CREED II (2019)
Direção: Steven Caple Jr.
Roteiro: Cheo Hodari Coker, Sascha Penn, Sylvester Stallone, Juel Taylor
Elenco: Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Thessa Thompson, Phylicia Rashed, Wood Harris, Dolph Ludgren, Florian Munteanu, Russel Hornsby, Brigitte Nielsen, Milo Ventimiglia, Robbie Johns
Viktor Drago (Florian Munteanu) foi criado por seu pai, Ivan Drago (Dolph Ludgren), alimentado pelo ódio que este tem na derrota para Rocky Balboa (Sylvester Stallone) há 34 anos. Ivan foi o grande responsável pela morte do pugilista Apollo “Doutrinador” Creed, deixando Adônis “Donnie” Creed (Michael B. Jordan) órfão de pai. Graças ao agenciador de lutas, Buddy Marcelle (Russell Hornsby), Viktor tem a oportunidade de trazer o nome dos Drago de volta ao auge e, ao mesmo tempo, poderá fazer como seu pai, enquanto Adônis vê a possibilidade de fazer justiça ao seu pai no ringue.
“Creed II” é um novo capítulo na história da franquia “Rocky Balboa”. Tá, chega a ser injusto coloca-lo dessa forma, pois “Creed” e “Creed II” são dois capítulos bem diferentes que têm a participação de Rocky. Temos os momentos de Rocky e a clara nostalgia de vê-lo visitar o túmulo de Adrian ou falando de seu filho, mas ele não é o centro da história, mas sim Adônis Creed.
Nesse novo capítulo, Adônis está no auge de sua carreira, está com a mulher de sua vida – vivida, novamente (e de forma maravilhosa) pela atriz Tessa Thompson – e não tem do que reclamar. Mas o desafio de Viktor Drago abre uma ferida que, de certa forma, foi um dos temas centrais do primeiro filme, seu pai, Apollo Creed. Assim que essa ferida se abre, todos os sentimentos de revolta, rancor e desejo de vingança retornam. Mas não é somente Adônis que é alimentado por estes desejos, temos Viktor também.
Ele é um carregador de uma loja de material de construção que, nas horas vagas, luta boxe de forma amadora. Seu jeito de lutar é selvagem e alimentado pelo ódio pelo povo russo que abandonou seu pai assim que ele perdeu para Rocky. A história de Viktor tem uma profundidade e seu ódio é visceral, você sente a todo momento na sua forma de olhar. Um bom trabalho para o boxeador romeno Florian Munteanu em seu primeiro trabalho significativo no cinema. Já a paixão e ferocidade de Adônis, vivido por Michael B. Jordan, nós já conhecemos e ela volta com força total, da mesma forma visceral.
Vale pontuar também a ótima atuação da atriz Tessa Thompson, voltando no papel da cantora surda Bianca, noiva e parceira de Adônis em todos os momentos, sejam de alegrias ou tristezas. Ela passa por dilemas nos quais Adônis precisará ajuda-la muito.
Quanto a Sylvester “Sly” Stallone? Como eu já disse, é nostálgico vê-lo em cena, mas você percebe um amadurecimento de um de seus maiores personagens. Rocky Balboa é a carreira de Stallone do começo ao fim. Foi um personagem que ele criou com um drama pessoal bem claro. Ele conhece o boxe, ele sabe o que é o boxe. Não pode passar isso para seu filho, pois não desejava que ele tivesse esse futuro, mas passou para Adonis Creed. Rocky é o Mentor da história de Ulisses, que ensina ao filho do grande herói tudo o que ele precisa saber. Ele passa toda sua sabedoria para que ele continue em frente. É maravilhoso ver Sly – tomando uma liberdade que não me foi dada – nesse nível de trabalho.
É difícil não se comover, não se contagiar com “Creed II”. Não se influenciar com toda a catarse promovida pelo filme. Parando para pensar um pouco, o filme é um “Rocky III” inverso e com mais história (se alguns considerarem isso como um spoiler, peço as mais sinceras desculpas).
Mesmo que eu soltasse todos os spoilers mais possíveis e imagináveis, “Creed II” continuaria sendo um filme para você assistir no cinema e vibrar, se emocionar e se deliciar com cada momento.