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domingo, 30 de setembro de 2018

RESENHA HQ: Paraíso Perdido (El Paraiso Perdido)



PARAÍSO PERDIDO (El Paraiso Perdido)

Baseado na obra de John Milton
Roteiro: Pablo Auladell
Arte: Pablo Auladell
Editora: Sexto Piso (BR: Darkside Books)
Ano: 2015 (BR: 2018)
Pág.: 320

“Todos que leem o Paraíso Perdido de Milton enxergam a obra de modo particular [...]”. (Andrew Pyper, autor de O Demonologista)
As palavras de Andrew Pyper interpretam bem o que é essa obra secular do autor inglês John Milton (1608-1674).
Escrita em pleno século XVII, “Paraíso Perdido” narra uma breve passagem da Bíblia que fala sobre a criação dos seres vivos e o primeiro pecado e também vai além ao narrar um outro mito, a Batalha do Céu, onde Lúcifer enfrenta seus irmãos ao discordar do favoritismo de Deus com a humanidade. Ele cria sua horda que, após serem vencidos, “caem” do céu e criam seu próprio mundo. Lúcifer, agora conhecido por Satã, é ambicioso e crê poder macular a criação de seu Pai, fazendo-os desobedece-lo. Assim ele tenta a “primeira” mulher a provar da árvore do conhecimento e o pecado original ocorre.
2 – [...] Ihaweh Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente.
Iahweh Deus plantou um jardim em Éden, no oriente, e aí colocou o homem que modelara. Iahweh Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (...) Iahweh Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. E Iahweh Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer.
Iahweh Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda.” (...) Então Iahweh Deus fez cair um torpor sobre o homem, e ele dormiu. Tomou uma de suas costelas e fez crescer carne em seu lugar. Depois, da costela que tirara do homem, Iahweh Deus modelou uma mulher e a trouxe ao homem.
Então o homem exclamou:
“Esta, sim, é osso de meus ossos/e carne da minha carne!/Ela será chamada ‘mulher’,/porque foi tirara do homem!”
[...]
Ora, os dois estavam nus, o homem e sua mulher, e não se envergonhavam.
3 – A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos, que Iahweh Deus tinha feito. Ela disse à mulher: “Então Deus disse: Vós não podeis comer de todas as árvores do jardim?”. A mulher respondeu à serpente: “Nós podemos comer do fruto das árvores do jardim. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: Dele não comereis, nele não tocareis, sob pena de morte.” A serpente disse então à mulher: “Não, não morrereis! Mas Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal.” A mulher viu que a árvore era boa ao apetite e formosa à vista, e que essa árvore era desejável para adquirir discernimento. Tomou-lhe do fruto e comeu. Deu-o também ao seu marido, que com ela estava, e ele comeu. Então abriram-se os olhos dos dois e perceberam que estavam nus; entrelaçaram folhas de figueira e se cingiram.
Eles ouviram o passo de Iahweh Deus que passeava no jardim à brisa do dia e o homem e sua mulher se esconderam da presença de Iahweh Deus, entre as árvores do jardim. Iahweh Deus chamou o homem: “Onde estás?” disse ele. “Ouvi teu passo do jardim.” respondeu o homem; “Tive medo porque estou nu, e me escondi.” Ele retomou: “E quem te fez saber que estavas nu? Comeste então da árvore que te proibi de comer!”. O homem respondeu: “A mulher que puseste junto de mim me deu da árvore e eu comi!”. Iahweh Deus disse à mulher: “Que fizeste?” E a mulher respondeu: “A serpente me seduziu e eu comi.”
Então Iahweh Deus disse a serpente:
“Porque fizeste isso/és maldita entre todos os animais domésticos/e todas as feras selvagens./Caminharás sobre teu ventre/e comerás poeira/todos os dias de tua vida./Porei hostilidade entre ti e a mulher,/entre tua linhagem e a linhagem dela./Ela te esmagará a cabeça/e tu lhe ferirás o calcanhar.”
À mulher ele disse:
“Multiplicarei as dores de tuas gravidezes,/na dor darás a luz filhos./ Teu desejo te impelirá ao teu marido/e ele te dominará.”
Ao homem, ele disse:
“Porque escutaste a voz de tua mulher/e comeste da árvore que te proibira, comer,/maldito é o solo por causa de ti!/Com sofrimentos dele te nutrirás/todos os dias de sua vida./ Ele produzirá para ti espinhos e cardos,/e comerás a erva dos campos./Com o suor de teu rosto/comerás teu pão/até que retornes ao solo,/pois dele foste tirado./Pois tu és pó/e ao pó retornarás.”
O homem chamou sua mulher “Eva”, por seu a mãe de todos os viventes. Iahweh Deus fez para o homem e sua mulher túnicas de pele, e os vestiu. Depois disse Iahweh Deus: “Se o homem já é como um de nós, versado no bem e no mal, que agora se estenda a mão e colha também da árvore da vida, e coma e viva para sempre!” E Iahweh Deus o expulsou do jardim de Éden para cultivar o solo de onde fora criado. Ele baniu o homem e colocou, diante do jardim de Éden, os querubins e a chama da espada fulgurante para guardar o caminho da árvore da vida.”[I]
Milton transformou isso em mais de 400 páginas de uma história que fala sobre todo o mito da criação. Coisas que não percebemos e ele usa como referência, como a transformação de Satã na serpente, são alguns dos aspectos dessa leitura do mito.
É sempre complicado falar sobre um assunto tão polêmico como o Criacionismo[II], principalmente com base em uma escrita com várias interpretações – a Bíblia e o “Paraíso Perdido”, é claro –, então, ao invés de falar sobre as várias ideias míticas de ambos os lado, vou me ater a arte de Pablo Auladell, que é um dos mais belos trabalhos que já vi em minha vida.
Auladell desenvolveu uma verdadeira obra de arte, pois são afrescos em movimentos. A textura das imagens, os aspectos artísticos que ele nos apresenta, mereceria uma exposição em uma galeria, contando uma história de forma magnífica. Mesmo que não tivéssemos o poema de Milton falado pelos personagens e escritos, daria para compreender toda a história somente pelas imagens.
Auladell nos dá várias nuances e movimentos com sua arte, sem contar que percebemos aspectos de outros trabalhos que foram desenvolvidos por outros artistas, contando a história da batalha dos céus e de Adão e Eva.
Você simplesmente viaja nesse trabalho magnífico, com uma interpretação única, mas totalmente plausível.
Não sou cristão, não sou criacionista, mas consigo compreender muito bem as ideias de John Milton, principalmente nessa maravilhosa interpretação de Pablo Auladell.





[I] Genesis 2, 3 – Bíblia de Jerusalém
[II] Criacionismo é uma estrutura/modelo conceitual que adota o estudo da natureza a possibilidade da existência de um criador. A vida teria sido criada inicialmente complexa, completa e funcional, em tipos básicos de seres vivos dotados do aporte necessário para sofrer diversificação limitada ao longo do tempo. Existem três principais ramificações distintas dentro do criacionismo: a religiosa, a bíblica e a científica. (fonte: http://www.criacionismo.com.br/p/o-que-e-criacionismo.html)

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

RESENHA HQ: Batman: Gotham 1889 (A Tale of the Batman: Gotham by Gaslight)


BATMAN: GOTHAM 1889 (A Tale of the Batman: Gotham by Gaslight).

Roteiro: Brian Augustyn
Desenho: Mike Mignola, Eduardo Barreto
Arte-final: P. Craig Russell, Eduardo Barreto
Editora: DC Comics (BR: Panini Books)
Ano: 2006 (BR: 2018)
Pág.: 124

No ano de 1889, Bruce Wayne encerra sua viagem de cinco anos pelo mundo e decide retornar à Gotham City, cidade onde nasceu e testemunhou seus pais serem assassinados.
Durante seus cinco anos de andança ele se preparou fisicamente e mentalmente para encarar as ruas de Gotham City e, na intenção de inferir no coração do bandidos medo, ele usou um traje que lembrava um morcego.
O que Bruce Wayne não podia esperar era que quando ele retornou, na sua cola veio o maior assassino de Londres, Jack, o Estripador.
Agora ele precisa descobrir quem é o assassino, antes que ele cause em Gotham tanto terror quanto causou em Londres.
Na sequência, após meses de luta contra o crime, Bruce Wayne decide aposentar a capa e a máscara e se dedicar mais a sua empresa, aos empreendimentos em Gotham e a bela Julie Madison, sua bela noiva. Mas, durante a reunião para uma grande feira, uma ameaça surge fazendo com que Bruce Wayne volta a se vestir de Homem-Morcego para encará-la.
Esse encadernado da Panini Books traz duas histórias do escritor Brian Augustyn sobre o Batman no século XIX. A primeira história foi lançada em comemoração aos 50 anos do Batman e iniciou um ciclo de edições que faziam revisitações do personagens da DC Comics – principalmente o Batman – em vários momentos, fosse no passado, em um presente alternativo ou no futuro, que foi intitulado como Elseworlds (no Brasil ficou conhecido como Túnel do Tempo).
Brian Augustyn mostra que a história do Batman pode funcionar muito bem em um período próximo a virada de um século, principalmente em um período que situações de mudanças e assassinatos atrozes aconteciam. Na primeira história, coloca-lo encarando Jack, o Estripador, nos disponibiliza uma dinâmica bem interessante, pois ele seria o típico vilão que o Batman encararia. Um dos pontos interessantes da história é não nomear Bruce Wayne com a alcunha comum, somente citando-o como o “Homem-Morcego”*. Seus cinco anos de aprendizado, ele passou conhecendo personagens reais, como Sigmund Freud, ou fictícios, como Sherlock Holmes, (não mostrado, mas citado).
Na segunda história, intitulada “Batman: Mestre do Futuro” (Batman: Master of the Future), vemos o desenvolvimento da humanidade e suas novas invenções, movimentadas pela Segunda Revolução Industrial. Temos personagens com Thomas Edison, o dirigível, as feiras temáticas, autômatos, entre outras coisas. Nessa história, Bruce Wayne conseguiu sanar seu desejo de vingança e decide parar com tudo, mesmo que não seja a desejo de todos. Então ele termina travando uma batalha interna, pois alcançara seu objetivo, mas Gotham ainda precisa do justiceiro encapuzado para protegê-la. As nuances de mudanças em ambas as histórias ocorrem em um período curto, mas a forma de interpretação dos personagens pelos artistas e pela forma de narrativa é evidente.
No primeiro temos Mike Mignola que possui uma forma mais distinta de trabalhar a arte, com bastantes sombras e agilidade. No outro temos Eduardo Barreto, que nos entrega um trabalho menos sombreado e com traços mais simples. Mas a narrativa é enriquecedora com ambos.
Recentemente, A Warner Bros. Animation decidiu adaptar a história com o título “Gotham City 1889: Um Conto do Batman”, roteirizado por Jim Krieg e dirigido por Sam Liu. Na história eles fizeram algumas mudanças no enredo desenvolvido por Brian Augustyn, além de envolver vários personagens do universo do Cavaleiro das Trevas, na trama.
Batman: Gotham 1889 é uma grande aventura do Batman, com um desenrolar e uma surpreendente surpresa. Um marco nas histórias dos quadrinhos e uma forma maravilhosa de homenagenar o Cavaleiro das Trevas.


* Bat-Man, em inglês, com separação de hífen, foi a primeira forma que Bob Kane e Bill Finger se referiram ao personagem na Detective Comics #27.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

RESENHA HQ: Camelot 3000 – Edição de Luxo


CAMELOT 3000 – EDIÇÃO DE LUXO 

Roteiro: Mike W. Barr
Desenhos: Brian Bolland
Arte-final: Bruce Patterson, Terry Austin
Editora: DC Comics (BR: Panini)
Ano: 2008 (BR: 2010)
Pág.: 320

O mito do rei Arthur, a Távola Redonda, Merlin, Camelot e Morgana Le Fey, são contados desde o século IX, e se sabe que, quando for necessário novamente, Arthur Pendragon retornará para assumir seu trono e enfrentar qualquer força maligna adversa.
No ano 3000, o mundo encontra-se em completo caos e de seu túmulo há muito tempo guardado em Avalon, ressurge Arthur – graças ao feiticeiro Merlin – que parte em busca dos seus cavaleiros, reencarnados em outros seres-humanos. Seu retorno dá-se ao ressurgimento de sua meia-irmã, Morgana Le Fey, que pretende soltar novamente uma horda maligna – desta vez alienígena – para domínio do mundo.
Camelot 3000 foi uma minissérie de doze partes que a DC Comics publicou em meados da década de 1980. Pouco conhecida por alguns colecionadores de quadrinhos, a minissérie é um verdadeiro marco. Por que eu digo isso? Porque Camelot 3000, para mim, se equipara em qualidade com Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, e Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons.
A história aborda uma busca por algo esquecido pela humanidade, a esperança. Em meio a todo o caos, todas as batalhas, ganância, traição, pode ser perceber um fio de esperança de que tudo poderá melhorar, mesmo que não creia. Arthur é mostrado como um valente guerreiro e um austero rei, como em suas lendas e mitos, cometendo erros e deslizes como qualquer outro humano.
Também é sempre bom recordar que “Camelot 3000” antecede “Watchmen” e “Cavaleiro das Trevas”, servindo como um “abridor de portas”  para ambas. O grande lance é que ela não é vista como uma história de super-heróis, mas sim como uma ficção científica de espada e feitiçaria e, sinceramente, eu agradeço por isso, pois tirando a referência em título na série “DC’s Lengends of Tomorrow”, “Camelot 3000” continua imutável e sem adaptações distorcidas feitas pela Warner Bros.
Em março de 2018, a Panini Comics fez o relançamento da edição de luxo de “Camelot 3000” e é altamente recomendável que todos os colecionadores de boas histórias em quadrinhos adquiram esse material.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

RESENHA LIVROS: Solomon Kane: A Saga Completa


SOLOMON KANE: A SAGA COMPLETA

Autor: Robert E. Howard
Editora: Generale
Ano: 2015
Pág.: 256

Aventureiro. Justiceiro. Salvador de donzelas. Caçador de bandidos. Esses são alguns termos que podemos usar para o personagem Solomon Kane do genial Robert E. Howard (1906-1936).
O livro “Solomon Kane: A Saga Completa”, lançado pela editora Generale, pega todo o trabalho de Howard com o personagem em pulps (revistas que publicavam aventuras de capa e espada, policiais, suspense, terror, entre outros temas). Nessas revistas, Howard retratava Kane como um errante, sem destino, mas determinado a ajudar quem fosse e capturar qualquer que fosse o facínora ou assassino, seja vivo ou morto.
Robert E. Howard é mais conhecido por seu outro trabalho, Conan o Cimério, mas com Solomon Kane ele demonstra conhecer o outro lado das histórias de aventuras. Enquanto com Conan, Howard criou praticamente seu próprio universo, com Kane ele se aproveitou das longas viagens que os ingleses desenvolveram para desbravar o Velho, Novo e Novíssimo Mundo, levando aos cantos mais remotos das selvas tropicais e, as vezes, em meio a piratas e bruxos malignos.
Solomon Kane era um puritano, membro de um movimento religioso que tomou força durante o reinado de Elizabeth I, sendo assim, seu sentimento religioso era intenso e conflitante. Esse sentimento de conflitos você percebe no decorrer das histórias que Howard desenvolveu com o personagem.
Um dos pontos mais interessantes das histórias eram as formas que Howard encontrava para Solomon escapar de encrencas e problemas que pareceriam impossíveis. Eles conseguia resolver as formas de vitória e conquista de Kane com uma maestria sem igual. Alguns poderiam achar as formas de ação simplórias e clichês, mas vale a lembrança que Solomon Kane foi criado por Howard no final da década de 1920, então clichê chega a ser redundante.
Como ocorreu com Conan, Kull e Sonja, Solomon Kane também teve sua adaptação nos quadrinhos da Marvel Comics e, mais tarde, na Dark Horse Comics.
Em 2009, estreou nos cinemas franceses uma versão franco-britânica do personagem. Escrita e dirigida por Michael J. Bassett (Silent Hill: Revelação), “Solomon Kane – O Caçador de Demônios” toma um rumo diferente na história de seu protagonista, com um teor mais sobrenatural do que nos contumeiros contos de Howard. O filme tem seu valor, pois percebemos que o ator James Purefoy (John Carter: Entre Dois Mundos) busca captar a essência de Kane nas histórias de Howard. Os conflitos internos do personagem estão totalmente captados na interpretação do ator, mesmo que a história tenha pouco – ou nada – a ver com o que seu criador pensara.
A obra “Solomon Kane: A Saga Completa” traz uma longa analise sobre o filme, entre outros conteúdos bem exclusivos. Então é um trabalho mais do que recomendado para os fãs de Howard, de histórias de capa e espada e feiticaria e de Solomon Kane.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

RESENHA CINEMA: O Predador (The Predator, 2018)


O PREDADOR (The Predator, 2018).

Direção: Shane Black
Roteiro: Shane Black, Fred Dekker
Elenco: Boyd Holbrook, Trevante Rhodes, Jacob Tremblay, Keegan-Michael Key, Olivia Munn, Sterling K. Brown, Thomas Jane, Alfie Allen, Augusto Aguilera, Brian A. Prince.

Uma nave alienígena entra na atmosfera da Terra e pousa em meio a uma selva tropical, atrapalhando a ação do atirador de elite Quinn McKenna (Boyd Holbrook) e sua equipe, que estavam em uma operação de resgate. Nela está um predador, um ser do espaço que é um exímio caçador, fazendo disso seu esporte. Mas, dessa vez, ele não veio para caçar humanos, mas sim para escapar de uma mutação genética que tem a pele extremamente densa como uma couraça. Durante o conflito com o predador, McKenna consegue vencê-lo e captura seus artefatos, enviando para sua casa nos Estados Unidos.  Quando retorna, após ser capturado pelo agente do governo Will Treager (Keegan- Michael Key), é enviado para um hospital de tratamento psiquiátrico com outros soldados. Nesse ínterim, a bióloga Casey Bracket (Olivia Munn) é levada à base onde encontra-se o corpo do predador, para estudá-lo. Só que a ameaça ao ser alienígena não terminou e veio atrás dele para cumprir sua missão de eliminar a ameaça e todos que tentarem ajudá-lo.
“O Predador” é o quarto filme que segue uma franquia iniciada em 1987, protagonizada por Arnold Schwarzenegger (Exterminador do Futuro). O filme faz referência ao filme de Schwarzenegger e, também, ao filme de 1990 estrelado por Danny Glover (Máquina Mortífera), Gary Busey (Caçadores de Emoção) e Maria Conchita Alonso (O Sobrevivente). Somente não se menciona o filme de 2010, protagonizado por Adrien Brody (O Pianista), Laurence Fishburne (Homem de Aço), Topher Grace (Homem-Aranha 3) e Alice Braga (Elysium), pois este se passa em outro planeta.
No novo filme, que tem direção e roteiro – escrito com Fred Dekker (Robocop 3) – de Shane Black (Homem de Ferro 3), a ação costumeira do filme e o suspense permanecem fazendo parte da trama, mas também se percebe uma tentativa de tornar a tensão mais amena, principalmente com alívios cômicos.
Sempre achei que todos os filmes precisam de alívios em determinados momentos para não deixar a trama muito pesada, mas o problema é quando isso extrapola, o que eu chamo de “efeito Marvel”.
Como bem sabemos os sucessos dos filmes do Universo Cinematográfico da Marvel tem sido devido aos seus vários momentos de alívios cômicos, dando uma chance para o público respirar. Isso torna o filme voltado para a família e para a diversão de todos, o que não é o caso de “O Predador”.
A franquia foi criada em cima de um personagem que tem prazer em caçar e matar todos os seres vivos, guardando seus crânios como troféus, então você já percebe uma força tensa pairando no ar quando pensa nisso. Ele não perdoa nenhum ser vivo que porta uma arma e quando mata tem toques de crueldade na ação. Os filmes da franquia Predador tem corpos mutilados, sangue jorrando, que não é para pessoas de estômago fraco. Mas quando você vê isso misturado com uma discussão por causa do nome “Predador” ou mesmo o ser alienígena demonstrando zoeira, percebe que tem algo errado.
Sei que muitos irão gostar das tiradas do filme, eu mesmo ri em vários momentos, mas o alívio de tensão é algo muito constante no filme, desequilibrando a força do suspense que um filme como esse deveria ter.
Não sei se isso tem algo a ver com a “reprovação” do público quanto a “Homem de Ferro 3”, onde Black economiza nas tiradas cômicas e dá uma tensão aflorada no filme, mas “O Predador” foi exagerado, na minha visão. Além disso, tem coisas que ficam fora de compreensão no filme, pois são escolhidas saídas simples de determinadas cenas, principalmente perto do final.
Eu vejo “O Predador” como um filme que busca uma sequência – que dependerá de seu sucesso nas bilheterias estadunidenses –, mas se seguir o mesmo ritmo, se tornará cansativo antes mesmo que começar, ficando fadado a ser igual a filmes que tiveram um bom começo, mas com sequências péssimas. Torcemos para que isso não ocorra.