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segunda-feira, 6 de julho de 2015

RESENHA HQ: Lúcifer: O Diabo à Porta



LÚCIFER: O DIABO À PORTA (Lucifer: Devil in the Gateway)

Roteiro: Mike Carey
Arte: Scott Hampton, Chris Weston, James Hodgkins, Warren Pleece, Dean Ormstron e Daniel Vozzo.
Editora: DC/Vertigo Comics (BR: Panini Books)
Ano: 2004 (BR: 2012)
Pág.: 164

Lúcifer Estrela da Manhã, o primeiro dos Caídos, senhor do inferno, se entediou com seu reino e o largou para se tornar proprietário da Casa Noturna Lux, que ele administra ao lado de Beatrice e da sempre fiel Mazikeen, em Los Angeles. Então ele recebe uma visita de um enviado do Céu pedindo-lhe ajuda por causa de certos acontecimentos que vêm ocorrendo na Terra. Na sua busca para solucionar o problema, Lúcifer esbarra com Rachel Begai, uma descendente dos navajos que o acompanha na sua busca xamânica para auxilia-lo, além de resolver os próprios problemas. Na continuidade, Lúcifer precisa da ajuda de outro anjo caído para descobrir o significado do bilhete que recebera como recompensa, mas problemas maiores cercam essa recompensa. Para finalizar, em uma história na qual o ex-senhor do inferno é somente uma atração especial, uma jovem menina precisa ajudar uma amiga que fora assassinada a buscar sua vingança.
Simplesmente estou fascinado com o Lúcifer de Mike Carey. Personagem execrado por outros roteiristas, quando Neil Gaiman o oferecia para estes: “Tem outro?”, eram o que eles falavam, nas mãos de Mike Carey se tornou um excelente exemplo que é um personagem de futuro.
Lúcifer está para ganhar uma série televisiva pela Fox, mas pelo que podemos ver será muito diferente do personagem de Gaiman e Carey, o que decepciona um pouco, já que o personagem é muito bem construído.
Não cheguei ainda a ver Lúcifer escrito por Gaiman (minhas edições definitivas estão para serem lidas), mas o que Mike Carey escreveu do personagem, nesta edição, já demonstra um personagem forte, arrogante, enigmático e vingativo, capaz de usar o poder para as ações que acabem com a vida daquele que atravessa sua frente. Ele é capaz de trair qualquer um pelo maior preço, não se importando com as consequências, desde que ele saia favorecido.
Sei que chega a ser estranho considerar esse personagem fantástico, mas a forma como ele é colocado na história, é que o torna interessante. Por mais que você saiba o que ele fará, você fica impressionado. E quando você não sabe, você se surpreende com a ação dele (cheguei a chama-lo de FDP várias vezes).
Logicamente que um encadernado desses não atrai somente pelo roteiro, mas também pela arte, que é muito bem executada pelos artistas Scott Hampton, que desenha a minissérie em 3 partes “The Sandman Presents: Lucifer – The Morningstar Option”, Chris Weston, que desenha as edições 1 a 3 da série mensal de Lucifer, sendo arte-finalizado pelo artista James Hodgkins a partir da edição 2, e Warren Pleece, que faz os esboços da edição 4 e tem o lápis final de Dean Ormstron.
Cada arte, por si só, dá vida ao roteiro de Carey, o que torna ainda mais fascinante o encadernado. Scott Hampton trabalha com vários tons e várias formas de gerir sua arte a cada parte da minissérie. Já Weston trabalha detalhes e minúcias que se não é ele que as ressalta, é Hodgkins que o faz. Pleece já tem um trabalho mais rebuscado, mas com o lápis final de Ormstron, ganha realce em certos aspectos da arte que se fazem muito necessários. O que mais se pode perceber é o trabalho bem realizado do colorista Daniel Vozzo, que dá os contrastes e faz as separações de quadros na série mensal de Lúcifer.
Como eu disse, não cheguei às edições definitivas de Sandman, sendo assim, Lúcifer é o segundo melhor encadernado que eu li esse ano (até o momento), sendo superado – logicamente – por Morte – Edição Definitiva.
Voltando ao seriado da Fox, será difícil não fazer comparações entre os personagens das diferentes mídias, já que a própria emissora diz-se basear no personagem da Vertigo. E quando temos um personagem tão bem definido como Lúcifer – vide Constantine – sempre acontecerá a comparação e, possivelmente, a insatisfação com alguns detalhes. Lúcifer não é um galanteador, um demônio charmoso, somente, ele é asqueroso, demonstra desprezo e faz qualquer coisa para ter satisfação própria, nem que para isso ele atropele o mundo. Para fazer algo ou trabalhar com ou para alguém, algo ele tem de ganhar em troca. Ele não teme outros anjos, e se teme, busca não demonstrar, pois ele é arrogante o suficiente para não demonstrar fraqueza.
Quero ver o que farão com essa série, pois pelo primeiro trailer, não chega nem perto do que lemos nos quadrinhos, o que me deixa bastante triste e frustrado, pois Constantine iniciou por esse caminho e terminou cancelado. Vamos esperar para ver.

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