DEADPOOL (2016)
Direção: Tim Miller
Roteiro: Rhett Reese, Paul Wernick
Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, T.J. Miller, Ed
Skrein, Gina Carano, Stefan Kapičić, Brianna Hidelbrand, Jed Rees.
Vou começar essa resenha de uma forma bem diferente: Eu não
gosto do Deadpool.
Acho que a forma como a Marvel o promoveu ao status de
mega-foda-anti-herói foi exagerada, pois o personagem não tem carisma e nem
charme para se tornar um personagem de tanto destaque, nem nos quadrinhos ou
qualquer outra mídia. Mas venhamos e convenhamos, seu filme é muito bom.
No enredo, vemos Wade Wilson (Ryan Reynolds) buscando
vingança pelo que se tornara e por isso tê-lo afastado de sua namorada, a bela
stripper Vanessa Carlysle (Morena Baccarin).
Wade era um mercenário que caça pessoas indicadas por Jack “Fuinha”
Hammer (T.J. Miller), mas depois de ter um câncer difícil de curar, ele é
selecionado por um recrutador (Jed Rees), dizendo ser capaz de curar seu câncer
se ele se submeter a uma experiência gerenciada pelo mutante Francis “Ajax”
Freeman (Ed Skrein). Este trabalha com a poderosa Angel Dust (Gina Carano), uma
mutante extremamente forte.
Depois de ficar totalmente deformado, Wade busca por uma
justiça usando armas de fogo e espadas. Ele se torna Deadpool. Na Escola para
Jovens Superdotados de Charles Xavier, Colossus (Stefan Kapičić) deseja
adicionar Deadpool aos X-Men e, por isso, parte com sua jovem pupila, Missil
Adolescente Megassônico (Brianna Hidelbrand), atrás do mercenário, na intenção
de convencê-lo a entrar no grupo.
Não vou ficar falando muito, pois o filme é muito bom e
merece ser assistido. Ele trabalha metalinguagem, easter-eggs, besteirol de forma magnífica. As piadas vão além dos
palavrões, muito presentes no filme, pois ele brinca com DC/Marvel o tempo
inteiro, seja fazendo piadas com os personagens que Ryan Reynolds vivenciou em
X-Men Origens: Wolverine (2009) e Lanterna Verde (2011), com Hugh Jackman –
ator que fez Logan/Wolverine em quatro filmes do X-Men e em dois filmes do
Wolverine – ou com personagens da Marvel e da DC Comics.
Tim Miller trabalha bem os momentos de humor, de ação e de
comédia, interagindo entre si a todo momento. Existem momentos de drama,
existem momentos de suspense e existe um enredo, uma motivação maior do que a
ação desenfreada e a violência gratuita.
Sim, violência gratuita. O filme ganhou nos EUA a censura R
(menores de 17 só podem ir acompanhado de pais e responsáveis, pois contém
conteúdo adulto) e aqui no Brasil censura de 16 anos. Ele possui uma violência
descarada, cenas de nudez extrema e palavrões constantes. Não que isso seja
novidade nos cinemas brasileiros, pois filmes daqui têm isso constantemente,
mas em geral isso é contido em filmes estrangeiros. O lance é que não rolou
dessa vez, então a censura é totalmente necessária (não que isso vá fazer
diferença, pois quando chegar em DVD, qualquer um poderá assistir). Bem, apesar
de tudo isso que eu citei o filme não perde a sua qualidade, pelo contrário,
isso só o deixa melhor.
Deadpool nos quadrinhos é um personagem ao extremo, em todos
os sentidos. Ele ultrapassa as barreiras dos quadrinhos, interage com seus
leitores (algo que acontece no filme, isso se chama metalinguagem, quando o
personagem ultrapassa a “quarta parede”, agindo com o público), nas suas
histórias não a violência contida, nem maneirações nos palavrões. O besteirol
(forma escrachada de humor, com críticas sociais e políticas) sempre é parte
das histórias também, sacaneando todo o Universo Marvel, constantemente.
O mais interessante é que Rhett Reese e Paul Wernick
souberam trabalhar todos esses elementos de forma agradável, parecendo até
mesmo espontaneidade e improviso de Ryan Reynolds. Quanto a Reynolds, ele está
muito bem no papel. Ele consegue transformar as cenas e piadas em coisas que
nem parecem fazer parte do roteiro. Sinceramente, eu vi o filme imaginando que
tudo aquilo era puro e simples improviso. Foi fantástico.
“Deadpool” é um filme muito agradável para o público dos
quadrinhos, dos filmes de ação e dos filmes de comédia. Você percebe até que
existe um easter-egg com os filmes da
Marvel Studios na luta final. Preste bastante atenção que perceberá.
Se todos irão gostar, se Deadpool dividirá opiniões,
sinceramente eu não sei, mas o Box Office Mojo já registrou uma bilheteria de
US$ 12.512.000 fora dos Estados Unidos. Até mesmo o filme dublado – ontem eu
assisti assim – está muito bom. Apesar das gírias brasileiras, não se perde
nenhum dos palavrões e das piadas escrachadas. É um filme para se contar na categoria de bons filmes baseados em quadrinhos.
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