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sábado, 31 de outubro de 2020

O Especial de Halloween do Batman


31 de outubro é o Dia das Bruxas, onde todos saem fantasiados para fazer truques ou travessuras, mas o Batman já sai por outros motivos. Conheçam as três aventuras especiais de Halloween do Cavaleiro das Trevas, além de entender um pouco mais sobre esta data, que cruzou o hemisfério norte e agora faz parte de uma tradição no Brasil, também. Adquira as três histórias em uma edição definitiva de Batman - Dia das Bruxas: https://amzn.to/3jY8NjI

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Sangue de Zeus: sexismo mítico


[O que está escrito aqui terá SPOILERS, então leia por sua conta e risco]

Não é meu lugar de fala, mas assisti a minissérie em formato de anime “Sangue de Zeus” e minha avaliação é que os irmãos Parlapanides (escreveram "Imortais", com Henry Cavill) foram totalmente sexistas na concepção da série.
Antes de continuar, quer deixar claro que sou um devoto do helenismo, que e a adoração ao deuses da tradição helênica (mais conhecida como grega), então, sei bem que nas poleis existiam a tradição de adoração dos deuses e das deusas helênicas – prefiro este termo à grega. Também sei que Hera era uma deusa extremamente ciumenta e, por vezes, tentou se vingar de Zeus incumbindo monstros e soberanos a destruir os filhos deste, fossem deuses ou semideuses. Também sei que Hera, mesmo com todos os ciúmes e o ódio pelos filhos de Zeus, nunca trairia o marido que, mesmo com suas puladas de cerca, estava ao seu lado nos piores embates dos deuses como a Titanomaquia, onde Zeus salvou todos seus irmãos das entranhas de seu pai, e a Gigantomaquia, onde Zeus e os olímpicos enfrentaram Tífon, Êquidna, entre outros gigantes e Héracles foi crucial no combate, pois ele salvou Hera de Porfírion (a versões que dizem que foi Apolo que o matou com suas flechas), e este salvamento selou a paz entre os dois, tanto que Héracles se casou com Hebe, deusa da juventude, filha de Zeus e Hera. Além do que, Hera não foi a primeira esposa de Zeus, pois ao final da Titanomaquia, Zeus desposou Têmis, mas assim que soube que um filho que era conceberia lhe tomaria o trono, a devorou e de sua cabeça, rachada pelo machado de Heféstos, nasceu Atena. Após este ato com Têmis, ele desposou Hera.
Com isso tudo, fica claro vários erros e o motivo de eu considerar esta minissérie misógina. Os dois primeiros episódios da série lembram uma Tragédia Grega, como a de Perseu e Teseu, onde o filho de Zeus nasce no ventre de uma família poderosa de um pólis – usar a palavra “rei” ou “príncipe” é anacrônico – e, quando o soberano desta pólis toma consciência disso, decide se desfazer do jovem. Também tem aspectos da Tragédia de Héracles, pois ele tem um meio-irmão que dividiu o ventre com ele. Mas, a partir do terceiro episódio, os ciúmes de Hera se tornam irascíveis e ela deseja tomar o trono de seu marido. A retratação da deusa é como a de uma mulher louca de ciúmes que faz um acordo com um grande inimigo para destronar o marido. Eu sei que nos mitos helênicos, as deusas já demonstraram irascibilidade, como no caso de Ilíada, que se inicia com uma disputa entre as deuses Atena, Hera e Afrodite, desejando saber qual delas é a mais bela, depois de Êris lançar o pomo da discórdia entre elas, e terminou com a destruição de Tróia (Ílio). Mas nunca qualquer um dos deuses cobiçou o trono de Zeus, mesmo que Atena soubesse que poderia ser a sucessora natural ao trono. Os olímpicos usavam os humanos em suas querelas, não digladiavam entre si. E aí começa o erro da história, quando coloca Hera desejando, desesperadamente, a morte de Zeus e seu lugar no trono do Olimpo.
Por que digo isso? Porque, mesmo com todos os ciúmes, com toda a ira, Hera era grata a Zeus por tê-la salvo das entranhas de seu pai. E quando Zeus aprontava das suas, ela tramava das delas, também. Como no caso do nascimento de Heféstos, que Hera concebeu sozinha, vendo que Zeus havia concebido por si só Atena. Ou todas as agruras que ela despejou sobre os filhos de Zeus que ele tivera com outras deusas ou mortais, após desposa-la. E transformar Hera em uma poderosa deusa e por isso está ao lado de Zeus, não desfaz a ideia sexista da série.
Outro ponto é que Ares, como deus da guerra, é extremamente habilidoso e poderoso, concordo em gênero, grau e número, mas ele tem uma contraparte feminina tão poderosa e tão mortal quanto ele, Atena. Mas aonde está a deusa? Ela somente aparece com “figurante” na batalha dos deuses, ao lado de seu pai, Zeus. Já Ares é mostrado como um grande algoz dos deuses. E lógico, na ideia dos criadores das séries, os homens são os grandes heróis, mas eles esquecem que as mulheres também tiveram seus momentos de heroísmo nas histórias gregas. Vale lembrar de Antígona, Elektra. Ah, mas alguns dirão: "Tem a guerreira amazona, Alexia". Ok, começa que ela não era uma amazona. Ela tinha pai e mãe, o que não a torna amazona. As Amazonas eram guerreiras filha de Ares e Harmonia, no caso de Alexia ela seria filha de soberanos de uma pólis (sim, o mito nas revistas da Mulher-Maravilha está errado). “Ah, mas ela era uma guerreira igual a uma amazona e os irmãos Parlapanides escreveram que ela é uma amazona. Está querendo dizer que eles, que são descendentes de helenos, estão errados?”... não, eu não quero dizer, eu estou dizendo que eles estão totalmente equivocados.
“Ah, mas é mito. Quem se importa?”... eu me importo. Como disse no começo do texto, sou um helenista, devoto dos deuses helênicos, e me importo muito. Acredito que as tradições religiosas devem ser respeitadas, sendo míticas ou não. Existe uma falta de respeito com a deusa Hera, colocando-a como uma treslouca com sede de sangue. Ela era ciumenta e tinha seus motivos, mas ela respeitava a autoridade de Zeus. E, se fosse para mostrar a insatisfação, que fosse de outra forma que não desejando o sangue e a cabeça do marido, como se todas as mulheres que são traídas desejassem isso. Sem contar a diminuição da mulher em seus papéis. Atena se torna uma mera figurante, quando poderia ser a estrela ao lado de Zeus, mas preferem colocar Apolo e Hermes como contrapartes de Ares. Atena é uma deusa-guerreira. Nasceu da cabeça de Zeus já adulta e portando um elmo. Seu pai lhe deu a égide com a pele da cabra Amaltéia. Em seu escudo está a cabeça da górgona Medusa, presente do guerreiro – e seu meio-irmão – Perseu. Ela venceu dois gigantes durante a Gigantomaquia. Coloca-la como figurante, é o mesmo que a relegar como personagem inferior a Ares, o que nunca seria. E Alexia, apesar de uma guerreira extremamente habilidosa e voraz, nunca parece conseguir resolver nada sozinha, tendo sempre ao seu lado homens. Sim, ela os lidera, mas parece que depende deles para tudo. Como no caso do aparecimento de Heron – o protagonista da história, filho de Zeus com uma mortal, que tem o meio-irmão como seu antagonista – no momento em que eles precisam destruir os restos do gigante que transformou Seraphim – o meio-irmão de Heron – em um monstro poderoso. Nem nas antigas histórias as mulheres dependeram tanto dos homens como nesta minissérie.
O retrato que os irmãos Parlapanides trazem da mulher é de uma louca ciumenta-possessiva, gananciosa, com sede de sangue, antagonista ou coadjuvante nas querelas e também extremamente dependentes para ganhar algo ou suas conquistas. Se isso não é sexismo, é a maior falta de respeito a história das mulheres nos mitos helênicos e a religião helénica.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Os universos da Marvel e DC têm exatamente o mesmo problema | Screen Rant


Spider-Man: Marvels Snapshots #1 é a última história em quadrinhos a desconstruir o que muitos críticos consideram um problema tanto da Marvel quanto dos super-heróis da DC.

Desde o advento dos super-heróis de quadrinhos , uma das críticas mais comuns do gênero tem sido a visão simplista que eles tendem a oferecer. Por exemplo, heróis de rua como Homem-Aranha e Batman são normalmente vistos como justificados para espancar pessoas que se voltaram para uma vida de crime. Da mesma forma, superequipes como os Vingadores e a Liga da Justiça consistem em indivíduos poderosos e autonomeados que ditam sua autoridade indiscutível onde e quando julgam necessário. É essa simplificação da realidade que muitas vezes incentiva os pessimistas a rotular o gênero do super-herói como regressivo. No entanto, para cada história publicada pela Marvel e DC que dá peso a esse tipo de avaliação, há muitas outras que reconhecem e desafiam os leitores a considerar as implicações complexas de "super-heróis".
Spider-Man: Marvels Snapshot
 # 1 de Howard Chaykin é o exemplo mais recente da Marvel que fornece uma perspectiva alternativa sobre super-heróis causando caos. A história segue um pequeno criminoso chamado Dutch enquanto ele e seu parceiro, Ronnie, navegavam pelas ruas violentas da cidade de Nova York. Em vez de retratar Dutch como o mais recente idiota para o Homem-Aranha atacar , o leitor é convidado a simpatizar com ele e ver o mundo através de seus olhos. Como resultado, a história questiona se os super-heróis realmente provocam alguma mudança substancial junto com sua destruição devastadora.
Embora Dutch esteja longe de ser uma pessoa direta, ele é um ser humano com múltiplas dimensões. Ele tem uma saída criativa no kitbashing e, depois de se apaixonar por uma nova mulher, um sonho de ir para o oeste com ela e deixar sua vida criminosa para trás. O único problema: ele não tem os fundos de que precisa para tornar o sonho deles realidade. Assim, com a ajuda de seu parceiro Ronnie, Dutch deve navegar na perigosa subcultura de supervilões para sua grande pontuação final.
Aqui, os supervilões são retratados como a evolução natural do criminoso comum - uma expansão necessária para corresponder à presença todo-poderosa de super-heróis. Não demora muito para que Dutch e Ronnie questionem se devem ou não se atualizar para supervilões por uma chance de uma retirada mais considerável. E a partir dessa perspectiva no nível da rua, os nova-iorquinos veem os super-heróis e vilões como as duas faces da mesma moeda - malucos vestidos com cores variadas que fornecem entretenimento ou inconveniência para os residentes. Não há menção de qualquer necessidade ou bem sendo fornecido pelos heróis.
Tanto a Marvel quanto a DC exploraram a ideia de que os super-heróis não fornecem, na verdade, nenhuma mudança significativa e que suas presenças podem, na verdade, causar mais caos do que prevenir. A DC explorou esse conceito de maneira mais notável com livros como Watchmen e uma série de histórias proeminentes do BatmanA ideia de que Gotham não seria consistentemente aterrorizado por maníacos excêntricos como o Coringa se não fosse pela presença do Cavaleiro das Trevas torna-se uma posição convincente . E do lado da Marvel, a Guerra Civil confrontou os leitores com as implicações contundentes do vigilantismo. A mais recente edição da Marvels Snapshot é a última de uma longa série de histórias das duas grandes editoras que não têm medo de desconstruir o lado menos glamoroso de seus populares super-heróis.