravilhoso, mas mudou, revolucionou e iniciou a Era Moderna dos Quadrinhos.

01 – WATCHMEN (1986)

01 - WatchmenSe existe um nome simples para Era Moderna dos Quadrinhos, ele se chama Watchmen.

Essa minissérie – ao lado de Batman: O Cavaleiro das Trevas – mudou totalmente a forma de se ver e fazer quadrinhos para sempre, pois ela mostra como seria um mundo real com vigilantes.

Sim, somente existe um super-herói, o Dr. Manhattan, um cientista chamado Jon Osterman que sofrera um acidente fatídico durante um teste nuclear. Ele se tornou um deus, alguém capaz de ver tudo, estar em vários lugares ao mesmo tempo, ouvir tudo e testemunhar tudo. Não existe ninguém como ele e nem próximo do que ele é. Com exceção de Manhattan, todos os demais são seres comuns que decidiram vestir uma fantasia e agir como vigilantes nas ruas.

Bem antes de Kick-Ass, Watchmen já mostrava as consequências de uma pessoa decidir se tornar um vigilante. Mesmo que a ideia já existisse, Watchmen deu sentido a palavra “legado”. Hollis Mason, o primeiro Coruja, sempre recebia Dan Dreiberg, o segundo Coruja, para conversarem sobre a época de ouro do vigilantismo. Laurie Juspeczyk, a segunda Espectral, era filha de Sally Jupiter, a primeira Espectral. A ideia da antítese do herói surgiu em Watchmen com personagens como Comediante e Rorschach. Sem contar que o questionamento “o que um herói é capaz de fazer para salvar a humanidade? Isso o tornaria um vilão?” fez todo o sentido com Watchmen.

Alan Moore e Dave Gibbons pretendiam fazer esse trabalho, inicialmente, com os personagens da Charlton Comics que a DC Comics havia adquirido, mas a presidente da empresa na época, Jenette Kahn, não permitiu, pois tinha planos para os personagens. Ela então sugeriu que eles criassem novos e fizessem sua história. O desapego de Moore com o sentido de super-herói tornou essa minissérie extremamente importante para tudo relacionado aos quadrinhos. Ele pegou civis que deviam dar algo mais para a sociedade e por isso se fantasiavam de vigilantes. Até mesmo bancos desenvolviam seus próprios heróis, como era o caso de Dollar Bill. Sem contar que ele mostra o quão esses vigilantes poderiam vir a influenciar a sociedade em seu dia-a-dia. O que aconteceria se Dr. Manhattan e o Comediante participassem da Guerra do Vietnã? Qual seriam os benefícios de ter uma pessoa como Dr. Manhattan entre nós? E os malefícios? O que aconteceria se um vigilante torna-se seu nome em uma marca? Como seriam os grupos de viligantes? Eles se entenderiam? Trabalhariam em equipe? As questões são infinitas e as respostas são dadas em todas as doze edições de Watchmen.

A DC Comics tentou reproduzir o sucesso com uma série contando o passado “Antes de Watchmen”, mas foi um total fracasso, pois as histórias perderam o sentido do objetivo original. Elas não fazia como Watchmen, levantando as questões para que um vigilante possa existir.

Watchmen é uma minissérie única, com um começo fantástico, um meio avassalador e um final apoteótico. Dificilmente veremos um trabalho tão magnífico quanto este nos quadrinhos novamente.

MENÇÃO HONROSA: WOLVERINE: ARMA X (Weapon X, 1991)

00 - Wolverine - Arma X (menção honrosa)Bem, vai à menção honrosa para Wolverine: Arma X. Eu bem que gostaria de colocá-lo entre meus 11 mais, mas foge um pouco do contexto da lista que fiz da seleção. Primeiro porque mesmo que muitas das histórias sejam partes do contexto das mensais, nunca foram mencionadas dessa forma, diferente dessa minissérie do Carcaju. Ela não somente faz parte do enredo do Wolverine, como influencia muito várias coisas posteriores que ocorreram com o personagem nos quadrinhos. Mas por que ele é minha menção honrosa? Porque, mesmo sendo parte do enredo do Wolverine, “Arma X” é absolutamente fantástico em vários sentidos.

Barry Windson-Smith nos agraciou com uma história que cria um contexto para o personagem. Logan fora sequestrado e levado a um laboratório de uma organização secreta que pretende injetar em seu corpo o metal adamantium. A experiência não somente dá certo, como torna Logan um selvagem desumano, capaz de matar qualquer um ou qualquer coisa a sua frente. Ele é a máquina mortal perfeita para o exército canadense, se tornando a Arma X. Mas nem tudo são flores, pois os cientistas perdem o controle sobre Logan e ele termina causando uma chacina descontrolada e fenomenal.

Várias histórias escritas posteriormente a Arma X usam-na como uma forma de pré-texto. Sua filiação à Tropa Alfa, a busca por sua identidade. Sem contar que explica, sem quebrar o enigma por trás do personagem – algo que foi feito por Origem e Origem II –, como Logan adquiriu o adamantium que reveste seus ossos.

Barry Windsor-Smith pega um personagem que era coadjuvante em uma história do Hulk, que cresceu nas histórias dos X-Men de Claremont e Byrne, e o torna maior ainda do que tudo isso. Dando-lhe uma importância sem igual. Isso, casado com seu traço sem igual, dá o status para Arma X se tornar minha Menção Honrosa nessa lista.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

RESENHA HQ: Y: O Último Homem – Edição de Luxo: Livro Um (Y: The Last Man Deluxe Edition Book 1)

Y: O ÚLTIMO HOMEM – EDIÇÃO DE LUXO: LIVRO UM (Y: The Last Man Deluxe Edition Book 1)

Y O Último Homem - Edição de LuxoRoteiro: Brian K. Vaughan

Desenhos: Pia Guerra

Arte-Final: José Marzan Jr.

Editora: Vertigo Comics (BR: Panini Books)

Ano: 2008 (BR: 2015)

Pág.: 256

Em 1993, a editora Karen Berger dava o passo de iniciar a Vertigo Comics, um braço da DC Comics dedicada a uma linha editorial de quadrinhos mais adulta. Nessa empreitada ela chamou roteiristas dos mais variados para escrever histórias fora do padrão dos quadrinhos da DC Comics, assim surgiram Sandman (Neil Gaiman), A Saga do Monstro do Pântano (Alan Moore), Hellblazer (Jamie Delano, Garth Ennis, entre outros), Preacher (Garth Ennis), 100 Balas (Brian Azzarello), Os Invisíveis (Grant Morrison), Ex-Machina (Brian K. Vaughan), Shade, O Homem-Mutável (Peter Milligan), Fábulas (Bill Willingham), e tantos outros, dentre eles Y: O Último Homem.

Y: O Último Homem foi uma série que iniciou em dezembro de 2002, escrita por Brian K. Vaughan e desenhada por Pia Guerra. Na história, todos os homens, possuidores do cromossomo Y, foram mortos por uma praga inexplicável, deixando somente as mulheres vivas. Mas por uma incrível força do destino, o jovem Yorick Brown e seu macaco capuchinho, Ampersand, sobreviveram à praga. Eles agora são a esperança da humanidade e, por isso, viajam sob a proteção da Agente 355 para encontrar a geneticista, Dra. Mann, para que possa duplicar seu DNA e criar clone que possam sobreviver. No caminho deles terminam encontrando obstáculos ao quais desejam exterminar Yorick ou tomá-lo para si, enquanto ele somente deseja ir à Austrália e ficar com sua namorada.

Y: O Último Homem foi o meu primeiro contato com a Vertigo Comics de uma forma, digamos, ilegal, pois eu o li através de scans da revista.Y O Último Homem - Yorick e Ampersand

Sinceramente, não sou muito fã dessa forma de leitura, pois prefiro o contato com a revista nas mãos, mas nunca havia visto nada referente a histórias nas bancas daqui, então quando comecei a ler através de scans e não consegui parar. Foram sessenta edições que me deixaram fascinado. Vaughan nos entrega uma trama maravilhosa com as mais fantásticas variações nos personagens. Personagens duronas terminam demonstrando uma humanidade sem igual, enquanto personagens humanitárias se transformam em monstros desumanos. Temos na história o reverso do mundo machista em que vivemos, pois existem mulheres capazes de levar o feminismo ao extremo. A história não busca denegrir a mulher, mas mostrar sua força, sua capacidade de sobrevivência, sem a existência do homem a sua volta. Mas percebe-se que, como o homem precisa da mulher, o inverso também acontece, pois a perpetuação da espécie, mesmo podendo ser feita in vitro, precisa da outra parte para existir. E a ideia de um único homem para isso, faz-nos pensar como seria se ocorresse. Feministas caçando-o para matá-lo, outras querendo usa-lo como cobaia de laboratório, no objetivo de perpetuar a espécie, seja com você vivo ou morto. Parece até egoísmo do Yorick querer ficar com sua namorada – pretensa noiva – enquanto toda a humanidade depende dele para sobreviver, mas Vaughan o fez com tamanha humildade que ele não crê que toda a humanidade dependa dele para voltar a movimentar a máquina da procriação, ou talvez ele até perceba, mas não deseja tal destino para si, pois a responsabilidade é grande demais.

Esse Livro Um é composto das dez primeiras edições da história, ou seja, a Panini ainda terá mais cinco livros pela frente para serem lançados. Espero que ela não esmoreça, pois o ressurgir dessa saga, nos traz um material excelente de leitura e entretenimento, no qual o canal FX virá a produzir uma série de televisão, futuramente, com desenvolvimento de Brian K. Vaughan, Nina Jacobson e Brad Simpson. Ela ainda não tem roteirista ou atores envolvidos, pois fora noticiada recentemente pelos sites de entretenimento estadunidenses, mas podemos esperar um florescer dessa saga, que ganha novas edições e novos ares.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

RESENHA HQ: Edição Definitiva: Sandman Volume 2 (The Absolute Sandman II)

EDIÇÃO DEFINITIVA: SANDMAN VOLUME 2 (The Absolute Sandman II)

sandman-ed-definitiva-vol2Roteiro: Neil Gaiman

Desenhos: Shawn McManus, Kelley Jones, Mike Dringenberg, Bryan Talbot, John Watkiss, Matt Wagner, Stan Woch, Colleen Doran, Duncan Eagleson, John Bolton, Malcolm Jones III, George Pratt, Dick Giordano, P. Craig Russel e Vince Locke.

Editora: Vertigo Comics (BR: Panini Books)

Ano: 2007 (BR: 2011)

Pág.: 620

Destino, um dos Perpétuos, reúne seus irmãos para lhes informar sobre algo que está para acontecer que poderá mudar o rumo das coisas drasticamente, mas não especifica o que. Durante o encontro, Desejo, também um membro da família, provoca seu irmão Sonho quanto ao enclausuro da jovem Nada, que era uma princesa africana que não cedera às investidas românticas de Morfeu. Percebendo seu erro, Sonho decide ir ao inferno para resgatá-la de sua prisão, mas termina sendo surpreendido por Lúcifer, que lhe entrega a chave do inferno e deixando-o sobre seu poder. Morfeu então precisa encontrar um novo governante do inferno, pois Lúcifer o abandonou.

Depois embarcamos na história da bela Barbie, que depois de deixar seu marido Ken, encontra-se sem dinheiro e vivendo em um prédio ao lado de uma transexual, de um casal de lésbicas e de uma moça pouco sociável. Só que tudo muda quando ela encontra Dezossos, um enorme cão que vive na Terra, um reino dos sonhos de Barbie, onde ela é uma princesa. Barbie precisa voltar ao seu reino, pois o malévolo Cuco tomou conta do lugar e o está destruindo.

Mesmo que eu cite somente essas duas histórias, Neil Gaiman gosta de trabalhar entremeios, ou seja, historietas que servem para intermediar um arco de histórias do outro. O mais interessante é o extenso trabalho que ele desenvolve com vários personagens que desenvolverá para o seu Universo Gaimaniano. Quando você pensa que somente verá determinado personagem uma vez, ele nos vêm com uma reaparição em determinada história, como ocorre com Lady Johanna Constantine, que teve uma historieta totalmente dedicada a ela, depois de aparecer como coadjuvante em uma história anterior. Bem como Barbie, que somente era uma residente em um arco de história e, de repente, está a frente de seu próprio arco. É um trabalho extenso, longevo e gostoso de acompanhar.Perpetuos

Não tem como se cansar de personagens como Desejo, que sempre trama algo para desafiar tudo que Sonho representa, como no caso da historieta que corresponde ao Imperador dos Estados Unidos.

Joshua Edward Norton (1818-1880) foi um personagem verídico dos Estados Unidos que, em 1859, através de uma carta, decretou-se Imperador dos Estados Unidos. Ele residia em São Francisco e tinha o respeito de muitos, figuras da literatura mundial e da política estadunidense o convidavam para festas, além dos turistas adorarem receber sua “moeda”. O interessante dessa historieta é que Gaiman relaciona Norton se tornar imperador dos Estados Unidos, devido a uma aposta realizada entre os irmãos Devaneio, Desejo, Desespero e Delírio, onde os três últimos apostavam que conseguiriam persuadir Norton, mesmo que Sonho o mantivesse são. É uma das histórias mais lindas que já vi, pois a integridade e a sanidade de Norton é posto a prova o tempo inteiro, mas ele não pestaneja nenhum minuto.Sandman-definitivo-2-pg038

A cada momento nas histórias que compõem esta edição – como acontecera no primeiro volume – você tem uma surpresa maravilhosa e percebe a riqueza e a magnitude da composição do trabalho de Gaiman. Ele se encheu de pesquisas e conhecimento para compor seu universo. Não somente pesquisou em quadrinhos de House of Mystery e House of Secrets, da DC Comics, mas foi além ao pesquisar em mitologias Greco-romanas, célticas, germanas, africanas, se aparando nelas para enriquecer o conteúdo que escreve.

Dessa vez a Panini foi concisa na composição desse encadernado, não misturando histórias, deixando fluir aos nossos olhos tudo que compõe esse segundo volume de Sandman. Rico seria uma palavra menor para descrever o majestoso e magnífico universo criado por Neil Gaiman, Sam Kieth e Mike Dringenberg. São histórias que se eternizam em sua lembrança e o faz perceber que não existe um universo que seja melhor do que o de Sonhar e todos os personagens que por lá passam.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

RESENHA HQ: O Perfuraneve (Le Transperceneige)

O PERFURANEVE (Le Transperceneige)

o-perfura-neveRoteiristas: Jacques Lob, Bejamin Legrand

Desenhos: Jean Marc Rochette

Editora: Casterman (US: Titan Comics / BR: Aleph)

Ano: 1982 (US: 2014 / BR: 2015)

Pág.: 280

A primeira história começa com o mega trem de turismo conhecido como “Perfuraneve”, que salvou parte da humanidade após um cataclismo que nos levou de volta a Era Glacial. O trem divide os grupos em Comboios, sendo que o Terceiro Combios, os “fundistas”, são as pessoas que entraram por último no trem e ficaram no final deste, sendo execrados pelo restante dos habitantes do Perfuraneve, principalmente os militares, que os tratam como escória. As coisas aparentam mudar quando um desses fundistas, Proloff, adentra no Segundo Comboio e é interceptado por um dos guardas que o espanca. Achando que ele pode ter alguma doença, o isolam, mas uma jovem que faz parte do Grupo de Ajuda ao Terceiro Comboio, Adeline Belleau, termina entrando em contato com ele, o que acarreta em sua prisão, também. Após serem assepsiados, ambos são levados em direção aos vagões frontais, passando por vários setores e conhecendo um pouco da comunidade que habita o Perfuraneve. Só que sua passagem ocasiona em fatos que podem levar a extinção dos habitantes do Perfuraneve.

Na segunda e terceira histórias, conhecemos os habitantes do segundo trem de passageiros, o “Desbrava-Gelo”. Este é um trem bem maior que o Perfuraneve e possui um contingente maior de pessoas, que trabalham em integridade para o melhor funcionamento do trem. Quando o trem inicia o processo de frenagem, causa um enorme caos entre os moradores do Desbrava-Gelo, ocasionando a morte de vários. Um dos sobreviventes é Puig Vallés, que se torna um explorador. Os exploradores descem do trem durante a frenagem para conhecer o ambiente que o Desbrava-Gelo passa. Durante uma dessas expedições, a câmera do capacete de Puig não funciona e ele é preso e termina conhecendo a filha do Conselheiro Kennel, Val Kennel. Como punição, enviam Puig em uma missão suicida, na qual seria impossível o retorno, mas ele volta e se torna um herói, pois avisa às pessoas do Desbrava-Gelo que uma ponte está caída, possibilitando a frenagem para um conserto da ponte e tornando-o membro do Conselho. Os acontecimentos de sua prisão até se tornar herói e membro do Conselho, revoltam o grupo intitulado Alienistas, cujo líder Metronômo crê que eles estão em uma nave espacial e que precisa provar, de alguma forma, isso para todos, nem que precise destruir a nave. Encarando terrorismo, complôs, revoltas e tentativas de denegrir seu nome, Puig precisa mostrar seu valor e que se importa com a sobrevivência de todos.O Perfuraneve

Como eu pensei que seria, o filme “Expresso do Amanhã” (Snowpiecer, 2013) é bem diferente da história que nos conta esse encadernado das três histórias criadas na França entre os anos de 1982 e 2000.

A primeira história, cujo título é “O Perfuraneve”, começou a ser escrita pelo escritor Dominique “Alexis” Vallet (1946-1977), em 1977, mas terminou finalizada pelo seu colega – e parceiro na obra Superdupont – Jacques Lob (1932-1990) e desenhada pelo pintor Jean-Marc Rochette. Após o falecimento de Lob em 1990, duas novas histórias foram escritas por Benjamin Legrand, L’Arpenteur e La Traversée, dando continuidade a esse universo extensamente rico.

O caráter de valor dessas três histórias dá mais conteúdo a tudo que se conhece de ficção científica. Explora um ambiente novo quanto a cataclismos globais. Percebe-se que a ideia não se iniciou com “O Dia Depois de Amanhã” (The Day After Tomorrow, 2004), mas sim com “O Perfuraneve”.L'Arpenteur

Outro trabalho bem explorado em todas as histórias são as divisões de classes e ideais que todas possuem. A primeira, mesmo que sejam somente mostradas em lembranças do personagem Proloff, mostra que os Fundistas são pessoas que vivem cada momento como se fosse – possivelmente – o último. São doentes, suicidas, pessoas nas quais os outros poucos se importam, a não ser um grupo em particular. Já nas histórias cujo personagem principal é Puig Vallés, a classe trabalhadora do segundo trem é a menos favorecida, mesmo que seja a mais importante. Ela faz tudo pelo trem, desde sair na neve para explorar o ambiente inóspito que se tornou a Terra até proteger e servir, desde que mantenha a “classe favorecida” bem e se sentindo segura. Mesmo que as vezes não pareça haver diferença, ela está nas formas com as coisas agem dentro do trem, já que a classe trabalhadora precisa ganhar sorteios para poder fazer viagens virtuais, criadas para o entretenimento de todos, enquanto os outros podem fazer as viagens quando bem desejarem.

Diferente do filme de Bong Joon-Ho, que explora a utopia e a distopia, “O Perfuraneve” explora a divisão de classes, como se fossem espécies diferentes vivendo no mesmo ambiente, mesmo que sejam todos humanos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

RESENHA HQ: Edição Definitiva Sandman: Volume 1 (The Absolute Sandman I).

EDIÇÃO DEFINITIVA SANDMAN: VOLUME 1 (The Absolute Sandman I).

sandman-ed-definitiva-vol1Roteiro: Neil Gaiman

Artes: Chris Bachalo, Coleen Doran, Mike Dringenberg, Kelley Jones, Malcolm Jones III, Sam Kieth, Steve Parkhouse, Charles Vess, Michael Zulli

Editora: Vertigo Comics (BR: Panini Books)

Ano: 2006 (BR: 2010)

Pág.: 616

Em 1916, ao usar o Livro Místico de Madalena na intenção de aprisionar à Morte, Rodrerick Burgess termina aprisionando seu irmão mais novo, o Sonho.

Também conhecido como Morfeu, Oneiros, L'zoril, Kai'ckul, Moldador, ele ficou preso por mais de setenta anos, causando anomalias conhecidas como narcolepsia, a doença do sono.

A prisão de Sonho é um globo de vidro, cercado por um círculo místico que o mantém dentro. Quando o círculo é quebrado, ele escapa e, depois de se vingar de Alex Burgess, filho de Rodrerick, que ainda o manteve cativo, sai em busca de suas ferramentas. Sua algibeira que o John Constantine sabe onde está, seu elmo que está no inferno e sua pedra dos sonhos que fora recuperada pela Liga da Justiça ao combaterem o Dr. Destino, um vilão que fora aprisionado no Arkham. Após recuperar essas ferramentas, Sonho precisa combater um vórtice que pode destruir Sonhar, além de recuperar suas criações que fugiram de seu reino durante sua ausência. Entremeios, conhecemos alguns dos amores de Morfeu, alguns de seus irmãos/irmãs, membros dos Perpétuos como ele, e seus amigos.

Eu não sei o motivo de ter demorado tanto para conhecer esse Universo Gaimaniano, mas finalmente me adentrei nele. Comecei meio de trás para frente, mas me embrenhei no mundo dos Perpétuos e me encanto com a riqueza de detalhes e acontecimentos.

O mais interessante é que além de um exímio escritor, Neil Gaiman não gosta de deixar pontas soltas, além de nos mostrar várias possibilidades de seus personagens.

Nesse primeiro volume somente temos uma pequena visualização desse rico universo. Conhecemos a história de como Sonho é preso e as repercussões de sua prisão – interessantíssima a forma como Gaiman liga a narcolepsia à ausência de Morfeu em Sonhar. Fazer relação de personagens como Caim (criado por Bob Haney, Jack Sparling e Joe Orlando em House of Mystery #175 (agosto de 1968)) e Abel (criado por Mark Hannerfeld e Bill Draut em House of Secrets #81 (setembro de 1969)), John Constantine (criado por Alan Moore e Steve Bissette em Swamp Thing #37 (junho de 1985)), Etrigan (criado por Jack Kirby em The Demon #1 (setembro de 1972)), Liga da Justiça Internacional (criado por J.M. DeMatteis, Keith Giffen e Kevin Maguire em Justice League #1 (maio de 1987)), Doutor Destino (criado por Gardner Fox e Mike Sekowsky em Justice League of America #5 (julho de 1961)) com as ferramentas perdidas de Sonho, usar personagens como Moça-Elemento (criada por Bob Haney e Ramona Fradon em Metamorpho #10 (fevereiro de 1967)). A ligação intrínseca entre as histórias, sem perder as intenções de cada uma delas, é simplesmente genial.

Neil Gaiman faz ligação aos mitos conhecidos e desconhecidos, como no caso de J’onn J’onzz, o Caçador de Marte e o deus dos sonhos, L’zoril, criando uma amplitude enorme em suas histórias. O que Gaiman faz é dimensionar sua criação, usando artifícios já existentes para quantifica-la. O mito de Nada e Kai’ckul, a musa Calíope, além de usá-lo como artífice para uma das criações máximas de William Shakespeare, “Sonhos de Um Noite de Verão”, que reúne mitologia greco-romana com elementos anglo-saxônicos.Sandman1

O único problema do primeiro volume são as páginas trocadas, pois assim que terminei a página 98, logo em seguida me deparo com a página 335. Acredito que fora algum problema da Panini Books na organização das páginas ou então algum problema de impressão, mas mesmo assim não tira nenhum pouco o prazer da leitura, pelo contrário, se torna uma viagem pela leitura. Talvez muito não gostariam de ficar caçando a continuação de determinada história, mas para mim foi uma aventura sem igual.

Quando sempre falam que Sandman é uma obra máxima dos quadrinhos, depois que o lemos, percebemos que as pessoas têm toda a razão. Edição Definitiva Sandman: Volume 1 dá um início a um universo que pretendo ler sem parar, mesmo que não tenha começado pelo começo e me apaixonado pelas outras edições, conhecer Sandman pelo seu começo é algo fascinante e maravilhoso.