AURORA (2015)
Roteiro: Felipe Folgosi
Desenhos: Leno Carvalho
Arte-final: Nelson Pereira
Cores: Stefani Renee, Márcio Menyz, Thiago Ribeiro, Rodrigo
Fernandes, Carlos Lopez, Marcio Freire
Editora: Instituto dos Quadrinhos
Pág.: 116
Vou ser extremamente sincero nesse começo, pois preciso ser.
Eu sempre achei que Felipe Folgosi era somente um ator de novelas de televisão,
uma cara bonitinha fazendo papel de galã na TV. Mas essa visão mudou totalmente
após eu ler “Aurora” e meu respeito por ele cresceu muito depois disso.
Na história vemos o Providência, um barco de pesca, preso no
meio de uma tempestade cósmica sem proporções. Tudo muda quando um de seus
pescadores, o português Rafa, decide sair no meio da tempestade para disparar
um sinalizador e se vê atingido pela tempestade anormal.
Daí por diante, vemos intriga, mistério e ação em uma
história que cresce à medida que a lê. Tem um tom de ficção científica visto em
poucas histórias revistas nos dias de hoje. Percebe-se que Folgosi foi longe
para pesquisar sobre sua história. Vemos teorias físicas, astrofísicas, nomes
ligados ao governo estadunidense, artefatos e nomes médicos. Foi uma pesquisa
em tanto, o que dá mais vivacidade a esse trabalho.
Felipe mesmo, na introdução, fala que foram anos escrevendo
coisas aqui e ali e guardando até chegou o momento de tornar tudo nesse belo
trabalho quadrinhístico. A ideia era transformar em um filme, mas ainda bem que
ele decidiu por uma história em quadrinhos, pois talvez um filme não ficasse tão
rico como ficou essa revista.
A arte de Leno Carvalho é grandiosa para a história. Eu não
sei se foi proposital, mas o pescador Rafa, em certos momentos, parece muito
com o próprio Folgosi. Além disso, Leno Carvalho trabalha bem expressões, cenas
de ação. Quanto ao sombreamento, não sei se é dele ou de Nelson Pereira – o arte-finalista
–, mas em determinados momentos eu achei um pouco exagerado. Mas o trabalho de
cores é algo gratificante, principalmente no momento da tempestade cósmica. Dá
para sentir a eletricidade no ar no momento em que relâmpagos escarlates rasgam
o céu e caem em volta do Providência.
Felipe Folgosi, com “Aurora”, nos entrega mais um trabalho
de qualidade. Mesmo que os eventos não ocorram em terra tupiniquins, não deixa
de ser um trabalho de um brasileiro para vários brasileiros. E, sinceramente,
eu torço que ele consiga vender esse material lá fora, mostrando que os
roteiristas brasileiros sabem fazer mais do que desenhar. Já temos Gabriel Moon
e Fábio Bá que conquistaram o feito de ter Daytripper publicada pela Vertigo,
porque não termos mais talentos da nossa terra conquistando esse lugar ao sol?
Parabéns a Folgosi pelo ótimo trabalho. Espero que mais
desse venham em um futuro próximo.
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