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sábado, 29 de junho de 2019

RESENHA FILMES: Shaft (2019)


SHAFT (2019)

Direção: Tim Story
Roteiro: Kenya Barris, Alex Barnow
Elenco: Samuel L. Jackson, Jessie T. Usher, Richard Roundtree, Regina Hall, Alexandra Shipp, Method Man, Titus Welliver, Isaach De Bankolé, Avan Jogia, Luna Lauren Velez

Em 1989, John Shaft (Samuel L. Jackson) sofre um atentado a sua vida, causado por Pierro “Gordito” Carrera (Isaach De Bankolé). E seu carro estavam sua parceira, Maya Barbanikos (Regina Hall) e seu filho, ainda pequeno.
JJ Shaft (Jessie T. Usher) cresceu com a ausência do pai – que não esquecia seu aniversário, mas sempre mandava presentes... inadequados – e se tornou um programador do FBI. Além de sua mãe, JJ também podia contar com seus melhores amigos, Karim (Avan Jogia) – que o ajudou na infância – e Sasha (Alexandra Shipp) – por quem ele tem uma queda. Quando Karim aparece morto devido a uma overdose, ele e Sasha desconfiam, mas devido a inexperiência com casos de drogas e gangues do Harlem, em Nova York, JJ recorre ao seu pai para ajuda-lo, iniciando uma parceria inesperada. E, quando as coisas apertam, os dois recorrem ao Shaft original (Richard Roundtree) para encarar essa ameaça.
Em 2000, a Paramount Pictures lançou um remake de Shaft, estrelado por Samuel L. Jakcson. O filme teve uma bilheteria razoável (US$ 70.334.258, com classificação de 33ª melhor bilheteria, de acordo com o Box Office Mojo) e críticas elevadas (67% de acordo com o Rotten Tomatoes), mas o problemas foram as críticas contra – nunca vou entender isso, sinceramente e, por isso que digo que não crítico, pois eles são chato demais. O filme não era um reboot, pois trazia uma continuidade, com o atual Shaft – tipo – substituindo o antigo, que já estava velho. Era divertido, eletrizante e uma fantástica homenagem à Era Blaxploitation.
Blaxploitation era um termo usado na década de 1970 para filmes que surgiam tendo afro-americanos como os heróis das histórias. O movimento surgiu com o filme “Sweet Sweetback’s Badasssss Song”, de Melvin Van Peebles, que estreou em Nova York em 23 de abril de 1971. Com isso, vários outros surgem na sequência, entre eles o filme “Shaft”, de 02 de julho de 1971.
No filme, John Shaft – interpretado por Richard Roundtree – é um detetive particular negro que tem de encontrar a filha sequestrada de um chefão do submundo. O filme tinha uma ação extrema e dava destaque a um homem negro como principal protagonista. Foi um grande sucesso.
Roundtree viria a viver Shaft em mais dois filmes – “O Grande Golpe de Shaft” (1972) e “Shaft na África” (1973) – até ganhar sua própria série televisiva, que estreou na CBS e teve somente sete episódios.
Shaft nunca foi um cara comum. Não era muito fã da lei, tratava as mulheres com um machismo inerente da época, mas sem levantar um dedo contra elas. Tratava marginal de forma violenta e, às vezes, extrema. Quando foi para a televisão, muito do charme dos filmes desapareceu, pois certas ações não eram bem-vindas na TV e, talvez por isso a curta duração.
Quando o filme de 2000 foi lançado, a época era diferente, mas trazia um clima próximo dos filmes da década de 1970, tanto que o próprio Roundtree fez uma participação. Lógico, poucos compreendiam – e compreendem – o movimento Blaxploitation e sua representatividade. Ele fez algo pelos atores e atrizes afro-americanos que não se fazia muito na época, lhes deu destaque.
Em 2003, o produtor Mario Van Peebles decide mostrar a todos mais sobre o movimento no filme “O Retorno de Sweetback”.
Quase um filme-documentário, “O Retorno de Sweetback” mostra toda a luta e dificuldades que o pai de Mario Van Peebles teve para lançar seu filme e, quando descobriram sobre o que era, o grande sucesso que alcançou. Van Peebles escreveu o roteiro, produziu, dirigiu e estrelou o filme, de forma bem semelhante ao que seu pai fizera na época. Dessa forma, as pessoas começavam a ter uma ideia desse movimento... mas já era tarde demais para um continuação de Shaft, pois não interessava mais. Então a Warner Bros. Pictures e a Netflix se juntaram e decidiram fazer mais uma continuação. Com o mesmo título de seus antecessores, eles lançam o novo “Shaft” na plataforma de streaming da Netflix.
O novo “Shaft” tem direção de Tim Story e toma um rumo um pouco diferente, dando um tom mais humorístico ao filme e com uma violência mais moderada. E, na minha humilde opinião, não perde o charme. Temos ali um pouco do Shaft de Roundtree, bastante do Shaft de Samuel L. Jackson e um Shaft “Nutella” do ator Jessie T. Usher.
Por que “Nutella”? Ele não é o valentão, o “cara que pega todas”, aquele que “atira antes e pergunta depois” dos seus antecessores. JJ Shaft não gosta de armas, é geek, tem dificuldades para se expressar com mulheres, não aguenta uma balada e prefere perguntar ao invés de erguer a arma. Ele é totalmente contrário a seus antecessores... por isso “Nutella”.
Mas, o que poderia ser considerado como defeitos, terminam se tornando qualidades e, com o desenvolver do filme, ele vai evoluindo, mas sem se tornar igual aos seus antecessores, nos dando um tipo diferente de Shaft.
Já vi críticas totalmente negativas ao novo filme – aprendam, não se deixem influenciar por críticas, criem suas próprias – e o filme não foi tão bem nos Estados Unidos – a crítica pegou pesado –, mas isso não muda o fato do filme ser bem interessante. Roundtree, em entrevista para o Collider disse que só precisou de um telefonema para entrar nesse projeto, pois falaram que Samuel L. Jackson estaria. Isso já fala por si mesmo.
Se você não gosta da forma como Shaft age, eu posso respeitar sua posição e opinião, mas que ele representa uma época, um movimento de inclusão ao qual negros poderiam ser os protagonistas, sem serem retratados como escravos, presos ou mesmo empregados, isso é um fato.
“Shaft” está em cartaz na Netflix e se você gosta de ação light com Samuel L. Jackson estrelando, fique a vontade para assistir.

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