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domingo, 4 de novembro de 2018

RESENHA CINEMA: O Doutrinador (2018)


O DOUTRINADOR (2018)

Roteiro: Gabriel Wainer, Mirna Nogueira, L.G. Bayão, Luciano Cunha, Denis Nielsen.
Direção: Gustavo Bonafé
Elenco: Kiko Pissolato, Samuel de Assis, Tainá Medina, Carlos Betão, Natalia Lage, Tuca Andrada, Du Moscovis, Helena Ranaldi, Marília Gabriela, Gustavo Vaz

Miguel Montessant (Kiko Pissolato) é um dos melhores agentes da D.A.E. (Divisão Armada Especial) de Santa Cruz. Ele e seu melhor amigo e parceiro, Edu (Samuel de Assis), conseguem prender o governador Sandro Côrrea, acusado de participar de um esquema de corrupção que prejudica a saúde do estado. Durante um jogo da Copa do Mundo, onde a seleção brasileira fará uma partida no estádio de Santa Cruz, Miguel sofre uma tragédia sem precedentes. Juntando a isso, o governador é solto da custódia do D.A.E., como se nada tivesse ocorrido. Então, durante um protesto em frente ao Palácio do Governo, Miguel veste uma máscara de gás, dando vida ao Doutrinador, um anti-herói que caça corruptos.
Com o principal objetivo de eliminar toda a corja de políticos e empresários corruptos, o Doutrinador parte em uma missão de vida ou morte.
Baseado no personagem criado por Luciano Cunha – que participou do roteiro do filme –, “O Doutrinador” se mostra um filme de ação que, acredito poder dizer isso, era o mais esperado e desejado por todos os brasileiros.
“O Doutrinador” não se baseia em nenhuma das histórias publicadas por Luciano Cunha no selo do Universo Guará. Essa tem sua própria dramatização e, sendo assim, não possui uma linearidade política. Para ser ainda melhor, o filme não se baseia a nenhuma cidade especifica, podendo se localizar em qualquer estado brasileiro – tá, a identificação da bandeira de Santa Cruz lembra muito do estado de São Paulo, mas esta lembra muito dos Estados Unidos, também. A história de Miguel Montessant é de um oficial da lei, desgostoso com a situação do país, onde corruptos sempre se dão bem, enquanto os brasileiros penam nas situações precárias da saúde pública. Ele simboliza a insatisfação geral da nação com a situação política atual.
A corrupção tomou conta do Brasil de forma avassaladora, se tornando a única forma de se fazer política. É difícil, nos dias de hoje, não encontrar um político corrupto no Brasil. Negociatas, compras de votos, acordos empresariais, são as formas de movimentação para “fazer a máquina funcionar”. Quando se vê o que ocorre com o Miguel, você se identifica, mesmo que nunca tenha sofrido o que ele sofreu.
Tá, alguns vão achar abusivo a forma dele agir, mas quantas vezes não se pensou nisso, bem no seu íntimo? “O Doutrinador” coloca o sentimento brasileiro no extremo dele, ou seja, com uma bala no meio da cabeça de qualquer corrupto.
Não sei se foi uma busca de amenização da situação, mas o que senti falta foi de uma maior crueza da situação do Brasil. Acho que este sentimento é bem pessoal, mas quando se mostra a situação da saúde ou mesmo quando Miguel está correndo nas ruas, poderia mostrar mais da violência contra a qual o brasileiro passa no seu dia-a-dia. Mas, tirando isso, “O Doutrinador” consegue expressar bem tudo que sentimos e, por que não, desejamos que aconteça.
Eu não posso deixar de elogiar o ótimo trabalho do ator Kiko Pissolato que interpreta Miguel Montessant e o Doutrinador. Ele consegue transformar sua interpretação em um processo catártico para quem assiste. Você se revolta com ele.
O mesmo fica para o trabalho das atrizes Tainá Medina, que interpreta a hacker Nina, e Natália Lage, que interpreta a ex-esposa de Miguel, Isabela. Ambas conseguem expressar bem suas personagens, pois mesmo que Nina não concorde com o que ocorre, pois ela tem sua história pessoal, ela sabe que precisa ser feito. Já Natália Lage demonstra todo o drama de uma mãe e esposa revoltada com as ações do marido.
“O Doutrinador” deveria ser assistido por TODOS OS BRASILEIROS, pois ele expressa – sim, estou sendo repetitivo – o nosso maior sentimento para o fim da corrupção nesse país.

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