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sexta-feira, 27 de julho de 2018

RESENHA HQ: James O’Barr O Corvo – Edição Definitiva (The Crow)

JAMES O’BARR O CORVO – EDIÇÃO DEFINITIVA (The Crow)

Roteiro: James O’Barr
Arte: James O’Barr
Editora: Independente (BR: Darkside Books)
Ano: 1981 (BR: 2018)
Páginas: 272


“Se um anjo eu fosse, me livraria/das asas e halo/para sempre/apenas para ter um instante/com você” (James O’Barr)

Poética, dramática, violenta, emocionante, esses são os adjetivos desta HQ.
A HQ, criada em 1981 por James O’Barr, conta a história do personagem Eric Draven, que volta dos mortos para eliminar uma gangue de criminosos que o executaram, violentaram e assassinaram sua adorável noiva, Shelly Webster.
Partindo dessa tragédia, o corvo, pássaro do mal agouro, ressuscita Eric dos mortos para cumprir sua vingança: eliminar cada um dos envolvidos no crime, um após o outro.
A estrutura narrativa é simples e o enredo oscila entre presente e passado. O que é mais encantador na HQ é como o personagem se comunica na história. Entre poesias  de artistas como Arthur Rimbaud e Rose Fyleman, o quadrinho conduz o leitor a alguns momentos de violência extrema. Seria uma ambiguidade própria do ser humano?
Ainda sobre a linguagem, vale a pena destacar que a metáfora do cavalo branco é maravilhosa; o drama, a culpa e a impotência por não salvar a noiva são fortes e impressionantes.
Embora seja em 1981, o texto não é datado, a introdução é o relato chocante de James sobre o que motivou a escrevê-lo e por isso é atual. Vários momentos da história se entrecruzam com trechos dessa introdução e ampliam a significação desta e daquela.
O’Barr tem uma arte incrível, que a propósito é toda feita em nanquim, o que imerge o interlocutor em um íntimo e um ambiente sombrios, marcados pela dor e pela violência.
É importante lembrar que a HQ é base para o filme de mesmo título de 1994, dirigido por Alex Proyas (Dark City) e interpretado por Brandon Lee (1965-1993). O que, coincidentemente, também é marcado pela tragédia.
A edição conta com extras lindos e com o brilhante posfácio de A.A. Attanasio Honolulu. O acabamento da Darkside é espetacular e vale cada centavo de investimento em uma história que faz refletir sobre a vida, sobre as consequências que os atos trazem  sobre a pessoa, bem como sobre aqueles mais próximos que tanto se ama.

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