LÚCIFER: O DIABO À PORTA (Lucifer: Devil in the Gateway)
Roteiro:
Mike Carey
Arte: Scott
Hampton, Chris Weston, James Hodgkins, Warren Pleece, Dean Ormstron e Daniel
Vozzo.
Editora: DC/Vertigo Comics (BR: Panini Books)
Ano: 2004 (BR: 2012)
Pág.: 164
Lúcifer Estrela da Manhã, o primeiro dos Caídos, senhor do
inferno, se entediou com seu reino e o largou para se tornar proprietário da
Casa Noturna Lux, que ele administra ao lado de Beatrice e da sempre fiel
Mazikeen, em Los Angeles. Então ele recebe uma visita de um enviado do Céu
pedindo-lhe ajuda por causa de certos acontecimentos que vêm ocorrendo na
Terra. Na sua busca para solucionar o problema, Lúcifer esbarra com Rachel
Begai, uma descendente dos navajos que o acompanha na sua busca xamânica para auxilia-lo, além de resolver os próprios problemas. Na
continuidade, Lúcifer precisa da ajuda de outro anjo caído para descobrir o
significado do bilhete que recebera como recompensa, mas problemas maiores
cercam essa recompensa. Para finalizar, em uma história na qual o ex-senhor do
inferno é somente uma atração especial, uma jovem menina precisa ajudar uma
amiga que fora assassinada a buscar sua vingança.
Simplesmente estou fascinado com o Lúcifer de Mike Carey.
Personagem execrado por outros roteiristas, quando Neil Gaiman o oferecia para
estes: “Tem outro?”, eram o que eles
falavam, nas mãos de Mike Carey se tornou um excelente exemplo que é um
personagem de futuro.
Lúcifer está para ganhar uma série televisiva pela Fox, mas
pelo que podemos ver será muito diferente do personagem de Gaiman e Carey, o
que decepciona um pouco, já que o personagem é muito bem construído.
Não cheguei ainda a ver Lúcifer escrito por Gaiman (minhas
edições definitivas estão para serem lidas), mas o que Mike Carey escreveu do
personagem, nesta edição, já demonstra um personagem forte, arrogante,
enigmático e vingativo, capaz de usar o poder para as ações que acabem com a
vida daquele que atravessa sua frente. Ele é capaz de trair qualquer um pelo
maior preço, não se importando com as consequências, desde que ele saia
favorecido.
Sei que chega a ser estranho considerar esse personagem
fantástico, mas a forma como ele é colocado na história, é que o torna
interessante. Por mais que você saiba o que ele fará, você fica impressionado.
E quando você não sabe, você se surpreende com a ação dele (cheguei a chama-lo
de FDP várias vezes).
Logicamente que um encadernado desses não atrai somente pelo
roteiro, mas também pela arte, que é muito bem executada pelos artistas Scott
Hampton, que desenha a minissérie em 3 partes “The Sandman Presents: Lucifer – The
Morningstar Option”, Chris Weston, que desenha as edições 1 a 3 da série mensal
de Lucifer, sendo arte-finalizado pelo artista James Hodgkins a partir da
edição 2, e Warren Pleece, que faz os esboços da edição 4 e tem o lápis final
de Dean Ormstron.
Cada arte, por si só, dá vida ao roteiro de Carey, o que
torna ainda mais fascinante o encadernado. Scott Hampton trabalha com vários
tons e várias formas de gerir sua arte a cada parte da minissérie. Já Weston
trabalha detalhes e minúcias que se não é ele que as ressalta, é Hodgkins que o
faz. Pleece já tem um trabalho mais rebuscado, mas com o lápis final de
Ormstron, ganha realce em certos aspectos da arte que se fazem muito
necessários. O que mais se pode perceber é o trabalho bem realizado do
colorista Daniel Vozzo, que dá os contrastes e faz as separações de quadros na
série mensal de Lúcifer.
Como eu disse, não cheguei às edições definitivas de
Sandman, sendo assim, Lúcifer é o segundo melhor encadernado que eu li esse ano
(até o momento), sendo superado – logicamente – por Morte – Edição Definitiva.
Voltando ao seriado da Fox, será difícil não fazer
comparações entre os personagens das diferentes mídias, já que a própria
emissora diz-se basear no personagem da Vertigo. E quando temos um personagem
tão bem definido como Lúcifer – vide Constantine – sempre acontecerá a
comparação e, possivelmente, a insatisfação com alguns detalhes. Lúcifer não é
um galanteador, um demônio charmoso, somente, ele é asqueroso, demonstra
desprezo e faz qualquer coisa para ter satisfação própria, nem que para isso
ele atropele o mundo. Para fazer algo ou trabalhar com ou para alguém, algo ele
tem de ganhar em troca. Ele não teme outros anjos, e se teme, busca não
demonstrar, pois ele é arrogante o suficiente para não demonstrar fraqueza.
Quero ver o que farão com essa série, pois pelo primeiro
trailer, não chega nem perto do que lemos nos quadrinhos, o que me deixa
bastante triste e frustrado, pois Constantine iniciou por esse caminho e
terminou cancelado. Vamos esperar para ver.
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