ASTRO CITY – ED. 1 (VIDA NA CIDADE GRANDE)
Título original: Astro City: Life in the Big City (New Edition) (Kurt Busiek's Astro City)
Editora: Vertigo/DC Comics (BR: Panini Books)
Ano: 2011 (BR: 2015)
Roteiros: Kurt Busiek
Arte: Brent Anderson
Capa e arte-conceitual: Alex Ross
Eu, como leitor de quadrinhos, cometi vários pecados no decorrer de minha vida literária. Não cheguei a ler NADA de The Walking Dead (ou Os Mortos-Vivos, como fora lançado inicialmente), nunca comprei ou li “Injustice: Deuses Entre Nós” (que já está no volume 3) e não tinha lido nada de Astro City.
Meu retorno aos quadrinhos acontecera há, mais ou menos, dois anos, pois antes disso tinha de ser totalmente dedicado a minha faculdade, sem contar que não tínhamos livrarias que vendessem quadrinhos e as bancas quase não chegavam coisas interessantes, e quando chegavam era tão limitado que nem durava.
Com um tempo vou corrigindo minhas faltas e iniciei com Astro City.
“Vida na Cidade Grande” é uma re-publicação da Vertigo de setembro de 2011, que foi publicada em março de 1999 pela Homage Comics, numa compilação das edições 1 a 6 de Astro City, publicada pela Image Comics entre agosto de 1995 e janeiro de 1996. As histórias são escritas por Kurt Busiek (Marvels; JLA/Vingadores) e desenhadas por Brent Anderson (Ka-Zar the Savage; Power Pack), com capas e artes conceituais de Alex Ross (Marvels; Reino do Amanhã).
Quando você começa a leitura desse encadernado, já é apresentado ao Samaritano e sua identidade secreta Asa Martino. O mais interessante de cada história é que ela não se foca somente na ação com os personagens, mas também em suas histórias pessoais, sejam eles super-heróis, pessoas comuns, bandidos ou super-vilões, as histórias têm um foco bem geral dos moradores de Astro City.
Não que Busiek perca o foco da ação, mas em meio a ela, ele nos dá as decisões e pensamentos que os personagens centrais das histórias - sejam super-heróis ou não - precisam tomar.
Somente lendo Astro City para entendermos os motivos de tantos prêmios Eisner e Harvey consecutivos.
Enquanto a primeira história aborda o Samaritano em sua constante busca de conciliar sua identidade civil com a de super-herói, na segunda vemos um outro tipo de abordagem, o que me lembrou Marvels (também de Busiek e Ross), pois fala de um repórter se deparando com as "maravilhas".
Em começo de carreira, Elliott Mills testemunhou o maior combate da Guarda de Honra, contando com super-heróis que nem faziam parte do grupo e com outros considerados mortos. Então ele escreve a história de sua vida, mas não pode publicá-la, pois O Foguete de Astro City somente publica material de fontes confiáveis e que possam ser comprovadas.
A forma como Busiek trabalha Mills me lembrou muito o fotografo Phil Sheldon escrevendo pela primeira vez sua matéria para um jornal. Sem contar que a arte de Anderson (com base em esboços de Ross), lembra muito o jovem Sheldon, antes do acidente que lhe causou a perda de um dos olhos. Chega a ser nostálgico e fantástico.
A terceira história é do marginal de terceira, Andrew “Olhos” Ollyenstein que descobre a identidade secreta do Caixa de Surpresas, mas não sabe o que fazer com o segredo, sem contar que acredita que o vigilante o está perseguindo. A paranoia de Olhos chega ser surpreendente, pois ele acredita que esse segredo pode levá-lo a coisas piores do que ele já vive envolvido.
Na quarta história, vemos a jovem contabilista Marta, que mora as margens da Montanha Kirby, um local inóspito em Astro City, habitado pelos mais terríveis monstros e seres sobrenaturais, mas protegida pelo – também – sobrenatural Enforcado, e precisa se deslocar todos os dias para o Centro, pois trabalha no escritório de advocacia de Darcy Conroy, noiva de Nick Furst, do grupo Primeira Família. Ela é encantada pela vida no Centro, sempre habitada pelos mais diversos super-heróis, sejam membros de grupos como Guarda de Honra e Primeira Família ou independentes como a destemida Vitória Alada. Mas acontecimentos inesperados a fazem mudar essa visão que tem do glamour do Centro de Astro City.
Na quinta história, vemos o rabugento Bridwell, um senhor que vive em um prédio habitado por velhas senhoras e o jovem Eugene Wallace, que é mais do que um pretenso ator. O Seu Bridwell é também algo além de um velho rabugento. A desenvoltura dos desenhos de Anderson, dão uma agilidade fascinante a história escrita por Bridwell. Nela vemos super-heróis renegados e o Bambambão, um herói que todos adoram odiar, em momentos extasiantes.
A sexta história traz os dois maiores heróis de Astro City, Samaritano e Vitória Alada, em um dia de folga e em um “encontro às escuras”. Tudo começa razoavelmente bem, mas divergências de ideias e ideais causam farpas. Mas o final demonstra que mesmo as diferenças, às vezes, podem ser ignoradas. O mais legal nessa história é conhecer as origens do Samaritano.
Procurei sobre a série em quadrinhos na internet e de acordo com o que vi, essas são as seis primeiras histórias de Astro City. Só que, é como eles já existissem há anos, pois mencionam heróis da velha-guarda, acontecimentos que não testemunhamos e tantos fatos que fica um desejo de conhecer mais e mais.
Busiek é um escritor fenomenal. Ele escreve uma narrativa que lhe dá prazer de ler cada página escrita. Eu que nunca li Astro City (mas já li, várias vezes, que é imprescindível ler), fiquei com vontade de mais. Lendo esse encadernado você consegue entender porque tantos prêmios Eisner e Harvey. Astro City – Ed. 1 (Vida na Cidade Grande) é um artigo extremamente necessário na coleção de qualquer quadrinista, pois vale cada centavo gasto.
Muito bom
ResponderExcluir