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domingo, 6 de março de 2016

O que é novo substitui o clássico?

No dia 03/03/2016, a Sony/Columbia Pictures lançaram o primeiro trailer do filme “As Caça-Fantasmas”, que estreia em julho de 2016, e muitas foram as críticas positivas e negativas quanto ao trailer, mas aí eu me pergunto: o novo substitui o que é antigo?
Bem, nos quadrinhos vemos sempre renovações de personagens, atualizações de suas histórias e suas cronologias, tanto que as pessoas insistem em dizer que “não existe mais cânone” (isso é assunto para outra análise). Isso também ocorre em filmes, seriados e animações – PRINCIPALMENTE em animações. A onda de remakes não é de hoje, seu começo vem desde que alguém decidiu refilmar algum filme ou série clássica, então sempre veremos novas ideias sendo inseridas em antigos conceitos.
No caso do filme que estreará, vê-se que pelo começo do trailer será mantido o respeito ao Caça-Fantasmas clássicos, somente criando uma nova geração, formada por mulheres. Não tentarão “feminilizar” Egon Spengler, Peter Venkman, Ray Stantz e Winston Zeddmore, mas sim incluirão novas cientistas e uma atendente de caixa de metrô.

Pelo que deu a entender do trailer, elas seguirão o que fora deixado pelos Caça-Fantasmas há trinta anos, a sede de conhecimento e a vontade de armazenar espíritos, poltergeists, assombrações e demônios, prendê-los para
Que não possam atormentar mais ninguém, isso se chama legado.
Tá, to trabalhando esse conceito para os quadrinhos da DC Comics, mas a ideia serve para os filmes também. Vejamos como exemplo o remake de “As Panteras” (2000).
Natalie Cook, Dylan Sanders e Alex Munday – personagens de Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu, respectivamente – não tentaram substituir a série do canal ABC, mas sim dar sequência ao que suas antecessoras fizeram antes, nos anos de 1970-1980. Natalie, Dylan e Alex eram sucessoras de Kelly Garrett (Jaclyn Smith), Kris Munroe (Cheryl Ladd), Sabrina Duncan (Kate Jackson), Jill Munroe (Farrah Fawcett), Tiffany Welles (Shelley Hack) e Julie Rogers (Tanya Roberts), ou seja, eram mulheres escolhidas pelo misterioso Charlie Towsend (John Forsythe) para ajudar àqueles que contratavam a Towsend Agency. O filmes tiveram um sucesso moderado – sim, “As Panteras” teve uma continuação intitulado “As Panteras: Detonando” (2003) –, mas a tentativa de levá-las de volta a TV, em um clima mais sério, foi um grande fracasso.

Mas lógico que cinema e TV não vivem de tentativas de continuidade, mas busca-se sim substituição, como no caso de “Esquadrão Classe A”.
“Esquadrão Classe A” foi uma série de enorme sucesso no canal de TV NBC durante os anos de 1983 e 1987. Nela mostrava um grupo de soldados que foram incriminados injustamente e enquanto buscam provar sua inocência se tornam soldados da fortuna, aceitando qualquer tipo de trabalho. Hannibal, Templeton, B.A. e Murdock encaram seitas, organizações criminosas, cartéis, sempre construindo artefatos com meras peças e veículos.
Em 2010, a Twentieth Century Fox leva o “Esquadrão Classe A” aos cinemas, atualizando a história dos personagens e mantendo seus nomes. Hannibal (Liam Neeson), Templeton (Bradley Cooper), B.A. (Quinton Jackson) e Murdock (Sharlto Copley) são acusados de um assassinato e buscam provar sua inocência, mas percebem que os problemas são maiores e exigem um plano bem além daqueles que estão acostumados. O filme fez um sucesso morno, mas infelizmente, com sua folha de pagamento astronômica (Liam Neeson já era um ator hiper-super conhecido, Bradley Cooper se tornara conhecido pela série Alias e pelo filme “Se Beber, Não Case” e Sharlto Copley vinha do sucesso “Distrito 9”), não conseguiu se pagar.Outro caso de substituição ocorreu com uma das séries de ficção científica de maior sucesso dos cinemas e da TV, Jornadas nas Estrelas – Star Trek.
No ano de 1966 o escritor Gene Rodenberry iniciou a saga da Enterprise NCC-1701, que singrava pelo espaço tendo o Capitão James T. Kirk (William Shatner) como comandante, ladeado pelo primeiro oficial Spock (Leonard Nimoy), o Oficial Médico-Chefe Leonard “Magro” McCoy (DeForest Kelley), a Oficial-Chefe de Comunicações Nyota Uhura (Nichelle Nichols), o Oficial do Leme Hikaru Sulu (George Takei), o Alferes Pavel Chekov (Walter Koenig) e o Engenheiro-Chefe Montgomery Scott (James Doohan). A série original somente teve três temporadas, mas seus filmes renderam novas séries, novas viagens e um número infindável de fãs trekkers.

Em 2009, os roteiristas Roberto Orci e Alex Kurtzman pegaram a ideia de Rodenberry e, buscando manter o respeito pela saga clássica, criaram um universo paralelo, onde eventos e acontecimentos ocorrem de forma diferente. “Star Trek”, o primeiro filme da nova franquia, nos traz James T. Kirk (Chris Pine) buscando se tornar comandante de sua primeira nave espacial, mas termina barrado ao trapacear em um teste gerado pelo sub-oficial vulcano Spock (Zachary Quinto). Spock se torna primeiro oficial da Enterprise NCC-1701, comandada pelo Capitão Christopher Pike (Bruce Greenwood). Na nave estão o inexperiente piloto Hikaru Sulu (John Cho), o jovem Alfreres Pavel Chekov (Anton Yelchin), a navegadora Nyota Uhura (Zoe Saldana) e o oficial-médico Leonard “Magro” McCoy, amigo de Kirk. McCoy decide levar Kirk na Enterprise e este demonstra ser de extrema ajuda quando eles encaram Nero (Eric Bana), um mineiro romulano que viaja no tempo na intenção de alterá-lo ao assassinar os vulcanos, ou seja, é Nero o responsável pela criação dessa nova linha temporal.
A aceitação do filme foi impressionante e instantânea. Mas isso porque os roteiristas e o diretor J.J. Abrams souberam respeitar o clássico, sem tentar interferir nele. Ele continua existindo, mas em outra realidade, em outro momento, pois o que testemunhamos nesse filme e em suas continuações – ele teve uma continuação em 2013, “Além da Escuridão – Star Trek”, e já tem uma nova para estrear em 21 de julho de 2016 no Brasil, “Star Trek: Sem Fronteiras” – uma nova realidade e uma nova visão.
Mas muito das dificuldades de se aceitar o novo não vem, as vezes, da qualidade do material, mas sim dos fãs de determinado material. Um exemplo é a série “Super-Máquina”.
Entre os anos de 1982 e 1986, o canal de TV NBC transmitiu a série Kight Rider, onde um combatente do crime conhecido como Michael Knight (David Hasselhoff) tem um carro super-equipado e com IA (Inteligência Artificial) chamado K.I.T.T. (Knight Industries Two Thousand). A série tentou ser revivida várias vezes, com vários filmes para a TV, mas nenhum foi em frente. Em 2008,  o canal de TV NBC investiu sério em uma nova série da “Super-Máquina”. K.I.T.T. deixava de ser Pontiac Trans Am 1982 para ganhar robustez e potência em um Shelby GT500KR Mustang. Seu piloto é o jovem Mike Traceur (Justin Bruening), filho perdido de Michael Knight, e ex-noivo de Sarah Graiman (Deanna Russo), filha de Charles Graiman (Bruce Davison), desenvolvedor dos K.I.T.T.’s.

A série era intrigante, respeitava o legado deixado pela anterior, tinha ação bem desenvolvida, bons atores, mas devido a uma pequena queda – quase insignificante – a NBC cancelou após cinco episódios lançados.
Bem, retornando a questão de “As Caça Fanstasmas”, pode ser que não seja um sucesso, mas muito do que vemos são pessoas que estão presas ao antigo. O filme não demonstra que tentará substituir o antigo, mas sim dará sequência ao que este deixou.

Não vejo o que seja novo como uma substituição do antigo, mas sim como uma possível revitalização. Às vezes dá certo e – na grande maioria, como podemos ver – as vezes não.
Não tornemo-nos fixados demais no passado, pois podemos estar perdendo oportunidades de testemunharmos revitalizações que podem ser importantes para o futuro. Tivemos isso com “As Panteras” – mesmo que não tenha agradado a todos –, tivemos isso com “Esquadrão Classe A” – mesmo que não tenha sido sucesso de bilheteria – e tivemos isso com “Star Trek” – tremendo sucesso que revitalizou a franquia, dando até suporte para uma revitalização na TV. Por que não poderemos ter isso com “As Caça Fantasmas”, que não buscam substituir Egon, Peter, Ray e Winston, mas si dar continuidade ao que eles construíram – tá, ficou meio repetitivo, mas é a verdade dos fatos.

Curtam, admirem e guardem nas lembranças o que é clássico – se possível, reassista milhares e milhares de vezes –, mas não dê as costas para o que é novo, pois – as vezes – pode te agradar.

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