MULHER-MARAVILHA
(Wonder Woman, 2017).
Direção: Patty Jenkins
Roteiro: Allan Heinberg
Elenco: Gal Gadot, Chris Pine, Connie Nielsen, Robin Wright,
Danny Huston, David Thewlis, Said Taghmaoui, Lucy Davis, Elena Anaya, Ewen
Bremner, Eugene Brave Rock, Lisa Loven Kongsli, Ann Wolfe, Ann Ogbomo, Florence
Kasumba, Eleanor Marsuura, Josette Simon, Doutzen Kroes, Hayley Warnes, Samantha
Jo, Brooke Ence, Madeleine Vall, Hari James, Jacqui-Lee Pryce, Lilly Aspell,
Emily Carey.
Themyscira é uma ilha idílica que ainda vive com ideias e
conceitos das sociedades gregas da antiguidade. Habitada pelas amazonas,
guerreiras criadas pelos deuses, a ilha paradisíaca permanece escondida do
resto da humanidade. A sua rainha, Hipólita (Connie Nielsen), governa suas “irmãs”
da forma mais democrática possível, dando-lhes liberdade para fazerem o que desejarem.
Sua filha, Diana (Lilly Aspell), a única criança entre as amazonas, deseja se
tornar uma guerreira também e, escondida, treina com sua tia Antíope (Robin
Wright). Quando atinge a idade adulta, Diana (Gal Gadot) resgata o piloto Steve
Trevor (Chris Pine) de um acidente de avião e isso torna-se uma bola de neve,
pois a ilha vê-se invadida por tropas germânicas e austro-hungaras. Dessa
forma, as amazonas veem-se em uma batalha injusta, pois enquanto usam espadas,
flechas e lanças, as tropas usam fuzis. Mas, mesmo com baixas, as amazonas saem
vitoriosas. Trevor é submetido a uma corte e, após perceber o que ocorre com o
mundo, Diana decide acompanha-la ao mundo do patriarcado, onde terá de
enfrentar uma guerra sem proporções, mostrando que uma mulher pode fazer a
diferença em um mundo tomado por homens.
Mulher-Maravilha é mais um passo no Universo Expandido DC
nos cinemas. Depois de “O Homem de Aço” e “Batman vs. Superman: A Origem da
Justiça”, nada melhor do que vermos a primeira grande guerreira da DC Comics, fechando
a Trindade DC com excelência.
Diana já havia aparecido em “Batman vs. Superman: A Origem
da Justiça”, mas poucos conhecem sua origem. Criada em 1941 pelo psicólogo
William Moulton Marston (1893-1947) e o desenhista Harry George Peter
(1880-1958) para a All Star Comics #8, ela foi concebida do barro e ganhou dons
dos deuses olímpicos. Após salvar por Steve Trevor e apaixonar-se por ele,
Diana deixa a Ilha Paraíso e vai ao mundo do patriarcado, aonde combate os
nazistas, japoneses e italianos durante a Segunda Guerra Mundial.
Com o passar dos anos, a história da origem de Diana mudou
um pouco. Na Era de Prata e Bronze, ela teve duas origens distintas e, após
Crise nas Infinitas Terras, o escritor e desenhista George Pérez redefiniu a
origem da Mulher-Maravilha seguindo mitos gregos. Manteve as ideias iniciais de
Marston, introduzindo os conceitos de que as amazonas tinham uma maior ligação
com as deusas gregas e pouca ligação com os deuses, com exceção de Hermes, que
lhe concedeu o dom do voo. Em 2011, o escritor Brian Azzarello, também, deu sua
ideia da origem da Mulher-Maravilha, usando a ideia de ela ter sido concebida
pelo barro como uma farsa, pois ela era, na verdade, filha de Zeus e Hipólita.
Em 1975, o canal de TV ABC lançou a primeira série da personagem,
estrelada pela ex-miss América Lynda Carter. Na primeira série, a
Mulher-Maravilha encarava nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Na segunda
temporada, a série migrou para o canal CBS, onde ela foi trazida para transportada
para a década de 1970, enfrentando espiões e inimigos mais atualizados. A série
explorou bem o universo da personagem, pois nela conhecemos a Ilha Paraíso, o –
famoso – jato invisível, o affair entre
Diana e Steve Trevor, interpretado pelo ator Lyle Waggoner, e uma versão da
Moça-Maravilha, interpretada pela atriz Debra Winger. Foram somente três
temporadas, mas Lynda Carter continuou associada à personagem até a atualidade,
tanto que, em constantes eventos ligados a Mulher-Maravilha, Carter é sempre
convidada.
Um dos fatos mais interessantes da Mulher-Maravilha é sua
longevidade nos quadrinhos.
Mesmo não sendo a personagem feminina mais antiga dos
quadrinhos, Diana foi a que permaneceu mais tempo sendo publicada. Parte disso
deve-se a sua popularidade, pois era uma das poucas personagens que conseguia
se manter, mostrando as meninas que elas eram fortes e independentes. Mas outra
parte vem de um acordo firmado entre Marston e a All-American Publications (hoje
DC Comics). No acordo, a empresa nunca deixaria de ter uma publicação da
personagem, não importando o que ocorresse. Dessa forma, a continuidade da
Mulher-Maravilha é – quase – inédita, pois são mais de 75 anos de publicações.
O atual filme da personagem, dirigido por Patty Jenkins –
mais conhecida por ter dirigido e
escrito o filme “Monster: Desejo Assassino”, com Charlize Theron (ganhadora do
Oscar de Melhor Atriz nesse filme) e Christina Ricci – pega nuances desses mais
de 75 anos de história da personagem. A história – escrita por Allan Heinberg,
Zack Snyder e Jason Fuchs – dá uma pegada das origens da personagem nas mãos de
Marston, mas também faz uso de elementos usados por George Pérez em 1985 e por
Brian Azzarello em 2011. Alguns desses aspectos vêm de sua origem e seu inimigo
principal, Ares, o deus da guerra.
Na mitologia grega, Ares foi o responsável pela criação
original das amazonas. Ele que lhes deu o dom para guerrear e serem as melhores
no que fazem e, por isso, eram constantemente desafiadas por outros guerreiros
míticos como Héracles (ou Hércules) e Teseu. Na história do filme, temos uma
concepção pessoal dos escritores da Batalha do Céu, tendo uma retratação de
Ares como o demônio e as amazonas (anjos) foram criadas pelos Zeus (Deus) para combate-lo.
Dessa vez elas não foram exiladas em Themyscira por não terem
mantido a paz, mas permaneceram existentes para que, caso Ares voltasse, elas
pudessem combate-lo.
Detalhes sobre como Diana surgiu ficaram com explicações
mínimas, mas parte do mito dela surgir do barro foi mantido – mesmo que não
seja mostrado – foram mantidas, só que outros detalhes foram introduzidos.
Mulher-Maravilha é o quarto filme da DC Films e do Universo
Expandido DC, que em novembro crescerá ainda mais com “Liga da Justiça”, mas
isso é uma outra história.