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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

RESENHA HQ: Drácula – A Obra Completa (The Complete Dracula)


DRÁCULA – A OBRA COMPLETA (The Complete Dracula).

História: Bram Stoker
Adaptação: Leah Moore, John Reppion
Ilustração: Colton Worley
Editora: Dynamite Entertainment (BR: Mythos Editora)
Ano: 2009 (BR: 2015)
Pág.: 184

O procurador inglês Jonathan Harker foi enviado a Transilvânia, na Romênia, para fechar negócios com o conde Drácula, um nobre daquela região. Ao chegar no castelo de Drácula, ele descobre que seu anfitrião possui segredos que ele vai descobrindo com o tempo. Enquanto isso, na Inglaterra, sua noiva, Mina Murray vive uma vida hedônica com as histórias de sua amiga Lucy Westenra e seus três amores, até o naufrágio do navio Démeter, que traz um mal incomensurável. Mal sabem todos eles que suas histórias estão mais interligadas do que imaginam e terão de travar uma batalha épica contra um ser imortal.
Ficar fazendo resumos da história de Drácula, depois que esta já foi contada nos cinemas pelo cineasta Francis Ford Copolla – em uma versão bem pessoal do roteirista James V. Hart – chega a ser enfadonho, pois já é conhecida. Quem não viu o filme, leu o livro do autor Bram Stoker, que foi lançado em 1897. Stoker era um amante do teatro, então fez a primeira montagem de uma peça teatral de sua obra, mas não agradou. Então essa recebeu uma outra adaptação, com autorização de sua esposa – Bram Stoker faleceu em 1912, não chegando a ver o sucesso de seu romance ou da peça baseada neste –, que depois recebeu uma nova versão nos Estados Unidos.
Esta última versão, conhecida como Deane-Balderston, foi a mais adaptada para o cinema e quadrinhos durante anos sem fim. A história fora toda modificada, as vezes modificando até a sexualidade e o parentesco de alguns personagens. Quando se descobriu que Stoker não havia registrado sua obra, muitos fizeram uso sem fim do personagem Drácula, fazendo e desenvolvendo sua própria versão. Quando Florescu e McNally escreveram seus estudos sobre o verdadeiro Drácula, que serviu como base para o personagem de Stoker, novas versões surgiram da história do personagem, como “Drácula de Bram Stoker”, dirigido por Francis Ford Copolla, lançado em 1992.
Essa versão do filme – que no mesmo ano recebeu uma versão de quadrinhos por Roy Thomas e Mike Mignola – e o encadernado lançado pela Dynamite Entertainment em 2009, são o mais próximo do clássico de Bram Stoker.
Nesse encadernado, lançado aqui no Brasil pela Mythos Editora, temos a história adaptada por Leah Moore e John Reppion, onde eles buscam colocar todo o decorrer da história, narrado entre cartas e diários, do que ocorre nos personagens da trama. É simplesmente impressionante e interessante a forma como eles conseguem abordar tão bem o decorrer da história. A inocência na forma da narração de Stoker, a “masculinidade” acentuada, a religião cristã como pivô central para encarar uma doença avassaladora de expansionista, o vampirismo.
A diferença entre o romance e a história em quadrinhos é que colocam palavras na boca dos personagens, um necessidade narratória que precisa ser usada, pois o livro de Stoker não possui isso. Então, por conta disso, os roteiristas estão de parabéns. E a dinâmica da história necessita de um artista bem qualificado. Quando vemos a capa da obra, pensamos que será mais um trabalho quadrinhístico comum, mas quando se abre, as primeiras páginas – de uma introdução que eu desconhecia – trazem um trabalho artístico maravilhoso de Colton Worley. Os detalhes são bem trabalhos com tons escuros. Os momentos mais tênues ficam para o período hedonístico da história ou que buscam suavidade e leveza, mesmo possuindo tensão. O trabalho de Worley lembra obras de Rembrandt, Seurat e Degas. Worley consegue captar o tom da história de forma sublime. Mas um problema sério – para mim – ficou por conta da edição nacional.
Infelizmente a Mythos Editora deixou passar muitos erros de impressão da tradução, com erros de português, letras faltando ou palavras juntadas. Isso termina deixando a obra com falhas. Muito triste!
“Drácula – A Obra Completa” consegue remeter-nos de volta ao romance de Bram Stoker, trazendo uma introdução – para mim – inédita do texto “O Hóspede de Drácula”, escrito por Bram Stoker em 1912, mas publicado por sua esposa em 1914 junto com outros contos. Nesse texto vemos Harker em Munique ainda, antes de chegar a Bistritz e eventos sinistros ocorrem com ele. A conferência desse trabalho único merece a conferência de todos que gostam ou não de um bom romance vampírico.

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