Translate

domingo, 21 de maio de 2017

RESENHA CINEMA: Rei Arthur: A Lenda da Espada (King Arthur: Legend of the Sword, 2017)

REI ARTHUR: A LENDA DA ESPADA (King Arthur: Legend of the Sword, 2017).

Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Joby Harold, Guy Ritchie, Lionel Wigram, David Dobkin
Elenco: Charlie Hunnam, Jude Law, Astrid Bergés-Frisbey, Djimon Hounsou, Aidan Gillen, Kingsley Ben-Adir, Tom Wu, Neil Maskell, Craig McGinlay, Freddie Cox, Bleu Landau, Eric Bana, Annabelle Wallis, Poppy Delevingne

As lendas arturianas datam de séculos atrás. Algumas fontes citam histórias do século VI, outras do século X, que são chamados de Tradições pré-galfrínicas.
Em 1138, o clérigo britânico Geoffrey de Monmouth finaliza sua obra latina Historia Regum Britanniae e nela introduz a lenda de Arthur. Nela ele conta como seu pai, Uther Pendragon, com auxílio do bruxo Merlin, disfarça-se de seu inimigo e tem relações sexuais com Igraine, mãe de Arthur. Após a morte de Uther, Arthur, aos quinze anos, assume o trono do pai e, ao lado dos aliados, combatem todos aqueles que desejam tomar a Grã-Bretanha.  Quando Arthur e seu companheiro derrotam o imperador Tiberius na Gália e partem para tomar Roma, o sobrinho dele, Mordred, toma seu trono e casa-se com sua esposa, Guinevere, fazendo Arthur voltar à Grã-Bretanha e combate-lo. Durante a batalha, Arthur é mortalmente ferido e passa seu trono para Constantino e é levado para Avalon, onde seria cuidado de suas feridas e nunca mais seria visto.
Vários romancistas fizeram uso das lendas arturianas para escreverem suas próprias histórias. Algumas vezes, Arthur era visto somente como um personagem de fundo, marginalizado na maioria das vezes, idealizador, sonhador de uma sociedade impossível. Alguns o viam como um rei destituído de emoção ou mesmo um rei bufão, incapaz de decidir ou discernir por si próprio, bem diferente das suas retratações das tradições pré-galfrínicas e da obra de Monmouth, que o tratavam como um guerreiro capaz de qualquer ato para conseguir o que desejava e ria diante dos inimigos. Esses “novos romances” somente faziam uso do fim de Arthur contra Mordred.
Em 1485, Sir Thomas Malory viria a escrever a obra Le Morte D’Arthur, juntando o trabalho de Monmouth e vários outros relatos e romances franceses e ingleses para narrar o nascimento de Arthur, sua ascensão ao trono, seu reinado, a perda de sua esposa, Guinevere, para seu melhor cavaleiro, Lancelot, sua derrota para Mordred, a busca pelo Graal, sua última batalha e a morte. Na obra de Malory temos, além dos já citados, Merlin, Kay, Bedivere, Percival, Gawain, Garreth, Tristão, Morgana, e todos os membros da Távola Redonda. Foram, no total, 21 livros para contar toda a lenda de Arthur.
A obra de Malory serviu como fonte de várias outras obras literárias, como a obra de T.H. White, “O Único e Eterno Rei” e “Idílios do Rei” de Alfred Tennyson. Da obra de White surgiu o musical “Camelot” do compositor Alan Jay Lerner.
Cada um desses trabalhos viriam a inspirar outras formas midiáticas como o cinema, de onde saíram trabalhos como a animação da Disney, “A Espada Era a Lei” (1963), “Camelot” (1967), “Excalibur” (1981), Morte d’Arthur (1984) e a série de TV “Camelot” (2011). Além do cinema, a lenda de Arthur também inspirou animês como Rei Arthur (Entaku no kishi monogatari: Moero Arthur), criado por Kensyo Nakano, Mitsuru Majima, Sukehiro Tomita e Tsunehisa Ito para a Toei Animation em 1979. As tiras de quadrinhos de “O Príncipe Valente”, criado por Hal Foster em 1937. A obra de fantasia “As Brumas de Avalon”, escrita por Marion Zimmer Bradley em 1983. A série de quadrinhos da DC Comics, Camelot 3000, escrita por Mike W. Barr e desenhada por Brian Bolland, entre 1982 e 1985. Além de várias pesquisas sobre a origem de um verdadeiro Arthur. Esses estudos levaram ao filme “Rei Arthur” (2004), escrito por David Franzoni e dirigido por Antoine Fuqua.
Para muitos, a obra de Monmouth pareceu esquecida graças aos outros trabalhos desenvolvidos com Arthur Pendragon, mas “Rei Arhur: A Lenda da Espada” parece trazer de volta alguns fatores dessa obra secular.
No novo filme vemos um personagem da obra de Monmouth, Vortigern (Jude Law), há muito esquecido, como substituto de Uther (Eric Bana) no trono. Percebe-se que ele tomou o trono e não pretende entrega-lo ao herdeiro legítimo, Arthur (Charlie Hunnam), que, em seus anos de clandestinidade aprendeu a lutar sozinho da melhor forma que poderia. Quando Excalibur surge, Arthur é caçado, então ele juntasse a resistência, liderada por Sir Bedivere (Djimon Hounsou), para conquistar seu objetivo.
 A ação do filme é muito imediata e qualquer coisa que venha a revelar fora desse enredo, poderia dar spoilers. Mas muito do filme fica em torno de Arthur e Excalibur, dando um bom motivo para o título do filme.
A aparência do filme é que muito do trabalho nele vem de uma influência dos atuais filmes de super-heróis. Mas também se percebe um constante uso de vários aspectos que Guy Ritchie usara, anteriormente, em seus filmes, como as sequências de time bullett e a câmera como aspecto da cena, usados em “Sherlock Holmes” (2009) e “Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras” (2011).
Falar de “Rei Arthur: A Lenda da Espada” precisava dessa introdução sobre as lendas de Arthur Pendragon, pois somente assim para compreender o filme que entrou em cartaz no Brasil em 18 de maio, já que foge bastante de qualquer outra influência anterior.

“Rei Arthur: A Lenda da Espada” se torna um filme único dentro de todos os filmes baseados nas lendas arturianas, pois pega base aspectos anteriores aos romances escritos a partir do século XV, colocando Arthur guerreiro determinado e com uma vontade pouco vista em outras obras cinematográficas. Arthur toma a frente, como visto poucas vezes.

sábado, 20 de maio de 2017

RESENHA CINEMA: Alien: Covenant (2017)

ALIEN: COVENANT (2017).

Direção: Ridley Scott
Roteiro: John Logan, Dante Harper, Jack Paglen, Michael Green
Elenco: Michael Fassbender, Katherine Waterston, Billy Crudup, Danny McBride, Demián Bichir, Jussie Smollett, Callie Hernandez, Carmen Ejogo, Amy Seimetz, Guy Pearce, Noomi Rapace, Nathaniel Dean, Alexander England, Benjamin Rigby, Uli Latukefu, Tess Haubrich, Lorelei King, James Franco.

No início do século XXII, a nave de exploração Covenant partiu com uma tripulação e vários colonos em uma viagem para terraformar um planeta distante, mas graças a um acidente inesperado, decidiram ir a um planeta que parece um verdadeiro paraíso, pois poderia ser habitado por eles, mas se torna um verdadeiro inferno.
Ridley Scott, responsável pela direção de Alien, o Oitavo Passageiro (1977) e Prometheus (2012), retorna mais uma vez a franquia Alien com esse novo trabalho. Nesse novo filme, ele vai um pouco mais além do surgimento dos xenomorfos que nos acostumamos a ver na franquia.
A ação do filme inicia-se bem antes do filme ser lançado nos cinemas, com os curtas “Última Ceia” e “O Cruzamento”, No primeiro vemos a tripulação da Covenant fazendo o último brinde antes de entrarem no criossono. Nesse vídeo  conhecemos o mais novo androide, Walter, interpretado – novamente – por Michael Fassbender. Além de conhecer alguns membros importantes da tripulação, como a terraformadora Daniels (Katherine Waterston) e seu marido, o líder da tripulação, Branson (James Franco). Também conhecemos o segundo no comando, Oram (Billy Crudup) e sua esposa Karine (Carmen Ejogo). O militar Lope (Damián Bichir) e seu parceiro Hallett (Nathaniel Dean). O piloto Tennessee (Danny McBride) e sua esposa, a mecânica Faris (Amy Seimetz). O casal Upworth (Callie Hernandez) e Ricks (Jussie Smollett), além de Ankor (Alexander England), Ledward (Benjamin Rigby), Cole (Uli Latukefu) e Rosenthal (Tess Haubrich).
Já em “O Cruzamento”, testemunhamos o que aconteceu com a Dra. Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e o androide David (Michael Fassbender), após o desastre com a nave Prometheus. Eles partem em busca dos Engenheiros, os criadores da vida terrestre, e terminam chegando ao seu destino.
Uma das coisas interessantes no filme é que conhecemos a construção de David nos primeiros minutos do filme e sua convivência com seu criador, Peter Weyland (Guy Pearce).
O filme segue uma linha que se assemelha aos seus antecessores. Uma equipe de exploração com um objetivo termina esbarrando em um problema que foge ao seu controle. A grande diferença entre todos são suas motivações. Seguindo cronologicamente, Prometheus tem uma equipe que busca os criadores da humanidade, os Engenheiros, e quando encontram vestígios deles, terminam encontrando um patógeno capaz de destruir tudo que eles criaram. Esse patógeno, quando em contato com o corpo humano, toma forma de xenomorfos que destroem a carne humana, devorando os corpos de dentro para fora.
Em Covenant já temos um grupo de exploração que esbarra com um planeta capaz de sustentar vida humana, mas que possui novas formas do patógeno, gerando neomorfos que fazem o mesmo que os encontrados anteriormente. Já em O Oitavo Passageiro, a nave comercial Nostromo responde a um sinal de chamado e sua tripulação termina encontrando-se com o bom e velho xenomorfo, que mata toda ela, com exceção da subtenente Ellen Ripley (Sigourney Weaver).
As ligações são feitas pela formação do xenomorfo, que se desenvolve no passar dos filmes, ampliando ainda mais as conjecturas de sua criação, que se torna melhor explicada a partir de Covenant, pois temos como ele se desenvolveu durante tantas mutações. E cria um questionamento – já respondido em outros filmes posteriores, quadrinhos e jogos de games –, o que acontece quando o xenomorfo ocupa outras formas de vida?
Alien: Covenant é um filme que se encaixa perfeitamente na antologia da série cinematográfica, trazendo novos aspectos que se tornam importantes para o desenvolvimento dos parasitas e xenomorfos. Vamos ver o que vem pela frente.o que vem pela frente.