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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

RESENHA SÉRIES: Jessica Jones (Marvel’s Jessica Jones, 2015)

Marvels-Jessica-Jones-posterJESSICA JONES (Marvel’s Jessica Jones, 2015)

Produção: Kevin Feige, Liz Friedman, Stan Lee, Jeph Loeb, Joe Quesada, Melissa Rosenberg

Elenco: Krysten Ritter, David Tennant, Mike Colter, Rachael Taylor, Carrie-Anne Moss, Ela Darville, Will Traval, Susie Abromeit, Erin Moriarty, Robin Weigert.

Jessica Jones (Krysten Ritter) é uma investigadora particular das menos convencionais, pois ela tem superpoderes, ela é um “deles”. Mas de uma forma bem diferente, ela vive o dia-a-dia de qualquer outro, buscando sobreviver, ganhar o seu dinheiro para comprar “a bebida de cada dia”.

Quando um casal bate sua porta procurando sua filha desaparecida em Nova Iorque, o passado sombrio de Jessica vem na retaguarda e com ele reaparece Kilgrave (David Tennant), um psicopata desalmado que com uma simples palavra pode fazer as pessoas fazerem o que ele desejar.

Entre seu romance conturbado com Luke Cage (Mike Colter), proprietário de um bar local, sua relação com sua irmã adotiva Trish Walker (Rachael Taylor), apresentadora de um programa radiofônico, sua constante ajuda ao jovem vizinho Malcolm (Eka Darville), um dependente químico, e seu trabalho junto com a advogada criminal Jeryn Hogarth (Carrie-Anne Moss), ela busca desvendar o desaparecimento da jovem e encontrar Kilgrave.

Mais uma vez o Netflix acerta ao investir em um seriado dedicado aos personagens da Marvel Comics e ao seu Universo Cinemático. Com referências constantes ao UCM, Jessica Jones viaja por esse mundo que mistura cinema e televisão.

Como em Demolidor, os acontecimentos ocorrem depois da “Invasão de Nova Iorque”, onde os Vingadores enfrentaram os Chitauri e Loki. Jessica ganhou seus poderes bem antes do evento, mas só veio a descobri-los após um trágico acidente, na adolescência. Seu emocional também é bem explorado em toda a série, o que podemos parabenizar a atriz Krysten Ritter por isso.

Ritter sempre fez papéis coadjuvantes, construindo sua carreira devagar. Mesmo assim, era uma atriz que se nota por causa da escolha dos personagens, sempre com um drama pessoal forte, mesmo em comédias como “Ela é Demais Para Mim” (2010). Daí então ela veio a fazer a namorada do personagem de Aaron Paul em “Breaking Bad” (2008-2013). Se tornou uma das protagonistas da comédia “Vamps” (2012), ao lado de Alicia Silverstone e Sigourney Weaver e da série “Apartment 23” (2012-2013). Quando a série “Veronica Mars: A Jovem Espiã” (2004-2007) ganhou um filme em 2014, ela estava lá reprisando um dos seus primeiros personagens de destaque em uma série. Com Jessica tudo que ela já fizera anteriormente é reprisado. Personagens com dramas pessoais tensos, mulheres irônicas e fortes. E para incluir no seu currículo, entra uma personagem com superpoderes, uma superheróina.

Outro personagem que ganha um grande drama pessoal é Kilgrave, interpretado pelo ator David Tennant. É maravilhosa a forma como Tennant desenvolve esse personagem tão complexo, pois Kilgrave tem uma infância bem conturbada, o que leva a ser como é. Mesmo que isso não justifique sua forma de agir, ele é um personagem como problemas pessoas bem sérios. Esse escocês sempre fez trabalhos variados entre a Inglaterra e os Estados Unidos, entre eles a minissérie em três partes “Casanova” (2005) e o filme “Harry Potter e o Cálice de Fogo” (2005), mas seu grande destaque ocorreu quando começou seu trabalho como O Doutor em 2005 na série “Doctor Who” (1963-), reiniciada por ele. Foram 57 episódios na pele do personagem, além da animação “Doctor Who: The Infinite Quest” (2007) e da minissérie animada em seis partes “Doctor Who: Dreamland” (2009). Ainda fez uma participação na série “The Sarah Jane Adventures” (2007-2011), em seis episódios durante os anos de 2008 e 2010. Em 2009, ele fez o filme para a BBC “Hamlet”, encenando o personagem-título do drama shakespeariano. Em 2011, ele fez o personagem Peter Vincent na refilmagem do terror “A Hora do Espanto”, bem diferente do Peter Vincent do original de 1985. Quando se desvencilhou d’O Doutor em 2013, estrelou para a Fox a minissérie em 10 partes “Gracepoint”, ao lado de Anna Gunn (Breaking Bad). Seu mais recente trabalho vem sendo na série para iTV, “Broadchurch” (2013-). Todos, na sua maioria, mostram a capacidade de Tennant em variar nos personagens. Kilgrave mostra toda essa carga do ator.jessica-jones

Ao lado de Ritter temos ótimos atores também, demonstrando seu talento como a atriz Rachael Taylor. Ela já chegou a participar de um filme ligado à Marvel, “O Homem-Coisa: A Natureza do Medo” (2005). Não é algo para se orgulhar, devido a produção e direção fracas, mas também fez outros papéis menores em filmes de terror e ação, como “Transformers” (2007) e “Imagens do Além” (2008). Taylor chegou a participar de oito episódios de “Grey’s Anatomy” (2005-), além de ser uma das protagonistas na tentativa de revitalização da série de TV “As Panteras” (2011). Estrelou a série da ABC “666 Park Avenue” (2012-2013) e “Crisis” (2014) da NBC. Agora ela faz a irmã adotiva de Jessica Jones, que tem uma vida de estrela-mirim e passa pelas mesmas conturbações que todas passam. Mesmo que não seja mostrado, as agruras estão lá, mostradas na interpretação da atriz.

Outro personagem de grande importância é o do ator Mike Colter, pois ele interpretada Luke Cage. Mesmo com o mistério de como o personagem ganhou sua invulnerabilidade ser mantido no decorrer da série – deve ser mostrado na série-solo do personagem –, Colter já nos fornece o drama do personagem. Ele não chega a participar de todos os episódios do seriado, mas sempre que sua aparição é requisitada, tem grande motivação e importância. Já o ator é um veterano de participação em seriados, sempre em papéis menores, bem como suas aparições em filmes, sempre como coadjuvante. Dessa forma ele participou de filmes como “Menina de Ouro” (2004), “MIB³: Homens de Preto 3” e “A Hora Mais Escura” (2012). Entre 2011 e 2012, fez parte do elenco da série “Ringer”, estrelada por Sarah Michelle Gellar (Buffy: A Caça-Vampiros). Em 2014 foi um dos protagonistas da minissérie “Halo: Nighthall”. Também participou de oito episódios da série “The Following” (2013-2015), teve uma longa participação na série “The Goodwife” (2009-) e, agora, além de participar do seriado e ainda ter uma futura série que estrelará, ele apareceu na série “Agent X” (2015-) do canal TNT. Espero que descubramos muito mais sobre o personagem em um futuro próximo, em sua própria série, mas sabemos bastante sobre ele já em “Jessica Jones”.

Outra de grande destaque é a atriz Carrie-Anne Moss que interpreta a advogada criminal Jeryn Hogarth. Hogarth não possui escrúpulos quando o assunto é vencer. Ela mantém como seu slogan que somente pega casos para vencer, então ela titubeia em ajudar Jessica Jones em inocentar uma jovem seduzida por Kilgrave. Ela também tem problemas com sua esposa, ainda mais quando a trai com sua assistente, então precisa lutar para conseguir divórcio sem perder muito. Já a atriz Carrie-Anne Moss mostra ser totalmente de encarar essa personagem. Ela é extremamente conhecida pelo seu personagem Trinity na trilogia Matrix (1999-2003), mas antes disso já havia feito personagens em seriados como “Dark Justice” (1991-1993), “Matrix” (1993), “Models, Inc.” (1994-1995) e “F/X: The Series” (1996-1998). Depois do primeiro filme, Moss fez personagens em filmes como a comédia “Mafiosos em Apuros” (2000), o thriller “Amnésia” (2000), a ficção científica “Planeta Vermelho” (2000) e o drama “Chocolate” (2000). Ela também ganhou muita notoriedade após os últimos filmes da trilogia Matrix, variando muitos em suas atuações, como os filmes “Sedutora e Diabólica” (2006), “Paranóia” (2007), “Ameaça Terrorista” (2010), “Jogos de Interesse” (2012), “Silent Hill: Revelação 3D” (2012) e “Pompéia” (2014). Ela também fez parte do elenco principal da série “Vegas” (2012-2013), ao lado de Dennis Quaid (G.I. Joe: A Origem de Cobra) e Michael Chiklis (Quarteto Fantástico). Sendo assim, sua carreira fala por ela, e encarar esse tipo de personagem se torna interessante, ainda mais o tom de inescrupulosa que ela lhe dá.

Fecha o elenco principal o jovem Eka Darville interpretando o viciado Malcolm. Como muitos, Malcolm tem um passado nebuloso, pois desistira de sua faculdade e fora para Nova Iorque, mas termina se envolvendo com as pessoas erradas e se torna um viciado. Eka começou sua carreira participando de seriados adolescentes como “Galera do Surf” (2005-) e “Power Ranger R.P.M.” (2009). Participou do seriado “Spartacus” (2010) e “Terra Nova” (2011), retornando como Red Eagle RPM Power Ranger em dois episódios do seriado “Power Rangers Samurai” (2011). Entre 2013 e 2014, participou do seriado “The Originals” (2013-) e em 2015 da série “The Empire” (2015-). Sua forma de interpretar Malcolm demonstra que o ator tem um grande futuro. Espero que ele venha a aparecer na segunda temporada, também.jessica-jones-teaser-banner

Não conheço muito do universo quadrinhístico de Jessica Jones, pois comecei a lê-lo e não gostei muito da história. Muitos elogiam o trabalho de Brian Michael Bendis na série que fora publicada no selo MAX, Talvez tenha de dar mais atenção no futuro para a história, mas o que a criadora da série, Melissa Rosenberg, nos dá é ouro. Mas também o que esperar de uma pessoa que fora uma das produtoras da série “Dexter” (2006-2013). Em todos os treze episódios que criou, Melissa nos passa um thriller de ação com um trabalho muito grande na psique de cada personagem. Ela trabalha seus dramas pessoais, suas buscas, suas loucuras, suas motivações, seus problemas, seus vícios, sem perder o ritmo das histórias, deixando-o preso do começo ao fim da série. “Jessica Jones” se tornou mais um investimento inteligente da Netflix, em conjunto com a Marvel Studios. São treze episódios de prender a atenção.

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