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quinta-feira, 24 de março de 2016

Legado na DC, isso ainda existe? - Parte 3

Antes de ler a terceira parte, leia a primeira aqui e a segunda aqui.
Dick Grayson se recusa a assumi-lo, levando Timothy – agora tutelado pelo Batman, pois perdera seu pai durante a minissérie Crise de Identidade – Wayne a vestir o traje. Infelizmente, Jason Todd também decidiu assumir o manto, e durante uma briga entre os dois, Tim terminou derrotado. Após derrotar Jason, Dick assume – relutantemente – o legado do Batman, tendo ao seu lado Damian Wayne – filho de Bruce Wayne e Talia Al Ghul, filha de Ra’s Al Ghul – como o novo Robin.

Quando Bruce Wayne retornou – ele não morrera, só tinha sido enviado no tempo – não retirou o traje de Dick Grayson, mas além de criar a Corporação Batman, voltou a ser o Cavaleiro das Trevas.
A Batgirl também teve um legado. Após Crise nas Infinitas Terras, somente Barbara Gordon havia assumido o traje de Batgirl, mas ela terminou ficando paraplégica, graças a uma bala em sua coluna, disparada pelo Coringa. Babs – amo chama-la assim – tornou-se Oráculo, uma hacker que conecta todos os super-heróis e, principalmente, as Aves de Rapina, grupo que ela lidera.
Durante a saga Terra de Ninguém, outra mulher vestiu um traje e se autointitulou Batgirl. Descobriu-se que era a Caçadora – Helena Bertinelli, filha de um mafioso de Gotham que decidiu se tornar vigilante, mas devido sua forma de agir, nunca foi bem quista pelo Batman. Quando Caçadora abandona o traje, ele é dado a Cassandra Cain – filha do mercenário Cain, que no futuro seria responsável por incriminar Bruce Wayne, a mando de Lex Luthor –, uma jovem que não sabia falar, pois aprendera somente a lutar.
Com o retorno de Stephanie Brown – descobrira que ela não havia morrido, mas sim estava escondida pela Dra. Leslie Thompkins, amiga dos pais de Bruce e conhecedora de sua dupla identidade –, esta assumiu o manto de Batgirl, enquanto Cassandra se tornou a Black-Bat.
Quando Hal Jordan retornou dos mortos, ficaram existindo cinco Lanternas Verdes da Terra: Alan Scott, Hal Jordan, John Stewart, Guy Gardner e Kyle Rayner. Assim sendo, alguns foram relocados para Oa – com exceção de Alan Scott, pois ele não faz parte da Tropa dos Lanternas Verdes, pois seu anel tem outra origem – enquanto Hal Jordan permaneceu como Lanterna Verde do Setor 2814.
Já quando Barry Allen retornou dos mortos, Wally West continuou como Flash, com um uniforme mais escuro. Ficaram três Flash’s: Jay Garrick, Barry Allen e Wally West. Em certo momento, devido a um envelhecimento precoce que ocorrera em Crise Infinita, Bart Allen também ocupou a vaga de Flash, pois Wally West desaparecera. Ele terminou morto pela Galeria de Vilões, liderada pelo Inércia, mas Bart retornou posteriormente na minissérie Legião dos 3 Mundos, durante a saga Crise Final, e voltou a honrar o legado como Kid Flash.
Depois que Novos 52 iniciou, muito dos legados que permearam por anos no Universo DC – que voltara a ser Multiverso DC depois de Crise Infinita – foram esquecidos ou deixados de lado. Poucos foram os personagens que tinham legados estabelecidos. Entre eles estavam personagens da – nova – Terra-2. Com a morte de Superman, Batman e Mulher-Maravilha, novos heróis surgiram para manter seu legado de luta contra as hordas de Steppenwolf, um dos generais de Darkseid.
A prima do Superman, Poderosa – ela tinha uma versão pré-Novos 52 que ficou sem definição durante anos, até que em Crise Infinita ela voltou a ser considerada como prima do Superman da Terra Dois – e a filha do Batman, Caçadora – antes de Crise nas Infinitas Terras, Caçadora era filha do Batman da Terra Dois – continuaram o trabalho de seus mentores como heroínas, até serem transportadas para a Terra Primordial.
Jason Todd sucedera Dick Grayson como Robin, mas Timothy Drake nunca se tornou o parceiro do Batman, agindo por conta própria como Robin Vermelho. O sucessor de Jason Todd foi Damian Wayne. As formas como John Stewart – ele foi escolhido pelos Guardiões para fazer parte da Guarda de Honra dos Lanternas Verdes –, Guy  Gardner – foi escolhido pelo anel dos Lanternas Verdes, mas terminou abandonando-o para se tornar membro da Tropa dos Lanternas Vermelhos – e Kyle Rayner – foi escolhido pelos anéis de várias Corporações e terminou se tornando o Lanterna Branco – se tornaram membros da Tropa do Lanternas Verdes foi alterada. Somente Hal Jordan seguira o legado de seu antecessor, Abin Sur, como Lanterna Verde do Setor 2814 – ele nunca conhecera Alan Scott, pois esse se tornou Lanterna Verde na Terra-2.
Bart Allen na verdade é Bar Torr, um criminoso juvenil do século XXX, enviado para o século XXI sem memória, em um programa para proteção de testemunhas do futuro. Ele ganhara seus poderes durante o tempo que era criminoso, mas quando viu sua irmã quase morta, decidiu ir contra aqueles para quem trabalhava e foi sentenciado à morte por causa disso pelo Funcionário e seus agentes, os Purificadores. Amnésico, achando que era parente de Barry Allen, adotou o traje de Kid Flash e começou a agir como um super-herói velocista. Terminou recrutado pelo Robin Vermelho para ser membro do grupo Novos Titãs.
Percebe-se que o sentido de legado no atual Multiverso DC continua a existir, mas de forma mais diminuída e em um sentido bem diferente da representação anterior  do que era antes. Enquanto antes um herói adotava o nome de seu predecessor e buscava honrar o que este nome representava para os outros, no atual Multiverso DC – principalmente na Terra Primordial e na Terra-2 – busca-se somente honrar o legado de luta pela justiça. Não existe uma força no nome Superman como existia antes.
Personagens como Superboy, Supergirl e Aço - Steel em inglês -, usavam o “S” no tórax e buscavam honrar o que aquilo representava, o legado que aquele símbolo representava. Quando Tim tentou assumir o traje do Batman, ele tentou manter acesa a representação do que o Batman era, o mesmo ocorreu depois com Dick Grayson. Quando Wally West assumiu o traje de seu tio, sentiu o peso que era usar aquele uniforme e o nome Flash, pois havia um enorme legado deixado por seu mentor. O mesmo acontecera com Connor Hawke quando ele decidiu se tornar o novo Arqueiro Verde, pois as exigências eram muitas e ele achou que não conseguiria manter o legado de seu pai.
Quando Kyle Rayner se tornou o Lanterna Verde, percebeu que não era somente usar o anel. Tinha mais por trás daquele instrumento e do nome que ele carregava. Assim era com todos que assumiam o lugar de outro herói. Assim foi com Capitão Marvel Jr. Quando ele foi selecionado por Capitão Marvel para assumir seu lugar, já que este se tornará o mago na Pedra da Eternidade. O mesmo acontecera com Hector Hall quando ele assumiu o elmo de Nabu e se tornou o Senhor Destino.
O legado era algo mais carregado de nuances do que na atualidade. Tinha o peso do nome, o peso do símbolo e o peso do que tudo aquilo representava. Quando seu antecessor dizia “tudo bem” ou então “gostei de você usar meu nome”, significava como um batismo. Quando isso não ocorria, as coisas ficavam mais complicadas, pois você não sabia se estava honrando o que assumira.

Talvez um dia vejamos isso ocorrer novamente. Talvez isso ocorra mais breve do que pensamos, já que um dos objetivos de Rebirth, como Geoff Johns mencionou, é elevar novamente o legado dos super-heróis. Mas se não ocorrer, se buscar algo que não reascenda isso dentro no Multiverso DC, será uma perda que levou anos de formação – pré e pós-Crise nas Infinitas Terras – e que fará sempre muita falta.

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