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sexta-feira, 15 de julho de 2016

RESENHA CINEMA: Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 2016)

CAÇA-FANTASMAS (Ghostbusters, 2016)

Direção: Paul Feig
Roteiro: Katie Dippold, Paul Feig
Elenco: Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon, Leslie Jones, Chris Hemsworth, Neil Casey, Andy Garcia, Cecile Strong, Bill Murray, Annie Potts, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Sigourney Weaver, Karan Soni.

Erin Gilbert (Kristen Wiig) é uma renomada cientista que trabalha em uma das maiores universidades dos Estados Unidos e concorre a um dos cargos mais altos dentro desta. Quando o dono de uma mansão assombrada lhe visita, fala sobre um livro que ela e sua ex-melhor amiga, Abby Yates (Melissa McCarthy), haviam publicado anos atrás e retornou, para assombra-la.
Erin então vai visitar Abby, que agora trabalha com a inventora Jillian Holtzmann (Kate McKinnon). Ela descobre que as duas estão obsessivas em descobrir fantasmas e quando ficam sabendo da mansão assombrada, convencem Erin a ir com elas. Após as três testemunharem um fenômeno sobrenatural, Erin termina expulsa da universidade. Sem emprego, se junta a Abby e Jillian para ir atrás de fantasmas, poltergeists e fenômenos sobrenaturais. Elas alugam um antigo restaurante chinês e contratam como atendente Kevin (Chris Hemsworth), um homem enorme, musculoso, mas bem... inocente, que conquista o coração de Erin.
Como primeira missão, são chamadas pela atendente do metrô, Patty Tolan (Leslie Jones) para verificar um incidente no metrô de Nova Iorque onde apareceu um fantasma aterrorizante. Lá elas descobrem pedaços de um dispositivo que pode ser responsável pelas anomalias fantasmagóricas que vêm aparecendo. Dessa forma, elas decidem que precisam impedir que essa anomalia aconteça, antes que seja tarde demais. Mesmo contra os desejos do prefeito, as Caça-Fantasmas pretendem deter o responsável por tudo que vem ocorrendo.
Eu sou uma pessoa que assistiu a primeira versão dos Caça-Fantasmas no cinema. Tive a oportunidade de testemunhar esse acontecimento. Cresci convivendo com a ideia que um dia Harold Ramis, Dan Aykroyd, Bill Murray e Ernie Hudson vestiriam seus trajes cinzas e voltariam a caçar fantasmas pelas ruas de Nova Iorque. Essa esperança começou a se desfazer quando Ramis se tornou membro da casta superior, nos deixando em 24 de fevereiro de 2014. Nesse dia perdemos Egon Spengler. Mas então veio a notícia que uma nova visão estava surgindo para esse grupo histórico. Um remake estava sendo escrito por Katie Dippold e Paul Feig.
Feig também seria o diretor desse novo filme que traria um elenco totalmente novo e diferente, pois quem vestiria o macacão de Caça-Fantasmas seriam quatro mulheres. Muito poderão pensar que sou sexista, misógino, mas eu era uma pessoa que crescera assistindo o desenho dos Caça-Fantasmas, havia assistido aos dois filmes no cinema. Cheguei a usar o topete do Egon (mas foi meu irmão que ganhou o apelido, pois além do “mullet” ele tinha os óculos vermelhos, igualzinho do desenho animado), ou seja, eu era um fascinado pelos Caça-Fantasmas. Então eu hostilizei no começo o filme, fui um dos haters que achava que o filme não daria certo. Mas tomei como lema a seguinte iniciativa: “respeite o passado, abrace o futuro” e comecei a olhar para o filme com outros olhares.
Ao entrar no cinema para assistir “Caça-Fantasmas”, vou ser sincero, estava temeroso da decepção. Mas foi totalmente ao contrário, pois eu me diverti muito com a história.
“Caça-Fantasmas” é definitivamente um remake. Vemos claras homenagens em todo o filme, desde o Ecto-1 – com um estilo bem diferente, mas ainda é um rabecão – até a mochila de prótons (que dessa vez é uma criação da inventora Jillian), mas a história toma outro rumo e tudo tem um objetivo de aparição no filme. As heroínas, diferentes dos Caça-Fantasmas originais, são descreditadas rapidamente, pois pode causar uma histeria na sociedade nova-iorquina, e isso é algo que um prefeito de Nova Iorque deseja evitar ao máximo. Elas não criam uma carreira antes de serem caçadas, pelo contrário, elas são evitadas, restringidas e, constantemente, desacreditadas. Lembra muito o lance da mulher procurando seu espaço na sociedade machista, mas fica mais para o lance de pessoas crentes em aparições e acontecimentos paranormais sendo constantemente desacreditados, se tornando uma mistura dessas duas ideias.
É interessante ver que como o filme segue um caminho de humor bem diferente do original, também. Enquanto no filme de 1984 buscava-se um humor mais... comportado, no novo filme vemos momentos de pura euforia, nos quais é difícil segurar o riso. Seja nas conversas atrapalhadas entre as Caça-Fantasmas ou em cenas hilárias, você consegue uma diversão sem igual. Mas Feig tem um único problema, a ação morosa.
Tá, o original não tem uma ação desenfreada, mas pelo menos tem aqueles momentos aos quais você sabe que algo totalmente louco acontecerá. Já o novo filme tem cenas longas com falas cansativas que, em uma visão bem pessoal, poderiam ser resolvidas de formas mais rápidas.
Fica difícil não ficar com essas comparações, mas ainda sou uma pessoa presa ao passado, então me perdoem.
Já o elenco é simplesmente agradabilíssimo de se ver junto.
Desde que anunciaram que Melissa McCarthy estrearia o filme, eu pensei que tudo se concentraria somente nela, mas não é isso que se vê. Melissa tem uma participação muito significativa, mas as cenas são muito bem divididas entre todos os membros do elenco principal. A interação entre McCarthy, Wiig, McKinnon e Jones é maravilhosa. Elas se completam em cena. McCarthy faz o estilo da cientista crente, mas receosa e amargurada, enquanto Wiig já é a cientista apreensiva e motivada a fazer os outros creem no mesmo que ela. McKinnon é uma das figuras mais delirantes do filme. Ela é engraçada e, devido à loucura que interpreta como Holtz – as vezes dá medo. Ela sempre surge com novas invenções, ela tem os momentos mais hilários com suas criações, e suas gags são fantásticas. McKinnon constantemente brica com o tom de voz, indo do grave ao agudo, demonstrando o quão lunática sua personagem é. Já Jones tem cenas das mais memoráveis. Seja fugindo de um fantasma no metrô ou tendo um demônio pousado em seus ombros, Leslie Jones demonstra todos seu talento como comediante e atriz.
Mas o filme tem outros grandes atores como Andy Garcia como o prefeito Bradley, que constantemente tenta parar as Caça-Fantasmas. Temos também sua assistente Jennifer Lynch, interpretada pela atriz Cecily Strong, que com sua forma meiga, sempre desmerece as Caça-Fantasmas.
E não podemos esquecer das participações especiais no decorrer do filme. Feig foi estratégico ao usar cada um dos atores – com exceção de Rick Moranis – que participaram do elenco de “Os Caça-Fantasmas” e “Os Caça-Fantasmas 2”. E não pensem que somente verão os vivos, pois até mesmo Harold Ramis está lá, em uma linda homenagem ao ator.

“Caça-Fantasmas” não vem para substituir nada, mas sim para criar uma nova direção para um clássico. Aquele lema que mencionei e quem venho seguindo funciona muito bem em “Caça-Fantasmas”, pois eles respeitam o passado do clássico e nos fazem abraçar um futuro maravilhoso que, espero eu, renda outros filmes.

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