Roteiro:
Kurt Busiek
Desenho:
Brent Eric Anderson
Arte-Final: Will Blyberg
Cores: Alex Sinclair
Editora: Vertigo Comics (BR: Panini Comics)
Ano: 2001 (BR: 2016)
Pág.: 228
Em uma determinada história de “Astro City: Álbum de
Família”, conhecemos a história de um vilão. Nela vemos como ele conquista o
grande bônus, conseguiu causar um assalto milionário e não foi pego, na
verdade, nem suspeitavam que fosse ele o assaltante. Em “O Anjo Maculado”, Kurt
Busiek também se concentra nos vilões, mas não da mesma forma como acontecera
com o Sucateiro.
Na história vemos o vilão Blindado (que no começo da carreira
era conhecido como Homem Blindado de Aço... UFA!), ou melhor, Carl Donewicz
sendo libertado em condicional depois de passar 20 anos na Penitenciária da
Ilha Biro. Ele precisa se manter distante de outros vilões e bandidos, mas isso
é uma tarefa difícil para quem mora na Praça Kiefer (clara homenagem ao artista
estadunidense Henry Kiefer (1890-1957), que dentre muitos trabalhos foi o
percussor da quadrinização dos romances do século XIX nas revistas Classics Illustrated), um bairro onde se
você não é um vilão, um dia poderá se tornar.
Blindado chega ao bairro e já é abordado por Donnelly
Ferguson, o – antes conhecido – Cobra Escarlate, que geralmente arranja
trabalhos para vilões, desde que tenha uma porcentagem nos ganhos e nunca seja
envolvido, mas de cara Carl o dispensa.
Após visitar seu agente de condicional e procurar empregos,
sem sucesso por causa de seu passado, Blindado é abordado pelo Samaritano, que
o trata como um super-vilão. Enraivecido, ao voltar à Praça Kiefer, ele aceita
conversar com Ferguson e descobre que existe alguém matando os super-vilões que
moram ali. Os moradores do bairro clamam que ele os ajude a descobrir quem é o
assassino, e como Blindado precisa de dinheiro, ele aceita. Frustrado por não
conseguir respostas, pressionado pelos moradores da Praça Kiefer e por
Ferguson, Blindado precisa descobrir quem é o assassino dos máscaras negras –
termo que ele usa para se referir aos seus amigos vilões –, antes que mais
outro venha a se tornar vítima.
Sério, é difícil não exaltar a genialidade de Kurt Busiek em
Astro City. Ele trabalha cada aspecto dos personagens de forma sublime. Suas
frustrações, decepções, baixa estima, a falta de encaixe na sociedade, são
algumas coisas que são notadas nesse quarto volume (quinto a ser lançado) da
coleção.
Lendo Astro City você compreende porque foi tão aclamado na
época por outros escritores, pela crítica especializada e pelos fãs de
quadrinhos. A série trabalha os super-heróis, vigilantes e super-vilões, até
mesmo os cidadãos com super-poderes ou sem eles, de forma as buscar entender o
seu dia-a-dia. Não somente as aventuras, mas como eles agem, seus sentimentos,
suas ideias, suas interações. O que Busiek faz é trabalhar mais extensamente o
que desenvolveu em Marvels. Só que ao invés de trabalhar somente o viés do
civil interagindo com as “maravilhas”, em Astro City ele trabalha a visão
contrária, ou seja, os super-seres interagindo com os civis.
Outro ponto forte é o crescimento da arte de Brent Anderson.
Parece que quanto mais ele ajuda no desenvolvimento dos personagens e
características físicas deles, mais ele se aprimora nos desenhos. Mas dessa vez
ele contou com um arte-finalista e um colorista que lhe ajudaram muito, principalmente
no Blindado. Cada aspecto do tom metálico do personagem, reflexos, brilho,
foram bem trabalhados. Então Will Blyberg e Alex Sinclair precisam serem citados,
pois foi um verdadeiro trabalho “a três mãos”.
Ler “Astro City: O Anjo Maculado” é tomar conhecimento mais
amplo desse universo fantasticamente criado por Kurt Busiek, Alex Ross e Brent
Anderson, pois enquanto um desenvolve o roteiro, os outros dois desenvolvem
características dos personagens que simplesmente fascinam. É mais uma excelente
aquisição para essa coleção que nos surpreender a cada encadernado lançado.
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