Translate

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Os – meus – 11 melhores quadrinhos de super-heróis (Pois dez é muito complicado!)

Lista de melhores filmes, quadrinhos, séries, livros, existem aos montes. Especialistas sempre lançam esses tipos de listas, mencionando o motivo do qual determinada cultura midiática pode ser considerada melhor, mas nem sempre concordamos com elas.

Fãs geralmente têm sua própria lista na cabeça. Aquela que ele guarda com afeição, que ele não consegue esquecer e que o motiva a querer sempre assistir/ler. Sendo assim, eu tenho minhas listas. Aquelas que sempre me deixam feliz de ser Nerd, que me motivam, toda vez que posso, ver/ler novamente. São filmes, quadrinhos, séries e livros que eu não consigo esquecer.

Dentre os principais estão os quadrinhos.

É difícil citar uma série mensal que me marcou, pois no geral possuíam histórias boas, histórias razoáveis e histórias medíocres, que terminavam sendo lançadas por causa da continuidade do personagem nos quadrinhos. Bem como é sempre complicado mencionar minisséries, pois elas influenciam seu gosto pelos quadrinhos, como aconteceu comigo com Crise nas Infinitas Terras, minissérie que mudou todo o panorama da DC Comics no final da década de 1980, criando uma revisão geral e total no Multiverso DC que passou a ser somente um. Pena que redatores não gostaram muito desse aspecto e o quebraram todo, criando uma contaminação exacerbada nos quadrinhos, deixando-o mais confuso do que antes. Também é difícil citar Batman: Ano Um e Superman: O Homem de Aço e Mulher-Maravilha: Deuses e Mortais, minisséries escritas por Frank Miller, John Byrne e George Pérez, respectivamente, que iniciaram a nova fase da DC pós-Crise. Elas são lindas, mas fazem parte da série mensal dos personagens. E como eu estou falando de super-heróis, vou terminar deixando de lado séries como A Saga do Monstro do Pântano, de Alan Moore, pois vai muito além do super-herói. Essa série é terror moderno, da melhor forma que pode se citar. Bem como Sandman, de Neil Gaiman, que também não funciona no quesito de super-herói, entre tantas outras séries lançadas pelo selo Vertigo Comics da DC Comics.

Eu cito na maioria DC, pois como já afirmei incontáveis vezes, sou DCnauta, sem tirar e nem por, mas – como também já afirmei outras tantas – sou leitor de quadrinhos, principalmente de super-heróis e existem lançamentos da Marvel Comics que me encantam. Citado isso, vamos a minha lista – bem complicada de se escolher – dos 11 melhores quadrinhos de super-heróis – pois dez é muito complicado!littleleague

11 MELHORES QUADRINHOS DE SUPER-HERÓIS (POIS DEZ É MUITO COMPLICADO!)

11 – LEX LUTHOR – BIOGRAFIA NÃO-AUTORIZADA (Lex Luthor: The Unauthorized Biography, 1989)

11 - Lex Luthor Biografia Não-AutorizadaNão tinha como excluir essa graphic novel (romance gráfico) da lista, pois mesmo que seja mais ligada a um vilão, é uma história muito boa. Ela não foge do contexto criado por John Byrne para Lex Luthor pós-Crise nas Infinitas Terras. Ele é um multimilionário inescrupuloso, capaz de qualquer coisa para alçar o poder. Luthor é capaz de sacrificar os próprios pais para conseguir o que deseja. Então um escritor decide escrever uma biografia não-autorizada de Luthor e começa a se chafurdar no passado sombrio do empresário, descobrindo coisas que Luthor gostaria que fossem esquecidas. Nesse ínterim, Clark Kent é procurado, pois o escritor fora assassinado e creem que ele seja o culpado disso. Tá, eu falei que ele foi assassinado e você acha que eu já entreguei o final? Você não sabe da missa o terço. O fato de o Kent ser acusado e do assassinato é o que importa no meandro da história. Pois o aprofundamento nos aspectos de quem Luthor é, chega a ser fascinante. O roteirista James D. Hudnall nos estrega um contexto do personagem, mostrando do que ele pode fazer, sem sujar as mãos. Ele manipula, ele usa, ele abusa das pessoas a sua volta para conseguir o que deseja. Luthor torna seus inimigos, comparsas. Faz o que deseja e sempre consegue sair por cima, dominando e tomando tudo para si.

A história já fora publicada três vezes, sendo a primeira em uma edição especial da Editora Abril em 1990. Depois a Mythos decidiu republica-la em 2003, para finalmente integra-la ao encadernado “Superman – Superalmanaque Homem de Aço”, em 2004. A Panini poderia republicar essa história de forma mais caprichada, pois merece fazer parte de uma coleção.

10 – X-MEN: DEUS AMA, O HOMEM MATA (Marvel Graphic Novel nº 5: X-Men – God Loves, Man Kills, 1982)

10 - X-MEN - DEUS AMA, O HOMEM MATATá, parece que estou me contradizendo quando escrevi que não mencionaria minisséries ligadas as mensais, mas o lance dessa história é que ele foi lançada no formato graphic novel, com começo, meio e fim. Ela não foi uma minissérie, foi uma história fechada, falando sobre o preconceito, algo que enredou as histórias dos X-Men durante toda a existência. O fato é que na história um fanático religioso, o reverendo William Stryker, começa a declarar todo mutante como uma ameaça a existência da humanidade, levando a todos uma perseguição ao homo-superior, causando assassinatos e ojeriza desenfreada. Com isso, os X-Men terminam se unindo ao vilão Magneto para deter o reverendo que tomou a mente do Professor X e fez dele seu assecla.

A forma como Claremont constrói essa história foge do arquétipo super-herói salva humano, pois a ideia e que os X-Men precisam se manter a salvo da perseguição e do preconceito. Claremont ataca o emocional dos leitores, fazendo-os refletir sobre o que é verdadeiramente errado e certo. Por que odiar aquele que é diferente? Por que fazer daquele ser-vivo diferente motivo de difamação e abuso? Uma das cenas mais impactantes fica por conta do momento em que Stryker fala de Noturno, pois o mutante alemão é o menos semelhante ao ser humano, mas que todos sabemos que tem afeição por todos, sejam mutantes como ele ou humanos. A história é tão boa que teve, aqui no Brasil, mais republicações do que várias outras graphic novels que eu já li. Sua primeira publicação foi em 1988 na coleção Graphic Novel da Editora Abril. Depois foi republicada em 2003 pela Panini, que voltou a publica-la em 2014, numa edição de luxo, além de fazer parte do encadernado na edição 15 da “Heróis Mais Poderosos da Marvel” da Editora Salvat (a coleção de capa vermelha), em 2015.

“X-Men: Deus Ama, o Homem Mata” faz parte dessa lista, pois é um verdadeiro tapa na cara daqueles que ainda proclamam a diferença como forma de uma coisa abominável. Mostrando que se deve aceitar a todos, sem distinção.

09 – MULHER-MARAVILHA: HIKETÉIA (Wonder Woman – The Hiketeia, 2002)

09 - Mulher-Maravilha - HiketéiaTá, aí você se pergunta: Por que Hiketéia? Primeiro, porque depois do trabalho de Goerge Pérez com a Mulher-Maravilha, este é o segundo melhor trabalho com a personagem, pós-Crise nas Infinitas Terras.

Na história, uma jovem busca a princesa Diana para que esta a mantenha a salvo, clamando a hiketéia, um trato feito entre um membro da realeza e um criminoso para que este pagasse por seus pecados através de serviços, assim não sucumbiria às Fúrias. Essa jovem matara um homem em Gotham City e, com isso, é perseguida pelo Batman que pretende leva-la a justiça, não se importando se foi em legítima defesa ou não. Com isso, o Homem-Morcego entre em combate com a amazona e termina humilhado, tendo o rosto pisoteado por ela.

Um dos aspectos mais interessantes dessa história é o embate entre fé e descrença. A Mulher-Maravilha, como bem sabemos – antes de Novos 52 – é uma fiel devota ao helenismo. Ela pratica as cerimônias, conclamas os deuses, age conforme o que lhe fora ensinado a respeito de sua fé. Já o Batman, até hoje não se sabe se ele se mantém cristão. Mas ele demonstra total falta de crença na religião da amazona, um verdadeiro descrente que vê tudo como uma besteira sem tamanho, crendo que a menina fizera esse pacto com Diana somente no intuito de fugir da prisão. É fantástico como Greg Rucka leva esse trabalho com a Mulher-Maravilha com uma seriedade sem igual. Ele mostra a força da personagem não somente quando ela derrota o Batman, mas em toda a sua fé naquilo que aprendeu e que sempre usou para si. É triste não ver uma republicação dessa história até hoje, pois era mais do que merecida.

08 – SUPER-HOMEM: AS QUATRO ESTAÇÕES (Superman For All Seasons, 1998)

08 - Super-Homem - As Quatro EstaçõesBem, a primeira minissérie da lista. Super-Homem: As Quatro Estações é um dos belos trabalhos desenvolvidos por Jeph Loeb e Tim Sale, e se torna mais especial graças ao trabalho artístico do dinamarquês Bjarne Hansen. Tá, não mencionei nenhum outro desenhista ou artista nos outros, mas é que a parceria de Loeb e Sale se tornou muito conhecida em vários trabalhos e a colaboração de Hansen nesse, a tornou mais especial.

Na história, a cidade de Metrópolis vem tendo mudanças climáticas preocupantes, nas quais Luthor culpa o Superman por isso. Então o Homem-de-Aço decide ficar recluso em Smallville, onde teve velhos amigos como Pete Ross e tem lembranças de seu passado na cidade, percebendo que este retorno serviu para mostrar que seu futuro é bem mais promissor.

A narrativa dessa história mostra o quão bem inteirado a respeito do novo universo do Homem-de-Aço pós-Crise Loeb estava. Seus trabalhos anteriores com o Batman são completamente distantes de seu trabalho com o Superman. Enquanto ele trabalhou as trevas e a escuridão com Batman, com Superman foi um ambiente mais iluminado, com uma pureza e inocência atípica ao que víamos antes. Ele é simplesmente genial na sua abordagem, pois trabalha de forma do arquétipo do que se espera de uma história do Superman, sendo completado pela interpretação bem pessoal de Tim Sale, que trabalha a disparidade entre Clark Kent e Superman, algo que me lembrou muito a forma como Christopher Reeve (1952-2004) fez no cinema.

07 - BATMAN: VITÓRIA SOMBRIA (Batman: Dark Victory, 1999-2000)

07 - Batman - Vitória SombriaMais uma minissérie de Loeb e Sale e o quinto trabalho dos dois com Batman.

Enquanto nos trabalhos anteriores, Loeb se concentrou unicamente no Batman e sua luta contra os loucos, assassinos e marginais de Gotham. Nessa história (uma continuação direta de Batman: O Longo Dia das Bruxas), ele introduz o Menino-Prodígio nas aventuras do Cavaleiro das Trevas.

Na história, Feriado, o assassino que estava matando mafiosos em datas comemorativas está preso, mas é assombrado por vozes. Enquanto isso, Gotham volta a sofrer com assassinatos nos quais Batman se vê sem explicações e buscando alternativas nos seus corriqueiros inimigos. Entre eles está o novo insano sociopata Duas-Caras, o ex-promotor Harvey Dent, que fora deformado com um ácido jogado contra sua face.

Como na minissérie anterior, vemos vários elementos do Universo do Batman nas histórias. Desde o Coringa até os mafiosos de Gotham, eles aparecem assombrando as ruas de Gotham e tornando a vida do Batman um inferno. Nesse intermeso chega o circo à cidade, onde trabalham os Grayson Voadores.

O trabalho de Loeb e Sale nessa minissérie foi fantástico. Não chega a superar as histórias anteriores, mas é muito interessante como eles trabalham a introdução do Robin no Universo do Cavaleiro das Trevas. Todos os vilões, mesmo os secundários, ganham grande importância ao contexto da história e tem seu momento de relevância na trama. Outro fator importante de Loeb é se preocupar com a trama e não somente com um personagem, dando espaço para todos. Leitura boa e com garantia de agradar aos fãs do Cavaleiro das Trevas.

06 – BATMAN: O LONGO DIA DAS BRUXAS (Batman: The Long Halloween, 1996-1997)

06 - Batman - O Longo Dia das BruxasNos anos de 1993, 1994 e 1995, Jeph Loeb e Tim Sale desenvolveram um trabalho especial para a série “Batman: Legends of the Dark Knight”, lançados edições de Halloween (o famoso dia das bruxas dos Estados Unidos). Com isso, ambos foram chamados para, em 1996, iniciar a minissérie em doze partes “The Long Halloween”. Entre outubro de 1998 e fevereiro de 1999, a Editora Abril Jovem lançou a minissérie em oito partes. Esta contava a história de um assassino em série que assassinava pessoas em dias comemorativos. O grande lance é que ele somente matava pessoas ligadas as famílias mafiosas de Gotham. No local do assassinato ele deixava uma pistola com um bico de mamadeira na ponta como silenciador e um objeto que simbolizasse o dia comemorativo. Com isso, o capitão da polícia James Gordon, o promotor público Harvey Dent – que se torna um dos suspeitos – e o Batman correm atrás para descobrir quem é o famigerado Feriado.

Essa minissérie é uma das mais empolgantes no quesito detetivesco do Batman, superando Batman: Ano Dois. Ela trabalha todo esse lado da insanidade dos vilões que povoam o universo do Cavaleiro das Trevas. Personagens como o Homem-Calendário ganham uma importância enorme para a série, como se fosse um Hannibal Lecter para o Batman, servindo de consultor para o Homem-Morcego ir em perseguição ao vilão Feriado. Também temos toda a construção da insanidade de Harvey Dent. Sua dualidade nas decisões é muito bem trabalha em todos os aspectos. Sua vida de casado, sua parceria com o Batman, indo até o momento de sua transformação total no vilão Duas Caras.

Além disso, o trabalho de sombras e luz que Tim Sale desenvolve dá todo o clima sombrio da minissérie. Ele trabalha vários tons, acrescentando um sombreado forte, dando o clima bem tenso. É uma minissérie que tem de se ter em uma coleção, ainda mais quando a Panini lançou este ano a Edição Definitiva dela. Vale muito a pena.

05 – DEMOLIDOR – FIM DOS DIAS (Daredevil: End of Days, 2012)

05 - Demolidor - Fim dos DiasO Demolidor morreu! Foi morto durante um combate contra o Mercenário. Mas uma palavra ditas por ele ficou no ar e o jornalista Ben Ulrich decide descobrir o que ele queria dizer com “Mapone” e, para isso, termina esbarrando em velhos amigos e antigos inimigos do vigilante da Cozinha do Inferno.

A história é bem baseada no clássico Cidadão Kane, de Orson Welles. A diferença é que o Demolidor, Matt Murdock, é um advogado cego da Cozinha do Inferno e não um mega-empresário. Mas Brian Michael Bendis e David Mack trabalharam isso de forma magnífica, pois envolve todos os personagens com quem Matt Murdock e o Demolidor já tiveram alguma relação. De Foggy Nelson à Wilson Fisk, o Rei do Crime, vemos a construção envolta do personagem para chegar no âmago do mistério. O mais interessante é como Bendis e Mack terminam construído e injetando um novo Demolidor na história. Todos sabemos como Matt se tornou o Demolidor, mas a origem desse novo vigilante tem vertentes bem diferenciadas.

A ideia de que um dia o Demolidor virá a morrer durante seus combates sempre povoou suas histórias, principalmente quando Frank Miller as escreveu e fez o maravilhoso “A Queda de Murdock”, que jogou uma bomba na vida do Demolidor quando Wilson Fisk descobre sua identidade secreta. O personagem vive no fio da navalha, mas Bendis e Mack o fazem ultrapassar nessa história, pois ele morre dando espaço para a entrada de um novo Demolidor, mais violento do que o original. Ulrich ser o responsável pela homenagem póstuma, encomendada por J. Jonah Jameson, dá o ar de Cidadão Kane que mencionei no começo, pois ele persegue uma palavra como ocorre com o personagem Jerry Thompson, interpretado pelo ator William Alland (1916-1997), que persegue o significado de “Rosebud”. É impressionante e interessante como personagens como Wilson Fisk, Ben Ulrich e Justiceiro, que surgiram nas páginas do Homem-Aranha, funcionam bem melhor ao fazerem participações em Demolidor.

Demolidor – Fim dos Dias é uma minissérie que todos colecionador de quadrinhos, seja DCnauta ou Marvete, deveria ter em sua coleção.

04 – REINO DO AMANHÃ (Kingdom Come, 1996)

04 - Reino do AmanhãA Terra está um caos, pois uma nova ordem de super-seres tomou o lugar dos antigos heróis que envelheceram. Estes super-heróis, ou largaram a carreira ou descobriram outras formas de manter a vigilância. Um dos que largou foi o Superman, após Magog ser ovacionado como um super-herói melhor ao matar um bandido.

Em seu exílio ele é procurado pela Mulher-Maravilha após um desastre nuclear causado pela ruptura do corpo do Capitão Átomo dizimar o Kansas, o grande celeiro dos Estados Unidos. Após observar o que o mundo se tornou, Kal-El decidi reunir seus velhos aliados em uma nova Liga da Justiça, operando inicialmente no Palácio Nova Oa do Lanterna Verde, mas o Batman se recusa a participar dessa aliança, criando seu próprio grupo de vigilantes, a Cavalaria Silenciosa. Enquanto do outro lado, Luthor cria a Frente de Libertação da Humanidade, dizendo-se defender o interesse dos seres humanos comuns.

Com a ajuda de Scott Free, o Senhor Milagre, e sua esposa a Grande Barda, Superman constrói o Gulag, uma super-prisão que ele mantém os super-seres presos. Só que a FLH bem como a Cavalaria Silenciosa acredita que o Gulag é um barril de pólvora prestes a explodir, e pretende deter o Superman a qualquer custo. Isso tudo é observado pelo reverendo Norman McKay, que acompanha o Espectro, em uma missão divina que ele terá de um dia se intrometer.

O que Mark Waid criou aqui foi um verdadeiro presságio dos quadrinhos dos dias de hoje (não tão presságio, pois isso começou com a Image Comics que surgiu na década de 1990). Os personagens perderam o objetivo de salvar a humanidade, somente brigando entre si, sem o menor sentido. Você não sabe mais distinguir quem é herói e quem é vilão, pois todos foram distorcidos pelos atuais roteiristas, guiados pelos editores das empresas – coloco aqui as duas mais antigas, DC e Marvel. E ele coloca a Era de Ouro para organizar isso. Ele trabalha cada aspecto da interferência dos antigos heróis na vida dos novos, buscando ensina-los como as ações devem ser pensadas antes de serem feitas, pois pode culminar em mais problemas do que soluções. O interessante é que, quem busca isso, mesmo que secretamente, é o Batman. O seu grupo, Cavalaria Silenciosa, é formado por novos justiceiros, em sua maioria filhos daqueles que agora são membros da Liga da Justiça. Enquanto Superman e Mulher-Maravilha buscam uma atitude mais autoritária, prendendo àqueles que causam mais problemas do que solução, sem ao menos tentar guiá-los por um caminho melhor. O Gulag, por exemplo, além de ser construído pelo Senhor Milagre, tem patrulhamento constante pelo Capitão Cometa e é monitorada 24 horas.

Além do divino roteiro de Mark Waid para essa minissérie, mostrando que o caminho não é buscar uma nova forma de agir, sem a necessidade de falta de distinção de quem é herói e quem é vilão, temos a arte de Alex Ross.

Fica difícil falar de obra e não falar de seu desenhista. O traçado realístico do artista é fenomenal. Ele trabalha expressões, trajes, movimentação, da forma mais verossímil possível. É um trabalho plástico que quase não se via nos quadrinhos naquela época e que enriqueceu muita a forma de muitos artistas desenvolverem seus trabalhos. Ross inovou e renovou a forma de se desenhar quadrinhos.

03 – MARVELS (1994)

03 - MarvelsO jovem fotógrafo Phil Sheldon vai cobrir uma coletiva para imprensa do Prof. Phineas T. Horton, onde ele lançará o primeiro androide ao mundo. O mais impressionante desse androide é que ele pega fogo, sem se queimar. Quando o – intitulado – Tocha Humana foge do tubo que o mantinha preso, dá início a “Era das Maravilhas”.

O Tocha Humana é o primeiro de vários que começam a surgir, como um homem chamado Namor, que se intitula Príncipe Submarino, começa a atacar a humanidade. Essas Maravilhas variam entre preferência e ojeriza com a população. Com a chegada do Capitão América as coisas mudam, ainda mais com o apoio dele na Segunda Guerra Mundial. A história vai no crescente, mostrando a vida de Sheldon sendo influenciada pelo surgimento das Maravilhas. Ele anula seu noivado, reata, se casa, tem suas filhas, tudo acontece em sua vida cotidiana, mesmo que tenha constante influencia das Maravilhas, tanto que ele decide lançar seu livro, “Marvels” (Marvel = Maravilha), com fotos que ele tirará no transcorrer de sua carreira, cercado por Tocha Humana, Namor, Capitão América, Bucky, Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Homem-Formiga, Vespa, Os Vingadores, X-Men, Demolidor, e tantos outros que vão surgindo.

Para mim esse é o trabalho máximo da Marvel Comics, nada se compara a ele. Kurt Busiek foi agraciado pelos céus quando fez essa obra prima. Ele viaja por todo o universo Marvel, sem perder nada. Ele narra fatos totalmente relevantes e importante para cada momento da Marvel Comics, começando da época que ela ainda se chamava Timely Comics. Cada personagem citado, cada momento narrado por Phil Sheldon é um momento que ocorrera mesmo nas revistas da Marvel Comics. E ainda se tornou mais grandioso, porque Alex Ross se envolveu.

O toque realístico de Ross tornou as cenas que encontramos nos quadrinhos da Marvel Comics em fatos verídicos. Era como se eles tivessem acontecido mesmo. Ele mostra cenas, momentos, personagens que víamos nos quadrinhos, mas que nunca pensamos que poderíamos ver feito da forma como ele desenhou. As aparições do Namor, do Tocha Humana. A cena do casamento de Reed Richards, a invasão de Namor em Manhattan. A chegada de Galactus, a batalha entre os Vingadores e os Mestres do Terror, a exposição de Alicia Masters, o surgimento de Luke Cage. São tantos fatos relevantes, que eu ficaria dezenas de linhas citando-os.

O trabalho de Busiek e Ross nessa minissérie é algo que para sempre ficará na lembrança de qualquer leitor de quadrinhos.

02 – BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS (The Dark Knight Returns, 1986)

02 - Batman - O Cavaleiro das TrevasEm 1986, o Batman não está mais na ativa e Gotham City está caótica, dominada por uma gangue chamada de Mutantes. Eles não respeitam nenhuma autoridade e fazem tudo o que desejam nas ruas. Mesmo vendo o que sua cidade se tornou, Bruce Wayne não pode fazer nada, pois se sente velho e incapaz de voltar a ser o Homem-Morcego. Mas uma noite ele desperta dentro de sua caverna e percebe que seu trabalho não finalizou e parte para enfrentar o Líder-Mutante, mas é massacrado. Em uma segunda chance, ele o vence, apoiado pela jovem Carrie Kelley, a nova Robin.

Entremeios, a sociedade discute o valor do Batman para Gotham, os benefícios e malefícios de seu retorno à atividade. Os loucos que começam a imitá-lo, velhos inimigos que retornam, sua influência na juventude sem orientação, isso tudo influenciado por um jornalismo sensacionalista, que se beneficia de qualifica-lo e rechaça-lo, constantemente. Além de uma tensão constante, na qual o Superman está envolvido, entre os Estados Unidos e Cuba, no que poderá acarretar em uma guerra nuclear iminente. Ao final temos o embate épico entre os dois maiores gigantes da DC Comics, Batman x Superman, em um final surpreendente.

Frank Miller conseguiu revolucionar – ao lado de Alan Moore – a forma de se pensar e fazer quadrinhos. A era da inocência passou, estamos em um período onde o caos predomina e para trazer a ordem de volta é necessário aderir ao caos. Não vislumbramos nenhum momento utópico nessa história, pois a distopia reina absoluta, do começo ao fim. Mesmo a aparição do Superman, que deveria destoar e trazer uma esperança utópica, é dominado por essa distopia, essa falta de esperança de que algo melhor virá. Superman não simboliza a esperança nessa minissérie, ele representa o autoritarismo governamental estadunidense, que acha e acredita poder e dever se envolver em todos os sistemas governamentais do mundo (algo bem real!). Miller distorce a esperança e a transforma em desespero. A sociedade é dominada por mentiras cuspidas pelo sistema midiático, como se fossem suas verdades. A TV pode lhe tornar herói e bandido em uma simples mudança de quadros. É totalmente revolucionário até os dias de hoje, tanto que já ocorreu uma tentativa de fazer uma sequência (DK2) e a DC Comics volta a tentar refazer o sucesso com DK III. Sinceramente, mesmo que seja uma boa história, alcançar a majestosidade de Batman: O Cavaleiro das Trevas sempre será algo impossível, pois Miller não somente criou algo maravilhoso, mas mudou, revolucionou e iniciou a Era Moderna dos Quadrinhos.

01 – WATCHMEN (1986)

01 - WatchmenSe existe um nome simples para Era Moderna dos Quadrinhos, ele se chama Watchmen.

Essa minissérie – ao lado de Batman: O Cavaleiro das Trevas – mudou totalmente a forma de se ver e fazer quadrinhos para sempre, pois ela mostra como seria um mundo real com vigilantes.

Sim, somente existe um super-herói, o Dr. Manhattan, um cientista chamado Jon Osterman que sofrera um acidente fatídico durante um teste nuclear. Ele se tornou um deus, alguém capaz de ver tudo, estar em vários lugares ao mesmo tempo, ouvir tudo e testemunhar tudo. Não existe ninguém como ele e nem próximo do que ele é. Com exceção de Manhattan, todos os demais são seres comuns que decidiram vestir uma fantasia e agir como vigilantes nas ruas.

Bem antes de Kick-Ass, Watchmen já mostrava as consequências de uma pessoa decidir se tornar um vigilante. Mesmo que a ideia já existisse, Watchmen deu sentido a palavra “legado”. Hollis Mason, o primeiro Coruja, sempre recebia Dan Dreiberg, o segundo Coruja, para conversarem sobre a época de ouro do vigilantismo. Laurie Juspeczyk, a segunda Espectral, era filha de Sally Jupiter, a primeira Espectral. A ideia da antítese do herói surgiu em Watchmen com personagens como Comediante e Rorschach. Sem contar que o questionamento “o que um herói é capaz de fazer para salvar a humanidade? Isso o tornaria um vilão?” fez todo o sentido com Watchmen.

Alan Moore e Dave Gibbons pretendiam fazer esse trabalho, inicialmente, com os personagens da Charlton Comics que a DC Comics havia adquirido, mas a presidente da empresa na época, Jenette Kahn, não permitiu, pois tinha planos para os personagens. Ela então sugeriu que eles criassem novos e fizessem sua história. O desapego de Moore com o sentido de super-herói tornou essa minissérie extremamente importante para tudo relacionado aos quadrinhos. Ele pegou civis que deviam dar algo mais para a sociedade e por isso se fantasiavam de vigilantes. Até mesmo bancos desenvolviam seus próprios heróis, como era o caso de Dollar Bill. Sem contar que ele mostra o quão esses vigilantes poderiam vir a influenciar a sociedade em seu dia-a-dia. O que aconteceria se Dr. Manhattan e o Comediante participassem da Guerra do Vietnã? Qual seriam os benefícios de ter uma pessoa como Dr. Manhattan entre nós? E os malefícios? O que aconteceria se um vigilante torna-se seu nome em uma marca? Como seriam os grupos de viligantes? Eles se entenderiam? Trabalhariam em equipe? As questões são infinitas e as respostas são dadas em todas as doze edições de Watchmen.

A DC Comics tentou reproduzir o sucesso com uma série contando o passado “Antes de Watchmen”, mas foi um total fracasso, pois as histórias perderam o sentido do objetivo original. Elas não fazia como Watchmen, levantando as questões para que um vigilante possa existir.

Watchmen é uma minissérie única, com um começo fantástico, um meio avassalador e um final apoteótico. Dificilmente veremos um trabalho tão magnífico quanto este nos quadrinhos novamente.

MENÇÃO HONROSA: WOLVERINE: ARMA X (Weapon X, 1991)

00 - Wolverine - Arma X (menção honrosa)Bem, vai à menção honrosa para Wolverine: Arma X. Eu bem que gostaria de colocá-lo entre meus 11 mais, mas foge um pouco do contexto da lista que fiz da seleção. Primeiro porque mesmo que muitas das histórias sejam partes do contexto das mensais, nunca foram mencionadas dessa forma, diferente dessa minissérie do Carcaju. Ela não somente faz parte do enredo do Wolverine, como influencia muito várias coisas posteriores que ocorreram com o personagem nos quadrinhos. Mas por que ele é minha menção honrosa? Porque, mesmo sendo parte do enredo do Wolverine, “Arma X” é absolutamente fantástico em vários sentidos.

Barry Windson-Smith nos agraciou com uma história que cria um contexto para o personagem. Logan fora sequestrado e levado a um laboratório de uma organização secreta que pretende injetar em seu corpo o metal adamantium. A experiência não somente dá certo, como torna Logan um selvagem desumano, capaz de matar qualquer um ou qualquer coisa a sua frente. Ele é a máquina mortal perfeita para o exército canadense, se tornando a Arma X. Mas nem tudo são flores, pois os cientistas perdem o controle sobre Logan e ele termina causando uma chacina descontrolada e fenomenal.

Várias histórias escritas posteriormente a Arma X usam-na como uma forma de pré-texto. Sua filiação à Tropa Alfa, a busca por sua identidade. Sem contar que explica, sem quebrar o enigma por trás do personagem – algo que foi feito por Origem e Origem II –, como Logan adquiriu o adamantium que reveste seus ossos.

Barry Windsor-Smith pega um personagem que era coadjuvante em uma história do Hulk, que cresceu nas histórias dos X-Men de Claremont e Byrne, e o torna maior ainda do que tudo isso. Dando-lhe uma importância sem igual. Isso, casado com seu traço sem igual, dá o status para Arma X se tornar minha Menção Honrosa nessa lista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário