Roteiro: Eric Peleias
Arte: Hiro Kawahara
Ano: 2018
Pág.: 100
Sol é uma pilota de aviões que ama o que faz. Após sofrer um
trágico acidente de avião, ela encontra a Yggdrasil e, dentro dela, residem os
deuses esquecidos pela humanidade, sucumbindo aos tempos. O que Sol não sabe é
que uma batalha está por vim e ela será crucial para o desfecho desta.
Antes de qualquer coisa, preciso dizer que “Últimos Deuses”
é mais uma daquelas histórias que conseguiu ficar pronta graças ao apoio no Catarse,
um site de Apoio Coletivo onde nós podemos ajudar artistas independentes a
desenvolver suas histórias e ainda ganhar brindes.
“Últimos Deuses” traz a seguinte premissa: “Para quem os
deuses oram?”
Na Antiguidade, as civilizações em formação acreditavam que
cada força da natureza, corpos celestes e elementos como a terra, o fogo, o ar
e a água eram deuses. Seres sobrenaturais extremamente poderosos, capazes de
interferir em nossas vidas da forma que pedíssemos ou que eles desejassem.
Esses deuses amavam, odiavam, eram ambiciosos, ardorosos, como nós, suas
criações, mas com dons divinos. Quando cada civilização se formou, tomou um
rumo para suas crenças. Enquanto povos do mediterrâneo acreditavam em deuses
vivendo em montes deslumbrosos, observando a humanidade abaixo, os povos do extremo
norte criam que os deuses viviam em um enorme palácio de ouro, no final do
arco-íris (Bifrost), guerreando e guardando a humanidade.
No norte da África,
os povos acreditavam que os deuses geravam castas de reis magníficos que
governariam a humanidade.
As assimilações dessas crenças foram desenvolvidas no passar
dos tempos, mas quando a religião monoteísta ganhou força, essas antigas
crenças perderam lugar ou desapareceram. Algumas crenças terminaram assimiladas
pela religião monoteísta, pois somente assim para conquistar os povos que
precisavam ser convertidos, mas seus deuses não tinham mais lugar nesse mundo monoteico.
Mas ainda a resistência, pois pessoas trazem de volta,
constantemente, essas antigas religiões, sejam em livros, filmes ou mesmo nas
crenças.
Em 2001, o escritor Neil Gaiman escreveu o livro “Deuses
Americanos”, onde os antigos deuses entram em conflito com os deuses modernos,
tendo como principal protagonista Odin, Sr. Mundo e o humano Shadow. No
romance, são mostrados vários deuses vivendo entre os estadunidenses, pois
haviam sido levados pelos imigrantes para essa Nova Terra.
Eric Peleias e Hiro Kawahara seguem por outro caminho, não
tendo nada semelhante como o escritor Neil Gaiman.
Para Peleias e Kawahara, os deuses não abandonaram suas
regiões, mas sim foram abandonados pela humanidade quando ocorreu a assimilação.
Odin buscou uni-los contra um mal que tentava conquista-los com promessas
vazias.
Yggdrasil serviu como base desses deuses e, durante a batalha contra
esse mal, vários deuses sucumbiram. Aqueles que sobreviveram, tentaram se unir
a humanidade, mesmo que seus dons perdurassem suas vidas. Alguns perderam seus
dons com o passar do tempo, outros perderam um pouco mais ou ganharam o mal que
existe no meio de nós. Quando Sol surge entre esses deuses, ela vê o que a
decadência, a descrença fez com os deuses. O problema é que alguns não aguentam
mais e desejam que as promessas do passado se tornem verdades em seu futuro,
nem que para isso precisem trair seus antigos aliados.
“Últimos Deuses” é um resgate, no meu entender. Um resgate
de crenças perdidas e deuses esquecidos. Um resgate na pluralidade das crenças.
Um resgate de um mundo laico, onde os deuses esquecidos precisam ser
relembrados e resgatados, pois o mundo precisa dessa força para continuar.
Como Rá diz: “Pode não acreditar, mas Rá, ‘o Deus Sol, já
foi adorado por milhões. Nossa força vem da adoração humana e a humanidade...
digamos que vocês já viveram dias melhores”.
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