ANIMAIS FANTÁSTICOS E
ONDE HABITAM (Fantastic Beasts and Where to Find Them, 2016).
Direção: David Yates
Roteiro: J.K. Rowling
Elenco: Eddie Redmayne, Katherine Waterston, Colin Farrell,
Dan Fogler, Ezra Miller, Alison Sudol, Carmen Ejogo, Samantha Morton, Faith
Wood-Blagrove, Jenn Murray, Jon Voight, Josh Cowdery, Ron Perlman, Ronan
Raftery.
Diferente de Londres, nos Estados Unidos a convivência entre
bruxos e trouxas – chamados por lá de não-majs ou não-bruxos – é ainda menor
ainda, tanto que eles não convivem e nem podem se casar, mesmo que os não-majs
tenham uma ideia de sua existência e criem movimentos contra os bruxos. Além
disso, a criação de animais fantásticos é estritamente proibida nas regiões
urbanas. E é nesse ambiente que chega Newton “Newt” Scamander (Eddie Redmayne),
um estudioso de animais fantásticos, em Nova Iorque. O bruxo gostaria de passar
despercebido, mas ele carrega uma mala bruxa com vários animais fantásticos
dentro dela. Então um desses termina fugindo, chamando a atenção da bruxa
Porpentina “Tina” Goldstein (Katherine Waterston), que é uma auror do Congresso
Mágico dos Estados Unidos (também conhecido como MACUSA). Além dela, o padeiro
Jacob Kowalski (Dan Fogler), um não-maj, vê-se envolvido em uma trama que o
levará a conhecer mais o mundo mágico. Além disso, o jovem Credence Barebone (Ezra
Miller), filho da maníaca religiosa Mary Lou (Samantha Morton), está sendo
manipulado pelo bruxo Percival Graves (Colin Farrell). Como se não bastasse
isso tudo, o bruxo negro Gellert Grindelwald está nos Estados Unidos tocando o
terror na comunidade não-maj.
O enredo é mais ou menos esse, pessoal. Falar mais além
disso, seria entregar várias surpresas que esse novo filme do Universo Mágico
de J.K. Rowling – que escreveu o roteiro desse filme – traz.
“Animais Fantásticos e Onde Habitam” nos leva de volta a
esse mundo, que ficamos órfãos por cinco anos, quando Yates dirigiu o último
filme da octologia Harry Potter. Falando sobre o diretor, ele retorna a esse
universo e mostra o quão confiável é para dirigir esses filmes. David Yates
começou essa caminhada em “Harry Potter e a Ordem da Fênix” e demonstrou
competência e o máximo de fidelidade nos filmes que esteve à frente, chegando
até “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2”, que estreou em 2011. Para
isso ele contou com o roteiro da romancista britânica J.K Rowling, que pegou
seu livro “Animais Fantásticos e Onde Habitam” e transformou em um novo longa
metragem totalmente fiel ao que ela concebeu em 1997 com “Harry Potter e a
Pedra Filosofal”, fazendo-nos retornar no tempo com a história de Newt
Scamander e seu tempo do outro lado do oceano, antes de conceber a obra que dá
título ao filme.
Para dar vida ao roteiro de Rowling, o elenco é encabeçado
pelo ator Eddie Redmayne, que já ganhou o Oscar de Melhor Ator pelo filme “A
Teoria de Tudo”, onde interpretou o gênio da astrofísica, Stephen Hawking.
Redmayne dá aspectos bem interessantes ao personagem Newt Scamander, com uma
certa timidez e ímpeto para lutar pelo que acredita. Suas caracterizações para
Scamander demonstram a paixão do personagem pelos animais fantásticos do reino
mágico e o quanto ele se importa com eles, mesmo os mais tenebrosos.
Ladeando Newt Scamander, temos o personagem não-maj Jacob
Kowalski, interpretado pelo ator Dan Fogler. Mesmo com vários trabalhos de
Fogler, o filme que eu sempre me lembro dele é “Fanboys”, onde ele viaja com um
grupo de amigos para o Rancho Skywalker, onde eles desejam realizar o último
desejo de um amigo com câncer, dele assistir “Star Wars I: A Ameaça Fantasma”.
Como o padeiro Jacob Kowlaski, Fogler se torna o lado engraçado da história.
Mesmo com um grande drama de ser um operário desejando se tornar dono de uma
panificadora, onde faria os pães e doces que sua avó fazia, Fogler não perde
sua veia de comédia, dando um alívio a esse drama. Ele é como nós, um não-maj
dentro do universo dos bruxos. Sua visão encantada de tudo que ocorre a sua
volta, é como nos sentiríamos se estivéssemos em seu lugar. Ele vê coisas
novas, realiza desparatamentos com Newt, se encanta com os animais fantásticos
e se apaixona pela bela Queenie Goldstein, irmão de Tina Goldstein.
Tina, a auror do MACUSA, é interpretada pela atriz Katherine
Waterston. Mesmo com trabalhos realizados no cinema e na TV desde 2004, a
personagem que melhor lembro de Waterston foi sua participação no filme “Steve
Jobs”, onde ela faz a mãe da primeira filha do gênio por trás da Apple. Nesse
filme, Waterston interpreta Tina Goldstein, um auror que está sendo mantida
fora do seu grupo por conta de sua ação no mundo dos não-majs. Ela é uma
apaixonada pelo seu serviço, conhecendo todas as leis que fazem parte do mundo
mágico dos Estados Unidos e buscando leva-los a sério. Quando descobre que Newt
está carregando animais fantásticos dentro de sua mala, e que um desses
escapou, ela crê que será sua redenção e seu retorno ao grupo de aurores da
MACUSA. Mas ela termina encantada com a paixão do bruxo britânico pelos animais
fantásticos e conclui que precisa ajuda-lo, ao invés de prendê-lo, somente.
Já a irmã de Tina, Queenie Goldstein, é uma legilimente, ou
seja, ela tem a capacidade de ler mentes. Ela é interpretada pela atriz e
cantora Alison Sudol. Os trabalhos de Sudol no cinema e na TV estadunidense
sempre foram de papéis menores, até 2015 quando participou de dez episódios do
seriado “Dig”. Sua caracterização para a personagem Queenie Goldstein é de uma
bruxa que não realizou o que desejava, mas que tem uma enorme paixão pelo
desconhecido. Quando conhece Jacob Kowalski, fica fascinada pelo não-maj e
termina se apaixonando pelo padeiro.
Do outro lado da moeda, temos Percival Graves que encabeça o
elenco antagonista do filme, sendo interpretado pelo ator Colin Farrell.
Farrell é muito conhecido pelos seus filmes de ação como “S.W.A.T.T.”, “Alexandre”,
“Miami Vice”, “A Hora do Espanto”, “O Vingador do Futuro” e a série da HBO “True
Detective”. Ele interpreta Percival Graves como um empenhado chefe do
Departamento para Cumprimento das Leis da Magia. Graves tem como principal
intenção descobrir um novo bruxo entre os não-majs, além de estar empenhado em
encontrar o bruxo das trevas Gerard Grindelwald. Quando descobre que Newt tem
em sua mala um grande número de animais fantásticos, acredita que ele seja um
seguidor de Grindelwald, o perseguindo avidamente.
Para ajudá-lo a descobrir o novo bruxo entre os não-majs,
Graves recruta o jovem Credence Barebone, um órfão adotado pela líder da
Sociedade Filantrópica de Nova Salem, Mary Lou Barebone. Credence ganha como
interprete o ator Ezra Miller. Miller se tornou muito conhecido graças ao
anuncio de sua participação no filme Liga da Justiça – que estreia em 16 de
novembro de 2017 nos cinemas brasileiros – como Barry Allen/Flash. Mas ele já
fez filmes dramáticos como “Precisamos Falar sobre o Kevin”, “As Vantagens de
Ser Invisível” e “Madame Bovary”. Para “dar vida” a Credence, Miller decide dar
ao personagem aspectos de um jovem retraído e tímido, sem muitas expectativas,
que gosta de cuidar de sua irmã caçula, mas que tem um desejo enorme de se
tornar algo mais, principalmente quando é recrutador por Graves para descobrir
o novo bruxo que está entre eles.
“Animais Fantásticos e Onde Habitam” é mais um momento
mágico na história de filmes relacionados a esse universo desenvolvido e criado
por J.K. Rowling. É mais outra forma de vermos o quão rico essa criação da
escritora britânica pode ser, com várias intrigas e momentos inesquecíveis. Me
sinto, novamente, maravilhado com essa nova viagem.