Errar é humano, Warner, mas persistir no erro...
Recentemente tivemos uma foto do diretor Zack Snyder (Batman
vs. Superman: O Despertar da Justiça) publicando uma imagem sua em uma rede
social bem próximo de onde ocorre a Comic Con International (antes conhecida
como San Diego Comic Con), que acontece em San Diego, na Califórnia. Daí então,
um site de entretenimento especulou que seria anunciado a versão do diretor do
filme Liga da Justiça, de onde Snyder fora demitido – antes ele dissera que
sairia devido a problemas pessoais – dando lugar ao diretor Joss Whedon (Os
Vingadores: Era de Ultron), que mudou significativamente a direção do filme e
não agradou muito.
Desde antes do lançamento do DVD/Blu-ray de Liga da Justiça,
a empresa Warner Bros. Pictures já havia revelado que não lançaria uma versão
do diretor Zack Snyder, pois não faria diferença do filme que fora lançado nos
cinemas, mas na rede social que Snyder participa, ele lançou imagens de cenas
que ele filmara e que não entraram no filme, bem como os trailers do filme, di
vulgados para promover o filme, continham cenas que,
posteriormente, foram retiradas do filme. E não foram coisas pequenas, foram
modificações gritantes.
Os atores foram chamados para refazer várias cenas do filme
e, como Henry Cavill (O Homem de Aço) estava envolvido nas filmagens de
“Missão: Impossível – Efeito Fallout” e não poderia remover o bigode que era a
composição do personagem no filme, foi necessário fazer uma remoção digital que
não ficou tão boa. Além do que o ator Ciarán Hinds (The Terror) veio a público
dizendo que a concepção de Snyder para o personagem Lobo da Estepe, antagonista
do filme, não era da forma como terminou sendo feita no filme.
Esses fatores, mais os atores que ainda estão ligados ao
Universo Estendido DC (agora chamado pela própria Warner como “Mundos da DC”)
dizerem que não faria diferença o corte de Snyder, gera um pontada de
curiosidade do que seria o filme “Liga da Justiça” de Zack Snyder.
Agora fica a questão, o por que do título? Bem, não é a
primeira vez que a Warner faz algo assim, desconsiderar o filme de um diretor,
substituindo-o por outro e ignorando totalmente a versão do diretor anterior.
Em 1978 estreava nos cinemas o filme “Superman”, do diretor
Richard Donner. Na época, os produtores do filme, Alexander e Ilya Salkind
haviam se aborrecido com o diretor, devido a demora das filmagens de Donner,
que estava preparando, praticamente, dois filmes sequenciais. Com os atrasos, o
cartaz do filme não vinha com imagens dos personagens caracterizados, somente o
símbolo do Superman em cristal e a frase “You’ll
believe a man can fly” e o trailers eram montagens de cenas filmadas e
finalizadas, gerando uma perspectiva enigmática para o primeiro filme dedicado
a um personagem de quadrinhos e que não tinha ligação com as séries televisivas
– em 1951, George Reeves (o Superman da série televisiva de 1952 a 1958)
protagonizou o filme “Superman and the Mole-Men” e em 1966, os atores Adam West
e Burt Ward (que estrelavam a série “Batman” de 1966 a 1968) atuaram no filme
“Batman – The Movie”.
“Superman” teve uma bilheteria gratificante, ótimas
críticas, daí os Salkind e a Warner perceberam que um novo filme era possível.
Tendo mais de 80% do filme pronto, com outras cenas ainda não finalizadas, ao
invés de chamarem Donner para dar continuidade, em 1980, preferiram chamar o
diretor Richard Lester (Os Três Mosqueteiros).
Não que Lester não tivesse uma boa direção, pelo contrário,
“Superman II” teve uma boa bilheteria, também, e ótimas críticas,
possibilitando o terceiro filme, em 1983, “Superman III”. Mas aí percebesse a
diferença.
“Superman III” tem um clima um pouco mais cômico do que seus
anteriores, isso por conta do roteiro que agora pertencia somente David e
Leslie Newman – que haviam escrito os roteiros de “Superman” e “Superman II” com
Mario Puzzo. Sem contar que muito do filme “Superman II” já havia sido dirigido
por Richard Donner, com somente algumas mudanças, principalmente no final do
filme.
Foram anos com todos achando que o filme “Superman II” era
somente dirigido por Richard Lester, até que entre 2004 e 2005, foi revelado
que existia uma versão de “Superman II” toda filmada por Richard Donner. Isso
surgiu quando o diretor Bryan Singer (X-Men: Apocalipse) estava a frente do
filme “Superman Returns”. Então em 2006, no mesmo ano do lançamento do filme de
Singer, foi lançado “Superman II: The Richard Donner Cut”, onde mostravam a
versão de Richard Donner do filme lançado em 1980. E as diferenças eram mesmo
grandes, pois haviam cenas com o ator Marlon Brando – substituído pela atriz Susannah
York, devido aos valores exorbitantes que o ator exigiu pelo direito de imagem
no filme, hoje repassados à sua família – e um final totalmente diferente do
filme de Lester (não vou contar, para não dar spoilers e incentivar o interesse
da busca pelo filme). Dessa forma, a Warner Bros. Pictures demonstrou que
existitam mesmo dois filmes bem diferentes apresentando essa versão.
E parece que o mesmo erro está ocorrendo novamente, só que,
a diferença é a facilidade que todos têm de informações nos dias de hoje. Hoje
em dia existem as redes sociais, onde atores e diretores podem se expressar,
principalmente quando existe uma difamação de seus trabalhos.
Sim, difamação, pois todos creditam “Liga da Justiça” e todo
seu insucesso nas bilheterias e críticas ao diretor Zack Snyder, que vem
mostrando que não é bem assim. Sem contar que, um ator que não tem mais
ligações com os “Mundos da DC”, explanou que seu personagem não era bem aquilo
que aparecera no filme. Então, por mais que Cavill, Gadot, Momoa, ou qualquer
outro ator ainda com contrato com os “Mundos da DC”, que venha a dizer o
contrário, podemos crer que existe uma versão do Snyder escondida nos arquivos
da Warner Bros. Pictures e ela não pretende admitir isso.
Sei que existe uma
petição para que essa versão seja
disponibilizada, mas tenho certeza que serão anos de insucessos, como ocorreu
com “Superman II” – pois, com certeza, pessoas tinham conhecimento dessa versão
e devem ter pedido por ela –, que levou mais de duas décadas para termos a
versão do diretor original do filme. Então podemos acreditar que a Warner Bros.
Pictures vem persistindo em um erro que cometera no passado, por teimosia e por
“não querer dar o braço a torcer” (vulgarmente conhecido como burrice). A
empresa continuará reticente e pedindo aos atores que insistam em falar que não
existem diferenças entre o que vimos e o que é, pois eles sabem que, para ter a
versão de Snyder, teriam que recontratar o diretor e deixá-lo seguir em frente
com o projeto e, talvez, admitir que erraram muito feio ao não acreditar na sua
ideia.
Um amigo meu pediu para eu realizar um vídeo a respeito do
assunto, mas preferi escrevê-la. Apesar de
poder realizar o vídeo, eu não expressaria o que sinto, tão bem, quanto
escrevendo. Então, agradecendo a dica do meu amigo Robson, continuo preferindo
escrever e, quem sabe, um dia fazer um vídeo sobre o assunto, também.