JAMES O’BARR O CORVO – EDIÇÃO DEFINITIVA (The Crow)
Roteiro: James O’Barr
Arte: James O’Barr
Editora: Independente (BR:
Darkside Books)
Ano: 1981 (BR: 2018)
Páginas: 272
Por: Robson Seibert
“Se um anjo
eu fosse, me livraria/das asas e halo/para sempre/apenas para ter um instante/com
você” (James O’Barr)
A HQ, criada em 1981 por James O’Barr,
conta a história do personagem Eric Draven, que volta dos mortos para eliminar
uma gangue de criminosos que o executaram, violentaram e assassinaram sua
adorável noiva, Shelly Webster.
Partindo dessa tragédia, o corvo,
pássaro do mal agouro, ressuscita Eric dos mortos para cumprir sua vingança:
eliminar cada um dos envolvidos no crime, um após o outro.
A estrutura narrativa é simples e
o enredo oscila entre presente e passado. O que é mais encantador na HQ é como
o personagem se comunica na história. Entre poesias de artistas como Arthur Rimbaud e Rose
Fyleman, o quadrinho conduz o leitor a alguns momentos de violência extrema.
Seria uma ambiguidade própria do ser humano?
Ainda sobre a linguagem, vale a
pena destacar que a metáfora do cavalo branco é maravilhosa; o drama, a culpa e
a impotência por não salvar a noiva são fortes e impressionantes.
Embora seja em 1981, o texto não
é datado, a introdução é o relato chocante de James sobre o que motivou a
escrevê-lo e por isso é atual. Vários momentos da história se entrecruzam com
trechos dessa introdução e ampliam a significação desta e daquela.
O’Barr tem uma arte incrível, que
a propósito é toda feita em nanquim, o que imerge o interlocutor em um íntimo e
um ambiente sombrios, marcados pela dor e pela violência.
É importante lembrar que a HQ é
base para o filme de mesmo título de 1994, dirigido por Alex Proyas (Dark City)
e interpretado por Brandon Lee (1965-1993). O que, coincidentemente, também é
marcado pela tragédia.
A edição conta com extras lindos
e com o brilhante posfácio de A.A. Attanasio Honolulu. O acabamento da Darkside
é espetacular e vale cada centavo de investimento em uma história que faz
refletir sobre a vida, sobre as consequências que os atos trazem sobre a pessoa, bem como sobre aqueles mais
próximos que tanto se ama.
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