SUPERMAN/BATMAN: INIMIGOS PÚBLICOS (DC Comics Coleção de Graphic Novels da Eaglemoss)
Roteiro: Jeph Loeb, Edmond Hamilton
Desenhos: Ed McGuinness, Tim Sale, Curt Swan
Arte-Final: Dexter Vines, Mark Chiarello, Stan Kaye, John Fischetti
Título original: Superman/Batman: Public Enemies
Adoro essas coleções de encadernados (mesmo que se chamem de graphic novels, considero como encadernações de minisséries), pois mostram como um determinado artista pode realizar trabalhos distintos dentro da editora, como é o caso de Jeph Loeb.
É impressionante como Loeb tem um trabalho totalmente diferenciado. Enquanto em “Batman: Silêncio”, ele nos dá uma história desnecessária, logo depois ele nos apresenta uma trabalho que pode ser considerado prata da casa com “Superman/Batman: Inimigos Públicos”. Seu roteiro é a abertura da coleção Superman/Batman que teve uma longevidade considerável, somente sendo interrompida, graças a Novos 52. Foram 87 edições e cinco anuais, nas quais Loeb foi o que mais perdurou na mensal, roteirizando 25 edições.
Nesse primeiro trabalho, ele cria uma trama que repercute durante anos no Universo DC, influenciando vários acontecimentos futuros nas revistas do Batman e do Superman.
A história parte do principio que um asteroide de proporções gigantescas se dirige a Terra e poderá destruir a humanidade, ou devido ao choque ou por conta da radiação gerada pela pedra que é feita de kryptonita, ou seja, é um pedaço de Krypton que chega tardiamente ao planeta. Sendo assim, depois de tentar destrui-lo na órbita de Saturno, o então presidente Lex Luthor decide que deve prender o Superman e acusá-lo de crime contra a humanidade, pois o asteroide está ligado a ele, de certa forma. Luthor oferece um bilhão de dólares por quem prender o Homem-de-Aço o que atiça todos os super-vilões do Universo DC. De lambuja envia um grupo de super-heróis, liderados pelo Capitão Átomo para enfrenta-lo. Superman, com a ajuda do Batman, enfrenta os super-vilões, a tropa de super-heróis, e ainda precisa destruir o asteroide e desmascarar Luthor. Lógico que o Batman não é uma mera participação especial nessa história, pois graças à saga Zero Hora, a identidade do assassino de seus pais é uma incógnita, sendo assim, ele descobre que Jack Corben, também conhecido como Metallo, o supervilão ciborgue com coração de kryptonita, estava em Gotham City na noite em que Thomas e Martha Wayne foram assassinados e que sua arma tem o mesmo calibre da usada para a morte de ambos, então ele sai no encalço do bandido.
Um das coisas mais gostosas dessa edição é a busca de Loeb em mostrar que além de Batman ser um detetive, Clark também sabe desvendar casos por ser um repórter investigativo. O roteirista também trabalha bem a parceria de ambos que, mesmo reconhecendo suas diferenças se respeitam e se invejam.
Outra característica interessante dessa minissérie é a forma coesa em que Loeb usa os personagens. A uma motivação explicita no que condiz em suas aparições. Mesmo as parcerias de supervilões, tem uma necessidade. Ao ler essa história e sua antecessora – tanto na coleção da Eaglemoss quanto nas mensais da DC Comics – percebe-se que “Batman: Silêncio” foi feita somente para ressaltar a arte de Jim Lee, não para contar uma história que agradasse a todos. Já em “Superman/Batman: Inimigos Públicos” trabalha-se mais os aspectos de cada personagem, seus desafios, seus medos, seus dilemas.
Chega a recapturar alguns aspectos do Capitão Átomo logo depois de seu ressurgimento pós-Crise nas Infinitas Terras, na fase de Cary Bates e Pat Broderick, ou seja, o militar que fora punido, mas que sempre buscou ser honesto com o governo de seu país e, por isso, sempre lhe era passado à perna. Os aspectos que iriam repercutir no futuro dos personagens também ganham explicações bem plausíveis e coerentes de se aceitar, mesmo que não se veja necessidade de existirem.
O único ponto que ainda vejo como destoante na história é o surgimento do velho Superman. Seu surgimento na intenção de “se” matar, cria o aspecto do paradoxo temporal. Ele termina por criar um novo universo ao tentar se impedir de cometer um erro, tentando se matar. Não sei quanto a validade disso e se algum roteirista chegou a usa-lo em algum momento (lembro que tivemos um Superman semelhante com ele no final da Sociedade da Justiça pré-Novos 52, mas como não acompanhei desconheço sua origem), mas o achei destoante e desnecessário, podendo ter usado outra fórmula.
“Superman/Batman: Inimigos Públicos” é mais uma daquelas histórias que por ser tão bem escrita mereceu uma adaptação em animação que fora escrita em 2009 por Stan Berkowitz e dirigida por Sam Liu.
A segunda história tem a união clássica de dois artistas fenomemais: Jeph Loeb e Tim Sale. É uma história de única página que mostra o primeiro encontro – pós-Crise nas Infinitas Terras – de Clark Kent e Bruce Wayne. É interessante lê-la, pois é de uma simplicidade fantástica, mas bem explícita. A arte de Sale nesse trabalho é uma mistura de “O Longo Dia das Bruxas” com “As quatro Estações”. É excelente, pois você não sente falta de algo mais, pois está tudo naquela única página.
Na terceira história voltamos no tempo até junho de 1952, quando os dois heróis se encontraram pela primeira vez – de fato! A história fora publicada na Superman #76 e nela Bruce Wayne e Clark Kent se encontram em um cruzeiro, onde terminam precisando dividir o mesmo quarto. Antes do navio zarpar, um caminhão-tanque é atingindo por balas explosivas o que causa um grande problema no porto de Metrópolis. Pretendendo ir salvar quem ou o que fosse possível, Bruce apaga a luz e se troca para virar o Batman, Clark faz o mesmo, mas quando as chamas penetram pela janela da cabine, ambos descobrem a identidade um do outro e decidem se ajudar, pois a explosão foi somente uma distração para um assalto de joias, no qual eles pretendem descobrir o assaltante e prende-lo, antes que ele fuga com as joias.
"The Mightiest Team in the World" (algo como “A Equipe Mais Poderosa do Mundo”), escrito por Edmond Hamilton e desenhado por Curt Swan é uma história totalmente inocente. A forma como ambos descobrem a identidade um do outro, a forma que usam para distrair Lois Lane para que ela não caia em confusão, o assalto, as descobertas, a trama, é tudo feito de forma bem simples e ingênua. O mais interessante disso é que todos sempre supunham que o primeiro encontro de ambos acontecera nas páginas da revista World’s Finest Comics (precedida por World’s Best Comics (1941-1986)), mas apesar deles estamparem quase todas as capas das edições da revista, eles tinham histórias separadas. O costume era sempre o Superman abrir as história e ter como encerramento uma história do Batman, sendo intermediadas por de outros personagens, como Zatara, Red, White e Blue, Sandman, Crimson Avenger, Arqueiro Verde e vários outros. Superman e Batman somente viriam a se encontrar na revista em julho de 1954, na edição de número 71.
Bem, a DC Comics Coleção de Graphic Novels da Eaglemoss continua. Nos próximos números teremos outro grande clássico com Jeph Loeb e Tim Sale trabalhando lado-a-lado, “Batman: O Longo Dia das Bruxas” que foi dividido em dois volumes.
A coleção pode ser adquirida em bancas e lojas especializadas, mas também pode ser através de assinatura no site da Eaglemoss Collections, que também oferece brindes muito legais.
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