Um final épico para uma saga épica.
Roteiro:
Mark Millar
Desenhos:
John Romita Jr.
Arte-final:
Tom Palmer
Editora:
Icon Comics (BR: Panini Books)
Ano:
2014 (BR: 2015)
Pág.:
260
Em fevereiro de 2008, o escocês Mark Millar e os
estadunidenses John Romita Jr e Tom Palmer iniciavam a saga de Dave Lizewski se
tornando Kick-Ass, um vigilante. Na sua primeira história ele conhece Big Daddy
e sua filha, a pequena assassina Hit Girl, e juntos encaram o mafioso John
Genovese e seus comparsas, dentre eles, o filho adolescente de Johnny G, Chris
Genovese, que se fantasia de Red Mist para enganar Kick-Ass, Big Daddy e Hit
Girl, atraindo-os para uma armadilha, onde Big Daddy é assassinado. Ao final,
Kick-Ass e Hit Girl se vingam por Big Daddy, matando John Genovese.
Na continuação, Hit Girl está “aposentada” do combate ao
crime, pois vai morar com sua mãe e o marido dela, o policial Marcus Williams,
mas Kick-Ass continua seu treinamento e sua patrulha como vigilante. Ele
termina sendo chamado pelo Coronel Estrelas para fazer parte do grupo Justiça
Eterna, um grupo de super-heróis que patrulham a cidade e agem da melhor forma
que podem, todos inspirados em Kick-Ass. Dessa vez ele enfrenta Chris Genovese,
que agora se chama Motherfucker, e tem um grupo de super-vilões. Motherfucker é
responsável pela morte do pai de Kick-Ass, James Lizewski. Ao final, Kick-Ass
escapa por bem pouco da prisão, mas Hit Girl está presa e Motherfucker hospitalizado
devido a guerra de mascarados.
O INÍCIO DO FIM
A terceira parte começa praticamente a partir desse momento,
em que Mindy McCready – alter-ego de Hit Girl – continua presa em uma
instituição de segurança máxima e Chris Genovese está hospitalizado, ainda.
Kick-Ass assumiu a base de Hit Girl e levou o grupo Justiça Eterna, que
aumentou seu contingente após uma guerra de fantasiados, para lá. O grupo chega
a planejar libertar Mindy da prisão, mas se acovardam e desistem da ideia, sem
contar que ainda temem pela prisão, pois ainda encontram-se sobre mandato de
prisão para vigilantes mascarados, sendo assim, agem na clandestinidade. Um
novo mafioso chega à cidade, Don Rocco “Homem-de-Gelo” Genovese, que pretende
unificar todas as gangues de Nova Iorque sob sua tutela. Para isso, inocentar
seu sobrinho, Chris Genovese, colocando um bode expiatório em seu lugar.
Além de ser Kick-Ass, Dave ainda divide seu tempo trabalhando
em uma lanchonete ao lado do amigo Todd – que se fantasia de Ass-Kicker, se
tornando um side-kick – e em uma
comic shop. Durante uma patrulha como Kick-Ass, Dave encontra-se com a
enfermeira Valerie. O dois iniciam uma relação que termina afastando Dave do
Justiça Eterna. Nesse meio tempo, um grupo de mascarados, liderados pelo
capitão da polícia Vic Gigante, começa a assassinar líderes das gangues nas
quais Rocco Genovese desejasse aliar, prejudicando a ação do mafioso, que
inicia uma caça aos mascarados, o que ocasiona em uma tentativa de matar Todd.
Enquanto isso, Rocco organiza uma ação para Chris Genovese
matar Mindy McCready na prisão, local que ela domina com mão-de-ferro.
Percebendo os problemas que os amigos se encontram, Dave
retorna ao traje de Kick-Ass, mais uma vez, para salvá-los.
EQUIPE CRIATIVA
Mark Millar junta-se novamente a John Romita Jr. -
co-criador da saga - e Tom Palmer para a conclusão desse épico (pois é assim
que eu o considero). Afiado como nunca no roteiro, Millar nos dá mais desse seu
personagem que de tão simples, possui uma complexidade única. Kick-Ass é um
rapaz que cresce na medida em que a história se desenvolve e percebe-se isso,
pois ele sai da imaturidade adolescente para um estado mais afiado de
maturidade, chegando a demonstrar, em certos momentos, que o super-herói nem
sempre precisa de máscara para ajudar aos outros.
Juntamos então o roteiro de Millar com a arte impecável de
John Romita Jr. nessa obra e temos algo definitivamente. JRJR (como ele mesmo
assina e como todos o chamam) tem um traço bem único e dá um dinamismo
diferenciado à história. Sempre que vejo seus traços me lembro de Frank Miller
em Batman: The Dark Knight Returns,
com seu traço diferenciado, e é isso que faz com que eu goste mais ainda dos
desenhos do artista nessa saga, principalmente.
Juntamos ao desenho de John Romita Jr., a arte-final de Tom
Palmer e temos o tom que o trabalho precisa. Palmer acompanha cada traço dado
por JRJR, desde as linhas mais finas ao sombreado mais grosso e encorpado.
Inchaços, cicatrizes, explosões, tudo de forma a dar mais vida ao trabalho.
UM FIM MAGISTRAL
Kick-Ass 3 finaliza a saga do personagem título, de Hit
Girl, do grupo Justiça Eterna, de Motherfucker e da família Genovese. Essa
conclusão é de se tirar o chapéu. O mais interessante que a história não
esmorece, ela não decai à medida que se desenvolve. Acho que essa é a principal
característica positiva de Kick-Ass.
Como mencionei mais acima, Dave Lizewski cresce com o
personagem. No começo vemos um adolescente sem eira e nem beira, mas ao final
vemos uma pessoa decidida e determinada do que deseja para si mesmo. Ainda no
começo da história vemos um Lizewski imaturo, fazendo uso do que ocorrera com o
pai para criar imagens vista em quadrinhos, mas depois ele amadurece,
percebendo coisas que não via antes. Cada personagem, cada detalhe é
necessário, mesmo que às vezes em participações ou aparições menores, eles são
essenciais para que aconteça essa conclusão.
Muitos, com certeza, acreditarão que a história poderia
perdurar, mas fazendo uso de um antigo ditado: todo começo tem um fim. Kick-Ass
teve um começo fantástico, pois trazia um acontecimento recorrente de vários
países, que eram pessoas se fantasiando de super-heróis para fazer, na maioria
das vezes, caridade nas ruas, continuou de forma deslumbrante, pois foi além
dos super-heróis, criou super-grupos, de heróis e vilões e conclui de forma
apoteótica, mostrando que todo mundo tem seu momento de amadurecimento e que
para ser um super-herói nem sempre é necessário um uniforme ou armas bacanas,
mas sim boa vontade e perseverança.
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