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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Mulher-Gato completa 75 anos.


A primeira grande vilã do Batman – e grande affair – assopra velinhas.

Em junho de 1940, o Batman ganhava sua primeira revista mensal. Depois de mais de um ano tendo histórias publicadas na revista Detective Comics, da National Allied Publications, ele teve sua origem contada na sua revista-solo, além de encarar pela primeira dois de seus vilões mais renomados. O primeiro foi o Coringa e, na última história da revista ele encarava a “Gata”, que viria a se tornar a famosa felina dos quadrinhos, a Mulher-Gato.

O COMEÇO
“The Cat” era o título dessa última história da primeira mensal solo do Batman. A forma ambígua de se escrever a palavra poderia remeter ao masculino e feminino, o que criou um mistério ainda maior na história. No enredo, uma milionária idosa chamada Martha Travers dá uma festa em seu iate luxuoso e convida alguns parentes, que levam convidados. Sabendo que a idosa corria perigo, Batman manda Dick se disfarçar de copeiro e embarcar no iate. Este desconfiava de várias pessoas, em sua maioria masculinos, mas não desconfiava da Srta. Peggs, a Gata disfarçada de idosa. Durante toda a ação da história que tem até gangsteres invadindo o iate, Batman chegando de Batplano, a Gata termina desmascarada pelo Homem-Morcego, mas consegue fugir.
Então ela fez uma nova aparição na edição seguinte da revista. Nessa história , Cat-Woman – como ela é apresentada – ajuda Batman a combater o Coringa e salva o Robin do assassino de sorriso largo. Mas após vencerem o Palhaço e deixá-lo para trás, queimando nos destroços de sua armadilha para o trio, a Mulher-Gato escapa pulando do Batplano no mar, onde desaparece.
Na edição de Batman #3 (setembro de 1940), na história “The Batman vs. the Cat-Woman”, ela volta a enfrentar o Cavaleiro das Trevas, só que, dessa vez, ela usa uma máscara de gata que cobre todo o rosto para esconder sua identidade enquanto assalta milionários em seus terraços à noite. Na história ela é contratada pelo Sindicato do Crime, grupo formado por mafiosos ambiciosos, para roubar uma grande quantidade de diamantes para que estes recebessem o seguro. Sabendo que a Mulher-Gato está de posse dos diamantes, eles a sequestram e ela termina salva pelo Batman, chegando a beijá-lo no final e fugindo, logo depois. Nestas três histórias iniciais podemos ter um parâmetro de como viriam a serem as histórias com a vilã de vestido longo contra o Cruzado Encapuzado.


MULHER-GATO DE DOIS MUNDOS
Em outubro de 1956, na Showcase #4, iniciou-se a Era da Prata dos quadrinhos com um novo Flash, com isso a Mulher-Gato foi incluída no universo da Terra-2 como esposa de Bruce Wayne e mãe de Helena Wayne, a Caçadora. Redimida, ela busca viver com sua família, até que um de seus capangas conhecido como “Silky” Cernak a chantageou com uma foto dela assassinando um policial, dizendo que se ela não o ajudasse em um assalto ao Gotham City Civic Center. Durante o assalto, em uma luta contra o Comissário Gordon, Cernak dispara e acerta Selina, mortalmente. Essa cai do quarto andar para a morte e termina falecendo nos braços de seu marido trajando a roupa do Batman. Depois disso, sabendo que sua mãe continua sendo acusada do assassinato do policial e na intenção de inocentá-la, Helena Wayne se torna a Caçadora e consegue prender Cernak que confessa ter falsificado a foto para incriminar Selina e leva-la a ajuda-lo, o que termina inocentando Selina.
Na chamada Terra-1, essa Mulher-Gato ganha uma contraparte, mas a diferença entre ambas era que, enquanto a Mulher-Gato da Terra-2 era casada e tinha uma filha, a da Terra-1 continuava inimiga do Batman, mas totalmente apaixonada por ele.


UM NOVO COMEÇO
Em 1985, o roteirista Marv Wolfman e o desenhista George Pérez criaram a Crise na Infinitas Terras, que terminou unificando o Multiverso DC em um só Universo, fazendo com que toda a existência da Terra-2 deixasse de existir.
Em fevereiro de 1987, o roteirista Frank Miller e o artista David Mazzucchelli revitalizaram o Batman a partir da Batman #404 no intitulado “Ano Um”. Eles apresentam uma nova Mulher-Gato. Agora ela é uma prostituta que, depois de saber do vigilante mascarado que pula pelos telhados e engana a polícia com morcegos, decide criar sua própria fantasia e agir como a Mulher-Gato.
A roteirista Mindy Newell, em 1989, se incumbiu de tornar essa Mulher-Gato mais interessante. Ela se aprofunda na história da prostituta que é resgatada por uma freira, que não é ninguém menos que sua irmã-caçula, Maggie Kyle. Selina havia sido espancada por seu gigolô e termina salva por um detetive da polícia de Gotham que lhe envia ao velho pugilista Ted Grant, o Pantera, para aprender a lutar. Na minissérie em quatro partes, vemos Selina criando seu uniforme, agindo contra o mafioso Carmine “Romano” Falcone, deixando-o marcado para sempre, sendo confundida como parceira do Batman, salvando a pequena Molly Robinson do gigolô, enfrentando-o, quando ele sequestra Maggie e lutando contra o homem-morcego. O affair de ambos começa, também, nessa minissérie que conta com desenhos de Joe Brozowski.
Após o evento Zero Hora, um pouco dessa realidade da Mulher-Gato modificou. Ao invés de ser uma prostituta, Selina é somente uma ladra, agora. Sua variação entre ladra e heroína é uma constante na realidade pós-Crise, e é algo mantido depois da saga Ponto de Ignição que reiniciou, mais uma vez, o Universo DC.
Em Novos 52, Selina é separada de seu irmão, Aiden Mason, é termina parando na Oliver Group Home, onde aprende com a dona, a srta. Oliver, como furtar. Quando cresce, vai trabalhar no gabinete do prefeito e busca saber mais do seu passado, mas quase termina assassinada, após descobrir que não é exatamente quem imaginava ser. Daí então assume a identidade de Mulher-Gato.
As variações nas histórias da Mulher-Gato voltaram a ser parte do Multiverso DC, onde ela existe em vários universos paralelos.

EM CARNE, OSSOS E GARRAS 
A Mulher-Gato, assim como seu inimigo/amante, teve várias versões de carne e osso. Sua primeira aparição nesse formato foi no seriado de 1966, Batman, sendo vivida inicialmente pela atriz Julie Newmar, que apareceu em 13 episódios. A partir do episódio “The Bloody Tower”, de 1967, a atriz Eartha Kitt interpretou a personagem. O clima de amor e ódio que existia entre os personagens anteriormente foi cortado, pois a atriz era negra e, devido às restrições raciais da época,
eles não podiam manter relações afetivas, permanecendo somente a rivalidade.
Em um filme, baseado na série, a atriz Lee Meriwether vive uma nova versão da personagem. Julie Newmar não pode fazer o filme devido a outros compromissos assumidos, sendo assim, os
produtores deram um novo nome a ela, Miss Kitka.
Em 1992, Tim Burton voltou para dirigir o segundo filme do Batman. O primeiro ele havia realizado em 1989, quando o personagem completou 50 anos. Nesse novo filme, o roteirista Daniel Waters colocou dois inimigos contra o Batman, o Pinguim, vivido pelo ator Danny De Vito, e a Mulher-Gato, vivida pela atriz Michelle Pfeiffer.
Como em seu antecessor, houve uma preocupação maior em se retratar os vilões do que o personagem que dava título ao filme. Nesse caso, Selina era a secretária do empresário inescrupuloso Max Shreck (Christopher Walken). Depois de descobrir os planos deste de dominar a venda de energia de Gotham, ela é jogada da cobertura do prédio. Ela sobrevive de uma forma sobrenatural e sofre um distúrbio psicótico. Ao voltar para casa, cria uma fantasia de couro e espartilho e empunha um chicote, se tornando a Mulher-Gato.
Além da grande diferença na origem e aparentar ter o poder de viver nove vidas, Pfeiffer não se preocupou em tingir as madeixas louras para pretas, cor normalmente usada na personagem. Mas sua interpretação da personagem garantiu uma enorme quantidade de fãs de sua interpretação. Tanto que muitos esperavam que ela fosse anunciada no filme-solo da personagem, coisa que não ocorreu.
O filme-solo da personagem demorou doze anos para se tornar real, passando pelo envolvimento de Tim Burton como diretor e Daniel Waters como roteirista do projeto, de Michelle Pfeiffer a atriz Ashley Judd para viver a protagonista, mas o filme terminou com John D. Brancato, Michael Ferris e John Rogers escrevendo o roteiro baseado na história dos dois primeiros com Theresa Rebeck. A direção foi para o inexperiente Jean-Christophe Comar, mais conhecido somente como Pitof, e a protagonista era a ganhadora do Oscar (2002) e Globo de Ouro (2000), Halle Berry.
No filme, Berry é Patiente Phillips, uma jovem que trabalha em uma fábrica de cosméticos. Após ser jogada por sua patroa, a inescrupulosa Laurel Hedare (Sharon Stone), em um rio que passa próximo a fábrica, por ter descoberto que os produtos químicos dos cosméticos fazem mal a pele, Philips sobrevive e se une ao poder da deusa Bastet, ganhando habilidades extra-humanas, como força e agilidade. Ela então decide se tornar a Mulher-Gato e assalta um museu. Percebendo que uma amiga está infectada com os produtos químicos da Fábrica de cosméticos, ela retorna para deter sua chefe, só que dessa vez conta com a ajuda do detetive Tom Lone (Benjamin Bratt), um traje sado-masoquista e um chicote. O filme se torna uma verdadeira bomba, pois além da atriz estar caricata em seu papel, a história da Mulher-Gato se tornando uma meta-humana, quebra toda a mitologia da Mulher-Gato e não se relaciona a nada do seu cânone, mesmo que busque certa semelhança como a forma que Pfeiffer se tornara a Mulher-Gato no filme de 1992.
A Mulher-Gato somente voltaria às telas em 2012 no filme “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge”. A atriz para viver o papel de Selina Kyle é Anne Hathaway. No filme não se buca contar a origem dela, além de não ser conhecida como Mulher-Gato, mas simplesmente como “A Gata”, em referência a sua origem em Batman #1 de 1940. Vemos algumas outras referências a história da personagem, como sua parceira de crimes Molly Robinson (Juno Temple) e suas habilidades acrobáticas. Além de demonstrar sua aptidão para as acrobacias como Selina, Hathaway constrói uma personagem de caráter forte, que busca se livrar de todas as provas como ladra, sendo capaz de qualquer coisa por isso, sendo a mais próxima do que vemos nos quadrinhos.
O canal de televisão Fox lançou em julho de 2014 o seriado “Gotham”, que conta a história do detetive James Gordon (Ben McKenzie), inicialmente, investigando o assassinato dos pais de Bruce Wayne (David Mazouz), tendo como principal testemunha a jovem Selina Kyle, uma pequena ladra conhecida como “Gata”.
A atriz Camren Bicondova, quem me lembra muito Michelle Pfeiffer em fisionomia, vive a personagem. Mesmo com dezesseis anos, Camren demonstra muito facilidade em interpretar a personagem, e seu conhecimento em ginástica lhe dá a agilidade para fazer a personagem no seriado, sendo que, é a primeira vez que vemos Selina ser interpretada tão jovem.

NAS ANIMAÇÕES
A Mulher-Gato pulou dos quadrinhos para as animações em dezembro de 1968, quando participou dos episódios “Para Mulher-Gato com Amor/Brinquedos Perigosos” de As Aventuras de Batman. Foram no total de dezoito aparições, sendo dublada por Jane Webb.
Em 1977, ela apareceu em cinco episódios da animação seriada “As Novas Aventuras de Batman”, sendo dublada por Melendy Britt (She-Ra: A Princesa do Poder).
A personagem voltaria as animações na série “Batman: A Série Animada”, de 1992. Baseada, inicialmente, em características de Michelle Pfeiffer, ela era loura. Sua dubladora era Adrienne Barbeau (Fuga de Nova Iorque). Barbeau permaneceu na dublagem da personagem durante um longo período. Ela ainda a dublou em dois episódios da continuação de “Batman: A Série Animada”, com um novo formato, e na animação “Gotham Girls”.
Em “The Batman”, de 2004, a Mulher-Gato ganhou uma aparência bem diferenciada, assim como todos os personagens dos quadrinhos. Nesse desenho ela chegou a fazer cinco aparições, entre 2004 e 2007, sempre dublada pela atriz Gina Gershon (A Outra Face). No episódio “Blackout” da animação “Batman: Black and White”, de 2009, a Mulher-Gato é dublada por Janyse Jaud (Conan: O Aventureiro). No desenho animado “Batman: Os Bravos e Destemidos”, de 2009, a felina apareceu em cinco episódios sendo dublada por Nika Futterman (Star Wars: The Clone Wars). Em 2011, “Batman: Ano Um”, escrita por Frank Miller e desenhada por David Mazzucchelli, ganhou uma animação e a atriz Eliza Dushku (Dollhouse) a dublou em duas oportunidades, no desenho e no episódio curto “DC Showcase: Mulher-Gato”.

E FINALMENTE...
A Mulher-Gato completa 75 anos e apesar de não receber a respectiva homenagem da DC Comics, empresa na qual, nos dias de hoje, possui um revista-solo, além de sempre ser lembrada como uma das principais protagonistas em várias outras revistas, como Liga da Justiça da América e Esquadrão Suicida e Ligada Justiça Canadá. Eu decidi prestar minha homenagem a ela, pois como podemos ver a felina sempre fez parte da longa história do Homem-Morcego, desde os quadrinhos, passando por seriados, animações e filmes.
A homenagem é merecida e necessária, pois além de ser uma das maiores vilãs ainda existente, ela conseguiu ser mais do que isso. A Mulher-Gato serviu de inspiração para várias outras ladras dos quadrinhos, além de ser lembrada em vários fanfilms, vídeo-games, documentários e vídeos ligados ao universo do Batman. A Mulher-Gato é uma personagem que merece sempre ser lembrada, pois ela se tornou a segunda maior força feminina dos quadrinhos em seus 75 anos de existência.

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