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domingo, 29 de outubro de 2017

RESENHA HQ: Surfista Prateado: Réquiem (The Silver Surfer: Requiem)

SURFISTA PRATEADO: RÉQUIEM (The Silver Surfer: Requiem).

Roteiro: J. Michael Stravzynski
Arte: Esad Ribic
Editora: Marvel Comics (BR: Panini Comics)
Ano: 2007 (BR: 2008)
Pág.: 96

RÉQUIEM
1     Rubrica: liturgia.
prece que a Igreja faz para os mortos
2     Rubrica: música.
         composição sobre o texto litúrgico da missa dos mortos cujo introito começa com as palavras latinas requiem aeternam ('repouso eterno')

Norrin Radd, o Surfista Prateado, desde que conseguiu ser liberado de sua prisão na Terra, vem explorando o espaço sobre sua prancha. Suas explorações, sem a necessidade de ser o arauto de Galactus, o Devorados de Mundos, vem lhe trazendo sabedoria e esclarecimento. Mas nem tudo é eterno e ele precisa descobrir o que mais pode fazer pelos mortais que conhece e que conhecera ao singrar o espaço sideral.
“Surfista Prateado: Réquiem” é uma obra prima de J. Michael Straczynski e Esad Ribic, onde a essência do personagem é extremamente necessária para o desenvolvimento do enredo.
O Surfista Prateado retorna à Terra, pois descobriu que algo está acontecendo e precisa da ajuda dos velhos amigos do Quarteto Fantástico. Nesse meio tempo, ele encontra o Homem-Aranha para conversarem sobre a necessidade de um mundo melhor e a dificuldade de isso ocorrer. Norrin também encontra seu velho companheiro do grupo Os Defensores, Doutor Estranho, que lhe dá um presente único, antes de sua partida.
No espaço, Surfista Prateado faz novas descobertas sobre devoção e fanatismo, sobre cooperação e exploração, até chegar a Zenn-La, seu antigo lar ao lado da bela Shalla-Bal. Em seu antigo planeta, ele descobre que todo seu sacríficio foi gratificado com o povo reconhecendo o que ele fizera. Isso tudo sobre a arte do pincel de Esad Ribic.
Ribic tem um capricho significativo nesse trabalho com o Surfista Prateado. A forma que ele trabalha a luminosidade e os efeitos na pele prateada de Norrin Radd é linda. Ele dá, ao trabalho, sua própria perspectiva dos personagens, não muito diferente do que fez em Loki ou em outros trabalhos desenvolvidos com a Marvel. Sua forma de interpretar o Quarteto Fantástico, o Homem-Aranha, Mary Jane, Doutor Estranho, Shalla-Bal e Galactus, são de um tom artístico fantástico.

“Surfista Prateado: Réquiem” é uma excelente obra de um personagem que se tornou um filósofo da vida humana, mesmo não sendo humano. A interpretação de Straczynski – que já realizou trabalhos com o Homem-Aranha, entre outros personagens – cria um novo aspecto  que não havia – ainda – sido pensado para o personagem. Pena que a Panini ainda não lançou um encadernado desse trabalho, pois com certeza merecia, mesmo com capa brochura, como a Marvel Comics fez em 2008. Vamos torcer que não demore.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

RESENHA HQ: Como falar com garotas em festas (How to talk to girls at parties)

COMO FALAR COM GAROTAS EM FESTAS (How to talk to girls at parties).

Autor: Neil Gaiman
Arte: Fábio Moon e Gabriel Bá
Editora: Headline Publishing Group (BR: Quadrinhos na Cia.)
Ano: 2016 (BR: 2017)
Pág.: 80
Enn e seu amigo Vic chegam a uma festa que, supostamente, eles haviam sido convidados. Nela, várias moças estão festejando e dançando ao som de uma música diferente. Ambos têm quinze anos e estão em plena juventude dos anos de 1970, contagiados pela onde punk que invadia o Reino Unido na época. Mas tem algo estranho e diferente com as moças que, aparentemente, eram de “intercâmbio”. Enn busca, pela primeira vez, conseguir conversar com uma garota, mas esse algo diferente o leva a encontrar novidades na forma de se conversar com uma garota em uma festa sem igual.
Logo quando entrei para o grupo do Facebook “Revista Mundo dos Super-Heróis”, conheci uma pessoa que me apresentou esse conto do Neil Gaiman, “Como falar com garotas em festas”. Quando eu li, estava começando a conhecer o trabalho de Neil Gaiman, nem havia lido Sandman ainda, somente 1602, uma minissérie que ele havia escrito para a Marvel. Eu achei fora do comum o conto desse inglês. Mistura o movimento punk com uma ficção científica envolvida em uma comédia, com tons de terror. Como eu escrevi, é fora do comum.
Enn é um rapaz, como muitos de nós fomos – ou somos –, em busca de ter a primeira relação com uma moça. Tímido, não muito atraente, ele não sabe como chegar em meninas e, por muitas vezes, está sozinho e fica para escanteio. Totalmente ao contrário de seu amigo Vic, que é bonitão, todo entrosado, conversador, sabe como chegar nas meninas sem ficar constrangido e, dificilmente, fica para escanteio em qualquer festa que eles entrem, mesmo que sejam penetras.
Se eu me identifiquei com o Enn? Na hora! As formas como ele chega nas meninas, a forma de se entrosar, chega a ser engraçado, pois eu me identifiquei no momento exato que eu li. Nunca sabendo o que falar para as garotas, ele terminava em um assunto que não entendia, o interessante desse conto do Gaiman – que ganhou os prêmios Hugo Award e Locus Award, em 2007, de Melhor História Curta e, em 09 de outubro de 2017 o filme estreou no Festival do Rio 2017, com quatro apresentações – uma no Reserva Cultural Niterói 2 e três no Estação NET Botafogo 1 –, estrelado por Alex Sharp, Elle Fanning e Nicole Kidman – é que ele retrata uma realidade que muitos vivem até os dias de hoje.
Desde a década de 1970, em pleno movimento punk, até o atual século XXI, sempre tem um Enn em um canto de uma festa que mal consegue falar com garotas, acuado, temeroso em não saber o que falar com uma menina.
Já a arte de Fábio Moon e Gabriel Bá torna o conto ainda mais interessante. Eu não conheço Londres, mas achei fantástica a ambientação que eles deram à história, sem contar os personagens, pois o Enn me fez lembrar, no exato momento que o vi, do autor Neil Gaiman. As meninas têm uma aparência ímpar, diferente do normal, mas que são extremamente interessantes.

“Com Falar Com Garotas em Festas” é uma deliciosa história com uma arte muito bem trabalhada que deve fazer parte de qualquer coleção de quadrinhos. Vale mesmo a pena, principalmente por representar uma época importante na vida de muitos, que é a adolescência, onde começamos a aprender como conviver com outras pessoas, mesmo que sejam bem, bem diferentes.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

RESENHA HQ: Blacksad. Algum lugar em meio às sombras – Volume 1 (Blacksad. Un lugar entre las sombras)

BLACKSAD. ALGUM LUGAR EM MEIO ÀS SOMBRAS – VOLUME 1 (Blacksad. Un lugar entre las sombras).

Roteiro: Juan Diaz Canales
Arte: Juanjo Guarnido
Editora: Dargaud (BR: SESC-SP)
Ano: 2000 (BR: 2017)
Pág.: 56

John Blacksad é um detetive particular que é acusado injustamente do assassinato uma antiga namorada e, por isso, busca a todo custo descobrir quem é o verdadeiro assassino e fazer a devida justiça.
Blacksad é uma série de quadrinhos policial, lançada na Espanha em 2000. O clima das histórias tem um ambiente dos filmes policiais da década de 1940 e 1950, seguindo um estilo noir com cores e tons misturando do sombrio para tons pastéis. O mais interessante das histórias? Todos os personagens são zoomórficos. John Blacksad é um gato, os policiais são caninos, os bandidos são répteis e roedores, isso tudo em uma história em quadrinhos europeia e adulta.
Não estamos falando de algo como “Maus”, mas segue uma ideia que se assemelha, onde personagens zoomórficos representam os aspectos humanos ou, pelo menos, a ideia do autor sobre esses aspectos humanos.
Experimentei em Blacksad um tipo de enredo que não esperava ler em uma história em quadrinhos escrita e desenhada por espanhóis. Sabemos que, por anos, os italianos vêm desenvolvendo as melhores histórias em quadrinhos de faroeste com Tex Willer, mas uma história policial, com um excelente clima noir, foi uma grande surpresa.

Juan Diaz Canales, escritor da história, nos fornece uma ótima experiência com essa história policial. Ele consegue captar o clima de uma época que encanta, até os dias de hoje, as pessoas fascinadas por boas histórias de detetive. Lembrou-me de “Casablanca”, por exemplo. Sei que não é o mesmo enredo, mas senti como um clima semelhante. Canales consegue fazer com que embarquemos e admiremos a história de Blacksad.
A arte de Juanjo Guarnido é linda. Ele trabalha os personagens e o ambiente de uma forma que você reconheça o ambiente onde eles estão. Você reconhece cada ser zoomórfico e como combinam com suas personalidades, graças aos traços de Guarnido.

“Blacksad. Algum lugar em meio às sombras” é uma obra dos quadrinhos europeus que deve ser lida e apreciada, pois contém uma ótima história, uma arte deslumbrante que compõem como um todo.

domingo, 15 de outubro de 2017

RESENHA HQ: Chico Bento – Arvorada (2017)

CHICO BENTO – ARVORADA

Roteiro: Orlandeli
Arte: Orlandeli
Editora: Panini Comics
Ano: 2017
Pág.: 100

“Toda história carece di um lugar pra começá. Nem percisa di muito luxo, i coisa i tar. Pra falá a verdade, quanto mais simpres, mior. A simpricidade traz crareza. Num dexa as compriquera da vida imbaçá as vista da gente. É um oiar diferente. Donde si vê com os zóio, mas si enxerga com o coração! Essa é a história di um minino, uma ançiã i um IPÊ-AMARELO!”

Na roça onde Chico Bento mora, ele sempre se depara com as belezas da vida. Seja um riacho onde ele pesca com o primo, Zé Lelé, seja na plantação de goiabas do Nhô Lau, onde ele dana a roubar goiabas, pois são deliciosas ou seja no sorriso de Rosinha, seu eterno amor. Uma das belezas que ele se depara é o Ipê-Amarelo, uma árvore típica do Brasil, que floresce uma vez por ano e é tão breve seu florescer que, se piscar, pode perder sua beleza. Isso ele aprender com a maior sábia que já passou pela sua vida, sua avó Dita.
Apesar de termos vários dos elementos das histórias do Chico aqui, o personagem central não é ele, mas sim os ensinamentos que sua avó lhe transmitiu. Sim, os ensinamentos. Orlandeli torna essa história em mais um marco das Graphic MSP.
Iniciado em 2012, as publicações das Graphic MSP têm nos mostrado histórias fantásticas que vão desde ficção científica até histórias sobrenaturais e de aventura. Todas, da sua forma, trazem um ensinamento, uma chance de reflexão sobre determinação, perseverança, crença e amizade. Dessa vez, com arte e história do paulista Walmir Américo Orlandeli, “Chico Bento – Arvorada” é uma linda história de vida, essa, transmitida por gerações, onde a geração anterior – incorporada pela Vó Dita – transmite para a futura – no caso do nosso querido Chico Bento – ensinamentos e lições que poderá levar para uma vida.
Vó Dita é uma personagem que Maurício de Sousa criou pensando em sua avozinha. No transcorrer do tempo que ela aprece nas histórias do Chico, ela conta causos, além de transmitir ensinamentos e lições que Chico e seus leitores sempre aprendem. Tudo isso está nas oitenta páginas de história (sem contar os créditos e os extras). Orlandeli, nessa Graphic MSP, capta toda a essência do Chico Bento e suas histórias e surpreende por mostrar o quanto uma história do Chico Bento pode ser cativante e eterna. Leitores antigos reconheceram histórias esquecidas, mas também se identificaram com os sentimentos refletidos nessa história.

“Chico Bento – Arvorada” é mais um marco nas Graphic MSP, que têm-se mostrado um presente divino e gratificante.