Criadores: René Echevarria, Travis Beacham
Elenco: Orlando Bloom, Cara Delevingne, Tamzin Merchant,
David Gyasi, Simon McBurney, Andrew Gower, Karla Crome, Arty Froushan, Caroline
Ford, Jared Harris, Indira Varma, Alice Krige
A cidade de Burgo é um local que mistura o luxo e a
decadência da sociedade, misturando humanos com seres mágicos. No Burgo, humanos
convivem com fadas, faunos, ogros, haruspex, centauros, lobisomens, e vários outros seres.
Repentinamente uma morte inesperada ocorre com uma pixie e o inspetor do
Departamento de Polícia do Burgo, Rycroft Philostrate, se vê em um mistério que
pode levar o Burgo a uma guerra entre os seres mágicos e os humanos, que é
contida pelo Conselho da Cidade, sob a liderança do Chanceler Absalom Breakspear
(Jared Harris).
Enquanto isso, fugindo do Pacto, Vignette Stonemoss (Cara
Delevingne) chega à Cidade de Burgo e precisa retomar sua vida, após a Grande
Guerra de Timanoc, onde conhecera Rycroft, por quem se apaixonou. Ela vai morar
com sua amiga Tourmaline Larou (Karla Crome), uma fada prostituta no Hotel
Tetterby.
Já em Finistere Crossing, o bairro de luxo do Burgo, chega o
fauno Agreus Astrayon (David Gyasi), que termina fazendo um contrato com os
irmãos falidos Imogen Spunrose (Tamzin Merchant) e Ezra Spurnrose (Andrew
Gower), e causa burburinhos na sociedade aristocrática do Burgo...
Sinceramente, o Burgo será pequeno para tudo o que está acontecendo!
“Carnival Row” estreou todos os episódios no sistema
streaming da Amazon, Prime Video, no dia 30 de agosto de 2019 e seus oito
episódios misturam magia, mistério, suspense, romance e questionamentos
sociais.
“Carnival Row” é uma grande mistura de estilos que mexem com
os admiradores deles. Começo com o que notei logo de cara, um ar shakespeariano
na história.
Por que isso? Porque me lembrou, de cara, a peça “Sonhos de
Um Noite de Verão”, de William Shakespeare. Começa pelo sobrenome do personagem
interpretado por Orlando Bloom. Rycroft Philostrate. Philostrate era o censor
do Tribunal de Teseu na comédia de Shakespeare. A deusa das fadas é Titânia,
que na obra shakespeariana é a rainha das fadas. Ou seja, os elementos combinam
com a ideia de influência.
Outra grande influência à série são as obras de suspense e steampunk
do final do século XIX. O clima e ambientação do Burgo lembra muito as obras de
Arthur Conan Doyle, Bram Stoker, Robert Louis Stevenson, Oscar Wilde, H.G.
Wells e Jules Verne, com toda a tensão e as descobertas tecnológicas da Era das
Invenções. Para criar esse ambiente, os roteiristas da série incluem “Viagem à
Lua”, como o livro preferido de Rycroft Philostrate.
Por aí, você percebe que “Carnival Row” pode simplesmente
atrair os mais diversificados tipos de pessoas que conseguem admirar esse tipo
de contexto. Mas, o que ainda mais te deixa fascinado com a série são as
questões sociais abordadas e como ocorrem.
É impressionante como decidimos ojerizar o que não
conhecemos ou que consideramos como diferente. E isso acontece constantemente
em “Carnival Row”. As pessoas discriminam, degradam os seres mágicos, por serem
diferentes e terem uma religião diferente. Eles são surrados, ofendidos e
execrados constantemente, tendo poucos humanos que os apoiem. Alguns mais
abertamente, outros de forma mais ponderada e diplomática, mesmo que não
resolva muito. E, entre os seres mágicos, eles adotam o lema “se não está
comigo, está contra mim” na sua própria espécie ou contra os humanos,
principalmente os fanáticos religiosos. Ou seja, temos terroristas, também.
É impressionante como Travis Beacham – que ampliou o seu roteiro
para filme para uma série – e René Echevarria conseguiram ambientar tantas
questões em uma série com ares de Era Vitoriana misturada com Shakespeare. Você
tem desde agressões verbais e físicas contra os seres mágicos, que precisam sobreviver
em empregos degradantes ou subalternos, até os “não-preconceituosos”, aqueles
que sempre dizem “eu não sou preconceituoso, mas...” A polícia e os políticos que
sempre dão preferência em acusar e bater em seres mágicos, culpando-os pela
decadência de sua sociedade, mas não deixam de ir ao prostibulo de fadas ou
contar com os trabalhos serviçais dos faunos.
Se você odeia discriminação, prepare-se para ficar extremamente irado
com o que ocorre em “Carnival Row”.
Mas, mesmo que esse pano de fundo seja
extremamente importante pra percebermos como somos seres decadentes, a
verdadeira trama está nas histórias que são narradas nos oito episódios, pois o
mistério acerca do assassino que estripa seres mágicos e humanos está
totalmente ligado a Rycroft, personagem de Orlando Bloom que, por sinal, está
muito bem no papel do inspetor da Polícia do Burgo.
Outra que também demonstra seu grande talento é Cara
Delevingne fazendo a fada Vignette. Desde o momento que ela surge na série, ela
demonstra lutar pelos seres mágicos como ela. Quando chega ao Burgo, depois de
encontrar Rycroft, passa por uma prova de fogo para se unir aos Corvos Negros,
um grupo militante de fadas. Outros atores fantásticos também são a atriz
Tamzin Merchant e o ator David Gyasi que interpretam Imogen Spurnrose e Agreus
Atrayon, respectivamente. Ela é uma das “não-preconceituosas” que aprendem
muito com o fauno de Gyasi, um homem que veio do nada e conseguiu fazer fortuna
passando por cima do que fosse necessário.
A qualidade de “Carnival Row” é tão deslumbrante que a Prime
Video já ecomendou uma segunda temporada. Não vejo a hora de continuar a
acompanhar essa serie que promete um grande caos na próxima temporada.
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