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segunda-feira, 25 de julho de 2016

RESENHA ANIMAÇÃO: Batman: A Piada Mortal (Batman: The Killing Joke, 2016).

BATMAN: A PIADA MORTAL (Batman: The Killing Joke, 2016).

Direção: Sam Liu
Roteiro: Brian Azzarello
Elenco: Kevin Conroy, Mark Hammil, Tara Strong, Ray Wise, John DiMaggio, Robin Atkin Downes, Brian George.

O Coringa (Mark Hammil) fugiu do Arkham e, com essa nova fuga ele ataca inesperadamente o comissário James Gordon (Ray Wise) e sua filha, Barbara Gordon (Tara Strong), que um tempo atrás foi a Batgirl.
O Coringa atira em Barbara e termina levando Gordon consigo, mas não antes de tirar fotos explícitas da bibliotecária e ex-vigilante. Com isso, Batman parte atrás de um de seus piores inimigos, um homem insano que teve um passado terrível que o mudou totalmente e que pretende fazer o mesmo com Gordon, crendo que é somente necessário um dia ruim na vida de alguém para muda-la totalmente.
Sim, é breve a sinopse, pois se você não viu a animação ainda, existem muitas surpresas no decorrer desta.
Essa animação é baseada na clássica graphic novel “Batman: A Piada Mortal”, escrita por Alan Moore e Brian Bolland. Bolland já afirmou que foi ele quem convidou Moore para escrever essa história icônica. Na história vemos a narrativa que acabei de citar, mas com poucos diálogos e mais cenas que já falam por si só. A revista é considerada por muitos um dos ápices na história do Homem-Morcego, gerando discussões até os dias de hoje, referentes ao seu final.
Na adaptação para animação, algumas coisas foram alteradas, como uma introdução de como Barbara deixa de ser Batgirl.
Sinceramente, foi a coisa mais desnecessário de toda a animação. Se não tivessem colocado, não faria falta ou diferença na narrativa da animação. Quiseram criar algo para que justificassem a ação do Homem-Morcego, como se isso fosse necessário.
Tá, estou sendo chato nesse ponto, pois eu não entendi os motivos de Brian Azzarello escrever aquela introdução do filme. Antes ele tivesse partido dos momentos posteriores a desistência de Barbara e tivessem colocado essa introdução como flashbacks ou algo assim.
Mas tirando isso, o restante do tempo que vemos a animação, vimos o que leirasse na graphic novel, mas com um ritmo moroso e cansativo, com excesso de diálogo e ação parca. Mas quando ela acontece é adrenalizante e muito bem realizada, só que eu esperava mais, ainda mais tendo como base um dos grandes clássicos da DC Comics.
O final é uma surpresa muito interessante, pois introduz uma das personagens mais carismáticas do Bat-squad.
Sou uma pessoa que leu “Batman: A Piada Mortal” inúmeras vezes, comprei três edições diferentes da história e amo com todas as minhas forças essa graphic novel. Então, fiquei um pouco decepcionado com essa adaptação, pois eu tinha esperanças de que a engrandecessem como fizeram com outras.

A animação “Batman: A Piada Mortal” tem momentos muito bons, Mark Hammil está ótimo dando a voz – novamente – ao Coringa, bem como Kevin Conroy como Bruce Wayne/Batman. Tara Strong também retorna a interpretar a voz de Barbara Gordon/Batgirl. É como uma reunião do velho time, da época de “As Novas Aventuras de Batman”. Mas, sinceramente, acredito que poderia ser melhor.

sábado, 23 de julho de 2016

RESENHA HQ: Novos Titãs: O Contrato de Judas (DC Comics Coleção de Graphic Novels Volume 20 da Eaglemoss).

NOVOS TITÃS: O CONTRATO DE JUDAS (DC Comics Coleção de Graphic Novels Volume 20 da Eaglemoss).

Roteiro: Marv Wolfman, Bob Haney
Desenhos: George Pérez, Bruno Premiani
Artes-finais: George Pérez, Dick Giordano, Mike DeCarlo, Romeo Thangal, Bruno Premiani, Sheldon Moldoff
Título original: The New Teen Titans: The Judas Contract

Os Novos Titãs estão no Alasca para desmantelar uma das bases do Irmão Sangue, mas terminam caindo em uma armadilha da Matriarca do Caos, uma das seguidoras do – dito – profeta do Caos. Trabalhando em equipe, Robin, Moça-Maravilha, Kid Flash, Cyborg, Estelar, Ravena, Mutano e Terra, escapam e vencem os asseclas do Irmão Sangue, mas mal sabem eles que estão sendo espionados por um de seus membros que trabalha com Slade Wilson, o Exterminador, inimigo declarado dos Titãs, que tem como principal missão capturá-los para a Colmeia, cumprindo uma tarefa de seu filho, Grant Wilson, o Devastador. E a espiã é ninguém menos que a jovem Dana Markov, também conhecida como Terra, meia-irmã de Brion Markov, o super-herói conhecido como Geoforça.
Desconhecendo o trabalho da jovem espiã, os Titãs sofrem duas baixas, assim que retornam da missão no Alasca. Wally West, o Kid Flash, deixa o uniforme e a carreira de super-herói para tentar ter uma vida mais simples, enquanto Dick Grayson abandona o uniforme do Robin, buscando fugir da sombra do Batman e, até decidir que segunda identidade seguirá, ele continuará como um civil a serviço do bem.
Nisso, agindo como agente infiltrado e disfarçado, Dick vai até a Igreja do Irmãos Sangue, localizada em Zândia, no intuito de expô-lo ao mundo, só que termina capturado. Cientes disso, os Novos Titãs partem para Zândia para resgatar Dick, mas terminam caindo em uma armadilha. Eles então descobrem que Dick foi transformado em um assecla de Sangue. Nesse ínterim, senadores e deputados que foram com Dick para Zândia, terminam rendidos pelos soldados que servem ao presidente Rafael Marko, que comanda o país com mãos de ferro. Este decide infligir um ataque a Igreja do Irmão Sangue. Nesse meio tempo, Dick se liberta e libera seus amigos, também. Enquanto a Igreja é atacada, os Novos Titãs se veem no meio de uma disputa cruzada entre política e religião. E quanto o Irmão Sangue, aparentemente, termina morto, eles conseguem escapar e retornar a Nova Iorque.
Enquanto observa os Titãs, Dana passa informações constantes para o Exterminador, principalmente quando tem acesso as identidades secretas dos membros ativos do grupo, dando chances do mercenário preparar uma armadilha própria para cada um, o que poderá culminar na morte de alguém.
“Novos Titãs: O Contrato de Judas” é considerado por muito o ápice das histórias em quadrinhos dos Novos Titãs.
Surgidos em meados da década de 1960, somente em outubro de 1980, na edição DC Comics Presents #26, quando Marv Wolfman assumiu os roteiros e Goerge Pérez assumiu a arte, que os Novos Titãs tiveram sua grande chance ao estrelato. As histórias eram interessantes, pois Wolfman – que nunca quis assumir o grupo, mas o fez com louvor – não somente mostrava histórias movidas por ação, mas também com problemas cotidianos, como envolvimento com drogas, guerras de gangues, relacionamentos, casamentos, rompimentos. O dia-a-dia de um grupo que não dava mole para os supervilões ou grupos terroristas como a Colmeia e a Igreja do Irmão Sangue.
A Colmeia, por exemplo, já surgiu logo na primeira edição de novembro de 1980, onde convidavam o filho do Exterminador, Grant Wilson, a se tornar um “supersoldado”. Ele adota o nome Devastador e ataca os Novos Titãs, mas termina morrendo, pois seu corpo não suporta o soro que tomara. Slade Wilson, então, decide iniciar seu projeto de vingança contra os Novos Titãs, culpando-os pela morte de seu filho.
Em determinado momento eles conhecem Terra, que era aliada de terroristas. Inicialmente ela enfrenta Mutano e termina capturada por ele e revela ser uma moradora de Markóvia e que estava sendo usada pelos terroristas por causa de seus pais. Mutano estabelece uma amizade com a jovem e consegue integrá-la ao grupo, mas mal sabe ele o mal que está adentrando no meio de seus amigos.
O desenvolvimento dos personagens é algo grandioso e gostoso de acompanhar, pois em meio a vários outros acontecimentos, vemos tudo que citei acima acontecendo. Grant, antes de se tornar o Devastador, tinha uma relação complicada com sua namorada, chegando a agredi-la fisicamente.
O Exterminador é um mercenário calculista, estratégico e frio, mas seu lado paterno se ativa quando está relacionado aos seus filhos, pois eles significam a vida que ele deixou para trás, na intenção de tornar-se quem é. Os conflitos internos de Wally e Dick são claros, bem como a insegurança de Donna quando é nomeada líder dos Novos Titãs. Cyborg é um personagem impar, pois mesmo sendo uma pessoa que aceitou-se, possui dramas internos que sempre entram em conflito. O jeito brincalhão e abusado de Mutano tem todo seu sentido quando sabemos que ele busca esconder o medo que tem de si mesmo. Já Estelar busca uma adaptação ao jeito da Terra, pois era uma pessoa que foi vendida como escrava pelos seus pais, na intenção de manter a paz em seu mundo e foi treinada para sentir as emoções à flor da pele, e precisa controlar seu lado violento quando está ao lado dos seus amigos, pois acredita que eles – principalmente Dick – a rejeitariam.

O nível de qualidade das histórias permaneceu durante anos. Mesmo quando Pérez saiu para dar sequência a outros projetos, Wolfman buscou manter o alto nível das histórias, mas quando ambos saíram, Novos Titãs perdeu todo seu charme e passou por maus bocados, durante anos, até que Judd Winick e Alé Garza realizaram Titãs/Justiça Jovem: Dia de Formatura e mudaram o rumo dos Novos Titãs, que seguiram com excelentes histórias escritas por Geoff Johns e desenhadas por Mike McKone.
Na continuação vemos o primeiro encontro dos jovens ajudantes de super-heróis (ou sidekicks).
Como bem se sabe, Robin foi o primeiro ajudante adolescente de super-herói a surgir nos quadrinhos na revista Detective Comics #38 (abril de 1940), dando início a uma sequência de criação de jovens parceiros para os super-heróis, como, por exemplo, Bucky Barnes (ajudante do Capitão América, Capitão Marvel Jr. E Mary Marvel (ajudantes do Capitão Marvel), Centelha (ajudante do Tocha Humana), Ricardito – ou Speedy – (ajudante do Arqueiro Verde), Sandy (ajudante do vigilante Sandman), e daí por diante. Alguns tinham super-poderes, outros não. Alguns tinham fantasias, outros não.
Quando a Era de Prata chegou, novos ajudantes adolescentes apareceram como Kid Flash (Ajudante do Flash da Era de Prata) e Aqualad (ajudante do Aquaman). Com isso, a DC Comics que tinha, anos antes, feito o primeiro encontro entre os super-heróis da Era de Prata, criando a Liga da Justiça, decidiu fazer um encontro entre os jovens ajudantes e deixaram a responsabilidade disso para o roteirista Bob Haney e o desenhista Bruno Premiani na revista The Brave and The Bold #54 (julho de 1964), que unia Robin, Kid Flash e Aqualad contra o Sr. Ciclone, um homem que vai a uma cidade exigir uma herança a ser paga, mas quando não consegue sequestra todos os jovens, fazendo-os trabalhar para ele. Assim os três jovens heróis precisavam salvar os jovens e deter o vilão.
O interessante é que o encontro foi aleatório, não gerando um grupo. Mas um ano depois, na edição 60 de The Brave and The Bold (julho de 1965), Bob Haney os une novamente e cria a Moça-Maravilha (irmã da Mulher-Maravilha) para enfrentarem o Homem-Separado e, pela primeira vez, é mencionado o nome do grupo, Titans (aqui ficou conhecido como Turma Titã).
Na próxima edição da coleção a história será a minissérie “Trindade”, escrita e desenhada pelo artista inglês Matt Wagner, onde Batman, Superman e Mulher-Maravilha enfrentam Ra’s Al Ghul e seu grupo de terroristas. A história entrou pro cânone da DC Comics como o primeiro encontro dos três maiores heróis da editora, ignorando a minissérie Lendas, de John Byrne. Mas é impressionante o respeito de Wagner pelas histórias de cada personagem.

A Coleção DC Comics de Graphic Novels da Eaglemoss pode ser adquirida em bancas e lojas especializadas. Ela também pode ser encontrada na loja virtual da Eaglemoss Collections Brasil, principalmente para aqueles que desejam completar sua coleção. No site da Eaglemoss Brasil você também pode fazer assinaturas da coleção, ganhando brindes bem especiais.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

RESENHA SÉRIES: Stranger Things (2016).

STRANGER THINGS (2016).

Roteiros: Matt Duffer, Ross Duffer, Jessie Nickson-Lopez, Paul Ditcher, Justin Doble, Jessica Mecklenburg.
Direção: Matt Duffer, Ross Duffer, Shawn Levy.
Elenco: Finn Wolfhard, Noah Schnapp, Caleb McLaughlin, Gaten Matarazzo, Millie Bobby Brown, Winona Ryder, David Harbour, Charlie Heaton, Matthew Modine, Natalie Dyer, Joe Keery.

Mike Wheeler (Finn Wolfhard), Will Byers (Noah Schnapp), Lucas Sinclair (Caleb McLaughlin) e Dustin Henderson (Gaten Matarazzo) são quatro crianças que tem uma amizade incrível. Eles jogam RPG até tarde da noite na casa de Mike, passeiam de bicicleta juntos e sofrem bullying juntos, por serem diferentes e gostarem de coisas que outros não gostam. Isso é 1983. Mas sua cidade possui uma base secreta do governo, liderada pelo Dr. Martin Brenner (Matthew Modine), onde experiências macabras vêm ocorrendo.
Uma noite, alguma coisa foge da base e vai parar na cidade. Esta coisa persegue Will e o rapta, deixando sua mãe Joyce (Winona Ryder) e seu irmão Jonathan (Charlie Heaton) desesperados em encontra-lo, ficando no pé do xerife Hopper (David Harbour) para descobrir onde ele está. Mesmo com um toque de recolher de terminado pela polícia local, os amigos de Will, Mike, Lucas e Dustin, saem em sua busca. Nesse ínterim, uma jovem aparece em uma lanchonete local e seu dono a alimenta, mas algo drástico acontece, fazendo-a fugir.
Mike, Lucas e Dustin adentram na Floresta, onde aparentemente Will desapareceu e terminam encontrando a jovem que se chama Onze (Millie Bobby Brown). Ela vai com Mike para sua casa e, mesmo pouco comunicativa, cativa o menino que a coloca escondida no porão de sua casa, alimentando-a e buscando comunicar-se com ela. Will então descobre que Onze – carinhosamente chamada de On – sabe sobre Will. Nesse meio tempo, a irmã de Will, Nancy (Natalie Dyer), que namora Steve Harrington (Joe Keery), vai a uma festa privada na casa de seu namorado com sua amiga Barbara Holland (Shannon Purser), só que Nancy a despensa e, chateada, Barbara fica na piscina e, quando uma sombra salta sobre ela, esta desaparece.
Onze demonstra ter poderes incríveis de telecinesia, o que deixa os três amigos assustados e admirados com a menina. Juntos, em uma direção diferentes de investigação, eles vão em busca de Will, mas são perseguidos por pessoas da base militar, que desejam pegar Onze e leva-la de volta, nem que para isso precisem matar todos que cruzarem seu caminho.
“Stranger Things” – sem tradução em português, ainda – é uma daquelas histórias que lhe leva aos clássicos da década de 1980 como “E.T.”, “Os Goonies”, “Conta Comigo” e “Viagem ao Mundo dos Sonhos”, além de trazer lembranças do filme “Super 8”, de J.J. Abrams e Steven Spielberg. As lembranças não vêm por causa do enredo, mas sim por causa da amizade que se torna um dos pontos centrais da história.
Essa amizade se inicia com Mike, Will, Lucas e Dustin, interpretados pelos atores-mirins Finn Wolhard (The 100, Supernatural), Noah Schnapp (Ponte dos Espiões, Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o filme), Caleb McLaughlin (Forever, Shades of Blue) e Gaten Matarazzo (The Blacklist), quando Will desaparece o laço de amizade se fortalece, fazendo-os ir atrás do amigo e, depois que Onze surge – interpretada pela atriz Millie Bobby Brown (Era Uma Vez no País das Maravilhas, Intruders) – essa amizade parece ser abalada por ciúmes e desconfianças, por causa da troca de atenções.
Estamos falando de crianças de 9 ou 10 anos de idade, em plena década de 1980, onde a amizade era mais importante do que o afeto por uma menina. Mas também temos outros fatores que constam nos filmes citados, como a relação entre adolescentes, a afeição – e, às vezes, a incompreensão – dos pais.
As referências à cultura dos anos de 1980, nos Estados Unidos, está em todo filme. Desde as músicas, a forma de se vestir, os cortes de cabelos e as referências a cultura nerd, de X-Men, de Chris Claremont e John Byrne a O Senhor dos Anéis, passando por Dugeons & Dragons. As pessoas consideradas diferentes (nerds ou freaks) ou eram excluídas ou eram desordeiros, pois não se encaixavam no padrão burguês de cidade pequena, onde os mais favorecidos se sobressaíam sobre os menos favorecidos, e sempre eram maltratados ou injustiçados. Mas o ponto mais importante de “Stranger Things” está na ficção científica.
O mistério por trás de quem Onze é, qual o motivo dela estar ali, como ela conseguiu seus poderes e que ligação ela tem com o monstro que rapta as pessoas da cidade, é o que povoa toda a série. Desde o primeiro minuto da série até seu fim memorável, todo esse ar de mistério, intriga e suspense está dentro de “Stranger Things”. Os irmãos Duffer fazem você viajar no tempo e ao mesmo tempo te prende, do começo ao fim, para compreender como Onze se encaixa na trama e porquê o monstro sequestra as pessoas da cidade. Algumas conclusões pode-se tirar logo nas primeiras cenas da série, mas só vamos entender tudo no transcorrer desta.

“Stranger Things” entra pro hall das melhores series lançadas exclusivamente pelo Netflix, junto com Demolidor, Jessica Jones, Sense8 e Scream, pois além de me levar de volta no tempo, me deixou feliz, emocionado e intrigado com toda a sua história. A série termina com mais intrigas e mistérios, por isso espero que a segunda temporada surja em breve para que possamos desvendar os casos sem resposta.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

RESENHA CINEMA: Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 2016)

CAÇA-FANTASMAS (Ghostbusters, 2016)

Direção: Paul Feig
Roteiro: Katie Dippold, Paul Feig
Elenco: Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon, Leslie Jones, Chris Hemsworth, Neil Casey, Andy Garcia, Cecile Strong, Bill Murray, Annie Potts, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Sigourney Weaver, Karan Soni.

Erin Gilbert (Kristen Wiig) é uma renomada cientista que trabalha em uma das maiores universidades dos Estados Unidos e concorre a um dos cargos mais altos dentro desta. Quando o dono de uma mansão assombrada lhe visita, fala sobre um livro que ela e sua ex-melhor amiga, Abby Yates (Melissa McCarthy), haviam publicado anos atrás e retornou, para assombra-la.
Erin então vai visitar Abby, que agora trabalha com a inventora Jillian Holtzmann (Kate McKinnon). Ela descobre que as duas estão obsessivas em descobrir fantasmas e quando ficam sabendo da mansão assombrada, convencem Erin a ir com elas. Após as três testemunharem um fenômeno sobrenatural, Erin termina expulsa da universidade. Sem emprego, se junta a Abby e Jillian para ir atrás de fantasmas, poltergeists e fenômenos sobrenaturais. Elas alugam um antigo restaurante chinês e contratam como atendente Kevin (Chris Hemsworth), um homem enorme, musculoso, mas bem... inocente, que conquista o coração de Erin.
Como primeira missão, são chamadas pela atendente do metrô, Patty Tolan (Leslie Jones) para verificar um incidente no metrô de Nova Iorque onde apareceu um fantasma aterrorizante. Lá elas descobrem pedaços de um dispositivo que pode ser responsável pelas anomalias fantasmagóricas que vêm aparecendo. Dessa forma, elas decidem que precisam impedir que essa anomalia aconteça, antes que seja tarde demais. Mesmo contra os desejos do prefeito, as Caça-Fantasmas pretendem deter o responsável por tudo que vem ocorrendo.
Eu sou uma pessoa que assistiu a primeira versão dos Caça-Fantasmas no cinema. Tive a oportunidade de testemunhar esse acontecimento. Cresci convivendo com a ideia que um dia Harold Ramis, Dan Aykroyd, Bill Murray e Ernie Hudson vestiriam seus trajes cinzas e voltariam a caçar fantasmas pelas ruas de Nova Iorque. Essa esperança começou a se desfazer quando Ramis se tornou membro da casta superior, nos deixando em 24 de fevereiro de 2014. Nesse dia perdemos Egon Spengler. Mas então veio a notícia que uma nova visão estava surgindo para esse grupo histórico. Um remake estava sendo escrito por Katie Dippold e Paul Feig.
Feig também seria o diretor desse novo filme que traria um elenco totalmente novo e diferente, pois quem vestiria o macacão de Caça-Fantasmas seriam quatro mulheres. Muito poderão pensar que sou sexista, misógino, mas eu era uma pessoa que crescera assistindo o desenho dos Caça-Fantasmas, havia assistido aos dois filmes no cinema. Cheguei a usar o topete do Egon (mas foi meu irmão que ganhou o apelido, pois além do “mullet” ele tinha os óculos vermelhos, igualzinho do desenho animado), ou seja, eu era um fascinado pelos Caça-Fantasmas. Então eu hostilizei no começo o filme, fui um dos haters que achava que o filme não daria certo. Mas tomei como lema a seguinte iniciativa: “respeite o passado, abrace o futuro” e comecei a olhar para o filme com outros olhares.
Ao entrar no cinema para assistir “Caça-Fantasmas”, vou ser sincero, estava temeroso da decepção. Mas foi totalmente ao contrário, pois eu me diverti muito com a história.
“Caça-Fantasmas” é definitivamente um remake. Vemos claras homenagens em todo o filme, desde o Ecto-1 – com um estilo bem diferente, mas ainda é um rabecão – até a mochila de prótons (que dessa vez é uma criação da inventora Jillian), mas a história toma outro rumo e tudo tem um objetivo de aparição no filme. As heroínas, diferentes dos Caça-Fantasmas originais, são descreditadas rapidamente, pois pode causar uma histeria na sociedade nova-iorquina, e isso é algo que um prefeito de Nova Iorque deseja evitar ao máximo. Elas não criam uma carreira antes de serem caçadas, pelo contrário, elas são evitadas, restringidas e, constantemente, desacreditadas. Lembra muito o lance da mulher procurando seu espaço na sociedade machista, mas fica mais para o lance de pessoas crentes em aparições e acontecimentos paranormais sendo constantemente desacreditados, se tornando uma mistura dessas duas ideias.
É interessante ver que como o filme segue um caminho de humor bem diferente do original, também. Enquanto no filme de 1984 buscava-se um humor mais... comportado, no novo filme vemos momentos de pura euforia, nos quais é difícil segurar o riso. Seja nas conversas atrapalhadas entre as Caça-Fantasmas ou em cenas hilárias, você consegue uma diversão sem igual. Mas Feig tem um único problema, a ação morosa.
Tá, o original não tem uma ação desenfreada, mas pelo menos tem aqueles momentos aos quais você sabe que algo totalmente louco acontecerá. Já o novo filme tem cenas longas com falas cansativas que, em uma visão bem pessoal, poderiam ser resolvidas de formas mais rápidas.
Fica difícil não ficar com essas comparações, mas ainda sou uma pessoa presa ao passado, então me perdoem.
Já o elenco é simplesmente agradabilíssimo de se ver junto.
Desde que anunciaram que Melissa McCarthy estrearia o filme, eu pensei que tudo se concentraria somente nela, mas não é isso que se vê. Melissa tem uma participação muito significativa, mas as cenas são muito bem divididas entre todos os membros do elenco principal. A interação entre McCarthy, Wiig, McKinnon e Jones é maravilhosa. Elas se completam em cena. McCarthy faz o estilo da cientista crente, mas receosa e amargurada, enquanto Wiig já é a cientista apreensiva e motivada a fazer os outros creem no mesmo que ela. McKinnon é uma das figuras mais delirantes do filme. Ela é engraçada e, devido à loucura que interpreta como Holtz – as vezes dá medo. Ela sempre surge com novas invenções, ela tem os momentos mais hilários com suas criações, e suas gags são fantásticas. McKinnon constantemente brica com o tom de voz, indo do grave ao agudo, demonstrando o quão lunática sua personagem é. Já Jones tem cenas das mais memoráveis. Seja fugindo de um fantasma no metrô ou tendo um demônio pousado em seus ombros, Leslie Jones demonstra todos seu talento como comediante e atriz.
Mas o filme tem outros grandes atores como Andy Garcia como o prefeito Bradley, que constantemente tenta parar as Caça-Fantasmas. Temos também sua assistente Jennifer Lynch, interpretada pela atriz Cecily Strong, que com sua forma meiga, sempre desmerece as Caça-Fantasmas.
E não podemos esquecer das participações especiais no decorrer do filme. Feig foi estratégico ao usar cada um dos atores – com exceção de Rick Moranis – que participaram do elenco de “Os Caça-Fantasmas” e “Os Caça-Fantasmas 2”. E não pensem que somente verão os vivos, pois até mesmo Harold Ramis está lá, em uma linda homenagem ao ator.

“Caça-Fantasmas” não vem para substituir nada, mas sim para criar uma nova direção para um clássico. Aquele lema que mencionei e quem venho seguindo funciona muito bem em “Caça-Fantasmas”, pois eles respeitam o passado do clássico e nos fazem abraçar um futuro maravilhoso que, espero eu, renda outros filmes.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Watchmen, um clássico que não envelhece.

Douglas Joker, do blog Ozymandias Realista, me pediu para escrever um curto texto falando sobre um dos maiores clássicos dos quadrinhos ocidentais, conhecido como divisor de águas entre a Era de Bronze e a Era de Ferro dos quadrinhos (também conhecida como Era das Trevas ou como Era Moderna), Watchmen. Sendo assim, com todo o prazer do mundo, tentarei fazer esse texto curto.
Quando foi escrita e desenhada em 1986 por Alan Moore e Dave Gibbons, a história trazia um assassino de vigilantes. Ele mata Edward Blake, um vigilante conhecido com Comediante. Ele havia surgido na década de 1940 e, de lá para cá, tornou-se um agente do governo dos Estados Unidos, agindo em operações especiais no Vietnã e fazendo serviços escusos. Outro vigilante, Rorschach, decide investigar a morte do imoral Vigilante e acredita que isso tenha a ver com um antigo inimigo do grupo ao qual fazia parte, os Minutemen, Moloch. Descobrindo que o buraco era mais fundo do que imaginava, Rorschach procura seu antigo colega de equipe, o Coruja, para que ajude-o na investigação. Tendo uma negativa, ele decide seguir com a própria forma de obter informações, mas termina preso. Nesse meio tempo, Daniel Dreiberg, o alter ego do Coruja, reencontra a colega de equipe Laurie Juspeczyk, também conhecida como Espectral, que busca uma vida diferente da que vive com o Dr. Manhattan, um ser incrivelmente poderoso.
Laurie e Dan têm vários encontros e chegam a – quase – ter relações, mas quando descobrem que Rorschach foi pego pela polícia e acusado pela morte de Moloch, eles decidem ir em busca de resgatar o companheiro. Nisso, ambos salvam pessoas de um prédio em chamas e a adrenalina do salvamento incendia o clima entre ambos. Eles salvam Rorschach e partem para uma investigação mais profunda e descobrem que tudo tem a ver com outro antigo colega de equipe, Ozymandias. Antes disso, Dan chegou a procurar Adrian Veidt, o alter ego de Ozymandias, para coloca-lo a par da teoria de Rorschach. Adrian tornou-se um megaempresário vendendo produtor ligados aos Minutemen e o perfume Nostalgia. Seu tino para os negócios vem da sua supra inteligência, que ele usou não somente para o combate ao crime, mas também para conseguir tudo o que desejava.
Antes de partirem atrás de Ozymandias, Laurie é visitada pelo Dr. Manhattan que a leva para Marte, onde ele construíra um palácio de vidro e lá explica que nada do que eles possam vir a fazer terá solução, pois eles estão fadados ao fracasso, sempre. Que tudo é momentâneo, nenhuma vitória é definitiva. Enquanto isso, Coruja e Rorschach partem para o Ártico, onde Ozymandias tem uma base e iniciou um ataque monumental, arquitetado por ele durante anos. Para esse ataque, Adrian contratou as maiores mentes do mundo e fez com que construíssem um monstro com aspectos alienígenas. Ele então decidiu soltar o monstro no centro comercial de Nova York, destruindo tudo e dando uma nova ordem mundial onde a paz seria estabelecida.
Bem, esse enredo confuso que coloquei antes da minha análise pega somente pequenos meandros do que é a história em um todo. Watchmen se tornou um fenômeno por mostrar os heróis, que mais são pessoas comuns que usam fantasias – com grande exceção para o Dr. Manhattan – que decidiram que poderiam fazer mais do que somente ver crime acontecendo. Alguns surgiram pela necessidade, outros surgiram por motivos estritamente comerciais. Alguns usavam sua alta capacidade de imaginação – e de condições financeiras – para conseguir ir além. Eram pessoas cansadas da monotonia do dia-a-dia ou cansados de ver injustiças.
Isso torna Watchmen um fenômeno especial, pois vai além dos superpoderes que geralmente vemos em revistas da DC Comics e da Marvel Comics – as duas principais da época –, pois o que move os personagens não são poderes incríveis, mas sim sua vontade de fazer a diferença. Eles são heróis, como um bombeiro que socorre uma pessoa em um incêndio ou um policial que corre riscos para salvar outros de bandidos. Eles são queridos ou odiados, pois nem todos os querem resolvendo seus problemas.
Uma das coisas que percebemos, também, é que Alan Moore busca nos mostrar como seria o mundo influenciado por eles. Como seria os Estados Unidos se o Dr. Manhattan tivesse participado da guerra do Vietnã? Se ele tivesse influenciado o desenvolvimento do mundo, nossas fontes de energia, nossa política – principalmente dos Estados Unidos, já que Nixon ainda continua sendo presidente na década de 1980.
Não vemos esses aspectos em outros quadrinhos, mas esse tipo de ação sempre foi algo que Moore trabalhou na sua época escrevendo para a publicação inglesa Warrior, como foi o caso de “V de Vingança”, onde uma sociedade distópica é comandada por uma máquina, que mudou tudo até um rebelde anárquico decide destruir tudo. No caso de Watchmen, vemos um homem extremamente inteligente vendo a paz na destruição e usando dessa forma para conseguir seu objetivo, não importando com quantas vidas sejam perdidas, desde que a humanidade fique em paz.
Watchmen mudou a forma de se ver os quadrinhos como aventuras superheróicas, mudou a forma de se olhar para os heróis somente como salvadores e também criou questionamentos de como seria nossa vida com suas interferências. Tá, alguns poderão falar que a Marvel Comics já havia criado super-heróis que não eram aceitos pela a humanidade, mas uma questão que nunca se pensou era: eles resolvem mesmo as coisas? Eles criam situações definitivas? Eles são super-heróis? Sem contar que – mencionando novamente –, com exceção de Dr. Manhattan que está mais para um deus do que um super-herói, todos são heróis fantasiados. Sim, estou sendo repetitivo, mas é Watchmen, ou seja, uma história que nos mostra heróis fantasiados.
Desculpe, Douglas Joker, mas é bem complexo falar de Watchmen e ser breve. O que me entristece foram as tentativas de revitalizar essa obra-prima com Antes de Watchmen. Mesmo com talentosos roteiristas e desenhistas, foi frustrante, pois não captou toda a essência da obra. Bem como o filme de 2009, com roteiro de Alex Tsé e David Hayter e direção de Zack Snyder, que mesmo na sua versão estendida não consegue nem a metade da representação da minissérie que revolucionou o mundo dos quadrinhos e continua sendo uma das melhores obras já realizadas.

Watchmen completa 30 anos de publicação e continua sendo algo único e absoluto.

domingo, 10 de julho de 2016

RESENHA HQ: Justiceiro MAX: Frank (Punisher MAX: Frank).

JUSTICEIRO MAX: FRANK (Punisher MAX: Frank).

Roteiro: Jason Aaron
Arte: Steve Dillon
Editora: MAX Comics (BR: Panini Books)
Ano: 2012 (BR: 2016)
Pág.: 116

Depois de encarar o Mercenário, Frank Castle vai parar na prisão da Ilha Ryker, onde muitos dos prisioneiros foram parar lá graças a ele e, com isso, desejam ser os responsáveis por sua morte para ficarem famosos, mas quem terá coragem? Será ousado de matar o Justiceiro? Nesse interim, também conhecemos mais a fundo a história por trás do que Frank Castle se tornou, há 36 anos. Quando ele saiu do Vietnã, seu retorno para casa, suas frustrações, empregos, conquistas e perdas, que o levaram ao Justiceiro.
Jason Aaron novamente assina essa obra prima para a MAX Comics, a linha adulta da Marvel Comics que teve suas últimas publicações encerradas em 2014 e, depois disso, não teve novas edições publicadas.
Aaron consegue nos dar drama e ação ao mesmo tempo. A narrativa da história é empolgante e extasiante, pois você sente os conflitos que passam por Castle, desde a última vez que ele enfrentou o Mercenário. Ele se encontra em um dilema sobre se permanecerá vivo ou não, se deixará os que desejam mata-lo, continuar o serviço ou se os deterá. Uma outra coisa que Aaron mostra na história é que Frank Castle sempre foi aquilo que ele se tornou, somente os acontecimentos da morte de sua esposa e filhos – sério que se considerarem isso spoiler, vocês não conhecem NADA sobre o Justiceiro – o deram liberdade o suficiente para soltar sua fera interior.

Munido ao roteiro de Aaron temos a maravilhosa arte de Steve Dillon.
Cada linha de expressão, cada pequeno detalhe ganha mais vida nos traços de Dillon. Desde a primeira vez que vi sua forma de desenhar em Preacher que me tornei um fã do trabalho magnífico de Steve Dillon, que sempre se preocupa com nos dar o máximo de realidade com seus traços. Ele se preocupa em marcar o rosto de Castle com os traços do tempo, ao mesmo tempo que consegue nos mostrar a apatia do personagem, depois que este retorna do Vietnã. Ele mostra o sofrimento de Maria ao perceber que seu marido voltara diferente. Ele expressa a loucura, o medo, a raiva com suas linhas finas e bem detalhadas, rejuvenescendo e envelhecendo-os quando necessário. Vemos esses detalhes em Frank Castle e na grande participação especial de Nick Fury. Dillon sempre se preocupa com detalhes mínimos para nos dar o melhor da história.


“Justiceiro MAX: Frank” é uma história na qual conhecemos mais todos os aspectos por traz da transformação do fuzileiro Frank Castle no vigilante Justiceiro e se ele decidirá ou não sobreviver.