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sexta-feira, 27 de julho de 2018

RESENHA HQ: James O’Barr O Corvo – Edição Definitiva (The Crow)

JAMES O’BARR O CORVO – EDIÇÃO DEFINITIVA (The Crow)

Roteiro: James O’Barr
Arte: James O’Barr
Editora: Independente (BR: Darkside Books)
Ano: 1981 (BR: 2018)
Páginas: 272


“Se um anjo eu fosse, me livraria/das asas e halo/para sempre/apenas para ter um instante/com você” (James O’Barr)

Poética, dramática, violenta, emocionante, esses são os adjetivos desta HQ.
A HQ, criada em 1981 por James O’Barr, conta a história do personagem Eric Draven, que volta dos mortos para eliminar uma gangue de criminosos que o executaram, violentaram e assassinaram sua adorável noiva, Shelly Webster.
Partindo dessa tragédia, o corvo, pássaro do mal agouro, ressuscita Eric dos mortos para cumprir sua vingança: eliminar cada um dos envolvidos no crime, um após o outro.
A estrutura narrativa é simples e o enredo oscila entre presente e passado. O que é mais encantador na HQ é como o personagem se comunica na história. Entre poesias  de artistas como Arthur Rimbaud e Rose Fyleman, o quadrinho conduz o leitor a alguns momentos de violência extrema. Seria uma ambiguidade própria do ser humano?
Ainda sobre a linguagem, vale a pena destacar que a metáfora do cavalo branco é maravilhosa; o drama, a culpa e a impotência por não salvar a noiva são fortes e impressionantes.
Embora seja em 1981, o texto não é datado, a introdução é o relato chocante de James sobre o que motivou a escrevê-lo e por isso é atual. Vários momentos da história se entrecruzam com trechos dessa introdução e ampliam a significação desta e daquela.
O’Barr tem uma arte incrível, que a propósito é toda feita em nanquim, o que imerge o interlocutor em um íntimo e um ambiente sombrios, marcados pela dor e pela violência.
É importante lembrar que a HQ é base para o filme de mesmo título de 1994, dirigido por Alex Proyas (Dark City) e interpretado por Brandon Lee (1965-1993). O que, coincidentemente, também é marcado pela tragédia.
A edição conta com extras lindos e com o brilhante posfácio de A.A. Attanasio Honolulu. O acabamento da Darkside é espetacular e vale cada centavo de investimento em uma história que faz refletir sobre a vida, sobre as consequências que os atos trazem  sobre a pessoa, bem como sobre aqueles mais próximos que tanto se ama.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Errar é humano, Warner, mas persistir no erro...


Errar é humano, Warner, mas persistir no erro...

Recentemente tivemos uma foto do diretor Zack Snyder (Batman vs. Superman: O Despertar da Justiça) publicando uma imagem sua em uma rede social bem próximo de onde ocorre a Comic Con International (antes conhecida como San Diego Comic Con), que acontece em San Diego, na Califórnia. Daí então, um site de entretenimento especulou que seria anunciado a versão do diretor do filme Liga da Justiça, de onde Snyder fora demitido – antes ele dissera que sairia devido a problemas pessoais – dando lugar ao diretor Joss Whedon (Os Vingadores: Era de Ultron), que mudou significativamente a direção do filme e não agradou muito.
Desde antes do lançamento do DVD/Blu-ray de Liga da Justiça, a empresa Warner Bros. Pictures já havia revelado que não lançaria uma versão do diretor Zack Snyder, pois não faria diferença do filme que fora lançado nos cinemas, mas na rede social que Snyder participa, ele lançou imagens de cenas que ele filmara e que não entraram no filme, bem como os trailers do filme, divulgados para promover o filme, continham cenas que, posteriormente, foram retiradas do filme. E não foram coisas pequenas, foram modificações gritantes.
Os atores foram chamados para refazer várias cenas do filme e, como Henry Cavill (O Homem de Aço) estava envolvido nas filmagens de “Missão: Impossível – Efeito Fallout” e não poderia remover o bigode que era a composição do personagem no filme, foi necessário fazer uma remoção digital que não ficou tão boa. Além do que o ator Ciarán Hinds (The Terror) veio a público dizendo que a concepção de Snyder para o personagem Lobo da Estepe, antagonista do filme, não era da forma como terminou sendo feita no filme.
Esses fatores, mais os atores que ainda estão ligados ao Universo Estendido DC (agora chamado pela própria Warner como “Mundos da DC”) dizerem que não faria diferença o corte de Snyder, gera um pontada de curiosidade do que seria o filme “Liga da Justiça” de Zack Snyder.
Agora fica a questão, o por que do título? Bem, não é a primeira vez que a Warner faz algo assim, desconsiderar o filme de um diretor, substituindo-o por outro e ignorando totalmente a versão do diretor anterior.
Em 1978 estreava nos cinemas o filme “Superman”, do diretor Richard Donner. Na época, os produtores do filme, Alexander e Ilya Salkind haviam se aborrecido com o diretor, devido a demora das filmagens de Donner, que estava preparando, praticamente, dois filmes sequenciais. Com os atrasos, o cartaz do filme não vinha com imagens dos personagens caracterizados, somente o símbolo do Superman em cristal e a frase “You’ll believe a man can fly” e o trailers eram montagens de cenas filmadas e finalizadas, gerando uma perspectiva enigmática para o primeiro filme dedicado a um personagem de quadrinhos e que não tinha ligação com as séries televisivas – em 1951, George Reeves (o Superman da série televisiva de 1952 a 1958) protagonizou o filme “Superman and the Mole-Men” e em 1966, os atores Adam West e Burt Ward (que estrelavam a série “Batman” de 1966 a 1968) atuaram no filme “Batman – The Movie”.
“Superman” teve uma bilheteria gratificante, ótimas críticas, daí os Salkind e a Warner perceberam que um novo filme era possível. Tendo mais de 80% do filme pronto, com outras cenas ainda não finalizadas, ao invés de chamarem Donner para dar continuidade, em 1980, preferiram chamar o diretor Richard Lester (Os Três Mosqueteiros).
Não que Lester não tivesse uma boa direção, pelo contrário, “Superman II” teve uma boa bilheteria, também, e ótimas críticas, possibilitando o terceiro filme, em 1983, “Superman III”. Mas aí percebesse a diferença.
“Superman III” tem um clima um pouco mais cômico do que seus anteriores, isso por conta do roteiro que agora pertencia somente David e Leslie Newman – que haviam escrito os roteiros de “Superman” e “Superman II” com Mario Puzzo. Sem contar que muito do filme “Superman II” já havia sido dirigido por Richard Donner, com somente algumas mudanças, principalmente no final do filme.
Foram anos com todos achando que o filme “Superman II” era somente dirigido por Richard Lester, até que entre 2004 e 2005, foi revelado que existia uma versão de “Superman II” toda filmada por Richard Donner. Isso surgiu quando o diretor Bryan Singer (X-Men: Apocalipse) estava a frente do filme “Superman Returns”. Então em 2006, no mesmo ano do lançamento do filme de Singer, foi lançado “Superman II: The Richard Donner Cut”, onde mostravam a versão de Richard Donner do filme lançado em 1980. E as diferenças eram mesmo grandes, pois haviam cenas com o ator Marlon Brando – substituído pela atriz Susannah York, devido aos valores exorbitantes que o ator exigiu pelo direito de imagem no filme, hoje repassados à sua família – e um final totalmente diferente do filme de Lester (não vou contar, para não dar spoilers e incentivar o interesse da busca pelo filme). Dessa forma, a Warner Bros. Pictures demonstrou que existitam mesmo dois filmes bem diferentes apresentando essa versão.
E parece que o mesmo erro está ocorrendo novamente, só que, a diferença é a facilidade que todos têm de informações nos dias de hoje. Hoje em dia existem as redes sociais, onde atores e diretores podem se expressar, principalmente quando existe uma difamação de seus trabalhos.
Sim, difamação, pois todos creditam “Liga da Justiça” e todo seu insucesso nas bilheterias e críticas ao diretor Zack Snyder, que vem mostrando que não é bem assim. Sem contar que, um ator que não tem mais ligações com os “Mundos da DC”, explanou que seu personagem não era bem aquilo que aparecera no filme. Então, por mais que Cavill, Gadot, Momoa, ou qualquer outro ator ainda com contrato com os “Mundos da DC”, que venha a dizer o contrário, podemos crer que existe uma versão do Snyder escondida nos arquivos da Warner Bros. Pictures e ela não pretende admitir isso.
Sei que existe uma petição para que essa versão seja disponibilizada, mas tenho certeza que serão anos de insucessos, como ocorreu com “Superman II” – pois, com certeza, pessoas tinham conhecimento dessa versão e devem ter pedido por ela –, que levou mais de duas décadas para termos a versão do diretor original do filme. Então podemos acreditar que a Warner Bros. Pictures vem persistindo em um erro que cometera no passado, por teimosia e por “não querer dar o braço a torcer” (vulgarmente conhecido como burrice). A empresa continuará reticente e pedindo aos atores que insistam em falar que não existem diferenças entre o que vimos e o que é, pois eles sabem que, para ter a versão de Snyder, teriam que recontratar o diretor e deixá-lo seguir em frente com o projeto e, talvez, admitir que erraram muito feio ao não acreditar na sua ideia.
Um amigo meu pediu para eu realizar um vídeo a respeito do assunto, mas preferi escrevê-la. Apesar de poder realizar o vídeo, eu não expressaria o que sinto, tão bem, quanto escrevendo. Então, agradecendo a dica do meu amigo Robson, continuo preferindo escrever e, quem sabe, um dia fazer um vídeo sobre o assunto, também.

RESENHA CINEMA: Missão: Impossível – Efeito Fallout (Mission: Impossible – Fallout, 2018)


MISSÃO: IMPOSSÍVEL – EFEITO FALLOUT (Mission: Impossible – Fallout, 2018)

Direção: Christopher McQuarrie
Roteiro: Christopher McQuarrie
Elenco: Tom Cruise, Henry Cavill, Ving Rhames, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Sean Harris, Angela Bassett, Vanessa Kirby, Michelle Monaghan, Alec Baldwin, Wes Bentley, Frederick Schmidt.


O agente da IMF, Ethan Hunt (Tom Cruise) está de volta ao lado dos seus parceiros Luther Stickwell (Ving Rhames) e Benjamin “Benji” Dunn (Simon Pegg) em uma missão que eles precisam recuperar três ogivas nucleares em posse de terroristas que desejam detoná-las. E, para essa missão, eles se unem ao agente da CIA August Walker (Henry Cavill) e, possivelmente, precisarão libertar um dos maiores inimigos da IMF, Solomon Lane (Sean Harris), para conseguir o que desejam. Além de Hunt ter de enfrentar uma antiga aliada, que deseja algo bem diferente.
Tá, esse resumo não parece muito favorável ao filme e dá a impressão de repetição dos vários outros filme da franquia “Missão: Impossível”, mas o que dá para se perceber é uma continuidade, pois pela primeira vez Hunt, Luther e Benji terão de rever um inimigo que surgiu em “Missão: Impossível – Nação Secreta”, Solomon Lane.
Lane quase destruiu a IMF no filme anterior e conseguiu ser detido por Hunt e sua equipe, que ainda contava com o agente William Brandt (Jeremy Renner). Nesse novo filme, Lane volta para assombrar a vida da IMF e mostrar que o Sindicato continua ativo, enquanto ele permanecer vivo. Dessa vez Lane possui seguidores misteriosos como o negociador John Lark e seus Apóstolos, grupo que segue as ideias de Lane e quer transformar seus desejos em realidade.
Além de uma história que envolvem reviravoltas constantes, as partes mais legais do filme ficam por conta do próprio Tom Cruise que volta a não usar dublês nas cenas de ação – o que terminou causando contratempos quando Cruise se acidentou e interrompeu as filmagens por nove semanas – e traz uma adrenalina mais eletrizante por causa disso. Ele salta de paraquedas, corre em telhados de prédios, pilota motos, carros e – até mesmo – helicópteros para tornar as cenas mais reais. Essa constante busca de Tom Cruise de realizar as próprias cenas de perigo dão uma visão bem diferente nos filmes de ação. Os momentos mais descontraídos – sempre por conta do ator Simon Pegg – são bem menores nesse novo filme, que se preocupa mais com a ação. Acho uma tomada de decisão acertada pelo diretor Christopher McQuarrie, que também dirigiu “Missão: Impossível – Nação Secreta”. Ele não deixa de fazer uso dos elementos chaves da franquia, as frases memoráveis e tudo mais, mas deixa bem claro que o termo impossível está bem destacado a cada sequência de ação do filme.
Vale lembrar que essa franquia iniciada por Cruise em 1996 em “Missão: Impossível” baseia-se em um seriado televisivo que estreou nas TVs estadunidenses em 1966. Essa primeira série, estrelada por  Greg Morris (Barney Collier), Peter Lupus (Willy Armitage) e Peter Graves (James “Jim” Phelps), iniciou com missões preparadas para que determinadas pessoas, especializadas em logística, disfarce, armas, luta pessoal e pilotagem, embarcassem em missões com poucas possibilidades de darem certo.
Essa primeira série de “Missão: Impossível” chegou ao fim em 1973, mas em 1988 retornou como uma continuidade da anterior – que chegou a ter participações de atores como Leonard Nimoy (Jornada nas Estrelas), Sam Elliott (Motoqueiro Maluco), Lee Meriwether (a Mulher-Gato do filme “Batman, o Homem-Morcego”), entre outros – tendo como líder Jim Phelps. Nessa sequência, que durou até 1990, Phelps contava com o apoio constante de Nicholas Black (Thaao Penghlis), Max Harte (Antony Hamilton) e Grant Collier (Phil Morris), tendo participação de Greg Morris – que retornou  como Barney Collier – e Cary-Hiroyuki Tagawa (Mortal Kombat).
Em 1996, quando a Paramount Pictures iniciou a franquia, o diretor Brian De Palma substituiu o ator Peter Graves (1926-2010) – que já estava com 70 anos - pelo ator Jon Voight, e transformou o personagem Jim Phelps em um traidor da IMF e elevando o personagem Ethan Hunt ao grau máximo. Na sequência, em 2000, com a direção de John Woo, o filme terminou sendo mal recepcionado pelo público e pela crítica – o ator Dougray Scott desistira de fazer X-Men, onde viveria Logan/Wolverine, pois já estava envolvido com as filmagens de “Missão: Impossível II”, dando espaço para o australiano Hugh Jackman tornar-se o carcaju. Em 2006, quando o diretor J.J. Abrams assumiu a direção do filme, “Missão: Impossível III” foi a redenção da franquia, trazendo a ação que se tornou marca dos filmes. “Missão: Impossível – Protocolo Fantasma”, com direção de Brad Bird, e “Missão Impossível: Nação Secreta”, com direção de Christopher McQuarrie, consolidaram o que hoje se tornou um dos maiores sucessos da Paramount Pictures – podemos dizer que o envolvimento da Bad Robot Productions , de J.J. Abrams, e da Skydance Media, de David Ellison, tenham auxiliado, também.
“Missão: Impossível – Efeito Fallout” é um ótimo filme de ação, com cenas bem feitas, uma boa história, que pode se a última da franquia, como pode ter uma sequência mais fantástica ainda. É esperar para ver se Tom Cruise ainda tem ossos inteiros para encarar mais cenas de ação e nos deixar empolgados ao assistir.

sábado, 21 de julho de 2018

RESENHA ANIMAÇÃO: A Morte do Superman (The Death of the Superman, 2018).


A MORTE DO SUPERMAN (The Death of the Superman, 2018).

Direção: Jake Castorena, Sam Liu
Roteiro: Peter Tomasi
Elenco: Jerry O’Connel, Rebecca Romjin, Rainn Wilson, Rosario Dawson, Nathan Fillion, Christopher Gorham, Matt Lanter, Shemar Moore, Nyambi Nyambi, Jason O’Mara.
Baseado nas minisséries “A Morte do Superman” e “Funeral Para Um Amigo”, escrita por Dan Jurgens, Louise Simonson, Roger Stern, Jerry Ordway, Karl Kesel, William Messner-Loebs, Gerard Jones, e desenhada por Jon Bogdanove, Tom Grummett, Jackson Guice, Dan Jurgens, Dennis Janke, Walt Simonson, Denis Rodier, Curt Swan, M.D. Bright

Desde que surgiu, Superman vem enfrentado e defendido Metrópolis de vários problemas. Seja Intergangue, Apokolips, Lex Luthor, todas as ameaças que surgem ele busca resolver da melhor forma possível e, quando necessário, contando com a ajuda da Liga da Justiça. Mas uma ameaça vinda do espaço que destrói uma das estações espaciais da Lexcorp, chega à Terra e, aparentemente, nada consegue pará-la.
A ameaça ultrapassa os oceanos, cidades, deixando um rastro de destruição por onde passa. Quando a Liga da Justiça decide enfrentar a ameaça, é massacrada.
Ao chegar à Metrópolis, o monstro encara ninguém menos que o Homem-de-Aço. Nomeado por Lois Lane como Apocalypse, a fera parece impossível de ser enfrentada. Somente um grande sacrifício do Homem de Aço poderá detê-lo.
O final não é nenhuma surpresa, o nome da animação já entrega o fim da história. É o transcorrer dela que é importante. O que se torna ainda mais interessante é que essa não é a primeira versão a buscar adaptar o clássico escrito por Dan Jurgens, Louise Simonson, Roger Stern, Jerry Ordway, Karl Kesel, William Messner-Loebs e Gerard Jones. Em 2007, iniciando a incursão da DC em animações baseadas em quadrinhos – antes disso somente tínhamos animações baseadas em Batman – a Série Animada –, Bruce Timm, Lauren Montgomery e Brandon Vietti dirigiram o longa “A Morte do Superman” (ou Superman: Doomsday), nele a narrativa buscava o mesmo objetivo dos quadrinhos, mas a falha foi fazer uma história somente do Homem-de-Aço, sem a inclusão das figuras do Universo DC, principalmente, de membros da Liga da Justiça.
Nesse ponto, a nova animação não falha.
Diferentemente de "Jovens Titãs: O Contrato de Judas”, que avacalhou com a história escrita por Marv Wolfman e desenhada por George Pérez, “A Morte do Superman” - o novo – nos traz algo mais próximo dos quadrinhos. Tá, não temos a participação da formação da Liga da Justiça na época, mas o contexto da história está todo ali, onde o Último Filho de Krypton enfrenta uma ameaça capaz de derrotá-lo. É a história que fez Louise Simonson chorar, contada com uma versão mais modernizada do Universo DC nas animações.
O que deixa o contexto mais figurativo para essa animação é que não existe o romance Mulher-Maravilha/Superman, mas sim a busca por algo mais normal, mais... humano para o Homem de Aço, estabelecendo sua ligação com Lois Lane. Existem diferenças contextuais com os quadrinhos, mas não que prejudique o desenrolar da história. E a violência excessiva que havia tendo em outras animações, diminuiu de forma bem significativa.
“A Morte do Superman”, como a minissérie nos quadrinhos, mostra que o Superman tem seu lado humano e busca mantê-lo, pois somente assim ele pode ser algo melhor e maior do que um semideus. Manter a humanidade se torna válido, pois ele mantem sua ligação com o Kansas. Seus pais adotivos estão ali, contam suas histórias a Lois Lane, mostram que ele falha, que ele já se decepcionou amorosamente. Nos apresentam suas relações, tão conhecidas por aqueles que acompanham quadrinhos da DC Comics. Mas também nos mostram o super-homem, aquele capaz de encarar as mais terríveis ameaças e não esmorecer, pois sabe o quão a vida é valiosa. É o verdadeiro sinônimo de super-herói, aquele que é capaz de sacrificar a própria vida, fazendo uso de suas habilidades extranormais, para salvar uma vida humana. Pensando no próximo, antes de qualquer coisa.
Fazia tempo que eu esperava por algo assim. Não foi com “Jovens Titãs: O Contrato de Judas”, – tá, gostei de “Gotham by Gaslight”, que teve um final bem diferente da primeira incursão da DC em Elseworlds Universe – mas aconteceu com “A Morte do Superman”. Não vejo a hora de chegar a sequência e, quem sabe, eles não adaptem “A Queda do Morcego”, seria muito bom.


quinta-feira, 12 de julho de 2018

RESENHA HQ: Robin: Ano Um / Batgirl: Ano Um (DC Comics Coleção de Graphic Novels Volumes 45 e 48 da Eaglemoss)


ROBIN: ANO UM / BATGIRL: ANO UM (DC Comics Coleção de Graphic Novels 45 e 48)

Roteiros: Chuck Dixon, Scott Beatty, Bill Finger
Desenhos: Javier Pulido, Marcos Martins, Bob Kane, Jerry Robinson, Sheldon Moldoff
Arte Final: Robert  Campanella, Alvaro Lopez, Jerry Robinson, Sheldon Moldoff
Títulos originais: Robin: Year One - Batgirl: Year One

Após deter o Chefe Zucco, que fora responsável pelo assassinato de seus pais, Richard “Dick” Grayson embarca na ação ao lado do Cavaleiro das Trevas, o Batman. Intrépido, ágil, dedicado e, as vezes, inconsequente, o Menino Prodígio auxilia o Batman contra vários bandidos, encarando até mesmo vilões do nível do Crocodilo , Espantalho e Chapeleiro Maluco, mas quando o ex-promotor Harvey Dent, que após um incidente que desfigurou metade do seu rosto transformando-o no Duas Caras, foge do Asilo Arkham, Batman acredita que o melhor e manter Robin fora da ação, por temer por sua vida, mas devido sua necessidade de mostrar seu valor, Robin parte atrás de um dos piores inimigos do Batman e, por causa disso, sofre as consequências. Colocando em xeque sua carreira ao lado do Cruzado Encapuzado.
Passado um tempo, a jovem Barbara “Babs” Gordon, filha do capitão de polícia James Gordon, acredita que poderia iniciar sua carreira na polícia, mas não é o que seu pai espera dela. Então, sabendo que o pai não concorda com as ações da Dupla Dinâmica - o lance de “mal necessário” -, ainda mais após Batman colocar o jovem Robin como seu parceiro e pupilo, ela decide ir ao Baile de Máscara da Polícia de Gotham fantasiada como uma “Batman mulher” - parafraseando Joss Whedon -, mas, logo quando chega se depara com o ladrão Mariposa Assassina, o enfrenta e vence, para surpresa do Batman e Robin, e do capitão Gordon. Sentindo a emoção de ser uma vigilante do crime como a Dupla Dinâmica, Barbara – que terminou recebendo o título de Batgirl – busca se apromorar cada vez mais, mas o que ela não imagina é que o Mariposa Assassina está com sede de vingança e, para poder vingar-se dela, se juntará ao piromaníaco Vagalume para tentar acabar com ela e com Batman e Robin.
Por que fazer sobre essas duas edições de uma só vez? Bem, começa que ambas foram escritas por Chuck Dixon e Scott Beatty, que foram responsáveis por algumas das melhores histórias do Batman e seus parceiros no final da década de 1990 e começo do século XXI. Além disso, também temos a mão do artista Marcos Martins desenhando em ambos os trabalhos. Martins trabalha muito bem ambos os personagens, dando uma bela desenvoltura ao roteiro de Dixon e Beatty. Ele trabalha bem as cenas ágeis, com bastante ação.
Outro motivo vem do fato que estamos falando de dois personagens ligados ao Batman. Babs não foi a primeira ao usar o título de Batgirl nos quadrinhos – sendo que, após Crise nas Infinitas Terras, somente ela usou a acunha -, mas Dick não somente o primeiro a usar o nome de Robin – hoje existem mais três que já usaram, depois dele – como, também, foi o primeiro parceiro dos quadrinhos.
Quando a década de 1940 começa, Bill Finger, Jerry Robinson e Bob Kane perceberam que as revistas do Batman não chegavam a um público mais infantil, pois como a Detective Comics era uma revista policial – antes da chegada do Batman -, não interessava as crianças ler história do Homem-Morcego, dessa forma, eles decidem criar o parceiro mirim – ou sidekick – e lhe dão o nome de Robin. O parceiro é apresentado na edição 37 da Detective Comics, e toda a narrativa de quem ele é termina sendo contada. Robin inicia uma verdadeira febre de parceiros, como Bucky, Centelha, Speedy – aqui conhecido como Ricardito –, Mary Marvel, Capitão Marvel Jr., entre tantos outros. Eles surgem para ajudar o grande herói no combate ao crime. Superman, por seu o último filho de Krypton, não ganha um parceiro, mas Siegel e Shuster – seus criadores mal remunerados – contam a história de sua infância como Superboy.
Mais tarde, surgiria a primeira Bat-Girl – era assim que se escrevia na década de 1950. Sua criação foi por causa do livro “A Sedução dos Inocentes”, de Fredric Wertham, que insinuou um caso de homossexualidade e abuso infantil nos quadrinhos do Batman. Após isso, para o personagem não deixar de ser publicado, suas histórias foram suavizadas e surgiram a Bat-Woman e a Bat-Girl, que era a sobrinha da Bat-Woman e apaixonada pelo Robin. A segunda Batgirl – ou Bat-moça, como ficou conhecida no Brasil, graças a Ebal – surge após a personagem aparecer no seriado de TV Batman, sendo interpretada pela belíssima atriz Yvone Craig (1937-2015). Com isso a filha do Comissário Gordon chegava aos quadrinhos.
Com os adventos da Crise nas Infinitas Terras, muitos aspectos dos personagens foram mudados, então quando Babs se torna a Batgirl, seu pai ainda era capitão do DPGC – a caminho de se tornar comissário -, diferente de seu surgimento no final da década de 1960.
Essas mudanças, além de mostrar uma forma maior no aspecto da feminilidade da personagem, que é uma moça vestida de morcego e não um “Batman em forma de moça”, mostra o quão influenciável um adolescente pode ser, ainda mais quando sente o “gosto” da adrenalina, sendo alimentados com altas doses. Outro aspecto muito interessante de ambas histórias, é a forma de narração, como se fosse contado a partir de um “diário de guerra”. No caso de Robin: Ano Um, vemos o aspecto da narração através do mordomo fiel de Bruce Wayne, Alfred. Já no caso de Batgirl: Ano Um, vemos isso da visão da própria Barbara, sobre os aspectos de se tornar uma vigilante noturna. É uma característica típica de Dixon, como vemos em Terra de Ninguém em certos momentos, são histórias contadas do ponto de vista do personagem, seja ele o protagonista ou um secundário. Você percebe as preocupações, as angustias, os sofrimentos, os desesperos. São os mais profundos sentimentos naquele conteúdo da história.
Robin: Ano Um e Batgirl: Ano Um – ah, descobri que Dixon e Beatty escreveram Asa Noturna: Ano Um, também (será que a Eaglemoss vai lançar, em um futuro distante?) - não ficam a dever nada à ideia predecessora de contar o primeiro ano de ação de um personagem, feito por Frank Miller e David Mazzucchelli em Batman: Ano Um. São histórias que complementam o universo do Homem-Morcego e agregam mais conhecimento e conteúdo sobre os personagens que marcaram suas épocas e continuam até os dias de hoje.
As histórias adcionais, que a Eaglemoss sempre anexa ao conteúdo, falando sobre os personagens, já foram comentadas logo acima, pois eles colocam a primeira história do Robin, publicada em abril de 1940, na Detective Comics #38, escrita por Bill Finger e desenhada por Bob Kane e Jerry Robinson, onde Dick Grayson perde os pais em um acidente de trapézio após o chefão do crime Anthony Zucco cortar as cordas, pois o dono do circo não queria lhe pagar propinas, levando-o a se unir ao Batman para encarar os bandidos. E, na outra edição, eles colocam o surgimento da primeira Bat-Girl, a jovem Bette Kane, na revista Batman #139, de abril de 1961. Bette é sobrinha do milionária Kate Kane, a Bat-Woman, e decide visitar sua tia durante as férias. Ela descobre a identidade secreta da tia e deseja ajudá-la a enfrentar a organização Kobra, tornando-se a Bat-Girl, mas devido a sua imprudência mete os pés pelas mãos e termina em uma grande encrenca. A personagem desistiria da carreira de Bat-Girl – principalmente com o surgimento de Babs – e se tornaria a Labareda, integrando uma formação do Novos Titãs da Costa Oeste. Bette Kane foi criada por Bill Finger e Sheldon Moldoff.
A Coleção DC Comics Coleção de Graphic Novels pode ser adquirida em bancas e lojas especializadas, mas você também pode comprá-las no site Eaglemoss Brasil na internet ou fazer a assinatura, onde poderá adquirir vários brindes exclusivos.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

RESENHA HQ: V de Vingança (V for Vendetta)

V de Vingança (V for Vendetta)
Roteiro: Alan Moore
Arte: David Lloyd
Editora: Vertigo Comics (BR: Panini Comics)
Ano: 1983 (BR: 2006)
Pg: 304


HQ criada por Alan Moore entre 1982 e 1983, narra uma guerra de partidos políticos em Londres, o que gera um novo regime político totalitário e fascista, o qual promove extermínio de minorias, monitoramento em tempo real, campos de concentração, total censura, etc.

Nesse contexto, surge V, personagem que usa uma máscara inspirada no inglês Guy Fawkes, que décadas antes, tentou explodir o parlamento inglês. V atenta contra o governo, toma a transmissão de TV e Rádio e começa a anunciar vários planos para derrubar o poder do Estado.

O personagem passa a ser símbolo de rebelião e resistência, até mesmo o detetive Edward Finch, que trabalha a favor do governo, simpatiza com ele.

A HQ é simplesmente espetacular. Ela narra a situação a partir da perspectiva do governo e de V, é possível perceber que em vários momentos o governo limita por meio da censura dos meios de comunicação, até mesmo os livros são proibidos nesse regime.

A arte de David Lloyd é linda, nada que lembre HQS de super-heróis, trata-se de uma história séria, coerente e de proporções reflexivas imensuráveis.

Os personagens secundários como o detetive, o padre, a órfã são um aspecto a mais; mostram seus erros, problemas, tristezas; portanto o texto expõe sua profunda humanidade de modo cativante e realista.

V de Vingança é necessária, porque deixa às claras ameaças à liberdade de expressão, deveria estar em todas as bibliotecas, Universidades, escolas do país, sendo lida e discutida por todos.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

RESENHA HQ: Jeremias: Pele

JEREMIAS: PELE


Roteiro: Rafael Calça
Arte: Jefferson Costa
Editora: Panini Comics
Ano: 2018
Páginas: 96


Eu estava com certa dificuldade para escrever uma resenha para essa Graphic MSP, pois receava escrever coisas equivocadas sobre essa obra e cometer injustiças, mas decidi que era melhor escrever e ver o que acontece.
Sim, "Jeremias: Pele" é uma obra. É a mais recente Graphic MSP e, escrita por Rafael Calça e desenhada por Jefferson Costa, ela traz a história do personagem Jeremias, que foi criado por Maurício de Sousa para integrar o grupo de amigos do Franjinha, na década de 1960. De lá para cá, Jeremias sempre participou como coadjuvante nas histórias da Turma da Mônica - acho que somente protagonizou uma história, mas posso estar enganado -, sendo membro da "Turma do Bermudão", quer é formado por ele, Franjinha, Titi e Manezinho. Sem muita enfase ao personagem e sem muito destaque nas histórias, Jeremias permaneceu meio que "jogado de lado" - lembra que eu mencionei que possivelmente ele teve uma história como protagonista - até a MSP +50, segunda edição publicada em comemoração aos 50 anos de profissão do Maurício de Sousa. O artista André Diniz se responsabilizou, que usou seu estilo todo único para o contexto, deixando o Jeremias participar dessa maravilhosa homenagem ao seu criador. Mas eu vejo isso como algo para não deixar passar em branco, já que Jeremias é um dos primeiros personagens do universo criado por Maurício de Sousa.
Não estou dizendo que Maurício ou sua produtora de quadrinhos sempre deixou Jeremias para escanteio propositalmente, mas com a infinidade de personagens protagonistas para dar relevância, deve ter sido complicado pensar em uma história para dar destaque a ele. Mas graças a um conceito desenvolvido e criado por Maurício de Sousa e o produtor Sidney Gusman, surgiram as Graphic MSP, dando oportunidade para que outros personagens viessem a brilhar, e foi o que ocorreu com Jeremias nessa.
A história trata de um assunto bem complicado e que todos preferem não falar, pois acreditam que não falar faz com que não exista, mas - infelizmente - existe e ocorre mais constantemente do que imaginamos, o racismo.
Eu mesmo não gosto do termo, acho a palavra estranha por si só, pois se pensarmos em raça, somos todos humanos. A raça humana tem proximidades com outros primatas, mas seja negro, branco, amarelo, marrom, rosa, somos todos parte da raça humana, dessa forma, a palavra racismo foge do que convém. Aí alguns falam de discriminação étnica e, mesmo que eu discorde em um caso de localização, concordo que é o que melhor se aplicaria no caso.
Nunca sofri discriminação por causa da minha cor, então falar que entendo o que as pessoas que sofrem passam, seria demagogia barata e irrelevante. Mas quando você lê "Jeremias: Pele" se sensibiliza com essa situação tão degradante do nosso país.
Sou professor de História e sempre tento falar para os meus alunos que não temos motivos para discriminar ninguém, pois somos um país cuja miscigenação é factual e parte de nós. É difícil caracterizar uma etnia para o brasileiro. Somos várias misturas, um mix de espécies humanas. Somos negros, brancos, amarelos. Temos olhos claros e escuros, azuis, verdes, castanhos e negros. Temos os cabelos loiros, ruivos, castanhos e protos, lisos, ondulados, encaracolados e crespos, numa mistura sem fim. Então, como nos definir? Como dizer que determinada pessoa é de uma etnia, sendo que no seu passado pode ter sido tataraneto de outra etnia, sem se saber? Somos um país colonizado, miscigenado e deveríamos ser um exemplo ao mundo por isso. Mas não é o caso.
Na história escrita por Calça, vemos Jeremias ser submetido ao Dia da Profissão, onde na escola, os alunos - ou a professora, no caso da história - escolhem com qual profissão melhor se identificam e Jeremias termina tendo como profissão algo que não desejava, pois outros acham que o seu desejo não seja viável e, com isso, ele começa a questionar tudo e a se revoltar com o que acontece a sua volta e, como eu já havia dito, as pessoas preferem não falar sobre a discriminação, pois assim - creem que - deixará de existir, o que de fato não ocorre. Jeremias aprende muito com isso, principalmente que a cor de sua pele não define nada na sua vida, somente que as pessoas não sabem reconhecer o verdadeiro valor da pessoa, não importando que cor de pele ela tenha.
Ninguém é melhor do que ninguém . Não é a cor de uma pele que definirá seu futuro, mas sim seu caráter... bem, tá virando o que eu temia, discurso demagógico e desnecessário. O que importa mesmo é que "Jeremias: Pele" é a mais nova Graphic MSP da Maurício de Sousa Produções e dá uma alfinetada em uma realidade que poucos querem enxergar. Somente a leitura dessa obra poderá fazer com que entendam o motivo dessa resenha. Sem contar que a arte do Jefferson Costa é encantadora do começo ao fim, com várias referências cênicas e realistas.
"Jeremias: Pele" entra no meu hall de revistas relevantes e importantes e permanecerá nele para todo sempre.