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terça-feira, 22 de outubro de 2019

RESENHA SÉRIE: Carnival Row (2019-)

CARNIVAL ROW (2019-)

Criadores: René Echevarria, Travis Beacham
Elenco: Orlando Bloom, Cara Delevingne, Tamzin Merchant, David Gyasi, Simon McBurney, Andrew Gower, Karla Crome, Arty Froushan, Caroline Ford, Jared Harris, Indira Varma, Alice Krige

A cidade de Burgo é um local que mistura o luxo e a decadência da sociedade, misturando humanos com seres mágicos. No Burgo, humanos convivem com fadas, faunos, ogros, haruspex, centauros, lobisomens, e vários outros seres. Repentinamente uma morte inesperada ocorre com uma pixie e o inspetor do Departamento de Polícia do Burgo, Rycroft Philostrate, se vê em um mistério que pode levar o Burgo a uma guerra entre os seres mágicos e os humanos, que é contida pelo Conselho da Cidade, sob a liderança do Chanceler Absalom Breakspear (Jared Harris).
Enquanto isso, fugindo do Pacto, Vignette Stonemoss (Cara Delevingne) chega à Cidade de Burgo e precisa retomar sua vida, após a Grande Guerra de Timanoc, onde conhecera Rycroft, por quem se apaixonou. Ela vai morar com sua amiga Tourmaline Larou (Karla Crome), uma fada prostituta no Hotel Tetterby.
Já em Finistere Crossing, o bairro de luxo do Burgo, chega o fauno Agreus Astrayon (David Gyasi), que termina fazendo um contrato com os irmãos falidos Imogen Spunrose (Tamzin Merchant) e Ezra Spurnrose (Andrew Gower), e causa burburinhos na sociedade aristocrática do Burgo... Sinceramente, o Burgo será pequeno para tudo o que está acontecendo!
“Carnival Row” estreou todos os episódios no sistema streaming da Amazon, Prime Video, no dia 30 de agosto de 2019 e seus oito episódios misturam magia, mistério, suspense, romance e questionamentos sociais.
“Carnival Row” é uma grande mistura de estilos que mexem com os admiradores deles. Começo com o que notei logo de cara, um ar shakespeariano na história.
Por que isso? Porque me lembrou, de cara, a peça “Sonhos de Um Noite de Verão”, de William Shakespeare. Começa pelo sobrenome do personagem interpretado por Orlando Bloom. Rycroft Philostrate. Philostrate era o censor do Tribunal de Teseu na comédia de Shakespeare. A deusa das fadas é Titânia, que na obra shakespeariana é a rainha das fadas. Ou seja, os elementos combinam com a ideia de influência.
Outra grande influência à série são as obras de suspense e steampunk do final do século XIX. O clima e ambientação do Burgo lembra muito as obras de Arthur Conan Doyle, Bram Stoker, Robert Louis Stevenson, Oscar Wilde, H.G. Wells e Jules Verne, com toda a tensão e as descobertas tecnológicas da Era das Invenções. Para criar esse ambiente, os roteiristas da série incluem “Viagem à Lua”, como o livro preferido de Rycroft Philostrate.
Por aí, você percebe que “Carnival Row” pode simplesmente atrair os mais diversificados tipos de pessoas que conseguem admirar esse tipo de contexto. Mas, o que ainda mais te deixa fascinado com a série são as questões sociais abordadas e como ocorrem.
É impressionante como decidimos ojerizar o que não conhecemos ou que consideramos como diferente. E isso acontece constantemente em “Carnival Row”. As pessoas discriminam, degradam os seres mágicos, por serem diferentes e terem uma religião diferente. Eles são surrados, ofendidos e execrados constantemente, tendo poucos humanos que os apoiem. Alguns mais abertamente, outros de forma mais ponderada e diplomática, mesmo que não resolva muito. E, entre os seres mágicos, eles adotam o lema “se não está comigo, está contra mim” na sua própria espécie ou contra os humanos, principalmente os fanáticos religiosos. Ou seja, temos terroristas, também.
É impressionante como Travis Beacham – que ampliou o seu roteiro para filme para uma série – e René Echevarria conseguiram ambientar tantas questões em uma série com ares de Era Vitoriana misturada com Shakespeare. Você tem desde agressões verbais e físicas contra os seres mágicos, que precisam sobreviver em empregos degradantes ou subalternos, até os “não-preconceituosos”, aqueles que sempre dizem “eu não sou preconceituoso, mas...” A polícia e os políticos que sempre dão preferência em acusar e bater em seres mágicos, culpando-os pela decadência de sua sociedade, mas não deixam de ir ao prostibulo de fadas ou contar com os trabalhos serviçais dos faunos.  Se você odeia discriminação, prepare-se para ficar extremamente irado com o que ocorre em “Carnival Row”.
Mas, mesmo que esse pano de fundo seja extremamente importante pra percebermos como somos seres decadentes, a verdadeira trama está nas histórias que são narradas nos oito episódios, pois o mistério acerca do assassino que estripa seres mágicos e humanos está totalmente ligado a Rycroft, personagem de Orlando Bloom que, por sinal, está muito bem no papel do inspetor da Polícia do Burgo.
Outra que também demonstra seu grande talento é Cara Delevingne fazendo a fada Vignette. Desde o momento que ela surge na série, ela demonstra lutar pelos seres mágicos como ela. Quando chega ao Burgo, depois de encontrar Rycroft, passa por uma prova de fogo para se unir aos Corvos Negros, um grupo militante de fadas. Outros atores fantásticos também são a atriz Tamzin Merchant e o ator David Gyasi que interpretam Imogen Spurnrose e Agreus Atrayon, respectivamente. Ela é uma das “não-preconceituosas” que aprendem muito com o fauno de Gyasi, um homem que veio do nada e conseguiu fazer fortuna passando por cima do que fosse necessário.
A qualidade de “Carnival Row” é tão deslumbrante que a Prime Video já ecomendou uma segunda temporada. Não vejo a hora de continuar a acompanhar essa serie que promete um grande caos na próxima temporada.

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