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sábado, 27 de fevereiro de 2016

RESENHA FILMES: O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino (Crouching Tiger, Hidden Dragon: Sword of Destiny, 2016)

O TIGRE E O DRAGÃO: A ESPADA DO DESTINO (Crouching Tiger, Hidden Dragon: Sword of Destiny, 2016)

Direção: Woo-Ping Yuen
Roteiro: John Fusco
Elenco: Michelle Yeoh, Donnie Yen, Harry Shum Jr., Natasha Liu Bordizzo, Jason Scott Lee, Eugenia Yuan, Chris Pang, Juju Chan, Roger Yuan, Darryl Quon.

No ano de 2000, o diretor Ang Lee (As Aventuras de Pi) levou o livro do escritor chinês Du Lu Wang (1909-1977), “O Tigre e o Dragão”, aos cinemas. Era uma história sobre ficção chinesa baseada em aventuras marciais da China Antiga conhecida como Wuxia (Wu = marcial, militar, armada – Xia = honrosa, cavalheiresco, herói). Na história conhecemos a jovem Jen Yu (Ziyi Zhang), aprendiz da notória bandida Jade Fox (Pei-Pei Cheng), que demonstra querer aprender mais sobre o Wudang, uma seita de artes marciais que vivem nas montanhas Wudang. Sua mestra matara um grande mestre cujo um dos discípulos era o lendário Li Mu Bai (Yun-Fat Chow). Este a persegue desde então, buscando fazer justiça em nome de seu mestre.
Jen Yu é filha do governador Yu (Li Fazeng), e apaixonada pelo jovem ladrão Luo Xiao Hu (Chen Chang). Ela vai com seu pai visitar a residência do Sr. Te (Sihung Lung) e lá conhece Li Mu Bai e a guerreira Yu Shu Lien (Michelle Yeoh). Shu Lien é um amor antigo de Li Mu Bai, mas como fora prometida a outro homem, este nunca a cortejou. Li Mu Bai e Shu Lien foram à residência de Sr. Te para lhe levar a lendária Destino Verde, uma espada poderosa capaz de cortar o mais duro metal, sem perder o fio.
Destino Verde é roubada, fazendo Li Mu Bai e Shu Lien irem atrás da bandida que é ninguém menos que Jen Yu. Durante a fuga, Jen Yu tem a chance de aprender mais sobre o Wudang com Li Mu Bai, mas a traiçoeira Jade Fox não aceita que sua pupila saiba mais do que ela, então em um combate final, Li Mu Bai consegue fazer justiça pelo seu mestre, mas sucumbe à batalha, pois Fox usará dardos envenenados. Shu Lien leva a Destino Verde de volta a mansão do Sr. Te, pois este prometera que aquele presente seria guardado e protegido. Depois, Lien leva Jen Yu até a montanha Wudang, onde a jovem desiste do aprendizado e foge.

Àqueles que não assistiram “O Tigre e o Dragão” ainda, mil desculpas se dei algum spoiler, mas eu precisava contar essa história – parcialmente – para falar do novo filme baseado na pentalogia de Du Lu Wang. “O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino” é baseado no livro “Iron Knight, Silver Vase”, e nele passaram-se 18 anos desde a morte de Li Mu Bai. Shu Lien está a caminho da residência dos Te, para prestar suas homenagens à morte do governante, quando sua carroça é atacada pelos homens de Hades Dai (Jason Scott Lee), líder do Clã Lótus Ocidental, que deseja ser o governante do Mundo Marcial. Apesar de se sair bem sozinha, ela conta com a ajuda de um misterioso forasteiro que a ajuda.
Chegando a residência dos Te, Shu Lien descobre que Destino Verde encontra-se exposta na sala de Mestre Yu (Gary Young), pois um dos últimos desejos do seu pai era que a espada ficasse ali, para lembrar-lhe de dias mais nobres. Poucos são aqueles que sabem onde encontra-se Destino Verde, que para muitos encontra-se perdida. Então uma bruxa de olhos de prata (Eugenia Yuan), ao encontrar-se com o jovem Wei-Fang (Harry Shum Jr.), único sobrevivente do embate com Shu Lien, pede para que este a leve até Hades Dai e conta ao soberano onde a Destino Verde está e recomenda que Wei-Fang vá usurpá-la.
Durante a tentativa, Wei-Fang conhece a guerreira Vaso Nevado (Natasha Liu Bordizzo), mas é impedido por Shu Lien de levar o espólio. Vaso Nevado é aprendiz de uma antiga guerreira e deseja aprender mais sobre o Wudang – nesse filme é chamado de Caminho de Ferro – se tornando aprendiz de Shu Lien.
Com a tentativa de assalto da Destino Verde, Shu Lien acredita que seja hora de levar a espada para as montanhas Wudang, mas mestre Yu não concorda, então ela vê a necessidade de convocar um grupo de guerreiros para a proteção da Casa dos Te e da Destino Verde.
A mensagem chega a uma taverna, onde reúnem-se outros guerreiros do Wudang que se juntam para ir ajudar Shu Lien, liderados por Lobo Silencioso (Donnie Yen), um grande guerreiro que tem uma história com Shu Lien.
“O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino” é mais um daqueles filmes baseados na ficção chinesa que guarda a beleza na ação. É lindo ver as lutas, as batalhas de espadas, lanças, adagas, e todo tipo de instrumento que faz parte das artes marciais chinesas. Rever Michelle Yeoh de volta atuando como Yu Shu Lien é outra grande beleza deste filme. Ela é uma artista marcial fantástica. É um grande balé as cenas que ela luta, cada movimento captado pelas câmeras, cada golpe demonstra na sua precisão é de uma beleza sem tamanho.
Vemos nesse filme outro dos grandes artistas marciais da China, Donnie Yen.
Considerados por muito como um dos melhores, Donnie Yen mostra toda a graça e habilidade que possui. Jackie Chan é um dos atores chineses que já o elogiou abertamente. Outros destaques ficam para Jason Scott Lee fazendo o antagonista Hades Dai. Quem não conhece o ator, assista “Dragão: A História de Bruce Lee” (1993), onde ele atua como o ator sino-americano. As origens de Lee tem uma mistura de chinês e havaiano, o que o faz um ator perfeito nesse filme.
Outros com origens nada chinesas são o ator porto-riquenho Harry Shum Jr. e a atriz australiana estreante Natasha Liu Bordizzo. Shum ficou muito conhecido pelo seu personagem Mike Cheng na série de TV “Glee” (2009-2015). Já Bordizzo encara seu primeiro trabalho no cinema e se sai muito bem. Ambos demonstraram um excelente talento. Agora dá para entender o motivo de Shum ser um excelente dançarino em “Glee”.
Todas as tomadas de cenas com o “balé marcial” devem meu agradecimento ao diretor – e ator – chinês Woo-Ping Yuen. Ele já realizou trabalhos com Michelle Yeoh, Donnie Yen, Jet Li e Jackie Chan, e sua fantástica forma de captar cada movimento, cada momento, cada cena de criar impacto é maravilhoso. Uma coisa simples que poderia passar despercebida, ganha um impacto maior nas lentes dirigidas por Yuen.
Mas nem tudo são maravilhas em “O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino”, pois a poesia falada no idioma mandarim e cantonês se perde na tradução para o inglês. Sinceramente, uma das coisas lindas de “O Tigre e o Dragão” é os atores falarem no seu idioma original, sem as traduções grosseiras do inglês. Eu fico pensando como nomes iguais a “Vaso Nevado” e e “Lobo Silencioso” ficariam em mandarim ou cantonês. Não ver a terminologia Wudang sendo pronunciada chega ser estranho, pois era o caminho de Li Mu Bai e Yu Shu Lien, e é o que difere este tipo de filme dos estilos shaolin (são duas vertentes diferentes do wushu).
“O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino” é uma linda história de tradição, honra e lealdade. Mesmo àqueles que buscam o caminho errado, você testemunha um pouco de honradez entre eles. Testemunhar treze anos depois essa continuação é um prazer inenarrável e como está no Netflix, farei várias vezes seguidas.
Se possível assistam “O Tigre e o Dragão” primeiro – também está no Netflix – e depois testemunhem sua continuação, percebendo que uma boa continuação pode ser feita.

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