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quinta-feira, 26 de maio de 2016

RESENHA HQ: Astro City Vol. 5: Heróis Locais (Astro City Vol. 5: Local Heroes).

ASTRO CITY VOL. 5: HERÓIS LOCAIS (Astro City Vol. 5: Local Heroes).

Roteiro: Kurt Busiek
Desenhos: Brent Anderson
Arte-final: Will Blyberg
Editora: Vertigo Comics (BR: Panini Comics)
Ano: 2005 (BR: 2016)
Pág.: 228

“Heróis Locais”, o quinto volume da série “Astro City” que a Panini lançou é mais um volume impressionante. Kurt Busiek, como nos anteriores, se supera ao apresentar a vida das pessoas cercadas por super-heróis, constantemente.
Na primeira história, vemos o sr. Donacek, um porteiro do hotel The Classic, que vê pessoas chegarem e saírem de Astro City, as vezes guardando expectativas de testemunhar super-heróis em ação ou de conseguir contatá-los para contratos de filmes. A cada pessoa que surge na portaria, ele relembra de quando chegou a Astro City e de quando começou a trabalhar no The Classic. Seu primeiro encontro com o vigilante Confessor, sua ação ao salvar um recém-nascido do meio de um conflito entre a Guarda de Honra e os Destrutóides. Ele percebe que as pessoas sempre estão de passagem, mas sempre levam lembranças – sejam boas ou ruins – de Astro City.
Na segunda história, vemos a roteirista Sally Twinings, que trabalha para a Bulldog Comics, tentar vencer o desafio de escrever um roteiro que não seja alterado pelo seu editor, Manny Monkton. Monkton tem o costume de distorcer os roteiros de Twinings, baseados e eventos reais, reescrevendo ideias que podem ser consideradas ofensivas e controversas, devidos aos conteúdos homofóbicos e racistas. Isso leva Monkton a ser pressionado, perseguido e surrado por heróis e vilões de Astro City, que se sentem ofendidos com as histórias publicadas na Bulldog Comics.
A história de Monkton com os super-heróis de Astro City é antiga, quando ele é demitido da Rampart por tentar manter a fantasia nos quadrinhos, quando a vida real já traz uma gama de super-heróis. Ele decide criar a Bulldog, mantendo sua forma de escrever histórias, mesmo que essas vão contra o ideal dos heróis. Ele usa suas imagens e trabalha com eles da forma que desejar, sempre causando problemas para Monkton e sua empresa.
Na terceira história, vemos o personagem Puma Carmim, da novela Alvorada do Amanhã, que era interpretado pelo ator Mitch Goodman, se tornando um super-herói ao deter um marginal que assaltava a loja Astromart. Ele é auxiliado por Martha Sullivan, uma espectadora com poderes telecinéticos que ajudam Mitch na novela. Ao se tornar um super-herói, Mitch ganha destaque na mídia e seu personagem é mais valorizado na novela, até mesmo aparecendo em chamadas publicitárias. Isso tudo muda quando ele termina bem encrencado e não tem Martha para ajuda-lo e, mesmo quando é salvo pela Guarda de Honra, sua notoriedade cresce e Mitch precisa criar uma forma de dar adeus ao seu sucesso meteórico.
Na quarta história, acompanhamos Irene Cronin contando sua história a sua filha, Samantha, de como chegou a Astro City buscando ser mais do que uma simples secretária dentro de um escritório cercado por homens. Ela era obstinada e tinha como convicção encontrar o homem certo para ela, e acredita tê-lo encontrado no super-herói Atômikos. Só que Atômikos tem como intenção seguir uma vida antes de iniciar qualquer relacionamento e termina com Irene, que vê no término um desafio. Então surge um novo funcionário no escritório que ela trabalha, Adam Peterson, que ela crê ser Atômikos disfarçado. Irene então fará de tudo para desmascará-lo, nem que para isso coloque a própria vida e de outros em perigo.
N
a quinta história, conhecemos Cammie, uma jovem moradora de Astro City que vai para Capinville, que fica na divisa com Astro City. Capinville é uma cidade rural, dedicada ao plantio e pasto. Cammie se sente muito deslocada na cidade e acha que não se acostumará em passar suas férias naquele local, nem mesmo quando conhece o super-herói local, o Obreiro. Achando-o inferior aos super-heróis de Astro City, Cammie decide investiga-lo e descobre um passado sombrio sobre o herói. Questionando-se quanto a esse passado, ela não consegue entender como as pessoas de Capinville podem aceita-lo como seu herói. Só que ela descobre que existe muito mais por trás desse passado conturbado do Obreiro e que ela terá de escolher o que fará, denunciá-lo ou aceita-lo.
Na sexta e sétima histórias, conhecemos o advogado Vincent Oleck. Vincent trabalha para o Escritório Grant, Miller, Healy & Valada, e lhe é incumbido o caso de Richie Forgione, que assassinara a secretária Lisette Palais dentro de um restaurante em frente de várias testemunhas. O problema é que Richie é filho do mafioso “Junior” Forgione, chefe do crime organizado da Zona Leste de Astro City, que deseja o filho sendo inocentado do assassinato. Para isso acontecer, Vincent deverá usar toda sua perspicácia de advogado para conseguir revirar esse caso, mas corre o risco de ter Forgione por toda sua vida no seu encalço. Para completar ele vinha tendo pesadelos com o justiceiro mascarado, Cavaleiro Azul, que atacava a máfia de Astro City, matando-os sem dó e nem piedade. Como se livrar de Forgione e o que os pesadelos significam corrói a alma de Vincent, que fica cada vez mais apreensivo com tudo.
Na oitava história, o super-herói aposentado, Supersônico, é convocado pelo seu amigo da polícia, capitão Ed Robbins. Ele tem de enfrentar o Des-F.O.R.R.A., um robô monstruoso pertencente ao vilão Omynozo. O robô vem destruindo um bairro suburbano de Astro City, e com todos os super-heróis fora da cidade, Robbins decidiu que somente o bom e velho Supersônico pode deter a máquina destrutiva. Só que Dale não é mais o mesmo da sua juventude. Enquanto enfrenta o robô, ele se lembra de sua época de super-herói e todos os problemas que enfrentou nesse período. Tudo que enfrentou, todos os vilões e problemas que encarou. Ele se vê com grandes problemas pela falta de prática, podendo até mesmo morrer ao enfrentar o grande robô.
Na última história, temos uma curta sobre Arnie Prentice, um ex-bombeiro que terminou sofrendo um acidente horrível que o colocou na aposentadoria antecipada. Em um dia que visita a corporação, ele recebe o jovem Farrell que vem agradecer-lhe por tê-lo salvo durante um confronto entre o Samaritano e o Rei Míssil, que derrubou as Torres Drake. Ele recebe uma carona do pai de Farrell e conversa com o jovem rapaz sobre os sacrifícios de um herói.
A cada volume que leio de “Astro City”, fico mais cativado e impressionado com esse trabalho fascinante de Kurt Busiek. Nessa edição em particular vemos que as vezes as coisas nem sempre são como imaginamos que seja.
Da primeira à última história, vemos que os verdadeiros heróis são aqueles que nunca presumimos que seriam. Que um herói pode ser aquele que nos indica o caminho correto a seguir ou aqueles que defendem seus princípios ou somente fazer uma ação altruísta. Mesmo que seja um super-herói temporário, você pode fazer ações sem esperar benefícios por isso, e se ocorrer, deve saber usá-lo sem causar mais problemas. Você pode ser um advogado, uma jovem deslocada ou mesmo uma ex-executiva, testemunhar um ato heroico e não entende-lo, achando justificável agir por conta própria, mas quando testemunha algo, precisa decidir como agirá.

É simplesmente adorável ler esse quinto volume, ainda mais a última história que, mesmo curta, mostra que o heroísmo está além de trajes colantes e que verdadeiros heróis não desistem mesmo quando estão incapazes de agirem. Na verdade, quando se reflete sobre todas as histórias de Astro City, percebemos que os verdadeiros heróis são os grandes heróis locais.

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