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sexta-feira, 31 de julho de 2015

A conquista midiática dos quadrinhos de super-heróis.

 

homem-de-ferro1Em 2008, a Marvel Studios iniciou o seu Universo Expandido Marvel com o filme “Homem de Ferro”. Não que antes disso ela já não tivesse outros filmes, como Blade (New Line Cinema), Homem-Aranha e Motoqueiro Fantasma (Columbia Pictures), X-Men, Demolidor e Quarteto Fantástico (Twentieth Century Fox) e Hulk (Universal Pictures), mas com o filme do Gladiador Dourado o estúdio iniciava sua investida em algo maior, que viria a se tornar mais expansivo em 2013 com a série “Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D.”. Agora ela entrará em sua fase três com o filme “Capitão América: Guerra Civil” (2016). Essa fase deve terminar com “Os Vingadores: Guerra Infinita – Parte Dois” (2019), depois de lançar vários outros personagens como Pantera Negra (Chadwick Boseman) , Capitã Marvel e os Inumanos, que possuirão seus filmes-solo, além da nova franquia do Homem-Aranha, em conjunto com a Columbia/Sony Pictures. Mas a expansão da Marvel vai além dos cinemas e TV, pois em um acordo com o Netflix, um serviço de streaming que nos permite assistir osdaredevil-netflix seriados aonde e quando desejarmos, seja no computador, tablets ou smart phones, ela lançou “Demolidor” (2015) e pretende fazer o lançamento de “A.K.A. Jessica Jones” e “Luke Cage” (2016), além das possíveis séries “Punho de Ferro”, “Os Defensores” e “Justiceiro”, que não tem ano para serem lançadas, ainda.

Fora do Universo Expandido da Marvel Studios, a Twentieth Century Fox, detentora dos direitos dos filmes mutantes e do Quarteto Fantástico, pretende uma colisão entre esses dois grupos, mas antes lançará o reboot do quarteto-fantastico-posterQuarteto Fantástico (2015), o sexto filme dos mutantes, “X-Men: Apocalipse” (2016) e o filme do Deadpool (2016). Existe também a possibilidade do filme-solo do personagem Gambit. A ideia do crossover existe, mas está na dependência de como os filmes se sairão no cinema.

Já a DC, através da empresa Warner Bros., conhecia o cinema desde 1978 com o filme “Superman”, mas nunca pensou ou mesmo cogitou tal expansão, mantendo por mais outros três filmes a figura do Homem de Aço. Somente em 1989 a Warner investiu em outro personagem da DC Comics, Batman, que completava seus 50 anos de existência. Este também teve filmes sequenciais, que perduraram até 1997 com o fatídico “Batman & Robin”, que foi fracasso de crítica e de público, onde se tem a primeira menção de outro personagem da DC Comics. Em 2005, o Homem-Morcego retornou aos cinemas com batman-begins“Batman Begins”, dando uma nova guinada na carreira cinematográfica dos personagens da DC. Com esse filme, a Warner investiu em “Superman: O Retorno” (2006) – outro fracasso do estúdio – e em mais duas sequências de Batman, “Batman: O Cavaleiro das Trevas” (2008) e “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (2012), mas antes disso fracassou – novamente – com “Lanterna Verde” (2011), que não agradou nem a crítica e nem ao público.

Em 2013, depois de ver o sucesso que a Marvel se tornou nos cinemas com seu Universo Expandido, a DC lançou “O Homem de Aço”, batman-v-supermanonde começou seu Universo Cinematográfico que ganhará mais expansão com o filme “Batman vs. Superman: A Origem da Justiça” (2016), trazendo o Superman (Henry Cavill) contra o Batman (Ben Affleck), além de nos apresentar a Mulher-Maravilha (Gal Gadot), Aquaman (Jason Momoa) e Victor Stone (Ray Fisher), alter-ego do Ciborgue. A ideia é que esse filme preceda o future “Liga da Justiça: Parte Um” (2017), que trará esses personagens unidos a outros.

Já na TV, a Warner iniciou no canal The CW um outro universo – que gerou muitas críticas – com a estreia da série “Arrow” (2012 até o presente). Na sequência ela lançou o spinoff “The Flash” (2014 até o presente), “Gotham” (2014 até o presente), que é transmitido pelo canal de TV Fox e aparentemente não faz paralelo com “Arrow” e “The Flash), mostrando o passado de Bruce Wayne (David Mazouz) e James Gordon (Ben McKenzie). Foi lançado também a série “Constantine” (2014-2015), no canal de TV NBC, mas que terminou cancelada por falta de público.

Os sucessos de “Arrow”, “The Flash” e “Gotham” deram ânimo para que a Warner começasse a produzir outras séries como “Supergirl” (2016), que será transmitida pelo canal de TV CBS, o spinoff “DC’s Legends of Tomorrow” (2016) para o canal The CW e “Lúcifer” (2016) para a o canal de TV Fox.dc's-legends-of-tomorrow

A invasão midiática dos personagens dos quadrinhos continua. Para alguns ela é temporária, pois dentro em breve se tornará cansativa e exaustante. A quem diga que ela já começou, mas com tantos filmes ainda por serem lançados, fica difícil crer nisso. Existem possibilidades de filmes por mais cinco anos e, dependendo, pode se estender cada vez mais, sem contar as séries que cada vez mais se tornam sucessos gerando outras que interagem entre si.

Cada dia, mês e ano que passa, eu vejo esse desgaste mais distante e, por mais que deseje um fim, ele parece que dificilmente ocorrerá.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Cultura do Deslocado: Quadrinhos.


SelfieSimpsonsQuando se procura a palavra descolado nos dicionários, em seu sentido figurado, se fala de alguém fora de seu ambiente habitual, formal.
Se pegarmos essa palavra no seu sentido macro, em ambiente generalizado, é assim que eu me sentia quando mais novo, pois gostava de coisas que outros não gostavam. Hoje esse sentido se dispersa, pois ser deslocado é ser pop, o que termina descaracterizando a palavra em si. Mas voltando ao seu contexto mais arcaico, ser deslocado era ser uma "pessoa em uma ilha", você gostava de assistir televisão enquanto outras pessoas de sua idade jogavam futebol. Você gostava de ler livros - sem obrigações escolares - e revistas em quadrinhos, enquanto seus "coleguinhas" gostavam brincar de pique, bolinha de gude ou jogar pião. Entendam, não que você não fizesse isso - eu mesmo brinquei muito de pique -, também, mas as suas preferências que prevaleciam eram as primeiras citadas. Elijah_PriceIsso se você não tivesse ossos quebradiços como Elijah Price.
Um deslocado era - ou é - uma pessoa com preferências e gostos diferentes de diversão e entretenimento. No meu caso, em específico, era meu prazer em ler quadrinhos, brincar de super-heróis (meu primo era o Batman, meu irmão era o Robin e eu, pra não ser o Alfred, era o Batmão (sem ferir os direitos autorais do Maurício de Sousa)), assistir desenhos animados e seriados (minha hipermetropia é graças as minhas horas de frente para a TV), passar horas desenhando, criando meus personagens (tem meu próprio universo de personagens) e criando suas histórias (coisa que eu faço até hoje em dia... bem maluco mesmo!), às vezes mesclando com as brincadeiras de super-heróis (a varanda da casa de minha avó era o cockpit de um furgão, com direito a comunicação por rádio. rastreamento por radar e sistema de armas).
Dentre todos esses prazeres, o maior deles era os quadrinhos.
Edição Extra de Batman - Histórias de CrimesEssa parte tenho de agradecer à minha mãe - que adorava Turma da Mônica e Disney - e ao meu pai - que ainda lê Tex e adorava Fantasma, mas principalmente à minha mãe, pois foi ela quem me deu minha primeira revista em quadrinhos, a Edição Extra de Batman - História de Crimes, um formatinho da Ebal, publicada em 1980, foi o meu primeiro contato com o Batman, em quadrinhos (lógico, eu já assistia Super-Amigos, mas isso fica para outro momento) . Eu lembro até hoje da sensação de pegar aquela revista em mãos, o cheiro dela, as páginas que pareciam canson A4. A história do Batman permeou minha mente durante muito tempo, pois era a primeira aparição da Dra. Leslie Thompkins e do Beco do Crime, ambos criação de Denny O'Neil e Dick Girodano. Tá, parece fora do contexto, mas o Beco do Crime somente começou a se chamar assim a partir dessa história Detective Comics #483(originalmente publicada na Detective Comics #483 (maio de 1979)), pois antes era somente o local onde os pais de Bruce Wayne morreram. Outra história memorável é a do Robin, pois ele está - praticamente - sozinho (mesmo tendo Duela Dent, que fora sua parceira na Turma Titã), enfrentando uma organização na faculdade Hudson, onde estuda. A história era dinâmica, ágil, ainda mais com os desenhos de Kurt Schaffenberger (lógico que nem fazia ideia do nome do desenhista, ou seja, isso me custou uma pesquisa para saber o nome dele). Sempre que me lembrava dessa revista, me lembrava dessas duas histórias, em particular, esquecendo as outras que compunham o almanaque.
Em 1984, a Ed. Abril adquiriu as revistas da DC Comics e lançou Batman, Super-Homem (esse era o título da revista) e Heróis em Ação.Heróis em Ação #1 Meu pai, dessa vez - talvez para compensar o divórcio -, foi o responsável pelas aquisições minha e do meu irmão, pois comprou as três para nós. Com o tempo perdemos as revistas (eu tinha 11 anos e nenhum juízo de colecionador), mas consegui readquirir Super-Homem e Heróis em Ação (esta em um estado de desmontamento). Com isso me tornei uma "barata" de banca, pois sempre procurava alguma novidade. Via as revistas de Aventura e Ficção, mas não podia comprar, pois meus pais - e nem o dono da banca - me deixavam ler por causa que diziam "isso não é revista para criança". Mas eu tinha meu primo que também colecionava, mas somente revistas da Marvel, em especial as do Hulk e Heróis da TV.Heróis da TV #53 Com ele conheci Shang-Chi, o Mestre do Kung-Fu, Capitão Marvel (eu conhecia o da Fawcett como Shazam por causa do seriado de TV). Quando fiz 15 anos, me deparei com Miracleman na banca que eu comprava revistas e decidi compra-la, foi como se uma nova magia atingisse meu âmago, pois era um super-herói bem diferente dos que eu estava acostumado, pois as queimaduras e as feridas que ele sofria ao enfrentar Kid Miracleman eram evidentes, com tonalidades bem aquém do se via nos quadrinhos da DC e/ou da Marvel. Depois consegui comprar minha primeira Aventura e Ficção que vinha com uma história em P&B do Robocop (eu havia visto o filme no cinema) e, Aventura e Ficção #8mesmo sem cores, podíamos perceber a crueldade do filme expressada em cada página.
Quando eu deixei os quadrinhos um pouco de lado (as condições financeiras não eram as mais favoráveis), perdi muita coisa que depois fui reconstruindo ao visitar sebos. Neles comprei toda Crise nas Infinitas Terras, que me deixou revitalizado com a nova DC Comics que estava despontando. Completei minha coleção de Novos Titãs, que andava defasada, pois não estava em condições de comprar, bem como Superamigos. Eu amava ler as histórias que faziam parte da coleção Super Powers, que eu completei graças aos sebos, também.
Falando da Nova DC que surgia, eu comprei a Batman #1 (2ª edição), onde começou Batman: Ano Um, com o fantástico roteiro de Frank Miller e divina arte de David Mazzucchelli, além de vir, também, com uma história do Sombra, desenhada por Howard Chaykin. Comprei também Super-Homem, com a história escrita e desenhada por John Byrne e fiquei maravilhado com aquele mundo novo que me era apresentado. Mas, lógico, anos antes tentara comprar as edições de Batman: Cavaleiro das Trevas e Watchmen, mas não deu para manter, mas em 1989, com os 50 anos do Batman, a Abril lançou um encadernado, que eu comprei (e tenho até hoje, em estado decrépito... lembrem-se, eu não tinha consciência de colecionador, ou seja, revista era para eu ler e, se gostasse, guardar, mas sem plástico).
Batman - O Cavaleiro das TrevasEu ainda tenho muitas edições memoráveis na minha coleção, além dessa Batman: O Cavaleiro das Trevas. Tenho Batman: Digital Justice (outubro de 1990), Watchmen (fevereiro-agosto de 1999), Novos Titãs #1Novos Titãs #1 - hoje autografada por George Pérez (abril de 1986), A Morte do Super-Homem - que eu havia perdido, junto com Funeral Para Um Amigo, De Volta do Limbo e os quatro número de O Retorno do Super-Homem, pois fiz a burrada de emprestar - (novembro de 1993), Marvels (janeiro-março de 1995), Batman Dia das Bruxas - 1 (outubro de 1995), Batman Dia das Bruxas - 2: Loucura (outubro de 1996), Batman Dia das Bruxas - 3: Ghosts (outubro de 1997), Batman: O Longo Dia das Bruxas (outubro de 1998 - fevereiro de 1999), Origem (abril-junho de 2002), Batman: Vitória Sombria (fevereiro-junho de 2003), e por aí vai, mas eu perdi muito material bom devido a cupim, mãe enfurecida, namoro à distância e mudança. Eu já tive uma coleção com mais de duas mil revistas, contando com DC e Marvel, pois fui apaixonado pela fase de Peter David no Hulk, tinha a edição comemorativa da Heróis da TV, bem como do Capitão América, além de colecionar X-Men e Wolverine. Hoje, na última contagem do Guia dos Quadrinhos, estou com 598 revistas (contando com minha coleção da Turma da Mônica Jovem, Mônica, Cebolinha, Chico Bento, Cascão e Magali).WatchmenMeu amor e dedicação ao que coleciono mudou hoje, pois tento preservar da melhor forma possível o que possuo. O "vício" sempre termina prevalecendo, mas eu tenho dado sorte no que coleciono (com exceção do que assino, pois ainda não li tudo, e o que eu li, gostei de pouco), sejam em encadernados da DC Comics (nem tudo é válido, mas o que vale eu guardo), Marvel Comics, Image Comics e outras produções, sejam independentes (como Maus) ou brasileiras.
Quadrinhos fazem parte da minha vida, como futebol faz parte da vida e um torcedor, carros fazem parte da vida daqueles que gostam, política faz parte da vida de um politizado (não vou falar de um político, pois esse é o meio de vida deles), e por aí vai.
Eu tento me manter atualizado sobre qualquer assunto, já que tenho de conviver com os outros seres humanos que não gostam do mesmo que eu, e mesmo aqueles que gostam, eu tento não me meter no assunto - pessoalmente -, pois não fui convidado a participar (isso aconteceu várias vezes no FIQ 2013 e minha língua coçou para me meter na conversa). Na maioria dos assuntos do cotidiano dos outros seres humanos eu me sinto fora do ambiente totalmente, um verdadeiro deslocado, diferente do mundo dos quadrinhos, onde eu me sinto a vontade.

sábado, 25 de julho de 2015

RESENHA ANIMAÇÃO: Liga da Justiça: Deuses e Monstros.

Justice League - Gods and Monsters (2015)LIGA DA JUSTIÇA: DEUSES E MONSTROS (Justice League: Gods and Monsters, 2015)

Direção: Sam Liu

Roteiro: Alan Burnett, Bruce Timm

Elenco: Benjamin Bratt, Michael C. Hall, Tamara Taylor, Paget Brewster, C. Thomas Howell, Jason Isaacs, Tahmoh Penikett, Grey Griffin, Daniel Hagen, Penny Johnson Jerald.

O Multiverso DC possui 52 universos paralelos, com várias versões do Batman, Superman, Mulher-Maravilha e os outros membros da Liga da Justiça (mas sempre a Trindade DC está a frente). Existem até planetas que não possuem versões desses três, como a Terra Seis, onde existem somente três super-heróis na Terra, Lorde Volt, Lady Quark e a filha deles, a princesa Fern (pré-Crise nas Infinitas Terras); Terra-4, formada pelo personagens da Charlton Comis em suas versões Watchmen (pós-Novos 52); Terra-5, formada elos personagens da Fawcett Comics, como a família Marvel, Ísis, Adão Negro, e outros (pós-Novos 52); Terra-7, possui versões pastiche do Universo Marvel Ultimate (pós-Novos 52); Terra-8, que possui versões pastiche dos Vingadores, os Extremistas, liderados por Lorde Havok (pós-52); Terra-10, formada pelos Combatentes da Liberdade, da Quality Comics (pós-52); e por aí vai. Existem ainda várias outras Terras sem determinações ou mesmo com definições de quem são seus habitantes. Pensando assim, eu colocaria Liga da Justiça: Deuses e Monstros em uma dessas Terras.

Bem, com isso em mente vamos a premissa da animação. Superman, Batman e Mulher-Maravilha estão unidos para eliminar as ameaças que afligem a humanidade, auxiliando o exército estadunidense, liderados pelo Capitão Steve Trevor, mas nem sempre seus métodos são bem aceitos, pois eles têm o costume de tomar a justiça nas próprias mãos, o que muitos poderiam crer ter a ver com passado, já que o Superman é filho de Lara com Zod, criado por imigrantes mexicanos, Batman é o Dr. Kirk Langstrom que se tornou um vampiro, depois de uma experiência mal sucedida, e Mulher-Maravilha é a nova deusa Bekka que se exilou na Terra. As coisas ainda pioram quando cientistas começam a morrer e parecem que estão sendo assassinados pelos três justiceiros, o que faz com que iniciem uma busca para saber o responsável e que sejam inocentados.

Quando você pensa nessa história pensa: desrespeitaram toda a história dos personagens. Cadê os Kent? Cadê Bruce? Cadê Diana? Quem é essa Bekka? Mas aí está o momento que você se engana, pois Alan Burnett e Bruce Timm permanecem respeitando os personagens, mas fazendo pequenas modificações. Tudo é muito bem explicado em determinados momentos da animação, mostrando o motivo desses personagens serem quem são. É impressionante como Timm e Burnett pensaram em tudo para criar esse enredo fantástico, sem ferir – muito – o cânone dos personagens. Se pensarmos no Multiverso DC, vemos que as possibilidades são muitas e tudo é viável e possível, de fato.

JUSTICE LEAGUE - GODS AND MONSTERS - THE TRINITYÉ como se víssemos Timm e Burnett construir um novo Universo DC, usando ideias e conceitos que já existem no universo normal da DC Comics. Não é tão estranho que Superman possa ser filho de Lara e Zod, ainda mais dá forma como é posta na animação. Bem como o Dr. Kirk Langstrom, muito conhecido pelos fãs dos quadrinhos como Morcego Humano, também não é estranho de sempre fazer seus experimentos com morcegos, mas sua experiência toma outro rumo. Já Bekka, a Mulher-Maravilha de “Deuses e Monstros”, mesmo sendo pouco conhecida, faz parte do Universo DC desde 1984 quando apareceu pela primeira vez em DC Graphic Novel #4: The Hunger Dogs (março de 1984), criada pelo mestre Jack Kirby. A forma como Bekka busca exílio na Terra ainda é dentro do contexto do Universo DC pré-Crise nas Infinitas Terras. Ou seja, Timm e Burnett usaram elementos do Universo DC para criar o próprio universo, e o mais importante, funciona de uma forma incrível.

Alan Burnett e Bruce Timm sempre foi uma dupla que funcionou muito bem, desde Batman: A Série Animada, vemos como eles sabem trabalhar elementos do Universo DC, sem desrespeito, nem com o cânone e nem com os fãs. Mesmo que seja a animação mais violenta dos dois, ainda é mais contido que as animações que vemos vendo nos últimos anos. Dessa forma, eles e o diretor Sam Liu mostram que não é necessária violência extremada para se ter boa ação e diversão. E animação ganha ainda mais força com as três partes de Justice League: Gods and Monsters Chronicles, desenvolvida pela Warner Animation e Machinima para o Youtube, apresentando nos episódios uma história com cada uma dos personagens.JUSTICE LEAGUE - GODS AND MONSTERS CHRONICLES

Ver mais um excelente trabalho de Timm e Burnett só me faz saber que ainda é possível se ter boas animações que saibam trabalhar o Universo DC de forma decente.Justice League - Gods and Monsters #1

quinta-feira, 23 de julho de 2015

RESENHA CINEMA: Exterminador do Futuro: Genêsis



EXTERMINADOR DE FUTURO: GENÊSIS (Terminator Genesys, 2015)
 
Direção: Alan Taylor
Roteiro: Laeta Kalogridis e Patrick Lussier
Elenco: Arnold Schwarzenegger. Emilia Clarke, Jai Courtney, Jason Clarke, J.K. Simmons.

Eu faço parte da geração que viu o primeiro Exterminador do Futuro quando este passou nos cinemas brasileiros, isso em 1985. Depois eu o revi em 1988 no canal SBT, quando foi passado pela primeira vez. A história rodava em torno de Sarah Connor, na época interpretada pela atriz Linda Hamilton, que é perseguida por um exterminador que veio do futuro para matar os pais dos líderes da revolução humana contra as máquinas. O exterminador era – e ainda é – interpretado pelo fisiculturista – e ex-governador da Califórnia – Arnold Schwarzenegger. Sarah é salva por Kyle Reese, na época interpretado pelo ator Michael Biehn, que fora enviado pelo filho de Sarah, John Connor, para que a mantivesse viva e – lógico – para gerá-lo, já que Reese era pai biológico de John (sim, é bem doido!).
Trinta anos depois – e três filmes depois – vou ao cinema para ver o reboot desse que foi um dos grandes sucessos de ficção científica na década de 1980 e me deparo com algo TOTALMENTE diferente.
Como assim? Bem, o filme já começa se estruturando no futuro, quando a Skynet já domina o mundo e captura humanos para exterminá-los. No filme antigo somente temos um vislumbre desse futuro, mas nesse uma boa parte da ação inicial acontece lá. Depois vamos para o passado, em 1985, quando Kyle Reese (Jai Courtney) e o exterminador (Arnold Schwarzenegger) chegam, um para salvar Sarah Connor (Emilia Clarke) e o outro para exterminá-la e a outros pais e mães de líderes dos rebeldes, mas a partir daí muita coisa se altera. Não posso passar daqui sem terminar soltando muitos spoilers, pois o que se vê nos trailers é um terço de tudo que acontece no filme todo. Todas as cenas que vemos são acontecimentos que ocorrem em determinados momentos-chaves do filme “Exterminado do Futuro: Gênesis” e são detalhes que servem para se prestar atenção constantemente. O mais interessante é que a presença do exterminador ao lado de Sarah Connor e a forma como Reese chega ao passado, alteram totalmente o futuro deles, e esse filme parece colocar um ponto final à saga, definitivamente.
A direção de Alan Taylor é muito bem realizada nesse filme, que mesmo temos momentos de “como isso pode acontecer”, mantém-se dentro do roteiro. Existem coisas que possivelmente acreditamos ser impossíveis de acontecer, mas é o mundo de Hollywood, onde uma pena pode fazer um carro explodir, então não se surpreenda.
Como eu falei acima, parece que o roteiro da americana Laeta Kalogridis e do canadense Patrick Lussier é o último tijolo que faltava para finalizar a saga do Exterminador. É difícil dizer isso, pois a franquia já voltou tantas vezes que é quase impossível fazer essa afirmação. Mas o roteiro deles é digno da franquia, trazendo vários elementos do filme original (com muitas modificações) e estendendo-o de forma que possamos ver tudo acontecer o fim de algo que é um dos grandes acontecimentos da ficção científica.
Quando James Cameron realizou esse filme na década de 1980, acredito que ele nunca imaginaria que chegaria tão longe. O próprio diretor se disse satisfeito e feliz com esse filme, o que, para mim, é mais que satisfatório. Mas lógico que não somente o bater de martelo dele significa que o filme é bom, pois além do roteiro que funciona, da direção que deu vida e manteve isso de forma bem feita, temos o elenco bem entrosado, pelo menos Sarah Connor e "Pops".
Emilia Clarke e Arnold Schwarzenegger estão à vontade em cena. Os dois funcionam em uma relação paternal incrível. Ele se tornou a figura paterna para ela como só vi acontecer dele com Edward Furlong em “Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final”. Schwarzenegger, que conhece seu personagem de cor e salteado, está mais engraçado do que nunca em sua constante tentativa de “parecer humano”. Jai Courtney não compromete, mas também não é um ator ao qual você pode dizer que tem uma atuação elogiável. Mas quando está em cena com Emilia Clarke, Schwarzenegger e Jason Clarke, funciona. Falando deste último, ele também não está no seu melhor momento nesse filme. Gostei mais dele em “A Hora Mais Escura” ou “Planeta dos Macacos: O Confronto”, do que como John Connor.
Alguns argumentaram das faltas de assimilaridade com o original, mas precisam entender que a ideia foi reiniciar a franquia, então eventos que ocorrem criam essa falta de semelhança, e tudo começa logo na viagem de Reese para o passado, por isso é necessário ficar atento aos detalhes.
No geral, “Exterminador do Futuro: Gênesis” é um bom filme e entra na minha lista de bons filmes do ano, superando “Vingadores: Era de Ultron” e “Homem-Formiga”.

domingo, 19 de julho de 2015

RESENHA CINEMA: Homem-Formiga (Ant-Man, 2015)

HOMEM-FORMIGA (Ant-Man, 2015)

Direção: Peyton Reed.
Roteiro: Edgar Wright, Joe Cornish, Adam McKay e Paul Rudd.
Elenco: Paul Rudd, Michael Douglas, Evangeline Lilly, Corey Stoll, Michael Peña, Bobby Cannavale, David Dastmalchian, T.I., Judy Greer, Aby Ryder Fortson, Hayley Atwell, John Slattery, Martin Donovan.

Homem-Formiga, aparentemente, é um filme sem muitas pretensões de se parecer com os outros filmes da Marvel, mesmo que seja sobre um super-herói da editora. Começamos com o passado onde o Dr. Henry Pym (Michael Douglas) descobre as partículas Pym, mas decide que elas podem ser perigosas se caírem nas mãos erradas, por isso não as negocia com ninguém, nem mesmo com a Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão, liderada por Peggy Carter (Hayley Atwell), Howard Stark (John Slattery) e Mitchell Carson (Martin Donovan).
Daí então vamos para o presente, onde o ladrão Scott Lang (Paul Rudd) é libertado depois de cumprir sua sentença e se encontra com seu amigo Luis (Michael Peña), que deseja envolve-lo, novamente, em um assalto. Mas Lang saiu da prisão decidido a endireitar sua vida por causa de sua filha, Cassie (Aby Ryder Fortson), que vive com sua ex-esposa Maggie (Judy Greer) e o policial Paxton, que não acredita na remição de Lang.
Scott busca algo que lhe mantenha fora da prisão, mas não consegue. Enquanto isso, Dr. Pym vê seu projeto das partículas Pym sendo ambicionado pelo seu ex-pupilo Darren Cross (Corey Stoll), que agora dirige a Pym Technologies ao lado da filha de Henry, Hope Van Dyne (Evangeline Lilly), que projeta o Jaqueta Amarela, que seria um soldado do tamanho de um inseto e com uma força de humano
Lang termina demitido do emprego e não vendo como se une a Luis e seus dois comparsas, Kurt (David Dastmalchian) e Dave (T.I.) no assalto de um cofre, mas o que encontra é somente um uniforme e um capacete, que ele termina levando com ele. E então, quando chega em casa, veste o traje e, após apertar um dos botões da luva, fica do tamanho de uma formiga. Sem saber o que fazer, devolve o uniforme ao cofre, mas é preso, para depois ser liberto por Henry Pym, proprietário do traje que o recruta para ser o Homem-Formiga.
Passar disso, seria causar spoilers desnecessário.

Assim, eu não conheço nada de Scott Lang nos quadrinhos. O que eu sei é o básico, que ele rouba o traje do Homem-Formiga para salvar sua filha que tem uma doença terminal. Isso já diferencia um pouco os quadrinhos do filme, pois o roubo do traje é meramente ao acaso, sem a intenção de fazê-lo por um objetivo altruísta.
Não existe relação do filme com os quadrinhos, em nenhum momento. Tá bom, Lang dos quadrinhos é um engenheiro eletrônico assim como o do filme, mas a relação para aí. Nos quadrinhos, o Dr. Henry Pym foi o primeiro Homem-Formiga ao lado de sua consorte, Janet Van Dyne, que era a Vespa. Depois que largou o uniforme de Homem-Formiga, se tornou o Gigante e, mais tarde, o Golias, invertendo o processo de encolher para crescer. Quando teve problemas psicológicos terminou se tornando o Jaqueta Amarela e foi nessa época que se casou com Janet, mas a violência doméstica levou-os à separação. Por esse motivo, eu acredito que deveriam ter feito filme mais focado no Dr. Pym para, depois, se ligar em Scott Lang, já que Pym está ativo até os dias de hoje (dá última vez que eu soube ele se tornará o Vespa, em homenagem à sua esposa, dada como morta em Invasão Secreta).
Quanto as atuações, não tem nenhuma que comprometa o filme, mas o alto teor de comédia, cria uma pantomima, as vezes, chata. Devido as piadinhas que rolam, termina se tornando um filme para se ver somente uma vez. Todo o elenco parece não funcionar em conjunto. As melhores cenas e momentos ficam para a dupla Evangeline Lilly e Michael Douglas em seu drama familiar pai e filha, mas é previsível, sem muitas surpresas no roteiro. Paul Rudd está bem no papel de Scott Lang, mas sua interação quase não funciona com o resto do elenco. Um clima de tensão amorosa que deveria haver entre seu personagem e de Lilly é mais apagado do que madeira molhada. Já o antagonista do filme é uma alegoria que não convence, pois aparenta somente bem próximo do final ser uma pessoa maquiavélica.
Homem-Formiga é um filme para família, bem no estilo que vemos na Sessão da Tarde, onde você assiste sem o compromisso de se preocupar com o enredo ou a história (que deve ter sido bem comprometida, já que o filme vagou pelas mãos de vários roteiristas, até mesmo do ator Paul Rudd). Se for para ir ao cinema para rir de um filme de super-herói, então a proposta é válida, mas se for para assistir a um filme que complemente o Universo Cinemático Marvel, não perca seu tempo, pois a única relação entre ambos fica em poucos momentos do filme, algumas citações da existência do Homem-de-Ferro, aparições especiais e nas cenas pós-crédito.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

RESENHA HQ: A Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel – Pantera Negra: Quem é o Pantera Negra?



A COLEÇÃO OFICIAL DE GRAPHIC NOVELS MARVEL – PANTERA NEGRA: QUEM É O PANTERA NEGRA? (Ultimate Marvel Graphic Novels Collection - Black Panther: Who is the Black Panther?)
Roteirista: Reginald Hudlin
Arte: John Romita Jr.
Editora: Hachette Patworks (BR: Editoria Salvat)
Ano de publicação: 2013 (BR: 2014)
Pág: 160
O Pantera Negra é um personagem criado em meados da década de 1960 por Jack Kirby e Stan Lee para a revista do Quarteto Fantástico. Considerado um pioneiro por ser o primeiro personagem negro dos quadrinhos, T’Challa é o soberano do reino de Wakanda, um país pequeno, mas totalmente avançado, localizado no continente africano. O país é conhecido pelos avanços tecnológicos e científicos, além de não sofrer influências das religiões e políticas externas. Eles adoram ao deus-pantera, uma entidade que de tempos em tempos escolhe um novo rei-guerreiro para liderar wakandanos. Esse guerreiro soberano é membro da casta de T’Challa, que sucedera seu tio, S’Yan, que sucedera o pai de T’Challa, T’Chaka, e assim sucessivamente.
A origem do Pantera Negra já fora contada outras vezes, como na década de 1970, quando ele ganhou sua primeira revista solo. Lá a revalidade com o Garra Sônica e outros vilões também foi estabelecida. Mas nessa edição que encaderna as seis primeiras edições da Black Panther Vol. 4, Reginald Hudlin cria uma grande trama por trás da sucessão de T’Challa ao trono de Wakanda.
Não somente é uma trama bem engendrada, mas Hudlin nos mostra as dúvidas de T’Challa ao assumir o trono e coloca um outro personagem em evidência, sua meia-irmã Shuri, que deseja tanto quanto T’Challa o título de Pantera Negra.
Além desses dramas internos, T’Challa enfrenta problemas com a política externa mundial. Ao mesmo tempo em que um grupo formado por Garra Sônica, Batroc, Rino, Canibal, Cavaleiro Negro e Homem-Radioativo buscam invadir Wakanda, o governo dos Estados Unidos discute a posição do pequeno país na política mundial, e se eles devem ou não se intrometer nisso.
Um dos fatores interessantes dessa história, é que em meio de toda a ação, Hudlin tece críticas bem sérias a forma dos Estados Unidos se meter em qualquer tipo de problema que ele ache viável, desde lucre com isso. E como Wakanda tem um reserva rara de vibranium, um dos metais mais cobiçados do Universo Marvel, e também um depósito de petróleo imaculado, eles acham que está na hora de intervir, mesmo que outras tentativas tenham sido frustradas.
Além do roteiro muito bem escrito e bem elaborado, com todas as críticas políticas e religiosas - pois até mesmo a Igreja deseja converter os “infiéis” wakandanos, numa clara lembrança das Cruzadas -, ainda temos a excelente arte de John Romita Jr., que possui um traço único e bem diferente. Parece que Romita mistura um pouco de tudo que aprendera com seu pai, John Romita Sr., junto com um pouco de Jack Kirby, dando assim o próprio tom a arte.
Capaz de dar dinamismo às cenas, Romita Jr. faz um trabalho fantástico nesse encadernado. Seu Garra Sônica mostra um diferencial ao que estamos acostumados, bem como outros personagens como Batroc e Homem-Radioativo. É impressionante o quanto ele mudou desde quando trabalhava em Homem-de-Ferro. Desde que vi seus traços em Demolidor – O Homem Sem Medo, com Frank Miller, tenho admirado seu trabalho. Pena que ele não o manteve em seu começo com Superman de Goeff Johns, mas tenho certeza que isso mudará.
Essa coleção que a Salvat vem colocando em bancas, comic shops e livrarias, tem um acabamento muito bom. Não tenho colecionado-a, mas as edições que eu comprei, gostei do material delas, e ter esse encadernado era um desejo antigo, então estou muito feliz, pois mesmo não sendo um marvete, gosto de boas histórias e a Marvel sempre tem muitas que possam enriquecer o conhecimento de um fã de quadrinhos.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

RESENHA HQ: Lúcifer: O Diabo à Porta



LÚCIFER: O DIABO À PORTA (Lucifer: Devil in the Gateway)

Roteiro: Mike Carey
Arte: Scott Hampton, Chris Weston, James Hodgkins, Warren Pleece, Dean Ormstron e Daniel Vozzo.
Editora: DC/Vertigo Comics (BR: Panini Books)
Ano: 2004 (BR: 2012)
Pág.: 164

Lúcifer Estrela da Manhã, o primeiro dos Caídos, senhor do inferno, se entediou com seu reino e o largou para se tornar proprietário da Casa Noturna Lux, que ele administra ao lado de Beatrice e da sempre fiel Mazikeen, em Los Angeles. Então ele recebe uma visita de um enviado do Céu pedindo-lhe ajuda por causa de certos acontecimentos que vêm ocorrendo na Terra. Na sua busca para solucionar o problema, Lúcifer esbarra com Rachel Begai, uma descendente dos navajos que o acompanha na sua busca xamânica para auxilia-lo, além de resolver os próprios problemas. Na continuidade, Lúcifer precisa da ajuda de outro anjo caído para descobrir o significado do bilhete que recebera como recompensa, mas problemas maiores cercam essa recompensa. Para finalizar, em uma história na qual o ex-senhor do inferno é somente uma atração especial, uma jovem menina precisa ajudar uma amiga que fora assassinada a buscar sua vingança.
Simplesmente estou fascinado com o Lúcifer de Mike Carey. Personagem execrado por outros roteiristas, quando Neil Gaiman o oferecia para estes: “Tem outro?”, eram o que eles falavam, nas mãos de Mike Carey se tornou um excelente exemplo que é um personagem de futuro.
Lúcifer está para ganhar uma série televisiva pela Fox, mas pelo que podemos ver será muito diferente do personagem de Gaiman e Carey, o que decepciona um pouco, já que o personagem é muito bem construído.
Não cheguei ainda a ver Lúcifer escrito por Gaiman (minhas edições definitivas estão para serem lidas), mas o que Mike Carey escreveu do personagem, nesta edição, já demonstra um personagem forte, arrogante, enigmático e vingativo, capaz de usar o poder para as ações que acabem com a vida daquele que atravessa sua frente. Ele é capaz de trair qualquer um pelo maior preço, não se importando com as consequências, desde que ele saia favorecido.
Sei que chega a ser estranho considerar esse personagem fantástico, mas a forma como ele é colocado na história, é que o torna interessante. Por mais que você saiba o que ele fará, você fica impressionado. E quando você não sabe, você se surpreende com a ação dele (cheguei a chama-lo de FDP várias vezes).
Logicamente que um encadernado desses não atrai somente pelo roteiro, mas também pela arte, que é muito bem executada pelos artistas Scott Hampton, que desenha a minissérie em 3 partes “The Sandman Presents: Lucifer – The Morningstar Option”, Chris Weston, que desenha as edições 1 a 3 da série mensal de Lucifer, sendo arte-finalizado pelo artista James Hodgkins a partir da edição 2, e Warren Pleece, que faz os esboços da edição 4 e tem o lápis final de Dean Ormstron.
Cada arte, por si só, dá vida ao roteiro de Carey, o que torna ainda mais fascinante o encadernado. Scott Hampton trabalha com vários tons e várias formas de gerir sua arte a cada parte da minissérie. Já Weston trabalha detalhes e minúcias que se não é ele que as ressalta, é Hodgkins que o faz. Pleece já tem um trabalho mais rebuscado, mas com o lápis final de Ormstron, ganha realce em certos aspectos da arte que se fazem muito necessários. O que mais se pode perceber é o trabalho bem realizado do colorista Daniel Vozzo, que dá os contrastes e faz as separações de quadros na série mensal de Lúcifer.
Como eu disse, não cheguei às edições definitivas de Sandman, sendo assim, Lúcifer é o segundo melhor encadernado que eu li esse ano (até o momento), sendo superado – logicamente – por Morte – Edição Definitiva.
Voltando ao seriado da Fox, será difícil não fazer comparações entre os personagens das diferentes mídias, já que a própria emissora diz-se basear no personagem da Vertigo. E quando temos um personagem tão bem definido como Lúcifer – vide Constantine – sempre acontecerá a comparação e, possivelmente, a insatisfação com alguns detalhes. Lúcifer não é um galanteador, um demônio charmoso, somente, ele é asqueroso, demonstra desprezo e faz qualquer coisa para ter satisfação própria, nem que para isso ele atropele o mundo. Para fazer algo ou trabalhar com ou para alguém, algo ele tem de ganhar em troca. Ele não teme outros anjos, e se teme, busca não demonstrar, pois ele é arrogante o suficiente para não demonstrar fraqueza.
Quero ver o que farão com essa série, pois pelo primeiro trailer, não chega nem perto do que lemos nos quadrinhos, o que me deixa bastante triste e frustrado, pois Constantine iniciou por esse caminho e terminou cancelado. Vamos esperar para ver.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

RESENHA HQ: Cavaleiro da Lua – Recomeço



CAVALEIRO DA LUA – RECOMEÇO
Roteiro: Brian Michael Bendis
Arte: Alex Maleev
Editora: Marvel Comics (BR: Panini Comics)
Ano: 2012 (BR: 2015)
Págs.: 280

Sempre considerei o Cavaleiro da Lua e seu alter-ego Marc Spector personagens estranhos para mim. Primeiro que muitos sempre falaram que a base da criação do personagem  era o Batman, mesmo com todo o misticismo por trás do personagem. Segundo que nunca me interessei em ler nada dele com profundidade. Daí então eu comprei o primeiro volume de “Recomeço”, com roteiros de Brian Michael Bendis e ilustrações de Alex Maleev, e percebi o quão diferente o personagem é do Cavaleiro das Trevas.
Não sei se ele sempre foi do mesmo jeito que Bendis o interpretou nas doze edições que compõem os dois encadernados, mas ele tem um tom de esquizofrenia bem estranho.
Começa com ele sendo convocado pelo Capitão América para cumprir uma tarefa na cidade que adotou como sua, Los Angeles, pois está surgindo um Rei do Crime naquela região e o Cavaleiro da Lua tem de tentar detê-lo. Então ele se junta à vigilante Eco, mas então descobrimos que essa convocação não passa da esquizofrenia de Spector, que vê, além do Capitão América, o Homem-Aranha e o Wolverine, além de o perigo ser ainda maior do ele poderia presumir. Pra piorar, o tal Rei do Crime da Costa Oeste é perigoso no nível de Thor. Sendo assim, além de tentar lidar com a própria loucura, o Cavaleiro da Lua tem de encarar esse perigo. Mas ele não está sozinho, pois além de Eco, ele conta com o ex-agente da S.H.I.E.L.D., Buck Lime.
Cavaleiro da Lua enfrenta perigos como Mr. Hyde, Madame Máscara, além de vilões de segunda como o Plantão Noturno e a Polícia de Los Angeles.
O mais interessante de toda a história é Bendis trabalhar essa quádrupla personalidade em Spector (levando em conta o próprio Cavaleiro da Lua). Parece que o personagem não está contente com a própria identidade e busca um aprimoramento fazendo uso de outras. Dá para se imaginar que o uso de heróis tão diferentes em sua forma de agir, seja o que Spector busque para si, fugindo da ideia de um mero vigilante noturno, só que beira a esquizofrenia, pois ele mesmo não tem certeza do que é real e o que é imaginário.
A arte de Maleev combina bastante com esse sentido de loucura que Bendis deseja dar a história. Mesmo que não seja um estilo que me agrade muito, combine plenamente com a história, pois Maleev sabe fazer um bom trabalho de sombras e de momentos de suspense com seus desenhos.
A história em si é bem divertida e, finalmente, eu conheci alguma coisa do Cavaleiro da Lua, mesmo que seja somente essa minissérie em si. Talvez agora venha a procurar outro material com ele para compreendê-lo melhor, mas achei interessante o que foi feito por Bendis e Maleev. De certa forma eu desvendei quem era o Senhor do Crime da Costa Oeste na primeira imagem que ele aparece (ao final da parte dois do primeiro volume), mas o desenrolar é surpreendente em vários momentos, principalmente com certos acontecimentos que eram de desconhecimento do próprio Spector. A psicopatia dele o faz se fantasiar até de Mercenário... o que cara é doido de pedra! Sem contar que, aparentemente, toda Los Angeles já sabe de sua identidade secreta. A parceira que estabelece com o policial me lembrou algo que se assemelhe ao Batman e Gordon no começo da convivência deles. Não sei se isso foi intencional, mas não passou disso.
Os dois volumes que compõem Cavaleiro da Lua – Recomeço mostram que Marc Spector decidiu procurar seu canto para viver como super-herói, fora do eixo Nova Iorque, mas nem por isso deixou de levar sua própria versão d’Os Vingadores, mesmo que seja somente na sua mente.